12/15/2008

1968: tempo fechado também em Curitiba

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Teresa Urban fala sobre seu novo livro, Ditadura Abaixo,da editora Arte & Letra, sobre o movimento estudantil e também mostra um outro lado de sua geração


Ditadura Abaixo, de Teresa Urban, com quadrinhos de Guilherme Caldas mistura linguagens literárias para contar a história de 1968, em Curitiba

Adriane Perin


2008 foi um ano interessante para a literatura paranaense. Mais dois Jabutis vieram pra cá; jovens autores lançaram (bons) livros - destaque para Luiz Felipe Leprevost - ; revistas importantes tiveram continuidade, autores ganharam homenagens póstumas, houve apoio público para produção e cursos. E neste finalzinho, para fechar em grande estilo, eis que chega uma obra desde já fundamental. Ditadura Abaixo, de Teresa Urban, com quadrinhos de Guilherme Caldas, mistura linguagens literárias para contar a história de 1968, em Curitiba, passando pela história do movimento estudantil. Em seu bojo, uma importante pesquisa histórica sobre o que se deu por aqui no fatídico ano do AI-5, aquele que não terminou e que deixou, também na capital paranaense, suas marcas. O lançamento é da Arte e Letra .

Nas 249 páginas, Teresa se utiliza de informações e fatos históricos para criar uma história de ficção. Como já se sabe, 1968 foi o ano do Ato Institucional de número 5, que completou 40 anos neste último sábado, quando se soube de pesquisa dando conta que 8 em cada dez brasileiros não sabem do que se trata. O AI-5 marcou o acirramento da repressão, dando munição para a ditadura militar brasileira cometer a fase mais arbitrária e violenta da História recente do Brasil. Muito se fala dos mortos e desaparecidos em outras regiões brasileiras, mas Curitiba tampouco passou incólume pela truculência do golpe militar.
Mergulhar nessa história não foi fácil para Teresa, cuja “ficha” no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), por subversão, tá reproduzida no livro. “Se eu não fizesse agora, não sei se ia fazer. Foi meio que me garrar nos 40 anos de 68. Mergulhar nos arquivos do Dops foi muito doloroso”, diz. Além da vontade de contar sobre isso para o neto, a jornalista diz que é uma boa história não contada antes. “Sempre me incomodou isso de a gente daqui não passar boas histórias para outras gerações. Lembro que quando estava na universidade me incomodava muito o fato de não termos os mais velhos pra contar como era antes. E não tínhamos porque tinha havido golpe e muitos não estavam presentes ou não podiam contar”, lembra.
Isso fica claro logo nos primeiros quadros da história, quando ela situa o ambiente nas duas únicas universidades do Estado na época, Federal e PUC, que atraíam para a capital estudantes de todo o Paraná. Além de aulas desanimadoras, com discurso político engajado ao golpe que renegava descaradamente fatos noticiados - e com professores que diante de qualquer questionamento iam logo intimando: “seu nome completo” -, o estopim foi a tentativa de cobrar mensalidades.
“É sempre ruim quando existe uma ruptura em um processo de acumulação de conhecimento, afinal a História se faz do contrário. E, até agora, essas histórias estavam no âmbito doméstico. Não existe bibliografia disponível e o que tem é muito acadêmico”, oberva Teresa para quem, de repente, caiu a ficha dos 40 anos passados desde aqueles dias de confronto. “A história começava a ficar muito antiga do ponto de vista de quem nasceu anos 60 e 70”. Junto a isso outra vontade, de falar com o jovem. Olhar para o neto de 15 anos sempre lhe despertava a inquietação sobre o “como a gente fala com ele?”.
Não só, João, o neto, serviu de consultor, mas também alguns amigos, Tiago e Lucas. “Fui descobrindo como é rápida a comunicação entre eles e meu caminho foi tentar fazer tudo rápido, com textos curtos, frases claras, o que dá um trabalho que nunca imaginei. Meus livros anteriores eram de muitas palavras. Foi um desafio”, completa ela que quis, e conseguiu, mostrar também um outro lado. “Queria fazer algo que permitisse que a documentação da ditadura viesse a público, e também os aspectos positivos de uma juventude generosa, envolvida com os problemas do país, com vontade de mudar o mundo” conta.
O livro é uma mistura de linguagens visuais. Quadrinhos e textos se completam e se traduzem, e são completados de forma muito legal por recortes de jornais, trechos de textos e de manifestos, além registros de documentos mantigos pela repressão. E, no final é evidente que Teresa não fala só com os jovens, como ela mesmo descobriu. “Tem um universo de gente que nasceu na década de 60 que não conhece essa história. Foi revelador”. A cor local, como define Teresa Urban, faz toda a diferença e provoca fortes sensações. São tantas as “nossas” histórias a serem contadas. “Esse buscar dessa cidade, dessa realidade que a gente vive, isso me impulsionou também; a intenção de ir construindo algo que chegasse a hoje e foi extraordinário encontrar uma pessoa com a garra do Guilherme Caldas. Ele pegou o espírito da coisa e foi embora. Trabalhos juntos para descobrir que cidade é essa e como era”, diz e emenda. “A memória da gente é algo muito apegado a momentos de intensidade. Quando falo de Curitiba percebo muita coisa minha, da época em que éramos os donos da Rua XV. Era outra cidade, outra organização social, os universitários tinham espaço grande e me esforcei pra mostrar. Porque a ditadura tem um lado sombrio, mas 68 também é um ano mágico. Extraordinário no mundo inteiro, de descobertas, das mulheres descobrindo seu espaço, de uma sede de saber e de fazer...”.


O passado ronda a realidade

Adriane Perin

Tem muito de Teresa Urban então nesse livro? “É inevitável, mas não é uma biografia, embora estejam ali coisas que vivi. Tive a liberdade para imaginar personagens, mas sobretudo, não se pode ignorar que o passado ronda a realidade”.

Teresa considera importante ressaltar que os estudantes, protagonistas de 1968, não viraram baderneiros, havia uma inquietação por uma razão: a (falta de) qualidade do ensino. “O movimento estudantil não era à esquerda. Mas havia uma insatisfação que resultava da profunda ignorância que tomou conta da comunidade acadêmica. Era impossível ficar indiferente”, garante. “E no livro isso fica claro, é uma descoberta de uma rede de vigilância que emerge a todo momento. Começa a ser exasperante”, lembra.

Tem uma sequência de quadrinhos que traduz issocom simplicidade e maestria. A moça, Maria, estudante de filosofia, protagonista, vai ao departamento de Filosofia, seu curso, reclamar da falta de qualidade das aulas. Logo houve a pergunta fatídica: “Nome completo”. Ao que responde: “Ah, você é da turma do nome completo, já vi tudo”. E segue o diálogo:
- “E vocè, uma comunistinha de merda”.
- “Eu, comunista? Tá louco. entro aqui pra pedir aula e professor decente e viro comunista?
- “Oha sua roupa, calça comprida, sandália de couros... tá na cara que é vermelhinha....”
Começa a ficar terrivelmente pesado, segue Teresa, “porque naquela época havia uma expectativa que não se tem mais hoje de que a universidade fosse uma experiência de conhecimento, a profissão era decorrência”. “Era uma época no mundo todo de descobertas tecnológicas, mudanças comportamentais. “ Tudo era desafio para quem tinha 20 anos. E toda essa sede de conhecimento encontrava um muro na frente, a ditadura. Foi a luta contra ela que nos uniu, mas por trás daquilo tudo havia uma imensa vontade de entender o mundo”, lembra.

Um momento divisor de águas foi a “batalha do politécnico” e a conseqüente, tomada da Reitoria da Federal, em uma ação que mostrou muito senso estratégico. “Houveram grandes manifestações, mas procurei mostrar que havia uma certa irregularidade na reação da repressão, como na batalha do politécnico. Ali a repressão foi desproporcionalmente exagerada, e seguiu-se de parte dos alunos uma estratégia bem sucedida que foi a tomada da reitoria. Esse é um momento emblemático no sentido de mostrar a capacidade de organização contra a tentativa de implantar o ensino pago” .

Mas, para Teresa, o momento que encerra uma fase do movimento estudantil foi mesmo o julgamento dos meninos da chácara do alemão. “Ali foi como se caíssemos na real. Porque até ali parecia, mesmo com a repressão, que tudo era possível. Até ali a gente não tinha muita noção da mundança de nível, com o AI 5. Ali nos percebemos numa armadilha gigantesca. Descobrimos que ir para rua não ia mudar a ditadura, restavam outras alternativas. Uma parte se liga, aí sim, a grupos de esquerda, passa para a militânica operária ou luta armada”.

Arquivos-mortos — Durante sua pesquisa Teresa se surpreendeu com a ausência de documentação organizada. “Nos arquivos de jornais não existe nada. Tive vontade de chorar e tenho a impressão que na transição para o mundo informatizado esses arquivos foram para o lixo. Preciso ser cautelosa com essa afirmação, mas foi com esta impressão que fiquei”, diz. Neste contexto o melhor arquivo disponível é o do DOPs, no Arquivo Público. “É um ponto de vista especifico, mas se pode pinçar história. Muita coisa do que aconteceu tá ali, o grau de neurose deles, e coisas ridículas como transcrições absolutamente sem importância. O mergulho no arquivo do DOPs foi muito doloroso, mexeu com muita lembranças e sensações”, diz.

Ilustrações - Outra parceria importante foi com o quadrinhista, ilustrador e artista plástico Guilherme Caldas, 35 anos, criador da história em quadrinhos. Ele conta que passou cinco meses trabalhando nas ilustrações do livro. Para tanto, assistiu ao filme Lance Maior, do cineasta Sylvio Back e afirma que procurou ser “o menos fantasioso possível, o mais fidedigno aos fatos e principalmente à forma como as pessoas se vestiam, falavam, ao que era moda na época”. E conseguiu fazer um trabalho forte, cujos desenhos, como disse, traduzem as partes de prosa do livro, com eficiência.
Nesta pesquisa e ele notou quanto falta trabalhos sobre o tema. Mesmo a Internet tão rica em tudo, “é um verdadeiro deserto em relação ao que aconteceu em Curitiba neste ano”, conta. Para comprar o livro: www.arteeletra.com.br/

Aniversário do Marcos Prado

Eu não sabia, não o conheci, só li e ouvi sobre sua genialidade, também através de seus parceiros que se encarregam de não deixar essa preciosa existência passar batida na terra.
Então, o polaco da barreirinha presta sua reverência e nós engrossamos o coro. NO blog do Tadeu tem poema e um conto inédito do Marcos Prado. Vai lá.
http://www.polacodabarreirinha.blogspot.com/

12/12/2008

2008, rock de inverno, prasbandas e mais...



Meus dias são naturalmente atribulados, tantas coisas pra fazer que às vezes estar “só” no Jornal já é quase férias. Fico distante do blog porque simplesmente não tenho a mesma disposição do ivan pra chegar em casa depois de um dia inteiro e ir pro computador - e no trabalho, nem sempre rola, como hoje. Não dá. E assim, coisas que eu queria dizer, aqui, vão ficando pelo caminho, junto com a impressão de que não dou muito valor a este espaço. Muitas vezes as palavras tão pulando faceiras na minha cabeça, lembrando "histórias de catarina" mas escapam logo depois, no meio das outras tantas...to lendo nada menos que quatro livros ao mesmo tempo – todos pra servirem de base de entrevista. Todos livros muito legais, mas dos quais acabo não falando em primeira pessoa, eles ficam nas páginas do jornal e chegam aqui em forma de matérias de jornal, graças ao ivan, porque como ele mesmo diz, eu sou uma péssima marketeira do meu trabalho... cheia de pudores e inseguranças bestas.

Quando comecei a escrever esse texto a idéia era comentar que hoje tem uma festa de um projeto que eu acho muito importante na cidade, o Prasbandas, criado pelo Getúlio Guerra. Daí, comecei a pensar em dois dos livros que to lendo, Cinco Biografias do Teatro Paranaense (vou entrevistar o autor, Ivam Cabrtal, daqui a apouco) e o Ditadura Abaixo, da Teresa Urban, pra ficar em dois exemplos de coisas boas que foram lancadas nesse ano produtivo da cidade. Em especial o da Teresa, mexeu muito comigo. Essa história é uma que me provoca imensamente.... Mas, são vários vários os assunto e depois volto nisso, porque agora quero falar de como foi meu ano de trabalho e uma das coisas mais importantes, passa por uma convivência com esse cara que falei, o Getúlio Guerra, um cara que é, cada vez mais, desse circuito da música independente de curitiba. Mas, ele atua nos bairros, coloca bandas pra tocar em praças; banda veterana junto com novas da região. Desde que soube, se não me engano via ivan e suas andanças pela internet a qual não me dedico como deveria, achei muito legal essa idéia, porque a gente, os “produtores veteranos” da cidade, concentram seus shows nos bares da região central. Por praticidade, mesmo, confesso, de minha parte.
Não sei se alguém aí notou, mas pararam os festivais de música em Curitiba – e não to falando do TIM. To falando dos “nossos festivais de música independente”; Rock de Inverno, Tinidos, National Garagem, Curitiba Calling, RG. Já tivemos 15 em um ano. E nesses últimos anos, quase todos sumiram. Se mantiveram os do pessoal da Psychobilly Corporation, ano passado teve o National Garage, do JR. A crise tá braba, mas 2008 foi um ano novamente de muitos bons discos na cidade.

Não são muitos os apoios e o povo cansa. Eu canso, o Ivan cansa, o JR cansa... o Vlad, não! Mas, eu sou birrenta e não consigo desistir de certas coisas. E por conta disso teremos Rock de Inverno em 2009. Resultado de uma das coisas mais importantes que eu e um grupo de produtores fizemos: Vlad Urban, Getúlio Guerra, JR Ferreira, André Ramiro, primeiro.
Protocolei uma carta escrita por mim, assinada também pelos produtores citados,e mais alguns, na Fundação Cultural de Curitiba, pedindo ao Fundo Municipal de Cultura um edital especificamente para produção de festivais. Já que todas as outras áreas tinham seu próprio edital com verba direta, porque não nós, que já carregamos tantas edições nas costas? E fomos atendidos. Teve gente que chiou não gostou, questionou a legitimidade, à boca pequena, mas questionou. Como assim, eu, uma cidadã não tenho legitimidade para reivindicar? Por favor....

Pois agora taí, o edital saiu e quatro projetos foram aprovados. Encerro 2008 estafada, cansada mesmo, me sentindo quebrada em muitos dias, mas com uma alegria tranquila no peito. Muito feliz porque continuo certa de que é este o caminho que temos. Agora, com mais uma certeza: temos que fazer política cultural junto. E a festa do Prasbandas de hoje vai ser também uma comemoração disso.

Sei que tem show também do pessoal do Ruído, no Wonka, e o André Ramiro foi parte importante nisso tudo. Em qual endereço for, temos razão pra festejar, porque esse edital é uma conquista muito importante. Pra mim, porque recoloca o Rock de Inverno em cena. Pra todos, porque foi criado, pode acreditar, pensando nas bandas, na produção autoral, nos produtores alternativos, em Curitiba, essa cidade esquisita e linda, onde já vivo mais da metade da minha vida. Hoje bateu essa vontade, logo cedo, de falar de coisas boas, pra contrabalancear com o cansaço e desânimo. Como disse, foi um ano bom pra Curitiba, na literatura, na música, no cinema, no teatro, nas artes plásticas. Difícil, mas bom, de muito trabalho. Mesmo com todo esse cansaço, que dá até vontade de chorar, às vezes, quero brindar 2008. Encerro o ano, não agora ainda, tranquila de ter feito algo legal. Agora, de minha parte, é pensar no Rock de Inverno, que a partir de agora está oficializado para junho ou julho de 2009.
E HOJE TEM FESTA NO BASEMENT PUB E NO WONKA!!!!! (Adri Perin)

12/08/2008

TV na rede

Uma dica pra quem como eu não tem tv a cabo. No site TV Tuga é possível assistir ao vivo tvs de várias partes do mundo, inclusive do Brasil. Esses dias, por exemplo, eu queria ver o ensaio, da TV Cultura e não podia porque a TV Educativa do PR não retransmite mais a Cultura aqui, pois precisa do espaço pros discursos e perorações do governador, ou prefere retransmitir os programas da TV do Lula, aquela que ninguém sabe, ninguém viu. No TV tuga tem inclusive vários canais só de música, rock, alternativo, etc.

12/05/2008

Valencio Xavier morre em Curitiba aos 75 anos


Escritor, cineasta e produtor de TV estava internado há três meses

Redação Bem Paraná

O escritor Valencio Xavier morreu na manhã de hoje (05) em Curitiba, aos 75 anos. Paulistano, mas radicado na capital paranaense há mais de cinco décadas, Xavier estava internado há três meses no Hospital São Lucas, e não resistiu a uma parada respiratória provocada por um acidente vascular cerebral.

Tido como um dos ícones da literatura experimental brasileira, Xavier escreveu inúmeras narrativas em jornais e revistas (como Nicolau, Revista USP, Folha de S.Paulo e Gazeta do Povo).

Suas publicações mais conhecidas são 'O Mez da Gripe' (Companhia das Letras, 1998), 'Meu 7º Dia' (Ciência do Acidente, 1998), 'Minha Mãe Morrendo e o Menino Mentido' (Companhia das Letras, 2001) e os contos 'Minha História Dele' (Ficções, n. 1, 1998) e 'Meu Nome É José', na coletânea A Alegria (Publifolha, 2002). Também trabalhou como tradutor, consultor de imagem em cinema, roteirista e diretor de TV.

Apaixonado por cinema, Xavier recebeu o prêmio de "Melhor Filme de Ficção" na IX Jornada Brasileira de Curta-Metragem, por Caro Signore Feline. Dirigiu, ainda os curtas 'O Pão Negro - Um Episódio da Colônia Cecília' (1993) e 'Os 11 de Curitiba, Todos Nós', além de ter criado a Cinemateca do Museu Guido Viaro. Suas produções praticamente estagnaram nos últimos anos, quando foi diagnosticado como portador do mal de Alzheimer.

A família ainda não divulgou os locais do velório e enterro. O escritor deixa mulher e dois filhos.

12/03/2008

EP no S&Y

E o Marcelo Costa comentou o EP lá no "500 toques" do Scream & Yell":

“EP”, Ivan Santos & Giancarlo Ruffato (De Inverno)

"Ivan é vocalista do OAEOZ. Giancarlo é um dos novos nomes do cenário paranaense. Aqui os dois músicos surpreendem regravando canções próprias em produção online. “Deserto” ganhou um ótimo arranjo com Gian rasgando a voz sobre uma base de teclados que parte num crescendo empolgante. A bela balada bluezy “A Falta Desse Ar”, do álbum solo de Gian, também se destaca, mas é a cortante “Noturna”, única produzida conjuntamente em estúdio, que bate forte no peito e deixa marcas de piano, flugelhorn e dentes."


Nota: 8,5

http://www.myspace.com/giancarlorufatto

Copacabana Club seduz com som irrepreensível

UOL/Folha Ilustrada

Ito Cornelsen/Divulgação

Integrantes do grupo Copacabana Club, que langou o EP "King of the Night", com quatro faixas


THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Curitiba é hoje um dos principais centros do bom pop-rock feito no Brasil. Vêm da capital paranaense, por exemplo, os experimentalistas ruído/mm; a complexidade sutil do combo Wandula; o folk nervoso do Bad Folk; a esperta banda new wave Sabonetes. Mas converse com um curitibano (melhor: com um roqueiro curitibano) e invariavelmente você ouvirá reclamações de como a cidade é parada, não tem nada para fazer...

"Sempre fomos assim. O povo reclama de tudo mesmo. Mas tem bastante banda rolando aqui, sim", conta Alec Ventura, 30, multiinstrumentista do Copacabana Club, banda que sintetiza a excelente safra roqueira desenvolvida em Curitiba nos últimos anos.

O Copacabana Club é o caçula da turma. Acabou de completar um ano de vida, mas nesse pouco tempo traz na bagagem o EP "King of the Night" --uma jóia composta por quatro faixas irrepreensíveis-- e 17 shows --o último deles ocorrido na Funhouse, em São Paulo, em que a carismática vocalista Camila Cornelsen terminou cantando no meio do público.

Junte a performance de Camila com as melodias extremamente caprichadas de músicas como "Come Back", "Just Do It" e "It's Us" e o resultado é uma banda dona de uma irresistível mistura de rock de garagem, synthpop e new wave.

A idéia de montar uma banda surgiu de Ventura, que após tocar no extinto grupo ESS e de uma temporada em Londres (de 2001 a 2006), voltou a morar em Curitiba.

Certa noite, ele encontrou Luciano Frank, um dos donos do bar James. "Queríamos fazer um som juntos. A única prioridade era que fosse algo dançante. O ESS era mais eletrônico, agora queríamos algo mais orgânico, com um baterista mesmo", conta Ventura. Assim, surgiu o convite à baterista Claudinha Bukowski, que já havia tocado antes em banda.

Em seguida, apareceu Camila, 25. "Ouvi eles conversando sobre montar uma banda. Todos eles já tinham experiência. Eu estava ao lado e disse: "Não sei tocar nada, mas quero entrar na banda". Aí eles me convidaram para participar do primeiro ensaio. Fizeram algumas melodias e eu cantei alguma coisa em cima. E deu certo."

Para quem nunca havia cantado em público, Camila mostra uma performance de veterana: "Eu fazia balé e sapateado, então estava acostumada a dançar em frente a uma platéia", conta. "Mas desde o nosso primeiro show essa história de ser vocalista aconteceu bem natural, sempre me senti à vontade", diz ela, que cita Karen O., do trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs, como referência. "Gosto de performance, de figurino, de maquiagem."

Melodia

Primeira faixa do EP "King of the Night", "Just Do It" é um delicioso passeio de riffs de guitarra a la Strokes e de uma new wave ensolarada.

"Adoramos melodia", afirma Ventura, que toca guitarra, sintetizador e bateria eletrônica. Sobre o lado dançante do Copacabana Club, ele explica: "Quando montamos a banda, estávamos bem influenciados pela disco, mas pelo lado mais sombrio, dark. E também pelo electropop dos anos 80. São músicas que funcionam bem na pista", diz. "Além disso, gostamos bastante de Stevie Wonder, Stereolab, Sondre Lerche."

Na banda, Ventura é encarregado de compor as melodias e Camila, as letras.

Nesse pouco tempo de vida, já tocaram em bares e casas de shows em Curitiba, além de Rio de Janeiro, Florianópolis, Santa Maria, São Paulo. Estão escalados para o Pré-Grito Rock 2009, em Porto Alegre, na semana que vem.

Melodias, letras, ótima performance ao vivo... Só uma coisa parece não encaixar na banda: o nome, Copacaban Club. Copacabana?

"Não tínhamos idéia de como chamar a banda, aí as meninas sugeriram Copacabana. Não sei por quê. Depois o baixista veio com o Club. Acabou ficando", diz, rindo, Ventura.

Por que ouvir

A banda parece ter um talento nato para construir melodias perfeitas, aliando guitarras de garagem e sintetizadores new wave. Dá para ouvir as excelentes "Just Do It" e "Come Back" na internet. Pop-rock do melhor feito no Brasil

12/01/2008

Os caminhos que se abrem para a Capoeira

Jornal do Estado/ Bem Paraná

Divulgação



“A abertura do Estado brasileiro para a capoeiragem vem depois do reconhecimento já existente no exterior. É um processo importante, mas foi tardio”, diz o antropólogo Luiz Renato Vieira

A luta brasileira ganha evidência esta semana, que vai tratar da abertura de instutuições para a prática


Adriane Perin


Desde os tempos em que a capoeira era crime até junho passado quando foi reconhecida como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil, muito aconteceu. Mesmo com este recente reconhecimento, a luta de raízes culturais, ainda recebe olhares pesados por pré-conceitos. A começar pela mídia que não abre espaço em cadernos culturais porque a vê como esporte, e nas editorias esportivas é ignorada porque muito pouco se fala além de futebol, automobilismo e volei. A ironia é que é exatamente na combinação destas duas características que reside sua peculiaridade – e sua força. A capoeira volta à evidência neste semana em Curitiba por conta de dois eventos, com várias atividades correlatas. Nos dias 5 e 6 a Universidade Federal do Paraná (UFPR) sedia a 1 Roda de Estudos: Os Processos de Institucionalização da Capoeira. O evento, que tem entrada franca, é uma promoção da UFPR com apoio do grupo Força da Capoeira, que celebra na semana, com atividades a partir de hoje, seus 15 anos de existência. A Roda de Estudos foi proposta à Pró Reitoria de Extensão e Cultura por capoeiristas integrantes do Força que são também acadêmicos de Psicologia, Antropologia e Educação Física, estabelecendo um importante elo com a Academia. Nas mesas redondas estarão representantes da instituição, um Mestre de formação tradicional, um com formação universitária ou que trabalhe em universidades e um professor doutor com pesquisas na área.

Entre os convidados, para a mesa redonda da manhã do dia 6 está o antropólogo e Mestre de Capoeira Luiz Renato Vieira, da Universidade de Brasília. A temática será em torno das políticas públicas tanto no processo de institucionalização da luta quanto na transmissão do conhecimento. Junto na mesa estarão Lialiane Porto, do Departamento de Antropologia da Federal e Mestre Sergipe, da Velha Guarda da Capoeira do Paraná.

O processo de reconhecimento “institucional” da capoeira no século 20, principalmente a partir de sua discriminalização, é também a história da institucionalização das lutas no país. “Ao longo desse tempo a capoeira passou de uma prática cultural marginal em relação às principais instituições e sociedade para ser gradativamente assimilada. Foi um processo complexo, cheio de avanços e retrocessos”, avalia Viera, em entrevista por telefone. Começou com a incorporação apenas do aspecto de luta, muito por conta do preconceito racial e cultural. “ A memória que a sociedade tinha era do lado combativo e achou por bem vincular só o que considerava o ‘lado bom’. Nos anos 20 e 30 do século passado é que começa uma valorização cultural. Entram em cena Mestres Bimba e Pastinha e um grande processo que teve como foco a Bahia faz ressugir a capoeira a partir de suas referências culturais”. Nesta fase, tida ainda como folguedo e sem a atenção da ampla sociedade. “Embora Bimba tenha trabalho em instituições formais como quartéis, contribuindo pra dar um status de respeito. Esse é um passo muito importante reconhecer”, considera o antropólogo. Aos poucos outros processos paralelos foram acontecendo levando, por exemplo, ao reconhecimento como atividade de natureza pedagógica e física, também. Em meados da década de 80, o olhar cultural ganha mais força com a democratização, quando a sociedade passa por uma revisão de seus conceitos culturais e a cultura popular ganha valor. ‘Toda a América Latina passa por essa dinâmica que estava também em voga mundialmente. É á valorização do que não é ocidental que dá força para toda uma cultura alternativa”, lembra. No Brasil, a reafricanização, sobretudo em torno das culturas baianas, com o afro virando moda, ajuda a capoeira também. “A Bahia assume sua cara afro, que ganha a classe média e se expande pelo Brasil, um contexto bastante favorável á capoeira”, pontua.
Só que, no meio disso tudo, a capoeira já vinha conquistando reconhecimento em mundo afora. “É muito importante perceber e reconhecer que a abertura do Estado brasileiro para a capoeiragem é associada a esse reconhecimento já existente no exterior. O reconhecimento aqui é um processo importante, mas foi tardio. E com ênfase no patrimônio cultural e imaterial”, diz. Sobre os resultados práticos desse reconhecimento formal, Vieira acha bom que seja até meio lento. “Porque é fundamental que em paralelo a essa abertura por parte do Estado – do que este evento é um sinal - é imprescindível que haja discussão interna na capoeira para que as políticas não resultem apenas da atuação dos gestores culturais”, defende.


“Nós é que temos que manter o Iphan informado”

Joaquim Guedes da Silva Alcoforado é o Mestre Kinkas, fundador do Grupo Força da Capoeira

Adriane Perin

Joaquim Guedes da Silva Alcoforado é o Mestre Kinkas, fundador do Grupo Força da Capoeira, que está completando 15 anos, e um integrante de Velha Guarda da Capoeira do Paraná. A cerimônia do Batizado do grupo, troca das cordas e encerramento do ano, é dia 06, às 15h no Memorial da Cidade. Antes disso, ele será um dos integrantes da mesa redonda de abertura da 1 Roda de Estudos, às 9h do dia 5, que vai tratar do contexto histórico que levou a legalização da capoeira. Nesta mesa vai estar também Mario Ricardo Szpak Furtado, o Birilo, Mestre de Kinkas, que vem de Recife. Kinkas saiu de lá para enfrentar aqui o desafio de ter sua própria trupe. Além do ensino de outras modalidades da cultura popular junto com a capoeira, o Grupo desenvolveu uma técnica de alfabetização através do ensino da capoeira. Quando chegar a Curitiba, na próxima quarta-feira para acompanhar as atividades - que começam hoje com uma Roda na Escola Rio Negro, no Sítio Cercado, onde o instrutor Cigano, do grupo, dá aulas -, Birilo vai ter uma amostra do caminho que o aluno trilhou por aqui. “Vai ser uma forma de mostrar para ele a capoeira daqui, o trabalho feito. Estou muito feliz e nervoso. Nem sei como vou começar o Batizado e essa mesa. Porque não tenho esse felling profissional de palestrante. E vai ser dificil sentar ali com meu professor e o tratar como um igual”, conta. Kinkas acredita que com o reconhecimento da capoeira como Patrimônio Cultural é preciso fazer ainda mais batizados e eventos de expressão, como este, para que se perceba que a capoeira não está parada, nem nas instituições formais, nem entre as pessoas que a carregam. “São muitos os eventos anônimos feitos pelos capoeiristas sozinhos, sem apoio, sem patrocínio, sem conseguir teatro e, ainda, com o Ecad querendo ganhar dinheiro da gente”, diz. “Temos que nos manter ativos para municiar o Iphan com informações ele possa beneficiar tanto a capoeira quanto os mestres”. As universidades, por outro lado, defende Kinkas, têm que estar alertas para não se tornarem uma coleira para quem vive da capoeira. “É preciso manter o respeito aos mestres antigos, às pessoas que trouxeram a capoeira até aqui”, diz.
Ele chama atenção ainda para outro assunto que vai estar em voga nesta semana, que é a questão da entrada da capoeira nas escolas, pelo viés da obrigatoriedade do ensino da cultura afro. Muitos detalhes estão pendente no que diz respeito á capoeira. “Não pode ficar só como ensino teórico em História do Brasil, porque vai se perder muito, já que existe muito pouco publicado”, alerta. “A prática tem que vir junto, como atividade lúdica, como música, como esporte de alto rendimento, como teatro. Capoeira reune todos esses elementos”, completa, lembrando ainda a questão da regulamentação da contratação do capoeirista como um profissional. “ São muitas as questões que envolvem essa caminhada feita e muito vem pela frente ainda pra refletirmos e fazermos”.

Serviço
Informações: kinkascapoeira@hotmail.com

11/30/2008

Distância



"Onde vai dar essa distância
Que alimento há tanto tempo | E me esqueço | Como voltar |
Quem vai achar | A diferença | Se a verdade se repete como farsa | No fim"


Não sei se é a idade, ou o mundo em que a gente vive. Mas pelo menos pra mim, a vida parece cada vez mais atribulada, e o tempo passa cada vez mais rápido em um ritmo atordoante. As 24 horas do dia há muito não são suficientes pra lidar com o acúmulo de pequenas e grandes tarefas, compromissos, problemas, exigências. E nesse turbilhão, a gente vai ficando cada vez mais distante. Todo mundo se fechando em suas conchas particulares, alimentando certezas que se revelam ilusões.
A cada dia me convenço de que as pessoas complicam as coisas além do que elas já são complicadas. Parece que todo mundo tenta romancear ou novelizar a vida na esperança de fazê-la mais interessante. Mas só o que se consegue com isso são mais problemas, mais distanciamento fomentando intolerância e incompreensão. E o que é essencial, a lealdade e o companheirismo verdadeiro, a cumplicidade e a afinidade que se manifesta concretamente não em discursos, mas em atitudes, acaba ficando em segundo plano, soterrado pela vaidade.

"Vivo à caça de motivos pra estar vivo | Só o existir me empurra pro abismo"

Longe de mim querer dar conselhos ou lição de moral a quem quer que seja, muito pelo contrário. Falo isso como quem pensa alto e faz uma reflexão muito mais sobre si mesmo e sua própria perplexidade crônica diante das coisas. Como a maioria, me sinto completamente perdido e acuado por esse mar de dúvidas e perguntas sem resposta. Um cachorro correndo atrás do próprio rabo, condenado a dar voltas em círculo.
Mas as vezes tenho a sensação de que mesmo a busca pelas respostas é apenas uma forma de mascarar a própria insegurança diante da verdade de que elas não existem, ou pelo menos, que elas não fazem qualquer sentido. Como dizia o Manfredini Jr, “o mistério é não haver mistério algum”.

"Os dias passando só pra preencher o tempo | Como rabiscos num caderno antigo | Não me interessam mais embora me atropelem quase sempre"

Nunca estivemos tão conectados, e ao mesmo tempo, tão solitários. Nunca houve tanto acesso a informação e a bens culturais, e paradoxalmente, tanta apatia, essa esmagadora sensação de impotência e de que tudo já foi feito, e que só nos resta ir empurrando os dias, colecionando “coisas”, escravos de necessidades artificiais que a indústria cria apenas para nos tornar dependentes. Amontoamos eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, peças, móveis, discos que vamos ouvir mas não escutar, livros que nunca vamos ler, e se lermos, nunca realmente vamos tirar deles qualquer sentimento ou impulso concreto de ação e mudança, de crescimento pessoal e criação. Pois a criação é generosa, e dentro de nossos mundinhos pessoais estamos cada vez mais avarentos com os sentimentos. Na maioria das vezes todas essas coisas não passam de meros objetos que servem apenas para nos ocupar, nos entreter e nos fazer esquecer mesmo que somente por alguns instantes o imenso e inexorável vazio de nossas vidas.
Nunca tivemos tantos meios materiais e técnicos pra se fazer o que se quer, e paradoxalmente, estivemos tão paralisados, fragilizados e incapazes de dar o primeiro passo, de fazer dos sonhos o motor das realizações. Assustados, nos defendemos com frases feitas e idéias preconcebidas - niilismo de botequim - apenas para ter o que dizer ou parecer um pouco menos indefesos.

"O fim que chega toda manhã | Quando você fica na cama dormindo sozinho | A tevê ligada, as vozes e as luzes na janela aberta"

E assim passamos nossas vidas, cheios de convicções que disfarçam medos, "verdades" que só escancaram nossas inseguranças e nosso total e absoluto despreparo e desamparo diante de uma realidade que nos domina e canibaliza. Perdemos a a capacidade de perceber o valor das pequenas coisas, da amizade desinteressada, da alegria descompromissada, dos pequenos gestos e seus grandes significados.
Afinal, não podemos abrir a guarda. É preciso primeiro garantir que o meu ponto de vista prevaleça, mesmo que ele implique em se entregar à inércia. Se nada há que se fazer, não fazemos nada, e podemos continuar nos lamentando sobre o que podíamos ser e não fomos, pois assim quis o "destino".

"Eu só queria te contar uma história | Voltar pra casa e lembrar cada detalhe escondido | Seria belo e rápido como tudo que a gente construiu e ruiu no instante seguinte"

Me sinto cansado e “sem vontade de ter vontade”. Gostaria muito de dizer o contrário, mas seria mentir pra mim mesmo. Como dizia a canção, resta rezar para que seja “apenas mais um dia ruim”. Joãozinho Podre tinha razão: não há futuro, nem saída a vista. Só uma esperança fugidia de que em algum lugar, algum dia isso tudo faça sentido, ou pelo menos, de que a gente possa esquecer de tudo, e viver o presente sem temer que ele seja apenas uma fuga para o abismo do nada, e a existência, um exercício de frustração diária.

11/29/2008

Travis - Morning Becomes Eclectic



O Travis era uma daquelas bandas que eu não botava muita fé, e que lançou disco novo esse ano que me surpreendeu. Ótimas melodias, arranjos na medida, sem aquele tom enjoativo que algumas bandas desse período cultivaram. Essa semana eles estiveram no Morning Becomes Eclectic, da KCRW, tocando músicas desse disco. Vale a pena conferir.

11/28/2008

Vários olhares para o escritor Charles Bukowski

Jornal do Estado/Bem Paraná

Duas peças tratam da obra e da vida do polêmico escritor, no Teatro da Caixa e no Mini-Guaíra

Divulgação


O diretor João Fonseca trabalha com elenco de jovens atores de todo o Brasil, escolhidos em oficinas que ministrou


Adriane Perin

A vida e a obra do escritor Charles Bukovski está em evidência neste final de semana em Curitiba. São duas as montagens que tratam do consagrado, porém marginal, escritor que nasceu na Alemanha, mas passou toda a vida nos Estados Unidos. Pão com Mortadela é responsabilidade do premiado diretor João Fonseca, que coloca seu trabalho no palco do Teatro da Caixa.

No Mini-Guaíra, o paranaense Jota Eme é quem olha para a obra de Bukowski. Enquanto Pão com Mortadela é baseada na infância, adolescência e juventude de Bukowski, o trabalho de Jota é em cima de várias obras do autor, numa adaptação livre.

Fonseca trabalhou a partir do romance Misto Quente (Ham on Rye, 1982), acrescido de contos e poemas produzidos ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Segundo o diretor, a montagem conta a história de um indivíduo que nasce e se depara com um mundo hostil, tomando consciência, aos poucos, do seu irreversível não pertencimento à comunidade. “Bukowski define sua própria infância como um filme de terror e afirma que esta foi a fase de sua vida mais difícil de ser escrita. O sarcasmo e a sensibilidade para enxergar a sociedade com outros filtros que não os das pessoas comuns, no entanto, temperam com humor e beleza suas agruras, humanizando o terror e transformando-o em metonímia para nossas próprias feridas”, comenta Fonseca.

Ele trabalhou com um elenco de jovens atores de diferentes Estados do país, através de uma oficina que ministrou em 2006. A partir de então, o grupo passou a pesquisar a fundo a obra de Bukowski e a trabalhar na encenação

Serviço
Espetáculo: Pão com Mortadela. Sexta e sábado às 21h e domingo às 19h R$20 e R$10. Teatro da Caixa (Rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações: 2118-5111.

Primeiros passos da caminhada

Jornal do Estado/Bem Paraná

Cia. InSaio encerra neste final de semana a segunda temporada de seu primeiro espetáculo próprio

Adriane Perin

A mais novinha companhia de teatro curitibano, a Cia. InSaio, nasceu em abril passado e seus integrantes já notaram que entre ser parte de um grupo e montar “seu próprio grupo”, estão as muitas mais responsabilidades a serem cumpridas. Neste final de semana, a companhia encerra a segunda temporada do primeiro espetáculo, a comédia O Código Van Gogh, no Teatro Odelair Rodrigues. Uma parceria firmada entre o Espaço 2 e a produção dá direito a ingressos a R$5. Para ganhar o desconto promocional, basta o leitor recortar o selinho a abaixo e apresentar na bilheteria.

“Sentimos a vontade de trabalhar por conta própria porque ambicionávamos fazer nossos próprios projetos sem depender de outras companhias”, comenta Orli Carrara, ator que também ficou com a parte de produção do grupo, cujos integrantes têm em média 5 anos no circuito teatral. No elenco estão Braz Pereira, Eliane Pedroso, Kellyn Bethânia, Vilma Fernandes, Sônia de Oliveira, sob direção de Marcelo Corrêa.
A escolha do texto de Diego Gianni foi feita pelo coletivo. “Todo processo foi: fazendo e aprendendo. Descobrimos coisas novas, aprendemos muito”. A montagem parte do livro de Dan Brown, O Código Da Vinci, mas não só. A versão cinematográfica do livro e vários outros filmes também foram agregados neste trabalho. “É uma comédia que se referencia em filmes como o Guarda -Costas, Titanic, o Naufrago. Damos pinceladas buscando a comédia que existe nestas produções em uma história centrada em um enigma”.

Esta primeira empreitada fez revelações inesperadas. “Nosso primeiro projeto independente revelou algumas dificuldades a serem enfrentadas. As relações ficaram mais fragilizadas e as pessoas mais explícitas em suas dificuldades e idéias”, comenta o ator produtor. “É natural isso, afinal todos nos curtimos mas muitas vezes temos idéias e pensamentos diferentes. O desafio é administrar isso”, comenta. Carrara considera cedo ainda para avaliar se o grupo conseguiu a liberdade que buscava. “Vamos ver na continuidade. Este foi um trabalho desafiador, mas em minha avaliação não atingiu a expectativa que tínhamos. Mas, acho que é questão de tempo para nos acostumarmos com esta nossa nova realidade”, considera. Terminada esta temporada, o pessoal vai conversar para decidir os próximos passos. A empreitada a seguir deve ser o Festival de Curitiba. “É muita informação para assimilarmos, vamos fazer um balanço geral”.

Serviço
Código Van Gogh.Até domingo. Sextas e sábados às 21 horas e domingos às 20h. R$5 (com o selo ao lado) Teatro Odelair Rodrigues (R. Sete de Setembro, 2436).

Sem direito a auto piedade

Jornal do Estado/Bem Paraná

A Cia Cênica, criada por Jota Eme há dez anos, começa hoje a celebrar sua primeira década

Adriane Perin

A Cia Cênica, criada por Jota Eme há dez anos, começa hoje a celebrar sua primeira década – enquanto o ator, diretor, de teatro e de cinema, e produtor celebra os 22 anos desde sua estréia em palco de teatro. Para marcar as datas, Jota escolheu um velho conhecido seu, Charles Bukowski, a a quem, aliás, curiosamente demorou bastante para adaptar, já que um fã incondicional. “Faltou coragem”, confessa logo, entre risos. “No cinema é diferente, mas convencer uns loucos para fazer no teatro é muito mais complicado”, completa, referindo-se ao filme que fez em homenagem ao escritor norte americano há 4 anos, Bukowski - 10 Anos sem u m Gole.
Para Bukowski - Feliz por ter um Quarto ele pegou um pouco de cada obra do escritor e fez uma livre adaptação. Trabalhou bem ao modo Jota Eme, sem patrocínios, mas com o valioso apoio do Teatro Guaíra em cujo complexo ele faz a curtíssima temporada, apenas neste final de semana. “Como sempre, tudo na cara e na coragem. Mas, o apoio do Guaíora foi apoio mesmo, eles sempre me ajudam”, diz. A festa continua, adianta, no próximo ano com desdobramentos também em São Paulo, lá na Praça Roosevelt, região do Teatro dos Satyros e também “QG do Mário Bortolotto”, velho parceiro, protagonistas das mesmas ordas frequentadas por Jota. Em Curitiba, ele está de olho e se preparando, para o Festival de Curitiba.
Entre os textos de Bukowski estão os dos poetas curitibanos Carlos Sousa, Ricardos Pozzo, Valter Martinez. “É uma reverência a Bukowski e estão dentro do contexto da obra dele”, comenta. Bukowski ( 1920 - 1994) nasceu na Alemanha, mas se fez na América, para onde veio ainda pequeno. Lá se tornou um dos maiores escritores dos Estados Unidos, fama conquistada já na maturidade, em uma trajetória marcada pela polêmica de uma postura que jamais se dobrou a regras sociais de convivência - também pelos excessos da bebida. Na literatura e na vida Bukowski deixou marcas dos extremos, beirando sempre a marginalidade traduzida em obras ácidas e sem concessões a caminhos fáceis. “A diferença dele e outros malditos é que ele não é um mártir, nem anjo caído.Quando caiu, caiu atirando, sem autopiedade. Alguns de seu diálogos são memoráveis e a violência de sua linguagem oculta uma indisfarçável ternura pelos perdedores e excluídos”, diz Jota. As sessões serão nos dias 28 e 29 às 21 e 30 às 20h. Ingressos a R$20 e R$10. Informações: (41) 99228905.

11/26/2008

Vida e obra de Lápis em exposição no Guaíra

Jornal do Estado/Bem Paraná



Memória, Saudade, Papel e Lápis reúne material histórico sobre o compositor paranaense


Material sobre o compositor podem ser vistos na internet e no Teatro até sexta-feira

Amigos, músicos e admiradores participaram no lançamento do material histórico sobre a vida sobre o compositor paranaense Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, na semana passada.
Agora, além do acervo disponível na Internet, no site www.teatroguaira.pr.gov.br, alguns objetos poderão ser apreciados pelo público no próprio Salão de Exposição, ao lado da bilheteria do Guairão. Fazem parte do material catalogado pelo Teatro Guaíra: documentos pessoais, fotografias com a família, de espetáculos e com outros artistas; material em áudio com a voz do compositor, vídeos com homenagens e outros objetos que relembram fatos da vida de Lápis, instrumentista e cantor paranaense, que marcou época na história da música em Curitiba, nas décadas de 60 e 70.
Na semana passada, a homenagem prestada ao compositor paranaense falecido há 31 anos, reuniu familiares, amigos e autoridades. Alguns artistas presentes participaram da homenagem interpretando canções compostas por “Lápis” e seus parceiros.

Serviço
Memória, Saudade, Papel e Lápis. Até dia 28/11, das 9 às 17h. Guaira (Praça Santos Andrade)

Não estamos nessa de brincadeira

Jornal do Estado/ Bem Paraná

A banda de rock instrumental Pata de Elefante volta a Curitiba para duas apresentações, hoje na Fnac e amanhã no Jokers Pub

Adriane Perin

A banda gaúcha Pata de Elefante volta a Curitiba hoje para mostrar o repertório de seu novo disco, Um olho no fósforo, outro na fagulha, o segundo da carreira, que chegou ao mercado este ano. Com agenda cheia, o grupo aproveita para fazer duas apresentações. Hoje, às 19h30, com entrada franca, tem pocket na Fnac. Amanhã, o show completo é no Jokers, ao lado da curitibana Ruído/mm. Bandas de rock instrumentais as duas são, mas cada uma alimenta com boas sonoridades suas diferenças.

A Pata nasceu em 2002, com Gabriel Guedes e Daniel Mossmann revezando-se entre guitarra e baixo e Gustavo Telles na bateria. Telles acumula também as funções de produtor. Em seu leque de influências são citadas bandas mais rock como The Who, The Band e Eric Clapton, Jimi Hendrix, Cream, Beatles, Bob Dylan, além de criadores de trilhas sonoras, como Henri Mancini e Ênio Morricone. Neste segundo trabalho, as boas melodias que ajudaram a construir a fama do trio estão igualmente presentes, mas com uma pegada mais pro folk, bluesy e soul. Conforme comenta o baterista, referências ainda não visíveis na estréia, que vieram á tona. “Gosto muito de baladas e este disco tem isso. Enquanto o primeiro é mais explosivo, barulhento, o que gostamos também. É como se estivessemos na mesma estrada inicial, mas entrassemos em uma estradinha de chão... este disco tá mais calmo. Gosto muto dele”, diz Telles.
Praticamente desde o começo o trio encarou a vida de banda independente de frente e com o pé na estrada, o que significa viver de música. Escolha que trouxe frutos bons desde o ínicio, já que o grupo foi bem recebido e se destacou no cenário nacional. “A Pata já nasceu com objetivos claros, nasceu banda de verdade e sabendo de seu potencial. Fomos com tudo”.

O primeiro disco, homônimo da banda, chegou em 2004, pela Monstro Discos. Eles não pararam mais de circular o Brasil. Esse ano, por exemplo, está cheio para eles. Um dos 58 selecionados do Programa Rumos Música, o grupo participou da gravação de DVD e terá músicas em Cd e DVD distribuídos para instituições culturais, educacionais, emissoras de rádio e veículos de comunicação, no Brasil e no exterior, em português, espanhol, inglês e francês. Em fevereiro de 2009, a banda se apresenta em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, através do projeto Instrumental RS, aprovado pelo Ministério da Cultura e pelo programa Petrobrás Cultural.

A música “Hey!” está incluída na coletânea Le Nouveau Rock Brésilien (O Novo Rock do Brasil), encartada na edição de fevereiro da revista franco-brasileira Brazuca, que tem distribuição gratuita de 40 mil exemplares nas ruas de Paris. A seleção musical e a produção são da revista e selo digital Senhor F, que colocou o projeto online, com download gratuito para o público brasileiro (www.magazinebrazuca.blogspot.com).

Nos festivais também foram assíduos, nos novatos e nos velhuscos: Abril Pro Rock, em Recife; Calango, em Cuiabá; Varadouro, em Rio Branco, no Acre, e no Demosul, em Londrina. Sabem, portanto, do que estão falando quando o baterista produtor diz que a organização melhorou cem por cento, em especial com a entrada da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes). “Tem uma organização formal, um atuação política também por parte dessa rapaziada. Tem melhorado muito e acredito que ainda vai melhor, porque temos muito que corrigir ainda”, diz ele, cuja banda só toca com cachê. “O caminho independente vem crescendo no Brasil, mas existem muitas coias que ainda não conseguimos ver com a clareza necessária. Ter uma Abrafin é muito bacana e os músicos tem que estar junto para trazer à tona questões para que esse pessoal que organiza eventos também se auto avaliar”, pondera o músico, que abandonou a carreira de jornalista para se dedicar a música com exclusividade.
A Pata de Elefante toca muito junto com bandas de rock com vocais. Telles credita esse trânsito ao formato usado. “ Circulamos pelo circuito vocal e instrumental sem problemas. Usamos uma estrutura da música pop, com referência dos anos 60 e 70, mas somos uma banda contemporânea. Não somos retrô. Ao mesmo tempo, acabamos por assumir um papel importante na divulgação da música instrumental mostrando que não tem que ser algo elitista nem chato. Fazemos um som pro pessoal dançar, também, e isso quebra uma certa resistência com o instrumental” acredita.
Pés no chão, e muito seguro do que quer, Telles, na conversa, deixa ainda mais forte a impressão de que a Pata é uma banda muito bem resolvida. Com um amadurecimento que pode até soar um pouco prepotente no meio, de tanta gente que se diz despretenciosa em suas criações - mas não é não. Foi só uma conversa de gente grande, afinal, como brinca, muito seriamente, o baterista, a Pata “ não é uma banda de guri, é uma banda de homens”.


Serviço
Pata de Elefante. Hoje às 19h30, com entrada franca. Fnac (Prak Shopping Barigui).
Dia 27, com Ruído/mm.
Ingressos a confirmar.
Jokers (R. São Franciso, 164).

11/25/2008

Primeiro SP Noise ficou devendo

Jornal do Estado/Bem Paraná

Adriane Perin

Estava indo tudo bem no Easy, um interessante espaço para shows , na última sexta-feira, primeira noite do SP Noise, festival de música independente, com a marca da produtora goiana Monstro, uma das mais conceituadas do país, organizadora do Bananada e Goiânia Noise, há quase 15 anos. Por volta das 20 horas, o único problema que poderia ser listado era o pouco público. Mas, para uma sexta-feira em São Paulo, normal.

As bandas subindo ao palco sem nem cinco minutos de intervalo entre os shows, causou boa impressão. Cheguei em tempo de ver as três últimas músicas da argentina de surf music, The Tormentos, segunda da noite, que não animou além dos que já eram fãs .

A catarinense Os Ambervisions fez um show absolutamente visual, com o irriquieto Zimmer mascarado, deitando e rolando, literalmente, no palco. Bom. O primeiro sinal de problema viria com a banda seguinte. A belga Motek tocou pelo menos 10 minutos com a paulera rock and roll da The Flaming Sideburn, junto. Praticamente todo mundo se bandeou para o outro palco, para ver o show a parte do argentino Eduardo Martinez, com seu rock às antigas, com direito a todos os clichês, da calça de oncinha às poses.
Pareceu que ali começava o festival. Sem dúvida foi a que conseguiu atrair as atenções e envolver

Às 22 horas - o horário marcado era 21h50 -se ouviu os primeiros acordes dos canadenses da Black Mountain principal atração da noite. Com os vocais de Amber Webber “gritantemente” mais baixos, a banda enfileirou cinco das canções que todo mundo queria ouvir. O problema é que pontualmente ás 22h30, o batera faz sinal simulando um “corte de cabeça” e eles saíram do palco. Sobrou vaias para a produção e a frustração. As pessoas foram quase enxotadas para fora. No meio do show da canadense o caixa já estava fechado.

Tenho tempo razoável de festivais e nunca vi uma banda principal sair do palco com meia hora de show. Só então correu a notícia de que o evento só tinha o espaço até às 22h. O balanço da produção é que tem que melhor ano que vem. “O festival privilegiou a diversidade (por isso dois palcos), não a duração dos shows. Não podemos confundir show de uma banda com um show de festival”, diz Eduardo Ramos, produtor. Calma: quem vai em festival sabe que não verá o show completo de uma banda, não é esta a questão. Ponderado, Ramos concorda que houve falha. “Faltou informar que o bar fecharia em tal horário. Isso foi um erro da produção”.
Razões apresentadas, agora é esperar que a segunda edição não venha com as mesmas apostas equivocadas. Que a Monstro ousa, já sabemos - e isso é bom. Mas, colocar seis bandas para tocar, entre 18 e 22 horas, sem que a produção tenha sequer uma margem mínima de tempo para os naturais imprevistos, no caso de uma equipe experiente como esta, só pode ser considerado aposta errada.

11/20/2008

A primeira vez da Reles no palco do Guairão

Jornal do Estado/Bem Paraná

Banda curitibana Relespública vai tocar novas e antigas canções e receber convidados

Um dia especial, esta quinta-feira 20 de novembro, para a Relespública. Uma das bandas mais antigas e queridas da cena local, ela sobe pela primeira vez ao palco do Guairão, para mostrar o repertório de seu mais recente trabalho, o disco Efeito Moral. O show foi inicialmente marcado para o Guairinha, mas a procura por ingressos foi acima do esperado e o trio - Fábio Elias, Emanoel Moon e Ricardo Bastos - decidiu mudar para o maior teatro, um dos principais do Paraná e do Brasil.

E, neste palco, os fãs vão querer ouvir também aquelas canções antigas que ajudaram os rapazes a construir uma bela história. Momento especial merece convidados especiais e alguns já confirmaram que sobem ao palco: o “novo mutante” Henrique Peters vai estar na belissima ”S.O.S.”; Benê da Gaita participa de “Garota Só”; além do tecladista Rubem Cabrera e André Scheinkmann, que toca violão folk no set acústico do show. Outro momento emocionante deve ser a participação de outra formação ícone do rock paranaense, a Blindagem. Juntos, eles tocam “Oração de Um Suicida” (letra de Paulo e Pedro Leminski) e “A Minha Menina” (Os Mutantes). O público ainda terá o privilégio de ver um especial acústico de quatro das canções novas “Tema Pela Terra”, “S.O.S.” e “Planador”; e ”Marcianos”, um clássico que faz parte do álbum anterior do trio, As Histórias São Iguais (2003). Impossível não lembrar daqueles meninos dos primeiros shows no 92 Graus. A Reles está de parabéns, também, por não desistir.

Serviço
Relespública. Dia 20 ás 21h. R$30 e R$20. Teatro Guaíra
(Praça Santos Andrade, s/n). Informações: (41) 3304-7914

Agora o “Noise” é também em Sampa

Jornal do Estado/Bem Paraná

Com a canadense Black Mountain fechando a primeira noite e mais sete destaques internacionais

Com a canadense Black Mountain fechando a primeira noite e mais sete destaques internacionais, a produtora goiana Monstro finca os pés definitivamente na terra da garoa. Começa amanhã a primeira edilão do SP Noise, braço paulistano do Goiania Noise, festival pioneiro da atual cena independente brasileira, produzido pela produtora que é peça chave no circuito contemporâneo musical brasileiro.
As demais bandas internacionais que se revezam no palco do Eazy, nesta sexta e sábado, são Flaming Sideburns, da Finlândia; a belga Motek, a argentina The Tormentos, a escocesa Vaselines, a norte americana Black Lips e os chilenos The Ganja. Ainda dá tempo de comprar o ingresso, mas só lá na capital paulista
Os ingressos antecipados com desconto custam R$55 (21/09) e R$ 65 (22/09) estão à venda na Sensorial Discos (Rua 24 de Maio 116 - Tel: (11) 3333 1914).
Foram 13 edições do Goiânia Noise, mais importante festival de música independente brasileiro, antes dele chegar a outras cidades. É um passo importante e o avanço da Monstro se reflete em todo o circuito nacional.
A escalação do SP Noise Festival reflete a programação do irmão mais velho goiano, que traz também a lendária banda Vaselines de Eugene Kelly e Francês Mckee, que se apresentam no Brasil com Stevie Jackson e Bobby Kildea, do Belle & Sebastian, e Michael McGarin do 1990’s/Yummy Fur. Presentes em todos os lineups de grandes festivais internacionais e nas principais listas de discos do ano, os americanos do Black Lips e os canadenses do Black Mountain reforçam o caráter roqueiro.

Informações: www.goianianoise-festival.com.br

11/19/2008

Mickey Junkies - Tryin' to resist



Carneiro, do Mickey Junkies, avisa!

"Olá amigos! Como vão todos? Como aquecimento para o show que faremos na sexta-feira, dia 21 de novembro, no Goiânia Noise Festival, postamos uma nova canção no MySpace dos Mickey Junkies. A faixa, gravada e produzida por Ronaldo Rossato e masterizada no Estúdio Boham, chama-se Tryin' to resist.
Ouçam, adicionem, comentem..."


http://www.myspace.com/mickeyjunkies

Abs
Rodrigo Carneiro

SHOW REVIVAL DOS 3 HOMBRES!



E o grande guitarrista Jair Marcos manda essa grande notícia:

"EXTRA, EXTRA, EXTRA!!!
Atenção, atenção, pessoal!
Agora é mais que sério e certo!
Marcamos um show dos 3 Hombres aqui em São Paulo. Acontecerá na noite de 10 de dezembro de 2008, na Livraria da Esquina, Barra Funda(www.livrariadaesquina.com.br).
A formação da banda será:
Daniel Benevides - vocais
Jair Marcos - guitarra e backings
Ronaldo, d'Os Inocentes - guitarra
Carlinhos Vieira (ex- Cia. Brazil) - baixo e backings
Fábio Barbosa (The Gasolines) - bateria
No repertório, músicas do disco "De Volta ao Oeste" e outras cositas... ;)
Imperdível! Contamos com a presença de todos os membros desta comunidade! Aos que estão longe e não puderem viajar até nossa megalópole, enviem muitas vibrações positivas pra gente! Aos que puderem vir, tragam os familiares e amigos! :)))
Local:
Livraria da Esquina
RUA DO BOSQUE, 1254 (Barra Funda) - São Paulo/SP (11) 3392- 3089.
Quando: 10/12/08
Horário: a partir das 21h - 3 Hombres entrarão em torno das 23h45, aproximadamente.
Com duas bandas de abertura: Motax + Continental Combo."

mais na comuna do 3 Hombres no orkut

A história e a música de Waltel Branco

Da coluna Acordes Locais, de Luiz Cláudio Oliveira, na Gazeta do Povo

Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Waltel Branco, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira

Há exatos seis meses, no dia 14 de maio, quando iniciei esta coluna na Gazeta do Povo, pedi as bençãos ao mestre Waltel Branco. Na época, comentava o disco da Orquestra à Base de Sopro e escrevia o seguinte:

"Mestre Waltel é o nome do disco lançado ano passado pela Orquestra à Base de Sopro, formada por músicos ligados ao Conservatório de Música Popular de Curitiba. É dedicado a Waltel Branco, o mito a quem peço as bençãos ao iniciar esta coluna."

Waltel, um parnanguara que, em 2009, completará 80 anos, tem histórias que dariam um belo livro. Ele é maestro, compositor, violonista, arranjador, precursor do jazz-fusion nos Estados Unidos, da bossa-nova no Brasil, professor de Baden Powell, arranjador de discos do João Gilberto, autor e arranjador de trilhas de novelas da Globo, arranjador da trilha sonora do filme A Pantera Cor-de-Rosa, (junto a Henry Mancini e Quincy Jones), entre outras inumeráveis atuações.

Agora, mais uma boa notícia. Nos próximos dias 22 e 23, sábado e domingo, no Teatro Paiol, será lançado um livro sobre o maestro trazendo um pouco da sua incrível história, com depoimentos dos violonistas Paulo Bellinati e Mário da Silva, e mais 44 partituras de composições de Waltel. O trabalho é coordenado pelo produtor cultural Alvaro Colaço e pelo músico Claudio Menandro, com textos e pesquisa do jornalista Zeca Corrêa Leite.

No dia do lançamento, haverá apresentações dos violonistas Mario da Silva, Claudio Menandro e Ezequiel Piaz, além, é claro, da luminosa presença do homenageado. Ainda no teatro será exibido o curta-metragem "Descobrindo Waltel" (2005), de Alexandro Gamo.

Apesar da importância de Waltel para a música brasileira, não havia ainda uma reunião de partituras de suas composições. O livro trará músicas inéditas entre as 44 escolhidas. Mas o compositor tem cerca de cem obras para violão, trios, quartetos e até orquestra. Já é um começo. E o lançamento do livro traz reuniões interessantes, como a de Claudio Menandro e Mario da Silva, dois talentos do violão. Menandro foi o primeiro a gravar um CD só com composições de Waltel, em 2004. Silva também já o gravou, há 11 anos.

O projeto integral também prevê o lançamento de um CD, provavelmente em dezembro, com participações especiais de violonistas, como, além dos já citados acima, Marcos Pereira, Guinga, Ulisses Rocha, Quarteto Maogani e a musicista grega Eva Fampas, entre outros. As homenagens se iniciam no dia 22 de novembro, coincidentemente o dia em que Waltel Branco nasceu, há 79 anos, e que é também o Dia do Músico.

11/18/2008

Cassim & Barbária - Catastrofismo

Cassiano (Bad Folks) com o Xuxu (Pipodélica) e o Zimmer (Ambervisions)? que meda! ahhaha. só podia dar nisso



Florianópolis, 18 de Novembro, 2008
Cassiano Fagundes, um dos mentores da banda pioneira de alt. Folk rock de Curitiba - Bad Folks, já estava chamando atenção com seu trabalho solo. Relocado em Florianópolis e conhecido como Cassim, ele se uniu a algumas das mentes mais inquietas do sul do país, os remanescentes da lendária banda catarinense Pipodélica (Eduardo XuXu, M. Leonardo e Doc. Heron), mais o líder dos Ambervisions, Guilherme Zimmer e formou uma espécie de super-combo maldito, batizado de Cassim & Barbária. O clipe Catastrofismo marca o começo dessa parceria explosiva.
O clipe foi dirigido pelo Video Artist Cleverson Oliveira, radicado em Nova Iorque há 12 anos e que já havia feito um vídeo dos Bad Folks, ao lado de Artur Ratton. Cleverson tem trabalhos expostos nos EUA, Brasil, Qatar e Coréia do Sul. Catatrofismo foi gravado em locações nas areias frias e molhadas de Florianópolis e na clínica de cirurgia plástica Young Soul, apoiadora de Cassim & Barbária. A fotografia é de Luciane Stocco.
Cantada em português e com sabor de hit instantâneo, a música Catastrofismo foi inspirada pelo livro de Bill Bryson "A Short History of Nearly Everything". A canção deve sair como single virtual pelo selo carioca Midsummer Madness, mesmo que lançou o EP de Cassim, 'Ready', elogiado pela crítica por sua inovação e pegada pop.
Internacional
Convidada para tocar em dois dos festivais de música mais importantes do mundo no próximo ano, o South by Southwest no Texas e o Canadian Music Week no Canadá, Cassim & Barbária se prepara para lançar em 2009 um disco, um filme e um show que promete rodar o mundo. A tour pela América do Norte passará por 15 cidades e já vem rendendo dividendos ao super-combo.
Cassim foi descrito pelo jornalista e blogger Guga Azevedo como o inventor da Subtropicália, uma espécie de filha bastarda bizarra da Tropicália, tendo tons menos coloridos, mais distorção, barulho e experimentação, sem deixar de lado as melodias grudentas que Cassiano e sua turma são tão bons em compor.

Dora Bakunin
Assessora Bad Folk

11/15/2008

De Inverno lança EP de Ivan Santos e Giancarlo Rufatto




Ivan Santos é vocalista da já veterana banda curitibana OAEOZ, com mais de dez anos de atividade e quatro discos lançados. Giancarlo Rufatto é um dos novos nomes da cena musical paranaense, que recentemente lançou um trabalho solo intitulado “14 canções”. Ivan conheceu o trabalho de Gian pela internet em 2007, ao se deparar com as canções do projeto Lo-fi dreams no Myspace e na Trama Virtual. A afinidade musical evoluiu rapidamente para uma parceria que agora se concretiza com o lançamento do EP que leva o nome dos dois pelo selo De Inverno Records - mantido por Ivan e pela jornalista Adriane Perin - e que está sendo disponibilizado também para download no My Space, na Trama Virtual e no portal Mondo Bacana, do jornalista Abonico Smith.
Com cinco canções, o EP foi produzido a quatro mãos e “on line”. Tudo começou quando Gian – lá de Coronel Vivida, cidade do interior do Paraná onde nasceu e mora sua família – enviou a Ivan o esboço de uma versão para “Deserto”, canção registrada originalmente pelo OAEOZ no disco “Ao vivo na Grande Garagem que Grava”, lançado em setembro. De Curitiba, o vocalista do OAEOZ acrescentou um teclado e alguns backings e mandou de volta para Gian, que finalizou a faixa.
Essa versão, que abre o EP da dupla, deu o start para a produção do disco. Das cinco faixas, quatro (“Deserto”, “Vazio”, “A falta desse ar” e “Lounge”), foram gravadas nesse mesmo esquema – Gian gravava uma base em casa e lá de Coronel Vivida enviava por e-mail ou msn para Ivan em Curitiba, que registrava a sua parte e mandava de volta para Gian, que mixava e finalizava a música. Somente a balada jazzy “Noturna”, de Gian, foi gravada em Curitiba, no estúdio Confraria Z, de Carlos Zubek, guitarrista do OAEOZ, com a participação de Igor Ribeiro tocando flugelhorn.
A idéia era de que um interpretasse canções do outro e vice-versa. Em “Deserto”, de Ivan, Gian fez o vocal principal e a base musical (violão, slide, percussão, efeitos), com o parceiro tocando os teclados. Em “Vazio”, canção inédita do vocalista do OAEOZ, Ivan canta sobre a base feita por Gian, que fez os backings e tocou os demais instrumentos. Já em “A falta desse ar”, canção de Gian interpretada por ele mesmo, Ivan só tocou teclado. Em “Lounge”, canção de Gian que encerra o EP, Ivan faz o vocal principal sobre a base gravada pelo parceiro.

www.tramavirtual.com.br/ivan_santos_&_giancarlo_rufatto
www.myspace.com/giancarlorufatto
www.deinverno.blogspot.com

11/14/2008

Sabonetes convida Vanguart

Jornal do Estado/Bem Paraná

A banda curitibana, que está trabalhando no álbum de estréia abre a noite no Jokers para a revelação matogrossense


Adriane Perin

A badalada banda matogrossense Vanguart volta a Curitiba para show no Jokers, junto com Sabonetes. Faz algum tempo que os holofotes encontraram a Vanguart por conta de canções como "Cachaça", que concorreu aos VMB’s 06/07. Lançado em 2007, o álbum de estréia, homônimo, rendeu prestígio e a firmou no circuito alternativo. A Sabonetes é mais nova e menos conhecida fora de Curitiba, mas já mostrou que tem talento. Na definição de seu vocalista o som é "como se Cartola fizesse uma ponta num show do Strokes". A banda se completa com Wonder Bettim, Alexandre Caja e, agora, Rodrigo Lemos, da Poléxia. Já morando juntos em uma República estudantil os rapazes planejam vender seus carros para comprar uma van que lhes dê liberdade de circulação para shows Brasil afora, assim que o disco ficar pronto. "Num espírito bem beatnik", diz Arthur. A produção será de Thomas Magno, da Toca do Bandido. Arthur conta que os encontros com o produtor já começaram e possivelmente o disco será gravado em São Paulo e Rio de Janeiro, onde ele tem estúdios. Fora Rodrigo, Arthur é o que tem mais tempo de banda. Ele foi da Estática (ex-Fluid) que, adianta, deve voltar a fazer shows. Mas, na Sabonetes, ele compõe e a banda agora terá mais sua atenção. "Estamos começando a compor juntos, o que dá mais confiança", diz.


Serviço

Vanguart e Sabonetes. Dia 14. R$20 e R$10. Jokers (R. São Francisco, 164). Informações: (41) 3324-2351

11/13/2008

Punk rock inspirado em Morphine , hoje no TUC

Jornal do Estado/Bem Paraná

A banda curitibana Os Kompressores apresenta seu promissor disco de estréia em show


Kompressores mostra as músicas reunidas no álbum A História de uma Sexta-feira, um lançamento da Discos Voadores


Adriane Perin

A crueza do punk rock, combinando com doses de experimentalismo definido como “conturbado” é o que promete a banda curitibana Os Kompressores ao subir no palco do TUC hoje, para apresentar seu o CD A História de uma Sexta-Feira. O álbum foi produzido por Fernando Tupan e Marcus Gusso para o selo Discos Voadores, com verbas do Fundo de Cultura da Fundação Cultural de Curitiba. A banda nasceu há 3 anos, com uma formação incomum: bateria, baixo, saxofone tenor/barítono e voz, que remete logo, e a banda não nega, à norte-americana Morphine. O resultado é uma sonoridade que traz claramente elementos do punk rock paulistano, com o sax fazendo as vezes da guitarra. Isso, combinados a boas letras, garante uma estréia bem legal para o trio, formado por Jack (baixo), Ariel Neto (sax tenor) e Maurício (bateria). Ele citam ainda no rol de referências, o “gosto musical do suíço/baiano Walter Smetack, com doses de Sex Pistols, 999, UK Subs”, além de Sonic Youth. Só não concordo com a definição de “musicalidade jornalística”, por conta de composições que narram histórias, alguma citando Curitiba inclusive, e sem soar algo datado, aliás, fique registrado. O que essas canções me lembraram foi mais a veia de Renato Russo para este tipo de empreitada (mas não parece Legião). Em relação à Morphine, uma diferença é que a banda de Mark Sandman tem uma pegada jazzy também, que no disco da Kompressores, pelo menos , não aparece. . Vamos conferir o show.

Serviço
Os Kompressores. Dia 13 |às 19h30. R$3. TUC ( Galeria Júlio Moreira, Largo da Ordem)
Entrada: R$ 3,00 (inteira) e R$ 1,50 (meia)
Telefone para informações: (41) 3321-3312
Internet:
www.myspace.com/oskompressores

11/11/2008

BUEMBA! LA CARNE - GRANADA!

É ISSO AÍ
SAIU O DISCO NOVO DO LA CARNE!
E NADA MELHOR DO QUE OS PRÓPRIOS FALANDO SOBRE
ABAIXO A HISTÓRIA TODA EM TEXTO RETIRADO DO FOTOLOG DO LA CARNE



"Meuzamigos de copo e de cruz, acaba de sair o novo rebento da classe trabalhadora. Sim, agora é de verdade, tá na mão o “Granada”. Putaquepariu! E antes de mais nada, a gente quer deixar público aqui nosso agradecimento sem tamanho para:

- A Vânia Ferreira, que fez a arte-contatos-cobranças-encarte-etc-etc do novo cd.

- Pro Bill R, que teve a mãnha de encarar esse trampo e entender as nossas idéias e nos ensinar e aprender e dar dicas e produzir esse disco com uma brodagem incrível.

- Pro zilhão de bandas que já trombamos – e ainda trombaremos - pelas quebradas desse mundaréu.

- E pro meliante mór, Sr. Dr. Wellington Dias Gramophone, que um belo dia chegou e propôs encarar essa parceria com a gente e a gente quase caiu da cadeira literalmente. Enfim, quem sabe da nossa história sabe que tudo – absolutamente tudo – que conseguimos até hoje foi com a indispensável força dos amigos. E esse cara, que conhecemos lá no século passado, é, definitivamente, nosso anjo que caiu do céu. Entendam, o que esse safado fez e faz por nós é uma coisa que a gente não sabe se está a altura de tamanha brodagem.

=======================================

Isto posto, vai lá no MySpace e ouça algumas dessas novas canções que estão no Granada. Depois, manda e-mail pra lacarne@lacarne.com.br e compra a sua cópia. Tá, tudo bem, a gente sabe que daqui a pouco o disco vai estar na rede, etc, etc. Mas, enquanto não tá, ajuda aí a classe trabalhadora a pagar os credores que estão bufando no nosso cangote. É por uma boa causa, vai...

=======================================

Ah, e o próximo show, lá em Franca, é o primeiro com o cd novo na mão. E tinha que ser em Franca, nénão? Benzadeus...

=======================================

Então é isso. Aumenta o som e vai lá no MySpace, ok?
http://www.myspace.com/llacarne

=======================================

Tâmojunto meuzirmãos! Distraídos venceremos."

11/09/2008

OAEOZ no Aires Buenos

"Oaeoz é uma das mais experientes bandas de Curitiba. Passaram por várias formações, com os melhores músicos da cidade, e traduzem muito bem em som e letras a vida na capital das estações-tubo.
Conheci a banda ao baixar o mp3 da música "Disco riscado" que começava dizendo "O telefone conspira, o cachorro do vizinho está contra mim". Foi fulminante."


E o Tulio publicou em seu Aires Buenos uma entrevista comigo sobre o OAEOZ e a De Inverno. É a terceira de uma série bem bacana de entrevistas com bandas curitibanas que já teve Poléxia e Mosha. Que por sua vez se sucede a uma série com bandas suecas e argentinas.
Muito classe. Confere lá.

11/07/2008

Um mundo de sensações acumuladas em um disco

Jornal do Estado/Bem Paraná

O paulistano Fábio Góes mostra as músicas do álbum que marca sua estréia solo em show hoje no Wonka, com Ruído/mm

Divulgação

Fábio vem com uma banda para mostrar seu repertório autoral pela primeira vez na cidade

Adriane Perin

A banda Ruído/mm promove hoje mais uma edição de suas sextas no Wonka e, outra vez, proporciona aos curitibanos conhecer um artista brasileiro da orda dos alternativos que tem talento de sobra. O paulistano Fábio Góes surpreendeu com um belo disco, lançado em 2006, que repercutiu, na verdade, ao longo de 2007, e agora chega por aqui, ao vivo. Sol no Escuro vem marcado a ferro e fogo por uma personalidade introspectiva que afugenta obviedades, com um cantar super pessoal e um resultado que, até pode causar um certo estranhamento, nas primeiras audições, para depois ceder o espaço à sensação deliciosa que é conhecer uma obra que provoca algo, que exige mais atenção e obriga a gente a apertar o o play vezes seguidas... Foram cinco anos até ele chegar a Sol no Escuro. Esta é a estréia solo de Fábio que “levou o tempo que precisava para saber o que queria”. Isso porque seu gosto veio primeiro para a produção, na qual atua profissionalmente. “Nunca quis me juntar a outros músicos para tocar, gosto de fazer arranjos. Quando encontrei a primeira música, que dá nome ao disco, tudo se encaminhou”, comenta ele que trabalha em um estúdio de produção de som, finalizando trilhas sonoras e publicitárias. Assim foi que acabou tendo crédito nas trilhas de filmes como Abril Despedaçado e Cidade de Deus.

O disco gerou expectativas em relação ao segundo, que já está sendo criado. Ele garante que não vai mudar seu jeito de fazer música por conta disso. “Vou fazer a mesma coisa, se der errado deu, não vou mudar porque deu certo. Tenho que apreciar, se a tiver tocando algo e achar bonito, é isso”.

São vários os ecos que se nota fazendo a personalidade desse rapaz de 32 anos. No começo, com o vocal em falsete, parece coisas brasileiras dos anos 70, no clima, na ambientação. Mas também, me remete à produção contemporânea, tanto da alternativa, quanto a chamada nova MPB. “Sem Mentira” por exemplo, é um dos destaques (“eu já fingi ser/muito melhor/hoje aprendi ser/ pior/mas sem mentiras/só de viver no seu mar, de merecer seu olhar...”). e remete à Beto Só. Sopros sutis, como sussuros que desvendam entregas apaixonadas; “resenhas” de dias a dias, como em “Automàtico”, (“Ando sonhando tão pouco/ que eu nem sinto falta de pensar/ se nesse mundo/ nessa sala, nessa rua/nessa casa/ alguém precisa de mim/ eu sempre acho que não/ automático”); confissões de desvelo ou de esquecimentos para onde esses dias turbulentos nos empurram. Em algum momento, em alguma das audições, cheguei a lembrar do melhor de todos os discos do Lobão, A Noite. Em “Estatística”, um certo clima meio hip hop ronda a canção. A música dele vai ganhando a gente , sempre mantendo a delicadeza dos detalhes instrumentais, exigindo aquela atenção que comentei.

Algo intrigante na música de Fábio Góes, é que é possível sentir ali os vestígios de outras sonoridades, mas não se consegue chegar a uma conclusão fechada sobre de onde vêm aquilo, que às vezes soa tão familiar. E, enquanto isso, o disco vai te ganhando. Ele diz que, como não tem nenhum retorno financeiro, e nem espera isso do trabalho autoral, só vai fazer shows que queira muito. “Vou dar vazão a minhas músicas e seguir na boa. Sâo Paulo apesar de ser uma das mais borbulhantes cidades do Brasil, é difícil. O que tem de show vazio. Eu nunca deixei de gastar pra tocar, então pra que ficar se desgastando e aos amigos e gastando dinheiro?”. O disco foi lançado pela Reco-Head com distribuição da Tratore no final, e ecoou mais do que bem na crítica especializada. Pra ter uma idéia, na revista Rolling Stone Brasil, ficou na 13ª posição entre os 25 melhores álbuns nacionais, além de ter recebido também a atenção do exigente Pedro Alexandre Sanches, da revista Carta Capital. Cantor, compositor e multiinstrumentista, passou por alguns grupos, sendo o Paumandado , o mais duradouro. Ele também produziu o disco de estréia da incensada Jumbo Elektro.

Serviço
Ruído/mm e Fábio Góes. Dia 07. R$10. Wonka (R. Trajano Reis, 326).

11/05/2008

Atenção para o jazz brasileiro

Jornal do Estado/Bem Paraná

Festival Jazz Brasil começa hoje e segue até dezembro, toda quarta

Divulgação/ Giselly Gonçalves

O guitarrista paulistano Michel Leme (foto) e o trumpetista curitibano Saul Trumpet são os convidados da noite de hoje, no Curityba Bar

O jazz produzido em Curitiba é um injustiçado - e junto com ele seus grandes representantes, quase sempre relegados a um circuito restrito ou à indiferença. Mesmo em meio ao reclame geral de que a mídia e o público não dão bola para a produção local, o jazz produzido aqui, é pouco lembrado. Mas, saibam: tem um público fiel, que acompanha suas feras endereço após endereço, desde os tempos do famoso Bar do Saul, Kapelle, Jazz & Cia, da Adega da Helveccia, até Bola 100, Birinights, e os atuais, como Wonka e agora o Curityba. É no palco deste, pelas mãos de um dos nomes fortes do jazz local, que começa hoje o Festival Jazz Brasil. A proposta, do saxofonista Paulo Branco, é colocar em cena a produção genuinamente nacional do jazz, com instrumentistas acompanhados por seu grupo, o conceituado Sotak, criado em parceira com a pianista Marília Giller (que está entre os convidados), que hoje tem na formação os filhos dos dois, Allan (baixo) e Ian (bateria). “Nós não tocamos o jazz como os americanos ou europeus. Eles seguem um padrão, nós somos imprevisíveis na improvisação, que é a alma deste estilo musical”,observa Branco. “Apesar de toda a tradição de músicos brasileiros instrumentistas, faltava um festival dedicado ao chamado Jazz Brasil”, defende. A programação se estende até o final do ano, toda quarta-feira. Para abrir a mostra, o convidados de hoje são o guitarrista paulistano Michel Leme e o trumpetista curitibano Saul Trumpet. Convidados estão ainda Sandro Haick (guitarrista e baterista), Carlos Malta (flauta e sax), Cris Julian (baixo acústico), Jorge Helder (baixo), Márcio Bahia (bateria), Walmir Gil (trumpet e flugelhorn), Marília Giller (piano), Fraçois Lima (trombone) e Sandro Nascimento (flugelhorn e baixo). As performances serão divididas em três sets: primeiro, o trio Sotak mostra o repertório próprio. Em seguida o convidado faz seu set e, ao final, todos se encontram para uma jam. Este é um dos trunfos de Paulinho Branco, velho guerreiro da cena jazz curitibana. Quem já teve o prazer de vivenciar uma performance desse cara e qualquer de seus companheiros sabe que pode esperar o melhor do que o estilo pode oferecer.

SERVIÇO
Festival Jazz Brasil. Até 17/12, toda quarta-feira. 21h30. R$15. Bar Curityba (R. Pres. Taunay, 444). Informações: (41) 3018-0444

11/04/2008

Spiritualized no Brasil?



Boas novas para quem como eu, é fã de carteirinha das canções e viagens sonoras do Spiritualized. Segundo infos deixados na comunidade da banda no orkut por brasileiros que estiveram nos shows deles na semana passada, em Buenos Aires, e conversaram pessoalmente com mestre Jason Pierce, eles estão com previsão de tocar aqui no Brasil em março do ano que vem. Ou seja, ainda há esperança, nem tudo está perdido para esse país perdido. E segundo quem esteve por lá, o show no Trastienda foi de 2 horas e meia. Já tem vários vídeos no You Tube desse show, e se eles fizeram por aqui o que fizeram por lá, vai ser um daqueles momentos históricos pra se levar pro resto da vida impressa na memória. Deus é Pai e vai nos ajudar que essa história se concretize. Eu acredito...(afinal, tenho que acreditar, nê).