8/28/2007

OAEOZ ao vivo no Grande Garagem


A banda OAEOZ se apresenta, neste sábado, dia 1º de setembro, no projeto Grande Garagem que Grava, comandado pelo pessoal da Chefatura Records, produtora integrada por músicos remanescentes das bandas Beijo AA Força/Maxixe Machine, e que tem o apoio da Fundação Cultural de Curitiba. No show, o OAEOZ mostra cinco composições inéditas que vem ensaiando especialmente para o Grande Garagem, responsável pelo registro e lançamento de uma série de CDs com apresentações de bandas curitibanas.
O OAEOZ surgiu em outubro de 1997, formado por Ivan Santos, Igor Ribeiro, Hamilton de Lócco (bateria), e Rodrigo Montanari (baixo). Com essa formação, lançou duas demos - OAEOZ (1998) e De Inverno (1999), e dois CDs - Dias (2001) e Take um (2002). Participou das coletâneas, “Novos sons fora do eixo” (2202), lançada pela De Inverno em parceria com o Jornal do Estado; e “Raízes da terra” (2003), pelo jornal Gazeta do Povo. Tocou no Free Zone em setembro de 2002, e ajudou a criar o festival Rock de Inverno, que deu origem ao selo De Inverno Records, mantido por Ivan e pela jornalista Adriane Perin.
Com a saída de Igor no final de 2002, o grupo incorporou André Ramiro (Alphapsicotics/ Iconoclastas) e em seguida Carlão Zubek (Sabadá/Folhetim Urbano). Em 2005, lançou “Às vezes céu”, seu primeiro álbum totalmente gravado em estúdio, com shows no teatro Paiol, em Curitiba; e em São Paulo, no clube OUTs e no Centro Cultural de SP.
Com a saída de André Ramiro (guitarra), em 2006, para se dedicar aos Índios Eletrônicos e ao ruído/mm, o OAEOZ voltou a ser um quarteto. No momento, a banda trabalha na finalização de um novo disco de estúdio, com oito faixas inéditas, a ser lançado até o final do ano.
Em julho, o OAEOZ lançou o single virtual “Impossibilidades” com uma amostra do novo disco. O single foi selecionado para estrear o projeto Compacto.rec - série de compactos virtuais lançada pelo Circuito Fora do Eixo, que reúne produtoras, selos e festivais de todo o País. “Impossibilidades” foi relançada pelo projeto simultaneamente em 30 sites que disponibilizaram para download gratuito um kit com as duas faixas em mp3, capa, contracapa e label do CD para impressão.

Contatos

oaeoz@yahoo.com.br
www.deinverno.blogspot.com
www.myspace.com/oaeoz
www.tramavirtual.com.br/oaeoz


e nesta terça, 28 tem:




Porão Loquax com A Mulher mais Vagabunda do Pedaço & Outros Poemas Sujos
com Flávio Jacobsen + Gruvox
Flávio Jacobsen é poeta e compositor, guitarrista e vocal da banda Gruvox. Acaba de lançar o CD Phala (poemas sonorizados). Vem acompanhado de Carlos Alberto Lins, Rodrigo Genaro e Walmor Goes (músicos Gruvox em estado semi-acústico-não-menos-ruidoso). Na noite Loquax, textos de sua autoria, mais Arnaldo Machado, Leminski, Chacal, Augusto dos Anjos, Mário Domingues, Edson Vulcanis, canções mínimas, máximas divertidas e badulaques que fazem som.
entrada R$1,99

8/23/2007

Dois textos

"Vejo as pessoas todas muito irritadas e as minhas vulgares análises todas me levam a crer que em algum lugar do caminho elas tiveram opções erradas, mas não querem se arrepender, porque talvez em algum ponto elas consigam se sentir satisfeitas a ponto de acreditar que tenham feito as opções certas. São os tais dos planos que não se concretizam. São as tais das vontades irrealizáveis, e todos parecem meio frustrados e infelizes, mesmo quando contam piadas e riem com sinceridade. Mesmo quando falam algo e querem se fazer notar. Mesmo quando insistem em chamar a atenção. Chamam a atenção para sua alegria, mas tudo que eu consigo ver é uma tristeza filha da puta, o tal buraco negro da alma, o tal buraco de 12 que eu disse que não dá pra encher nem com todo o whisky do mundo."

esse não precisa falar nada. Vai lá no atirenodramaturgo e veja a íntegra.



"O Charles Watson fala muito disso: o processo criativo deve ser um fim por si só. Ninguém que se envolve em alguma atividade criativa pode ficar pensando no fim, na recompensa, porque isso automaticamente mata o processo criativo.

"Todo criador, segundo ele, deve temer a sua criação. Porque quando você chega na obra, termina o processo criativo e tem a solução, acaba a melhor parte: o processo em si. Curiosamente, o ato criativo é um ato que leva invariavelmente à uma morte. E a morte é sempre dura. Criar é morrer o tempo todo.



esse outro eu achei no blog do Douglas Dickel (Blanched), que por sua vez retirou do blog do Mini (Walverdes), e fala sobre umas aulas sobre criatividade de um artista plástico que esteve por POA recentemente.

8/22/2007

Ivan, vc não vai acreditar, adivinha quem me ligou?

Acabei de voltar do almoço. O telefone toca e uma voz forte de mulher me pergunta quem fala. Quando respondo, ouço: Adriane Perin, você sabe quem está falando? Puxo pela memória, notando uma certa familiaridade na voz que se apresenta. Mas, o silêncio foi inevitável, logo em seguida: é Claudette Soares. Hã!!!???? Levei um susto, e ela riu: Vc não tá acreditando que sou eu?" Eu fiquei muda, não sabia se era alguma piada, mas o timbre da voz não deixou dúvidas era ela mesma e foi logo falando sobre o que meu comentário fez com ela. “Eu já li tanta coisa boa, achava que não ia ter mais nada pra ler a meu respeito. Mas, que loucura, o que você escreveu de mim. Chorei. Muito. Você sabe o que vcoê fez comigo?” Só consigo balbuciar: “ E o que vc tá fazendo neste instante?”. Ela ria.... “ Sou mulher antiga, gosto de falar, não gosto de nada virtual. Acho que a sensação de falar com a pessoa é imbatível.... nunca vi uma coisa tão linda. E outra coisa: abriu- se um vulcão...”. Você sabe, continou ela, que sou suspeita pra falar de emoção, pois trabalho com emoção, mas essa coisa é forte.

Sobrevivi até à Elis

“Se nunca me respeitaram pelo tamanho, pela idade vão respeitar”, conta ela que pensava isso porque quando começou a concorrência era braba. “ Eu sobrevei às grandes estrelas, até à Elis e quem sobreviveu à Elis, sobrevive a qualquer coisa na vida”. Contou que brincava que não conseguiria ficar pra sempre na bossa nova. “Eu queria ser a Dalva, que era uma cantora que você tinha que ver, não só ouvir. Ela tinha aqueles olhos, era como a Maysa. Garota, eu gostava muito disso, dessas cantoras, e achava que quando eu envelhecesse minha carreira não se sustentaria só na bossa, pois ficaria algo meio débil. E fui aos poucos indo pro romântico e hoje sou o que psersegui. Se alguém disser preu voltar uns 30 anos, não voltaria nunca....Mas, voltando, olha, fiquei tão feliz que fiz meu assessor descobrir seu telefone, porque eu queria ouvir sua voz, ouvir você conversando comigo”.

Silvinha e tom
Falou também sobre Silvinha Telles a quem, ela dedica o disco que fez só com composições de Tom Jobim, e sobre o qual falei (tá logo abaixo, cortesia do ivan). Ela lembra que morreu de inveja quando viu a amiga fazendo um disco em homenagem a Tom. E ouviu: amiga, na hora certa você vai fazer um até melhor... e ninguém canta Primavera de Vincius como você.
Na hora de escolher as canções foi difícil. É muito dificil cantar Tom Jobim, por várias razões. E quem sabe, sabe, né Claudette? “Aprendi que quando alguém faz muito e você vai fazer depois dessa pessoa, você faz pouco!." E o que fazer depois de Tom. Chamei Alaíde Costa e optamos pelo simples, também nas mais conhecidas músicas. “Com certeza Silvinha e Tom, lá onde estão, se olharam e ela disse: tá vendo, só! E você entendeu tão perfeitamente.... Vou fazer o lançamento aqui com Orquestra Tom Jobim, puxa bem que você podia vir assistir, né. Não tá marcado ainda, mas eu te aviso, quem sabe....”

Eu mais ouvi. Mas, também conversei. E, meu, se o email que eu havia recebido pelo assessor de imprensa dela já me deixou em estado de graça, imagine receber uma ligação dela... lindo, lindo, lindo! Ela terminou me agradecendo novamente. Fico até sem graça. Do mesmo jeito que falo por meus amigos – ou não – que fazem discos incríveis: eu é que agradeço por você cantar pra mim, pra nós! (Adri)

acordando...

A guria acordou cedo, mais cedo que de costume. Abriu bem pouquinho a cortina do quarto e viu o movimento das folhas verdes denunciando que um arzinho gelado acordou outra manhã. Teria de mudar a roupa planejada para o dia, a saia, mesmo com meia-calça, não vai rolar. A noite vai ser mais gelada ainda. No bairro, o frio é denunciado horas antes, quando à noitinha o amarelo das lâmpadas da iluminação pública já estão envoltos em uma leve neblina. E foi o que viu ontem, quando voltava. No banheiro, se esticando em cima da tampa da privada, a gatinha diz bom dia. Pouco depois, a outra, a gatona, deixa o seu resmungo matinal, também. É a rotina diária de despertar, dizer oi pros bichos, se preparar pro trabalho.


a hora dos cachorros

Água fria no rosto – é bom pra acordar a pele e ela já não sente gelar até os ossos como sentia quando criança e se recusava a tal absurdo. Dentes escovados, creme no rosto, roupa de trabalho: preta: calça, blusa, casado, cachecol. Bota!. Agora, a hora dos cachorros, no quintal, botarem seus focinhos gelados pra ganhar carinho. A guria empurra a porta que dá pra lavandeira e o peso do outro lado, indica que o pastor dormiu grudado na porta. A baixinha, não sai de seu ninho quentinho, espera que a guria vá até ela e faça um chamego. É sempre assim: tá frio, ela nem espera que sua cachorrinha saia do ninho atrás da porta. Ela é friorenta e mal humorada, prefere ficar na cama em dias cinzas, chuvosos.
Lixo pra fora de casa e duas, duas bolsas pra carregar todo o dia. A guria repete mais uma vez pra si mesma que precisa diminuir a quantidade de bugiganas que carrega todo dia nas bolsas, mas, outra vez, não consegue esvaziar nenhuma e sabe que também por isso, os braços já começam a doer novamente. Dali a pouco, eles também enfrentam o ônibus sem um lugarzinho sequer pra sentar. E a porcaria da prefeitura da cidade insiste em diminuir os veículos. Motorista simpático, mas sempre atrasado que nas manobras empurra a gente pra lá e pra cá, pendurada no braço dolorido. Burburinho no coletivo, mas estranhamente, a sensação é de silêncio.

pela janela do ônibus
No caminho pro trabalho, a mesma paisagem de sempre faz os pensamentos voarem alto. O som, sem pilha, não é companhia hoje. A guria repassa o que tem que fazer, mas não lembra de tudo. Pensa como seria bom não ter nada pra fazer a não ser ficar em casa, arrumando a casa nova – mas pra isso queria mais grana. Começando uma psicodélica horta, com plantinhas que não conhecia mas se tornarão muito amigas. Puts, e não é que ela esqueceu novamente de ligar pra seu avô? Há mais de duas semanas tá nessa.
Ai, dá um tempo, meu, o dia tá só começando. Nem sabe se já começou mesmo, afinal esse trajeto de ônibus é tão sonolento que deixa dúvidas. Passa o parque, passa o colégio, passa... passa... as horas passam... e a fazem lembrar de gianoukas papoulas, a banda paulistana que tocou uma única vez em Curitiba. Por alguma razão ela também lembra de cecília gianetti, que agora escreve na folha e deixou o casino de lado. Pensa no livro que ela ainda não escreveu (a guria, não a cecília, que esta não perde tempo e escreve mesmo – e bem) e nas conversas com seu amor. Solidão, vontades, saudades, alegrias, dúvidas....música! Muita coisa pra primeira hora acordada do dia.


sessão da tarde ou cinema?

Mas, é sempre assim. No ponto depois do correio, ela desce. Não sabe o que quer de café. Tá meio sem vontade. Até pensou em ir pra casa assistir sessão da tarde hoje... mas talvez queira pegar um cineminha, antes da aula de inglês. Quatro quadras depois, o computador. Quando a luz acende e os emails começam a baixar é hora de parar de divagar. Agora sim, mais um dia começou. Um pouco da vida fica em stand by! Mas, só um pouco, porque a guria, reconhece ela mais uma vez, gosta do seu trabalho, apesar de tudo - e não tem tanto problema em acordar cedo.

8/21/2007

Marcatti: um historiador de si mesmo

Jornal do Estado

Em entrevista exclusiva, o desenhista, que é um dos mais importantes do Brasil, fala de HQ

Adriane Perin

Divulgação

Diz que o gosto pelas Histórias em Quadrinhos veio antes mesmo de ler e escrever.

Desde pequeno, Francisco A. Marcatti recebeu estímulos da mãe para exercitar seu traço, já que bem cedo mostrou talento com o desenho. Diz que o gosto pelas Histórias em Quadrinhos veio antes mesmo de ler e escrever. Nos anos 70, com 15 anos, foi junto com um amigo se meter em reuniões de uns caras mais velhos, que já estavam na faculdade. Lá encontrou outros caras da mesma idade que faziam a revista Papagaio, como o Marcelo Fromer, o Nando Reis, o escritor Paulo Monteiro, e foi ali que publicou suas primeiras histórias. Lá se vão três décadas dessa primeiros passos, período em que ficou conhecido como o quadrinista mais escatológico entre os brasileiros, com um estilo que lhe rende inúmeras comparações à Robert Crumb, de quem ele confessa, no entanto, não ser um admirador, nem estar na lista de suas referências, embora reconheça a importância.

Marcatti parou um tempo de desenhar, mas voltou com tudo em 2000. Seu mais recente trabalho, pela editora Conrad, foi o desafio de adaptar A Relíquia, do Eça de Queiroz para os quadrinhos. Ele nunca tinha lido o autor português e adorou. Outro trabalho que mereceu a atenção dele nesses anos foi a construção de seu próprio site, um endereço muito, mas muito legal, onde ele colocou tudo sobre sua obra. “Me transformei em um historiador de mim mesmo. Sou muito sistemático, tenho tudo anotadinho, uma cópia de cada coisa”, conta. Sorte nossa que ele não desistiu diante da trabalheira que teve. “Lá tem a lista de todas as histórias e quadrinhos que fiz na vida e com dados cruzados. Ou seja, você clica na história, vê onde foi publicada e que histórias mais estavam naquela revista, por exemplo. Até o que eu mesmo imprimi está lá”, diz.

Marcatti trabalha com produção gráfica na internet – e em casa, o que acaba fazendo uma miscelânia de trabalho e vida pessoal. “Faço tudo ao mesmo tempo. Agora mesmo, estava restaurando uma vespa”. Como é? “Tô pintando uma vespa brasileira, só que com meus desenhos”, emenda empolgado, contando que tem como “atividade remunerada” a customização de guitarras. “Então meu sobrinho, dono da vespa, me deu a idéia de fazer dela uma vitrine”.

Por ser um quadrinistas que não está fazendo charges em jornais diários ou em revistas mais conhecidas – e também porque sua vervemais afiada é para a escatologia, o que não agrada a qualquer um – tem-se a impressão de que Marcatti andou fora de circulação nos últimos anos. Achar isso, pondera ele, não é desinformação. “Exatamente porque meu tipo de quadrinho é muito maldito, difícil. E só a internet mesmo tem ajudado achar mais fácil”.

Ele só ficou sem desenhar entre 93 e 2000, mas desde então voltou com tudo. A primeira publicação foi o livro Restolhada, da Opera Graphica, com edição luxuosa da seleção das melhores criações dele até aquele momento. “Desse não tenho uma cópia sequer. Mas, com certeza, a Itiban consegue”, garante, se referindo a uma das mais completa livrarias especializadas do país, que fica ali na Avenida Iguaçu.
De lá para cá saiu também a revista com o Frauzio -“O primeiro e único personagem, propriamente dito, que criei” - em mais de 300 páginas publicadas pela editora Escala em revista mensal. Em 2005, ele assinou com a Conrad, que primeiro lançou Mariposa. “De fato, meu primeiro livro de quadrinhos meus, concebido como tal”. Fazer um livro e não juntar quadrinhos soltos em um, diz ele, dá uma outra dimensão e o obriga a pensar numa abordagem diferente. “A diferença da construção de personagens e da narrativa é a mesma que existe entre criar um jingle e uma ópera: coisas bem distante”, explica.

Serviço
www.marcatti.com.br

8/20/2007

astrologia!?!?!@?&*#$%¨¨&**(*()(!

"Um dia delicado para você, pois a lua crescente ocorre em seu signo, levantando muitas perguntas. Aquele velho tormento de alma que lhe é peculiar retorna. Você tem que mostrar serviço, administrar o tempo, dar conta do trabalho e de um sem número de encargos. Mas onde estará você nisso tudo?"

onde eu estarei nisso tudo? no trampo... na aula de inglês, em reunião pra pedir patrocínio, frilando,pagando contas, fazendo inglês, tentando salvar um projeto que larguei nas mãos de outros.... não adianta, mesmo. nessas horas fica fácil, pra mim, entender porque eu virei uma pessoa centralizadora quando o assunto é projetos da De Inverno. por uma razão bem simples: ninguém faz do jeito que eu faço, pode até não ser o melhor jeito, pode não ser o mais fácil, e realmente é mais estressante, eu sei disso. pode até ficar no meio do caminho porque falta de patrocínio, ou seja porque foi preterido por outros, mas nunca por faltar algo que eu poderia ter feito. que ódio, que raiva, que ódio dessa situação... vai ser difícil, mas preciso manter a cabeça fria o dia inteiro hoje....
então, bom dia e boa semana pra vcs. vou ouvir um som!(adri).

8/17/2007

No meu peito, um vulcão

Jornal do Estado

Claudette Soares presta sua homenagem a Tom Jobim em um belíssimo disco, Foi a Noite, lançado pela gravadora Lua Music


Adriane Perin

Toda vez que uma cantora brasileira é saudada como a “nova MPB”, me bate uma imensa desconfiança. Me preparo logo para uma suposta sofisticação calcada em uma técnica vazia e excessos vocais. Infelizmente, na maioria das vezes, o que ouço é uma música fria, sem calor algum na interpretação. Prefiro aquelas que o tempo fez divas - e não as que nasceram acreditando serem uma. Aquelas, mais discretas, são centradas na música, o “show”é conseqüência. Esse eterno “pós-elis” e “pós-marisasmontes” que a mídia mostra como algo novo, dá uma saudade das ditas grandes cantoras. Pré ou pos- bossa-nova, mulheres como Alaíde Costa, Dolores Duran, cantando, é o que me interessa. É o que tira o pé do chão, diante de uma entrega tamanha que toma conta da vida da gente e não deixa nada mais ser tão importante quanto a canção que expõe a alma do artista diante de ti. O tempo que passa, também me distancia dessas novas cantoras para aproximar de veteranas que conheci, de verdade, quase tardiamente.

Um desses casos me cai nas mãos de um pacote cheio de Cds, enviados pela Lua Music. Foi A Noite – Canções de Tom Jobim é a homenagem de Claudette Soares a Tom e a Sylvinha Telles. Em plena manhã de segunda-feira, esse disco embalou a volta ao trabalho, fez dar uma pausa na pilha de rock, para me deleitar com uma interpretação forte, entre arranjos instrumentais perfeitos em sua sofisticação que não se traduz em virtuosismos gratuitos.
Claudete Soares tem aquele jeito de cantar de quem quer um “dedo de prosa, ao pé do ouvido”, como que contando a bela nova percebida pelo compositor. Se ter uma canção de Tom Jobim, é meio caminho andado, esses passos podem também levar pra trás, pois a dificuldade de lidar com uma obra imortal como estas, é proporcional. Cantar Tom Jobim, que canta como ninguém suas próprias composições, é muito difícil. Noto isso claramente, agora que a tal maturidade começa a se sobrepor às inquietações em alta velocidade da juventude e a aprimorar os ouvidos para as sutilezas da música brasileira, também em outros ritmos. Já posso aquietar e emocionar-me sem nenhum pudor. Me entregar embalada por Claudete, que é capaz de reavivar uma letra tão conhecida quanto “Sabiá”, na companhia de Alaíde Costa, sua convidada mais do que especial. Posso encostar o rosto cansado no ombro de uma canção carregada da dor e da alegria dessas duas - e não só delas. Mas também, ouvindo “Retrato em Branco e Preto” (impossível não lembrar do próprio Tom a cantando...), “Cala, meu Amor”, “Andam Dizendo”...
É um disco daqueles para acordar, abrir a janela – e “ouvir cantar uma sabiá” - e deixar a música sair para o quintal, pra que também o vizinho sinta essa vontade doida de dançar essa canção de levada romântica, que faz pensar tanto na vida. Para que também ele perceba, que precisa de um tempo, sentar e, com calma, degustar canções como estas. No texto de apresentação, Aldir Blanc lembra a primeira vez que ouviu Claudete cantando e, quieto, chorou. Penso nisso, enquanto procuro o jeito certo de falar dos efeitos de uma música assim no dia da gente. E fico com a certeza de que, quando pessoas como esta cantam, a nós, resta o silêncio. Um silêncio que parece, às vezes, do tamanho dessa existência, que chega trazendo todo o peso das tristezas e das saudades, mas também de um dia bonito, junto das pessoas que a cada dia ficam mais importantes na vida da gente.


PS: (Comentário/apresentação do blog: belíssima resenha escrita pela Adri para o JE sobre o disco da grande cantora Claudette Soares, que como muitos artistas deste País, mesmo esquecida pela mídia, continua fazendo um trabalho de altíssimo nível. Não por acaso, a resenha emocionou a própria Claudette, que fez questão de mandar um recado pra Adri, dizendo que há muito tempo não lia um texto com essa profundidade e entrega, e que é esse tipo de reação que a faz querer continuar cantando. Parabéns Adriane. Isso é pra você parar de falar certas besteiras que eu as vezes tenho que ouvir sobre o jornalismo que você faz.) Ivan

Grande Garagem volta hoje à ativa

Jornal do Estado

Projeto criado pelos músicos do BAAF começa sua segunda etapa e segue até dezembro, com 13 bandas locais

Da redação

As portas da Grande Garagem que Grava (GGG) reabrem hoje para mais um etapa do projeto, que põe bandas curitibanas de volta na garagem para captação ao vivo de suas músicas. Criado pelos músicos Luiz Ferreira e Rodrigo Barros, o projeto começou há dois anos, dentro das Residências do Rebouças, programa da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e gravou 16 grupos. Este ano, a proposta ganhou o edital Bandas de Garagem, do Fundo Municipal de Cultura.
O primeiro final de semana será com Black Maria, Imperious Malevolence e o Lendário Chucrobillyman Monoband Orquestra. Até dezembro, 13 grupos passarão pela simpática garagem transformada em palco. As próximas datas serão 31/8 (Heitor e Banda Gentileza), 1/9 (OAEOZ) e 2/9 (Maxixe Machine).
Para iniciar esta fase, o estúdio ganhou novos equipamentos para garantir a qualidade das gravações feitas como os músicos parecem gostar mais: todos tocando junto, com a platéia e captação ao vivo, que é pra registrar o pique de palco. Representantes de todos os estilos da diversificada cena curitibana passarão pela garagem dos ex-Beijo AA Força que, aos poucos, vão compondo o mais completo panorama da produção contemporânea na capital paranaense - em especial do fértil momento da produçãoatual da cidade, que “é campeã nacional de bandas de rock por metro quadrado”.
Os artistas não tiram nem um centavo do bolso e contam com uma equipe competente que entende do riscado, afinal Rodrigão e Ferreira - e sua trupe - têm mais de duas décadas de trabalho no circuito independente brasileiro, à frente da Beijo AA Força e, mais recentemente, no Maxixe Machine. Os grupos também levam para casa 200 cópias, sem custo algum.
Hoje, o som está sob os cuidados da Black Maria, grupo de ponta da cena local, que fez ferver as segundas-feiras, do bar Era Só o Que Faltava, por anos seguidos. Sábado é dia do death metal da internacionalmente conhecida Imperious Malevolence, uma das bandas mais respeitadas do gênero no circuito metal em qualquer parte do planeta.
O domingo será igualmente interessante com Klaus Koti, o homem responsável pelo Lendário Chucrobillyman Monoband Orquestra, que faz um mix de sons e referências com um resultado inusitado. Haverá também performances poéticas, venda de cds, livros e vinís no estande da Livraria Joaquim, além do já tradicional Chilli do Renatão, outro velho companheiro de BAAF.
O projeto terá ainda, até dezembro, a participação dos grupos Poléxia, Criaturas, Cores d Flores, Opinião Pública, No Milk Today, Charme Chulo, Terminal Guadalupe e Diedrich e os Marlenes. È só ficar ligado para não perder sua preferida, e aproveitar a chance para conhecer as demais.

Serviço
GGG, com Black Maria, Imperious Malevolence e O LendárioChucrobillyman. Dias 17, 18 e 19. às 19h. R$5. GGG (R. Santo Antonio, 900). Informações: 3016-0409.

8/15/2007

"Eu sempre tive necessidade de provar que não precisava de ninguém pra me salvar. Talvez por isso com o tempo passemos a esquecer as orações de nossa infância e aí a gente acabe se transformando nesses adultos solitários, falsamente auto-suficientes e melancólicos que somos hoje."

trecho de mais um texto indispensável do Mário Bortolotto
Veja a íntegra no atirenodramaturgo

8/09/2007

E hoje (quinta/09/08) tem...

Folhetim Urbano no Porão Rock Clube, junto com a banda Blaubléus. O FU estréia nova formação, com o Zuba, mais um dos irmãos dessa confraria familiar, nos teclados.

8/02/2007

“O que eu faço é Folk Brasileiro”, diz Renato Teixeira

Jornal do Estado

Divulgação
Renato Texeira acertou ao valorizar a singeleza das canções

O músico santista lançou seu primeiro DVD para celebrar os 40 anos de carreira e está em sexto lugar no ranking de vendas

Adriane Perin

O músico Renato Teixeira festejou os 40 anos de carreira com o lançamento de seu primeiro DVD, Ao vivo no Auditório Ibirapuera. Trata-se de registro no qual a música é o que mais importa. Pode prescindir, portanto, de aparatos complementares para mostrar toda sua força. Com simplicidade, o músico argumenta que em sua produção a poesia tem a mesma importância que a música. “Por isso tem que deixar isso à frente e foi este o norte de todo trabalho”, conta, sobre o lançamento da Som Livre, que faz uma retrospectiva de suas primeiras quatro décadas.
Com viola em punho, ele é conhecido como um fazedor de música caipira de agora. Mas, ele contesta. A idéia é mostrar a música folk brasileira. Nem a caipira, nem a sertaneja, nem aquela chamada ‘de raíz”. Esses termos, diz, são usados como forma de facilitar a compreensão. “Folk brasileiro é o que me agrada mais, é uma música que considera muito os valores culturais memoriais; quer projetar algo pro futuro; leva o lado familiar a sério. O caipira, hoje, é restauração, é Tonico e Tinoco. Sertanejo, é Chitãozinho e Xororó”, diz.
O Folk Brasileiro tem sua origem no caipira, que começa com Cornélio Pires e vai até que acontece uma dissidência, que gera o sertanejo, de um lado, e algo que ficou sem nome, do outro. “Eu e Almir Sater fomos pra esse lado que as pessoas ficam achando que é raíz”, comenta. Os dois já foram definidos como fazendo música caipira contemporânea, mais sofisticada, em geral, praticada por pessoas com formação musical mais clássica. “Não me incomoda isso, incomoda é achar que é sertanejo ou raiz, porque acaba sendo uma barreira. Raíz, pra mim, é folclore. A música caipira, cumpro o doloso dever de dizer, faleceu”, encerra o assunto.
Com participação dois dois filhos dele, João no piano, e Chico, na viola de 12 cordas, o DVD tem também entrevistas nos extras. “Estar tocando com eles é muito interessante. Eles têm banda e logo estarão andando sozinhos, mas, por enquanto, é comigo: não empresto, não dou”. Outro destaque, é a entrada de Pena Branca no palco.
Simples, eficiente e encantador, na medida para quem gosta de música, simplesmente... e de canções, em especial. Teixeira conta que depois do lançamento a procura por shows aumentou e diz, com espanto, que está “até sendo pirateado”. “Nunca tinha vivido essa experiência. Quem sabe não é pela pirataria que vou chegar nesse povo mais simples? É que o preço é muito alto”, pontua. E mesmo com os “intermediários”, o Ao vivo está em sexto no ranking de vendagens.
Agora, organiza ele, uma coisa de cada vez. Primeiro, precisa se acertar com a agenda de shows mais gorda. “Tenho muitos projetos, é só abrir alguma gaveta”, conta, bem humorado. “Mas, tenho que considerar que depois de mostrar um repertório de 40 anos, tem que segurar as vendas, o volume de shows, a repercussão”, pondera, adiantado que disco novo só no o segundo semetre de 2008.
O balanço da carreira é positivo – e pés no chão. “Fiz 62 anos, faço 15 shows por mês, meu disco está entre os mais vendidos, tenho músicas muito conhecidas e toco pra muita gente. Se existe um desconhecimento, é porque não atuo nesse meio de pessoas mais simples. Não cheguei ao público que é manipulado pelas quadrilhas que existem por aí, do presidente da República ao carinha que faz música ruim”.



n.r: então. reforçando o que a Adri diz na matéria, realmente esse dvd do Renato Teixeira tá muito bom. O cara tem grandes canções, e teve o bom gosto de fazer uma produção simples, sem exageros, explorando mesmo essa veia folk do trabalho. Tem uns deslizes aqui e ali, como a participação dispensável dos chitaozinhoxororó, mas nada que comprometa. Como eu to testando um novo breguete, resolvi colocar uma mostra do disco aí acima pra quem quiser ouvir. O que mais me impressionou é que à parte esse lance da influência da música caipira, o som do cara tem um componente ultra contemporâneo e moderno. Em alguns momentos, os timbres, arranjos e melodias me remetem até a coisas como Mojave 3 e Tindersticks. E o jeitão simplão do cara também traz uma empatia imediata. Em um país de artistas quase sempre com aquela pose de geniais e intocáveis, isso faz diferença. Na real, fica claro que o cara tem sim muita coisa de música de raiz brasileira, mas combina isso com a coisa da contracultura, uma espécie de Bob Dylan caipira, com aquele jeito brejeiro do sertanejo, mas de uma forma natural. sem forçação de barra.

Vale a pena ir atrás. Tanto que foi difícil pra mim escolher uma música. Além dessa que eu coloquei aí "Olhos profundos", tem várias outras ótimas como "Amizade sincera", a belíssima e autobiográfica "A primeira vez que eu fui ao Rio", e "Tocando em frente". Fiquei com vontade de ouvir os discos originais antigos do cara. Ah, que se foda. vou por "Tocando em frente" também. aproveitem. É muito linda. Parabéns Renato.

8/01/2007

Gian no Bem Paraná






E AQUI, matéria da Adri no Bem Paraná com o Gian Ruffato, incluindo vídeo com a entrevista e ele tocando voz e violão. Vale a pena conferir.