Acabei de voltar do almoço. O telefone toca e uma voz forte de mulher me pergunta quem fala. Quando respondo, ouço: Adriane Perin, você sabe quem está falando? Puxo pela memória, notando uma certa familiaridade na voz que se apresenta. Mas, o silêncio foi inevitável, logo em seguida: é Claudette Soares. Hã!!!???? Levei um susto, e ela riu: Vc não tá acreditando que sou eu?" Eu fiquei muda, não sabia se era alguma piada, mas o timbre da voz não deixou dúvidas era ela mesma e foi logo falando sobre o que meu comentário fez com ela. “Eu já li tanta coisa boa, achava que não ia ter mais nada pra ler a meu respeito. Mas, que loucura, o que você escreveu de mim. Chorei. Muito. Você sabe o que vcoê fez comigo?” Só consigo balbuciar: “ E o que vc tá fazendo neste instante?”. Ela ria.... “ Sou mulher antiga, gosto de falar, não gosto de nada virtual. Acho que a sensação de falar com a pessoa é imbatível.... nunca vi uma coisa tão linda. E outra coisa: abriu- se um vulcão...”. Você sabe, continou ela, que sou suspeita pra falar de emoção, pois trabalho com emoção, mas essa coisa é forte.
Sobrevivi até à Elis
“Se nunca me respeitaram pelo tamanho, pela idade vão respeitar”, conta ela que pensava isso porque quando começou a concorrência era braba. “ Eu sobrevei às grandes estrelas, até à Elis e quem sobreviveu à Elis, sobrevive a qualquer coisa na vida”. Contou que brincava que não conseguiria ficar pra sempre na bossa nova. “Eu queria ser a Dalva, que era uma cantora que você tinha que ver, não só ouvir. Ela tinha aqueles olhos, era como a Maysa. Garota, eu gostava muito disso, dessas cantoras, e achava que quando eu envelhecesse minha carreira não se sustentaria só na bossa, pois ficaria algo meio débil. E fui aos poucos indo pro romântico e hoje sou o que psersegui. Se alguém disser preu voltar uns 30 anos, não voltaria nunca....Mas, voltando, olha, fiquei tão feliz que fiz meu assessor descobrir seu telefone, porque eu queria ouvir sua voz, ouvir você conversando comigo”.
Silvinha e tom
Falou também sobre Silvinha Telles a quem, ela dedica o disco que fez só com composições de Tom Jobim, e sobre o qual falei (tá logo abaixo, cortesia do ivan). Ela lembra que morreu de inveja quando viu a amiga fazendo um disco em homenagem a Tom. E ouviu: amiga, na hora certa você vai fazer um até melhor... e ninguém canta Primavera de Vincius como você.
Na hora de escolher as canções foi difícil. É muito dificil cantar Tom Jobim, por várias razões. E quem sabe, sabe, né Claudette? “Aprendi que quando alguém faz muito e você vai fazer depois dessa pessoa, você faz pouco!." E o que fazer depois de Tom. Chamei Alaíde Costa e optamos pelo simples, também nas mais conhecidas músicas. “Com certeza Silvinha e Tom, lá onde estão, se olharam e ela disse: tá vendo, só! E você entendeu tão perfeitamente.... Vou fazer o lançamento aqui com Orquestra Tom Jobim, puxa bem que você podia vir assistir, né. Não tá marcado ainda, mas eu te aviso, quem sabe....”
Eu mais ouvi. Mas, também conversei. E, meu, se o email que eu havia recebido pelo assessor de imprensa dela já me deixou em estado de graça, imagine receber uma ligação dela... lindo, lindo, lindo! Ela terminou me agradecendo novamente. Fico até sem graça. Do mesmo jeito que falo por meus amigos – ou não – que fazem discos incríveis: eu é que agradeço por você cantar pra mim, pra nós! (Adri)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
Muito legal. E essa entrevista no blog que virou o telefonema ficou tão boa quanto a resenha. Parodiando aqueles cartazes de torcedores de futebol: EU JÁ SABIA! Parabéns.
Parabéns, Adri, teus textos são únicos, originais e emocionantes. Falta mesmo a gente parar um minuto pra reconhecer e elogiar - coisa que se os colegas não fazem, os artistas fazem muito melhor. Bjs
Porra, "sobreviver a Elis" é ótimo! Muito classe o texto Adri!Beijão dos meliantes lacarneanos!
ô, que legal que os amigos apareceram por aqui.... é, cristina, alguns artistas são melhores, outros...mas esta ligação me tirou o chão. muito legal. bjos cris e carlos. Aliás, aproveito pra intimar os dois, dia 11 de outubro, niver de dez anos d'OAEOZ. lacarnianos véspera de feriadão, pô essa festa não pode acontecer sem vocês - a família inteira, eu to falando, as caras e imprescindíveis metades, também tem que vir. E cris, vc descola uma babá e venha ver o dia amanhecer com a gente, na calçada...
Dia amanhecer eu vejo sempre, medindo febre... rsrsrs Se eu JURAR que dessa vez eu vou você acredita? Uma década é pra não perder mesmo. Vou descolar vó-babá. Bjs (apareço sempre aqui, mas o sistema de comentários dá pau no pc)
Postar um comentário