10/25/2006

Uma fantasia rock n´ roll

Jornal do Estado

Cultura
Livro

A jornalista Ana Maria Bahiana, autora de Almanaque anos 70, é a convidada a bater um papo hoje

Adriane Perin

Foto: Reprodução

Brinquedos, novela, carros, a banda Vímana, o programa Vila Sésamo: boas lembranças

Ela não é uma mulher agarrada ao passado. Nostalgias e aquelas conversas que começam com “naquele tempo era melhor.....” não fazem a sua cabeça. Mas, ironicamente, é do passado que tratam as mais recentes em recentes empreitadas da jornalista Ana Maria Bahiana: no cinema, 1972, filme na qual divide produção, argumento e roteiro com o companheiro de longa data, o também jornalista, José Emílio Rondeau; e o livro Almanaque Anos 70. Este último é o mote da vinda dela para projeto Sempre um Papo, no Teatro da Caixa. O título faz parte de uma série da Ediouro e foi feito incrivelmente rápido, de junho a janeiro, contou ela em entrevista por telefone. Alto astral, Ana Maria é boa de conversa e parece que o papo poderia se estender tarde adentro. Mas, temos tempo limitado, então concentramos o conversê em seus projetos, inevitavelmente, passando pelo jornalismo.O trabalho no Almanaque começou junho e trouxe um mergulho no passado. “Fiquei full time nos anos 70, o que foi muito estranho porque não é da minha natureza, não sou saudosista, não penso no passado e quando começa aquela papo de ‘naquele tempo era bom’, corto imediatamente”, diz. Em agosto “se mudou” para o Arquivo da Cidade, no Rio, “graças a generosidade da diretora e com a proteção das bibliotecárias. Eu entrava às 8 e saia quando o segurança me achava”. Primeiro mandou descer tudo que diz respeito a tal década e foi fazendo uma varredura no que foi publicado entre 70 e 79. “Procurava caras, celebridades, anúncios, tendências, gíria, a minúcia - e assim nasceu o copião do livro”, conta, sobre o livro de quatrocentas e poucas páginas, um levantamento divertido dos psicodélicos anos 70. As emoções foram fortes e pararam, também, em dias tristes, cheios de lembranças de amigos que não estão mais aqui. “Foi uma geração muito sofrida, tanta gente foi embora cedo demais”. O mais incrível, diz, foi o “outro” Brasil. “Cada um vivia a sua turma, não importava a questão geográfica. Quando eu vi umas propagandas da Operação Pulso, Mobral foi fascinante porque era outro mundo, do qual a gente, na época, não queira saber mesmo. Não tomávamos conhecimento do mundo dos caretas”.


A exigência pela mediocridade

Não dá para conversar com Ana Maria Bahiana sem falar de jornalismo. A chegada da edição nacional da revista Rolling Stone - de cuja primeira versão ela foi secretária de redação - a deixou animada porque ela é do tipo que gosta de revista com texto de verdade. Mas, pondera, esta de agora é diferente da de 34 anos atrás. “Não teria sobrevivido sem mudar. A pedra rola, são outros desafios, o leitor é mais fugidio. Fazer uma revista em papel hoje é muito mais dificil”, nota. Pode não parecer, mas o mercado atual é menor, proporcionalmente falando. “A revista vendia 25 mil exemplares, que equivalem a 250 mil hoje. Eu mesmo, compro 3 revistas ao ano, antigamente eram 3 ao dia. Até me esforço, páro em frente as bancas e fico procurando, mas não acho o que me interesse”. Com isso pena também o jornalismo. “É uma tendência mundial, só que em nenhum lugar se manifesta como aqui. Olha que rodei o mundo e vejo muita celebridade, mas também encontro boas revistas de verdade. Aqui não”. A situação chegou ao ponto de uma jornalista do gabarito dela se considerar desempregada. “Estávamos até brincando - eu, Giron, Maria Lucia Rangel e Sérgio Augusto, nesse final de semana - que somos espécie em extinção. Deveríamos criar a fundação ‘mico leão dourado do jornalismo’, ter nosso corpos empalhados”, zoa ela. O jornalismo brasileiro que já foi capaz de grandes publicações - Realidade, Bondinho, Senhor, O Sol - hoje não dá espaço para a criatividade na escrita, avalia. “ Me dói ver que existe uma exigência de mediocridade. A realidade leva até o mais talentoso jornalista a baixar o nível para sobreviver. E a grande contradição é que a única maneira de sobreviver ao longo prazo é buscar a excelência”. Enquanto isso, ela vai escrevendo livros, “meu primeiro e mais antigo amor”, conta, adiantando que tem projetos até 2009. (AP)


Um filme sobre acreditar na vida e nos ideais

O filme 1972 também se passa nos anos 70 - e muito se falou que seria a história dela e Rondeau. Mas não é. Trata de um jovem casal descobrindo a vida. “É em super 35, uma geometria de imagem incomum no cinema brasileiro”, explica ela. “Os personagens são fictícios, nos conhecemos muito tempo depois, mas vivemos aquele tipo de vida”, completa. A vontade de fazer coisas que nunca fez é que a move. “Queríamos escrever um filme sobre rock nos anos 70, sobre Brasil, não tinha nada. Um dia virei pro Zé e disse ‘é mais fácil você fazer do que explicar para outro”, lembra. E assim a história foi tomando conta do casal e os personagens se tornando reais. “O mais difícil é levantar o dinheiro. Mas até nisso fomos abençoados, teve uns malucos que acreditaram, a Buena Vista, Petrobrás”, diz, sobre o filme que foi muito bem recebido.1972 não faz reverência a estética que anda dando o tom das produções brasileiras.. “Não é angustiado, nem pessimista. É sobre acreditar na vida, nos seus ideais - demodê isso, né? Também já vi críticas dizendo que é ridículo, isso faz parte. As pessoas vão a festivais esperando filmes cínicos e nós celebramos a juventude, o amor, a alegria, a esperança, mesmo com uma históri em um momento mais horroroso do Brasil. É uma fantasia rock’n’roll”, diz sobre o filme que deve chegar a Curitiba até janeiro. (AP)

Serviço: Sempre um Papo com Ana Maria Bahiana. Hoje às 19h30. Entrada franca. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280). Informações: (41) 2118-5233.

10/24/2006

Aos amigos de verdade

Nós temos o nosso próprio CBGB, e mesmo que ele também já não tenha sempre as nossas bandas no palco, continua sendo "o lugar" muito especial. Por isso mesmo é lá que quero celebrar a entrada em outra primavera. Então, não aceito não como resposta. Nos vemos logo mais a noite no 92 Graus. Tá todo mundo me perguntando quem vai tocar, quem vai tocar.... pô, vamo lá, daí a gente vê o que faz. Sabe que os vizinhos não tão querendo essa barulheira que a gente gosta,né? E cês tão com tanta saudade assim de alguma produção da de inverno que tão querendo me por pra trabalhar mais ainda hoje?E também tive coragem de intimar o JR, amarelei. À priori, quem tiver a fim leva uns discos pra gente por rolar.... Vamos lá, celebrar os amigos de verdade.

10/18/2006

O que resta é o futuro: o CBGB fechou




Eu nunca fui lá, nem na cidade dele, mas conheço um pouco do que fez sua história e conheço alguns equivalentes daqui, bem pertinho da gente. A Folha deu a notícia hoje: CBGB "o lugar" do punk em Nova Iorque fechou na segunda. A honra (com muita tristeza, é verdade!) de fazer o último show foi a diva que em breve veremos bem de perto, Patti Smith. Ela foi um dos que começou sua história lá e encerrou a fase acompanhada de bons amigos, o Flea e o Richard Loyd, do Television. Eu não pude evitarque um certo vazio invadisse meu coração, enquanto seguia para o trabalho, lendo o jornal,em pé dentro do ônibus. Algumas pausas, lembranças de livros lidos, de histórias contadas, do 92 Graus, do Lino's... é o tempo passando. Patti Smith diz que outros virão, que a meninada encontrará outros clubes.... é assim mesmo. fases se encerram para que outras entrem em nossas vidas. Também tô assim, na próxima terça completo mais doze meses viva, foram doze meses mais calmos, sem algumas coisas que se tornaram importantes pra mim, longe de algumas pessoas importantes nos meus dias, mas ao mesmo tempo uma linda, mas tão linda janela se abriu. Ela não tem mais as janelas azuis, ainda nem sei a cor, tô só levando... a única certeza que sinto é que outro ciclo começa. Que bom que continua sendo ao lado do meu amor, dos meus amigos (estão faltando alguns, né marcelinho - e outras que não querem mais falar comigo, né Lu: que triste, não tem nada de lindo, é só triste)... a vida é assim?
Parece que bateu na minha porta aqueles dias que precedem a virada, quero falar com pessoas importantes, quero estar com as pessoas que amo, quero só pensar no futuro,agora. Depois do seu show, o último do CBGB, Patti Smith entregou pro fãs buttons que diziam: "O que resta é o futuro". Depois do punk, depois de mais um ano, depois de tantos anos, depois de tantas histórias, de tantos sentimentos, alegrias, tristezas, raiva,frustração, só o que resta é futuro....

adriperin

10/11/2006

Um brinde ao OAEOZ

Flagrante de um dos primeiros (se não o primeiro) ensaios do OAEOZ no quartinho do meio da casa do Campina do Siqueira: notem a indumentária da figura.




exatos nove anos, o ivan, o camarão e o igor chegaram lá na casa das jabuticabas para o primeiro ensaio, nesse quartinho (aí ao lado), da casa onde o disco Dias foi gravado num super astral, com a gente cuidado pro calor não detonar o equipamento do Lúcio. Naquele 11 de outubro de 1997, provavelmente um sábado a tarde, nascia. Saia de cena (mas jamais das minhas melhores lembranças e da minha fonte de inspiração) o Dusty, embrião d’OAEOZ, que tinha o rubens k junto com o ivan e o igor. Sinto que a gente não esteja celebrando isso junto hoje, mas eu sei que tem várias pessoas que estão. Muita coisa mudou, mas eu não desisti de ver, pelo menos, mais um shows de vocês esse ano ainda.
Acordei pensando nisso. Aliás, ontem, também lembro de ter pensado nisso, antes de dormit. Eu que já vinha tendo idéias mirabolantes pra comemorar a primeira década da banda, me pego aqui lembrando que o ritmo está sendo lento demais neste 2006.
É frustrante sim, quando a gente se coloca desse jeito num projeto e ele pára, mas também é preciso pensar que é só a pausa que segue apertada.
De minha parte, eu só queria dizer que as canções dessa trupe - trio várias vezes, quarteto, quinteto - continuam no meu case, me acompanhando nas caminhadas embaixo das garoas frias de curitiba, sussurrando nos meus ouvidos doces palavras de aconchego e de ânimo em manhãs que não mereciam ter acordado; me empurrando pra outra empreitada; me dando vontade de fazer coisas, de sentir coisas, de viver coisas.
Deve ser o fim de um ciclo. Até a de inverno vai mudar de casa, vai pra sua própria casa, vai poder por parede abaixo, colorir até o telhado se quiser, plantar novas árvores... isolar paredes, impregnar novos bairros...

Foto divulgação do disco Dias, feita por Paulo Camargo, na janela do sótão da casa do campina: éramos tão jovens e tínhamos todo o tempo do mundo.


É isso que eu quero pro OAEOZ, que a gente possa conviver mais alguns anos juntos, com nossas novas descobertas, com as outras dúvidas que por certo virão, achando que achamos algumas respostas e perdendo todas as certezas logo ali adiante.
Porque quando eu ouço uma nova canção, fico num estado emocional tão forte, por vezes, devastador, mesmo, que me tira o chão, de deixa zonza, provoca um transe. E quando ouço aquelas primeiras e tortas gravações, então, na solidão do fone de ouvido indo pro trampo, andando de ônibus... é um negócio estranho, mistura tantas histórias, tantos momentos dos meus quase 36 anos, que é assustador, se dar conta da força de uma canção que é tão próxima da minha existência. É o que eles cantam e tocam. É o campo magnético, muitas vezes mágico até, que se cria – com a gente.
Acabei lembrando de tantas pessoas que passaram pela vida da banda nesse tempo, a primeira fã número 1, a Aninha (claro que eu deixei ela ser “fã n º 1” por um tempo, né). A passagem do Eduardo, as primeiras gravações, as primeiras capas de fita cassete, decidir imagem, acertar tudo (e sempre faltava alguma coisa nos créditos). Os fanzines (lembram disso?deliciosas viagens. Aliás, o melhor de todos, com o ivan contando a “nossa” história continua no boneco). Tardes e tardes inteiras em ensaios que se estendiam até a noite, desciam as escadas e se espalhavam pela casa e pelo jardim. Os cachorros novinhos; a manuela, passeando em cima dos cases de instrumentos (tem uma foto linda disso), a minha doce tatu... pra mim tudo isso é oaeoz. Se mistura com a minha vida. Os anos passaram e continua me dando vontade de fumar um cigarro e beber alguma coisa quando eu ouço uma cancã dessa banda, a mais especial de todas pra mim.
Enfim, hoje é o aniversário d’oaeoz. E eu não desisti de ver, pelo menos, mais um show de vocês, ainda este ano. Eu quero vida longa pr’OAEOZ.

adriperin

Onde é que está meu rock n roll (será que eu vou virar bolor?)

Como dizia aquela antiga propaganda, o tempo passa, o tempo voa... (e a poupança Bamerindus foi pra puta que pariu). Se fosse uma pessoa, o OAEOZ estaria hoje quase saindo da fase criança para entrar na pré-adolescência. Estamos completando nesta quarta-feira nada menos do que nove anos desde os primeiros passos da banda. Talvez isso explique a fase complicada que a gente vive hoje, já que é ao chegar a pré-adolescência/adolescência que em geral a vida parece ficar de ponta cabeça, e todos os complexos e incertezas da vida te atingem em cheio como um raio.
Foi lá no agora distante 11 de outubro de 1997, um sábado, que eu, o Igor e o Camarão nos reunimos pela primeira vez, na casa verde do Campina do Siqueira para a qual eu e a Adri havíamos na época acabado de nos mudar. Lembro que os primeiros ensaios foram no quartinho do meio da parte de baixo da casa. Mais tarde, iríamos passar a ensaiar no sótão, bem mais amplo e arejado.
Vista da parte da frente do quintal da casa do Campina do Siqueira, onde o OAEOZ "nasceu": tempos de ensaios longos, jams e ambiente bucólico.
No começo, como não tínhamos bateria, emprestávamos a batera do Rodriguinho (ex-Acrilírico, hoje no Gruvox). Nesse início também não tínhamos baixista, nem sequer nome para a banda, tanto que as fitas em que eu gravei os primeiros ensaios eram identificadas como “ICI” - ou seja, as iniciais de Igor, Camarão e Ivan. O nome só viria depois, escolhido de uma lista feita às pressas por mim e pelo Igor às vésperas do primeiro show, na lendária república da família peixe-cachorro. Lembro que entre as opções dessa lista tinha ainda “Os Arnaldos” (óbvia homenagem ao Arnaldo Baptista; depois fiquei sabendo que tem uma banda com esse nome em Porto Alegre).
O quartinho do meio da casa do campina, onde fizemos os primeiros ensaios do "ICI", depois OAEOZ: notem a sofisticação do colchoado pendurado em frente à janela para abafar o barulho.

Nessa primeira fase também tivemos por um período um violinista, o Eduardo, amigo do Igor, que saiu depois da gravação da segunda demo: De Inverno, de 1999. O Rodrigo Zóio entrou no início de 1998, e rapidamente se incorporou a banda e à nossa turma com seu jeito desencanado. Lembro ainda do primeiro ensaio com ele. No início, achei que não ia rolar, mas logo o cara foi se soltando e a coisa se encaixou perfeitamente.
O sótão da casa do campina visto de fora: espaço e ensaios embalados pelo vento e pela chuva. Também foi aí que a gente gravou o Dias (2001).
Foram bons tempos em que a gente tinha muito mais facilidade pra se encontrar e fazer música. Chegávamos a ensaiar três vezes por semana, e a fazer uma média de dois shows por mês, tocando em tudo quanto é moquifo ou lugar de Curitiba que abrisse espaço pra som próprio. (James, Café Beatnik, Café Curaçao, Cafénobule, QG Bar, Bills, e por aí vai). Fora que os ensaios de sábado eram verdadeiras jams que duravam até quatro horas.
Como eu disse, o primeiro show foi na casa da família peixe-cachorro. Aliás os dois primeiros foram lá, um deles abrindo para os Magnéticoss. Também fomos a primeira banda a tocar no James, quando o bar ainda tinha sido recém-aberto.

Os primeiros dois shows do OAEOZ foram na república da Família Peixe Cachorro: aí do lado uma coletânea de fotos de um deles, com direito a fogueira, malabares e tudo o mais.
Outra coisa que ficou na minha mente era a forma como o público reagia à música do OAEOZ nas apresentações ao vivo. Em uma época em que o underground de Curitiba era monopolizado por bandas de som “indie-guitar”, ou harcore, e psicobilly, a gente apareceu com um vocalista tocando violão e cantando “pra dentro”, geralmente sentado e também tocando teclado (heresia para os roqueiros mais “radicais”); um guitarrista esquizofrênico, um violino, um baterista que não tocava como um baterista convencional. Quando quase todo mundo cantava em inglês, nosso repertório era majoritariamente de letras em português falando de amores complicados, romances sem futuro, questões existenciais: nada de política, nada de “crítica social”, nada de lições de moral ou pose de fodão. Baladas melancólicas, que explodiam em longos trechos instrumentais e improvisos. Shows de mais de duas horas de duração. Também não tínhamos nada a ver com aquele lance que rolava muito na época de “fusão de ritmos regionais” na cola do mangue beat, raimundos, ou o funk-hardcore de Planet Hemp e Charlie Brown em voga então. Ou seja, tinha tudo ao contrário do receituário, tanto do underground quanto do mainstream.
Não à toa, a reação geralmente das pessoas nos shows era de um misto de incompreensão e perplexidade, quando não de desprezo puro e simples. Nunca esqueço de um show no QG – lugar que na época abrigava praticamente só bandas de hardcore e psicobilly. Até a quarta ou quinta música ficou quase todo mundo quieto de braços cruzados olhando a gente com uma cara tipo “qualé a desses caras”. Você terminava a música e era aquele silêncio constrangedor. Só então, em uma determinada música sei lá porque alguém aplaudiu e eu não tive como segurar um comentário: “vocês são um público bem curitibano mesmo, heim?”, brinquei.
Estúdio Luna, onde o OAEOZ gravou sua primeira demo, lançada em 1998: à direita, Eduardo, violinista que tocou com a gente no início.

Mas o legal é que apesar dessa frieza da maioria, sempre tinha um maluco desavisado que vinha conversar com a gente depois do show e comentar que tinha gostado, achado diferente e tal. E assim a gente foi seguindo, meio aos trancos e barrancos, um passo de cada vez, as vezes mais rápido, as vezes quase parando, mas sempre em frente.
Olhando para trás, eu sinto que o mais importante foi que independente de qualquer coisa (reconhecimento, espaço, sei lá), a gente conseguiu construir um trabalho que se não foi tudo o que sonhava ou idealizava, traz as marcas indeléveis de um período inesquecível das nossas vidas.
Foto tirada em frente à antigo estúdio Áudio Beltrão, onde gravamos a segunda demo, De Inverno, lançada em 1999: dá pra ver que era inverno mesmo.
Nossas histórias estão lá, contadas nessas dezenas de canções, que bem ou mal, são um retrato do que a gente é e do que a gente viveu. E mesmo que a gente não consiga nunca mais fazer mais nada pelo menos 43 delas estão lá registradas, gravadas e hoje disponibilizadas para quem quiser ouvir (www.tramavirtual.com.br/oaeoz) – além das duas versões ainda inéditas em disco que estão no my space (www.myspace.com/oaeoz). Fora o material inédito em áudio e vídeo, que eu ainda sonho em editar e lançar um dia, quem sabe quando a gente tiver completando uma década de banda.
2006 tem sido um ano difícil pro OAEOZ. Os compromissos de trabalho, vida pessoal, e o próprio desgaste natural de todo esse tempo fez com que a coisa travasse. Na verdade essa situação já vem desde o segundo semestre do ano passado, quando os ensaios foram ficando cada vez mais escassos, até pararem de vez esse ano. Com isso também, as gravações das novas músicas, iniciadas em novembro e que eu esperava lançar até meados deste ano, ficaram paralisadas e só recentemente a gente conseguiu retomá-las, mesmo assim em um ritmo muito, mas muito lento.
Não tenho como esconder minha imensa frustração com isso. Parece que tudo aquilo pelo qual eu sonhei, lutei e dediquei todas as minhas forças nesses anos todos não adiantou nada, não foi suficiente para fazer com que eu pudesse simplesmente continuar fazendo aquilo que eu mais quero, que é música. Mas como “não há mal que sempre dure”, ainda alimento esperanças de que as coisas possam mudar daqui pra frente. E mesmo que isso não aconteça, de um jeito ou de outro ainda vou continuar fazendo minhas musiquinhas, mesmo que seja pra ficar tocando sozinho no quarto.
Só posso deixar aqui meu abraço e agradecimento a todos os que nos ajudaram nessa estrada. A começar pelos comparsas Igor Ribeiro, Hamilton “Camarão” de Lócco, Rodrigo “Zóio” Montanari, Eduardo, André Ramiro, Carlão Zubek, que aguentaram meu mau humor, minha ansiedade, minha total e absoluta falta de tato; aos “sócios” e irmãos Rubens K e Marcelo Borges, parceiros eternos; e é claro, à minha musa, Adriane, a quem eu dedico esses nove anos ou 3285 dias de som e fúria.

Ivan
Curitiba, 11 de outubro de 2006.

10/09/2006

Polaca Azeda - Charme Chulo - Rock de Inverno 5



Confiram mais um vídeo do Marcelo Borges no Rock de Inverno 5
Desta vez é "Polaca Azeda", do Charme Chulo, que está para sair no primeiro disco "cheio" dos caras.
Que também estão em uma entrevista legal publicada esta semana pelo Scream Yell