8/30/2010

Devils and Dust

Demorei pra gostar de Bruce Springsteen; pra conhecer, na verdade. Sei lá que imagem tinha dele, que nunca me chamou para seu som. Isso até conhecer Devils and Dust, décimo terceiro álbum do cara, um disco tão delicioso, mas tão bom que estou completamente viciada nele há meses. Virou outro daqueles que vez ou outra preciso ouvir. É daqueles álbuns pra se ouvir de peito aberto, com a janela do carro deixando o vento entrar solto, me dá uma sensação de liberdade. Adoro andar pela cidade com este som na cabeça e já fiz o trajeto da ciclovia muitas vezes no ritmo desses sons, com um caminhar próximo do dançar, inclusive, porque ele se espalha pela gente e toma conta. Tem baladas lindas e também uma pegada rock, sinto um certo clima Credence, até, no ar.

O jeito dele cantar é um caso à parte. Tem uma música, especificamente, a faixa-título, que parece que a voz dele falha, no disco, a rouquidão chega ao limite... E que falha, se é que é, mais linda é essa.
Vejaí...

8/29/2010

sobre a tal da cultura...


Foto emprestada do blog da Gleisi Hoffmann, feitas por Elias Dias.

Acabei de chegar em casa, e terminar um texto, sobre um evento de cultura, organizado pelo Vanhoni, com a presença do ministro da cultura, Juca Ferreira, que pela primeira vez ouvi falando tão de perto.Teve também a presença, e por isso eu estava lá, do candidato ao governo Osmar Dias, de cuja equipe faço parte atualmente. Não, eu não vou falar de política partidária. Eu quero falar do que vi lá. E foi política – gostem ou não. Ando, outra vez, sem conseguir escrever muito pro blog, por conta desse trampo que me ocupa bem.
Mas, não adianta, eu tento manter a frieza, mas quando vejo momentos como o de hoje, me inflamo. Adorei o dia. Eu filmei o grupo de fandango Pé de Ouro, lá da Ilha de Valadares, mas as imagens não ficaram muito boas pra por aqui, infelizmente. Mas, serviram muito bem para Me emocionar. Como também o fizeram, as falas do Paulo Munhoz, um cineasta que admiro, e também a fala do ministro. Eles não me emocionaram, e me fizeram continuar pensando no que falaram, porque fizeram política partidária, mas porque falaram em nome de coisas que acreditam. E em algumas delas eu também acredito.

Tenho participado de reuniões e delas saio, às vezes, pulando de alegria; noutras completamente frustradas pelo que me parece falta de articulação do pessoal da cultura. Muitas vezes fico com uma sensação de que estamos chafurdando nas migalhas que o poder público, às vezes, deixa cair. Então, tenho vontade sair correndo. Noutras, vejo gente que pensa maior, que pensa num todo e entende que somos parte de uma coisa só, mesmo que queiramos negar isso tantas vezes. Acho sim que temos que fazer política, deixando cada posto para quem em talento para exercê-lo.

Hoje o dia foi legal. Já estou em casa e continuo pensando no que a gente ta fazendo aqui pela cultura do Paraná, estado pra onde vim, antes mesmo de vir de verdade. Nunca imaginei que ia trabalhar com cultura e nesse tempo vi a cultura ser tratada como algo desimportante. No meio político, no meio jornalístico e no meio cultural. A vi perder sua força, aparentemente, e aprendi com os “(in)dependentes” algo que já sabia sem saber que sabia. A fazer. Simplesmente. Fazer. Não ficar só esperando. A fazer jornalismo cultural, a fazer um festival, a produzir um show, a produzir um disco e até (vejam só) a tocar um baixo e a arriscar uma cantoria. E a fazer política, sim, porque esse papo de “não gosto de política” é que ferra tudo. Tem jeitos, estratégicos, e jeitos, de se fazer política. E, não acho que sou ingênua ao dizer, que o bom trabalho feito, sempre aparece. Depende de as pessoas conseguirem diferenciar o que é balela e o que é de verdade. E só se aprende isso exercitando.

Hoje fizemos política. Do jeito que melhor sabemos fazer. Mostrando um pouquinho, foi só um pouquinho, da cultura paranaense. Não to nem dizendo que estou no grupo que vai fazer o certo. Estou dizendo que nós temos que tomar as rédeas do que acreditamos. E dar a cara a tapa, quando preciso.

E ver aqueles velhinhos dançando, cantando e tocando, depois de terem tocado o baile de fandango até 4 da matina... renovou minhas forças. Foi, quase, como ver uma banda que gosto. É isso. Tem o novo, que tanto gosto, e tem o velho – que está dentro de mim, também. Um precisa do outro. E isso é bom. Isso me faz bem. Tenho ouvido tanto discurso... mas, vejam só, não acho que são só palavras em vão. Não devem ser palavras em vão e isso, na boa, também depende da gente. Depende da gente estar por perto e atento. Depende da gente não largar mão.

No dia em que vi Gilberto Gil, como ministro, pirei. Sinceramente. A força desse cara é um negócio arrebatador. Tinha que ser um artista. E com Juca Ferreira foi parecido, sem o apelo de ser o Gilberto Gil “doces bárbaros” na minha frente. Hoje, em alguns momentos, pareceu que eu vi Juca Ferreira tremendo, enquanto falava sobre cultura. Que 80% da verba da lei rouanet fica pra SP e RJ (nada contra eles, por favor... mas peraí, né.)Isso, diz o ministro, é desfrutado por 3% dos cariocas e paulistanos... pô, precisa falar mais, cara? Aquele tremor na mão que segurava o microfone me pareceu provocado pelo que ele estava vendo e que, como me deixava mais forte, parecia deixar a ele mais forte também. É a força de algo que é mais forte do que a gente, o que faz a gente tremer...

é o que sinto numa boa entrevista. é o que sinto diante de um palco em um show produzido por mim. é o que sinto diante de um quadro, de um livro que acerta em cheio, de uma banda que quebra tudo...

Porque eu continuo acreditando que a força de uma boa banda tocando, de um bom poeta/escritor escrevendo ou declamando, de um pintor fudido desenhando seus sentimentos... é isso que me dá gás e não acho que sou a única a ser movida assim. Eu vou dormir bem hoje. Continuo tentando fazer a minha parte. E sei que não sou a única. (adriperin)

8/26/2010

Mofonovo

Nosso amigo Neri Rosa, uma daquelas figuras que como eu digo, se não existissem, deveriam ser inventadas, grande incentivador da cena local, apresentador e produtor durante anos do programa de rádio Último Volume, agora está com um blog, o Mofonovo. E o que é melhor, está disponibilizando no blog pérolas de seu incomensurável acervo discográfico, com direito a muitas raridades do rock underground brasileiro e curitibano.

Com a generosidade de sempre, ele até publicou um post falando sobre o OAEOZ e a Hotel Avenida.

Vale a pena visitar, conhecer e aproveitar o conhecimento e a sensibilidade desse grande cara.

8/24/2010

"A internet não vai salvar ninguém"

E como você situa a figura do músico na atualidade, em um cenário marcado pela divulgação online e uma suposta queda da indústria fonográfica?

Não é nada disso, esse que é o grande problema. Não existe queda nenhuma da indústria fonográfica, isso é um absurdo, é uma falácia. Eles nunca ganharam tanto dinheiro. O [produtor] Marcos Maynard, que é uma raposa velha, já está com um tal de Restart... E tem uma outra coisa: quem detém o monopólio das rádios continua vendendo disco. Essa coisa de achar que você bota no seu MySpace e está feito com 20 mil amigos, isso é um grande erro. A internet não vai salvar ninguém! O caminho que a gente abriu no final dos anos 70 e começo dos 80 era de fazer música pop para tocar no rádio, “vamos invadir o Chacrinha”. A mesma coisa tem que ser feita novamente. As pessoas não podem achar que não podem fazer [Domingão do] Faustão. Que merda é essa? Tá no Brasil ou tá aonde? Você acha que lá fora o cara não vai ao programa da [apresentadora americana de TV] Oprah? É o circuito, tem que fazer. Tem que fazer, sim! Agora, para poder alterar esse circuito, você tem que entrar nele. De fora, você não vai conseguir nada.

Lobão, em entrevista à Bilboard Brasil de julho

8/15/2010

Hotel Avenida - Eu não sou um bom lugar - Rock de Inverno 7

Hotel Avenida - Eu não sou um bom lugar from De Inverno on Vimeo.




E finalmente, após longos e tenebrosos inverno-primavera-verão-outono-e-inverno de novo, o vídeo do show da Hotel Avenida no Rock de Inverno 7 está pronto. Em breve "estaremos lançando" o material em DVD e outros formatos, além de disponibilizando tudo para ser assistido em streaming na rede. Aí acima vocês podem conferir o primeiro aperitivo, o vídeo da canção que encerrou o show, "Eu não sou um bom lugar", música do nosso primeiro single, lançado no início de julho de 2009. Vocês podem conferir o video pelo Vimeo ou pelo Youtube.

A direção geral do video é do Marcelo Borges, com edição de Fábio Barreira. O áudio foi gravado e mixado por Luigi Castel e Carlos Zubek.
A produção é da De Inverno, of course.

8/12/2010

"Música é mais do que matemática"

"Só creio que infelizmente estamos baseados nos dois problemas que, pra mim, estragam a música: resultado e técnica. Sei que fiz muito pra entender dos dois, e lidei muito com isso (e ainda vou continuar lidando), mas a sinceridade as vezes não vem a tona se esses dois fatores entram na frente. Não julgo quem gravar uma música, já fazer MySpace, tirar foto, fazer clipe, fazer projeto pra Funcultura, querer tocar em festivais, querer lançar discos ou online, aparecer na tevê, dar entrevistas, fazer tournées mundiais em que interessa o nome da cidade e país, e não pra quantas pessoas se toca, não seja nada mais do que resultado, nenhum mérito se tem em aproximar do que já foi feito para atingir metas de quem teve o mesmo caminho, e tirar onda com isso tudo, achando-se importante e relevante para a música. Pois não o é, mesmo. Talvez, por algum motivo, possa impressionar as pessoas, possa iludir sobre o resultado, possa passar sentimentos positivos. Só que não canto uma música recente há tempos. Não me fica na cabeça melodias de discos novos, há anos. Ano passado, Radiohead. Ontem, só Chico Buarque. Continuo ouvindo aqui na memória coisas do passado, às vezes distante. Algumas perdidas, algumas canções, mas é bem pouco pra quando se tinham discos com todas as músicas cantáveis, ou músicas compostas há séculos que ainda mexem profundamente com alguma coisa que não temos compreensão. Em épocas de discussões acirradas por aqui, acho bom relembrar que música é mais do que matemática, e isso que estamos vivendo: formulas técnicas, de produção executiva, de resultados, de falsos méritos. Ainda assobio “Vassourinhas” quando passo em Olinda no carnaval."

trecho da excelente entrevista do produtor Iuri Freiberger no Scream Yell.
Leia a íntegra aqui.

Sonhei que estava numa roda de capoeira!!!!



“Mas hoje é dia de festa
eu jurei que não vou me importar,
se o batuque não sai como eu gosto se a morena não vai me olhar.
Hoje eu quero é jogar capoeira, ver mandinga para lá e pra cá, essa luta, essa dança guerreira, faz meu corpo arrepiar:
Brincadeira:
Brincadeira, mandinga, no remelexo do corpo mamolejar !!!


O dia começou tranqüilo mas não me engano com ele. Hoje será pedreira. Tem debate para governo do Estado na Band e, pra quem não sabe, estou trabalhando na assessoria de imprensa da campanha do Osmar Dias. Agora tá sossegado, mas já acordei atribulada e consegui perder dois ônibus, acredita nisso? Mas, no final deu tudo certo, voltei pra casa e tomei café com minhas gatas. Elas, e a Baby, estavam pessimamente acostumadas, pois nos últimos meses trabalhei em casa, sempre com todas elas bem perto, de preferência no escritório e mais de preferência ainda, pra minhas gatinhas, se pudessem estar no colo – e de vez enquanto elas se enchem o saco da minha falta de atenção pra elas e, se deixar, vão parar pra cima do teclado, as sem vergonha. Então, agora que to ficando fora o dia todo e até horas da noite, de manhã já as encontro na porta do quarto. Onde eu vou, lá estão elas. E gatas, especialmente, a tigra e a lu, as mais velhas, não são assim, não. A Chanel e a Moli são mais brincalhonas, as chamo de gatas capoeira. Vão se agarrando, pulando pela casa, acompanhando minha movimentação. Elas são o máximo e são as primeiras pessoas com quem converso no dia.
Mas, elas eu ainda vejo, cedo ou tarde, no começo ou no final do meu dia. Já a capoeira, aiaiaia, que falta eu tô sentindo. Tive que trancar por dois meses nesta fase. Desde 2001 não fico tanto tempo assim sem sair no aú, entrar na rasteira, antes de voltar pra ginga. Cara, sem dúvida alguma, é o que me faz mais falta. É no que penso várias vezes ao dia. Ouço os Cd do grupo Força da Capoeira e, como hoje, bate uma saudade. E, olha, que não deu nem um mês sem treinar. Meu berimbau ta encostado, ao lado do baixo. Acho até que sonhei que tava numa roda, acordei sentindo o toque do berimbau, com a cantoria dentro de mim. Naquela euforia que toma conta da gente quando tá num jogo.
Salve, Mestre Kinkas, salve contra-mestra Áurea e toda moçada do Força. Iê: capoeira. Iê, Força da Capoeira! (Adri)

8/04/2010

Ciclojam estreia nova temporada na TV Lúmen/Canal Futura

Nesta quarta-feira, as 22h30 (com reprises aos sábados no mesmo horário), na Lumen TV/Canal Futura (16 UHF e 32 NET), tem a estreia da nova temporada do Ciclojam, programa produzido pelo grande Cyro Ridal, com apresentações gravadas ao vivo e entrevistas com bandas curitibanas. Nesta temporada estão nove bandas: Koti e os Penitentes, Charme Chulo, Giovani Caruso e o Escambau, Poléxia, Diedrich e os Marlenes, Anacrônica, Cassim & Barbária, Mordida e Cosmonave.

O Ciclojam começou, na verdade, como um bloco dentro do programa de rádio - Caleidoscópio - e ia ao ar inicialmente na lendária Rádio Estação Primeira, e depois passou para a Rádio Educativa. Depois, se tornou um programa próprio, na televisão, inicialmente na TV Educativa, e mais recentemente, na Lúmen/Futura.

Com o OAEOZ, tive a oportunidade de participar do programa nos dois formatos - no rádio e na TV. E em ambos os casos foi uma experiência ótima. Afinal, pra quem faz música, nada melhor do que poder mostrar seu trabalho em uma emissora de rádio ou tv aberta, acessível a todos, e ainda com uma produção bacana. O programa de rádio, por exemplo, a gente gravou nos estúdios da Gramophone. Ficou tão bom que usamos algumas músicas no disco Dias (2001).

Monumentos sem cabeça - OAEOZ - Dias (2001)

O da TV gravamos na época no teatro Paiol, que não preciso dizer, é um lugar histórico para a cultura local.
Fico muito feliz que o programa esteja voltando. Trata-se de uma das mais importantes iniciativas de registro da música local. Muitas bandas surgem e desaparecem sem ter a oportunidade de ter um registro com essa qualidade. E a gente sabe como é difícil, no Brasil, manter um programa como esse, sem grandes patrocínios/apoios, no ar por tanto tempo.

Vida longa ao Ciclojam.

veja mais videos do Ciclojam aqui.

8/03/2010

"Ainda" - Ex



Taí uma boa notícia. Nossos amigos Thiane Nunes, Rafael Martinelli e Guilherme Klamt, que formavam a banda Deus e o Diabo, estão com novo projeto. Chama-se "Ex" e já está com primeiro disco disponível para download, chamado "Ainda".

Cola lá e confere o trampo dos caras, que eu ainda nem ouvi, mas só pelo que conheço, deve ser coisa fina. Ou baixe aqui direto do link.