2/22/2008

A voz

Mr Mark Lanegan, "A VOZ" da minha semana

Nunca é tarde pra descobrir coisas boas. Foi isso que eu pensei esses dias depois de passar a semana ouvindo uns discos do Mark Lanegan. Já tinha ouvido falar bem do trabalho solo do cara. A bichinha do André Ramiro até tinha me passado um disco deles uma vez, se não me engano, mas não tinha tido oportunidade de ouvir de verdade. E do Screaming Trees, só conhecia aquela que todo mundo conhece, mas como nunca dei muita bola pro grunge, não tinha saído disso.
Mas, como ia dizendo, essa semana fui ouvir e fiquei muito bem impressionado com o trabalho do cara. E que voz, putaqueospariu! De congelar a alma do mais incrédulo dos viventes.
Gostei em especial do Whiskey For The Holy Ghost (1994), disco solo que tem uma instrumentação bem minimalista, o que destaca ainda mais o vozeirão grave e de registro baixo dele, o tipo de vocal que me atrai. E a música que mais me pegou nesse disco foi “Kingdom of rain”. Um folk blues soturno, arrastado, arrepiante.
Outro belo disco no mesmo clima é o Scraps At Midnight (1998), que também tem várias pérolas, como “Stay”, típica balada country folk pra acampamentos, como diria o Manfredini Jr, com seu belo e singelo refrão “down like rain, come down”. “Bell black ocean” lembra um Tom Waits ligeiramente mais agridoce. A seguinte, “Last one in the world” é outro destaque, em que uma melodia simples e circular envolve uma conversa entre amigos (aparentemente, pois sou anarfa em inglês) e uma interpretação melancolicamente singela.
Os dois discos transpiram o velho dístico simplicidade e bom gosto, que me é tão caro. Nada de grandes novidades (que de velhas novidades o museu tá cheio, como diria o veio zuza), modernices estéreis, apelos fashion. Só boas canções, temperada com talento, arranjos minimalistas, interpretações precisas e pungentes, e é claro “A” voz. E que voz, putaqueospariu.

Puxando o fio da meada acabei deparando com um projeto chamado Soulsavers, que lançou em parece que o ano passado o disco “It’s Not How Far You Fall, It’s The Way You Land”, que o Marcelo Costa sabiamente definiu como “um disco para salvar almas”. Pelo Scream Yell descobri que esse disco “é o segundo álbum do projeto (...) capitaneado pela dupla britânica Ian Glover e Richard Machin”, um duo eletrônico que chamou o Mark Lanegan pra cantar. E o resultado é muito foda já na faixa de abertura “Revival”, ele solta A VOZ circundado por um coro gospel maravilhosamente monstruoso. “Spiritual” devia ter royalties para o Jason Pierce, de tanto que lembra o Spiritualized. Na letra ele canta em tom de súplica: "Jesus, don´t wanna die alone". O Gian me conta que esse na verdade é um disco de versões, várias delas do Johnny Cash, o que não é nenhuma surpresa. Tem tudo a ver as canções do grande bardo do country folk norte-americano com a voz do Lanegan. É sopa no mel. E que voz, putaqueospariu!

aproveitem as dicas da semana, E COMENTEM ESSA PORRA, CARALHO!
tchau!

Saul Trumpet no Canal da Música

Jornal do Estado

Franklin de Freitas
O músico lança hoje uma nova versão de seu segundo disco

Flávia Sampaio/Especial para o JE

Ele terá no palco a companhia de Fernando Montanari, Marcelo Nascer, Cristian Dellano e Cristian Rouge, experientes músicosSaul Trumpet, um dos maiores nomes da música instrumental brasileira, faz a (re) estréia do seu segundo CD, Sal Grosso – Saul Trumpet. O mesmo disco teve uma versão lançada em 2003, mas segundo Saul, “caiu em mãos erradas” e não foi bem recebido pelo público. Agora, com uma nova cara, três músicas inéditas, Saul lança sua segunda produção. “São 11 faixas, oito do primeiro cd e mais três que eu resolvi gravar”, diz. A primeira versão saiu pela gravadora independente curitibana Villa Biguá, mas Saul não gostou da experiência e botou a boca no trombone. Desta vez preferiu não tratar do assunto.
Paranaense de Bandeirantes, Saul foi um menino precoce que tocava em igrejas e, aos 13 anos, já se apresentava profissionalmente no Rio de Janeiro, não raras vezes tendo de se esconder da polícia, por ser menor. Aos 20, em 1970, já firme no trumpete, veio morar em Curitiba. Começou a tocar com importantes músicos curitibanos e a fazer seu nome, que se uniu ao do instrumento. Foi por esta época também, que nasceu o Saul Trumpet Bar, referência de boa música não só em Curitiba, mas em todo o Brasil, apresentando ícones da cena instrumental para a região.
Mais tarde, a popularidade e talento de Saul fizeram com que ele se tornasse o único músico vivo a emprestar seu nome a uma premiação. O prêmio Saul Trumpet, que escolhia os melhores músicos do Paraná, foi até a oitava edição. Em 2000, ele estreou em CD, ao vivo, com composições de paranaenses. Agora, enquanto lança Sal Grosso, tem planos para a confecção do terceiro disco. “No final desse mês vou começar a gravar um com 50% de músicas próprias e 50% de jazzistas do Paraná”. Saul Trumpet já tocou com grandes ícones da música, recusou (!) convite de Ray Charles, fato do qual ele se arrepende.

Serviço
Hoje, às 20h. R$’15. Canal da Música (R. Júlio Perneta, 695). Informações: (41) 3331-7400.

2/21/2008

Uma autêntica 90’s band local, Tod’s toca hoje no Korova

Jornal do Estado

Primeira banda de Igor Ribeiro, que teve Daniel Fagundes, da Reles , na formação original mostra novas e antigas canções


Adriane Perin

Em 1993 Curitiba vivia a euforia de uma cena musical que nunca fora tão forte, com tanta visibilidade e importância em um circuito nacional. Foi naqueles primeiros anos da década que o 92 - e a cidade - se consolidou como referência do circuito musical independente. Era muitos grupos e o porão da Visconde do Rio Branco suava, literalmente, com toda a energia que explodia ali dentro, com as principais bandas alternativas nacionais – e as curitibanas nunca deixaram por menos. Foi neste ambiente estimulante que três garotos, entre 13 e 15 anos, criaram o Tod’s. Igor Ribeiro, Fernando Lobo e Daniel Fagundes, este último vocalista da Relespública, querendo mostrar também as músicas que não “cabiam” na sua banda mais famosa e uma das mais novas e queridas da turma do porão. Tod’s cantava em inglês e se encaixava no estilo chamado - não sem uma pitada de ironia - “shoegazer” (N.R. algo como “adoradores de sapatos”, estilo de artistas de comportamento introspectivo no palco, que praticamente não tiravam os olhos dos próprios sapatos). Não só por reunir promissores músicos da cidade o Tod’s fez história. Foi a primeira banda de Igor Ribeiro, um dos mais talentosos e completos músicos da atualidade, hoje tocando também na Plêiade. Daniel era um cantor impressionante, que teve a vida interrompida por um traumático, para toda a cena local, acidente de carro, o que acabou provocando um brake no ritmo do grupo.
Hoje em dia, a banda só faz show esporadicamente e hoje (21/02/2008) é um desses. Vai ser no Korova, aproveitando que Rodrigo “Paia” Elias, um dos integrantes há tempos, está em Curitiba. Agora é assim, quando a ala que vive em Londres retorna, eles vão para o palco. Desta vez, no entanto, os caras querem fazer uma correção histórica e gravar também. A banda esteve, por volta de 1996, com um disco quase pronto. 17 músicas esperavam apenas a mixagem. Tudo se perdeu por irresponsabilidade de um dono de estúdio que vendeu seus equipamentos e sumiu com as gravações.
A formação atual é Fernando Lobo(baixo), Igor Ribeiro (guitarra, voz, trompete) – ambos da formação original; Rodrigo “Paia” Elias (voz, guitarra) e Vitor Schemes ( bateria). Vários músicos passaram pela banda, como Emanuel Moon e Gor. Rodrigo Rigoni, que foi de uma das primeiras formações, entrou em um ensaio em que o ex-tecladista da Reles, Gor, faltou e “saiu tocando”, conta Igor em entrevista. “Tínhamos uma bateria muito tosca, os pratos pareciam tampa de panela. Mas ele mandava ver, aprendeu a tocar com a gente”, lembra Igor.
Tudo começou na casa do Fernando, “por pura diversão e porque o Daniel tinha algumas musicas que não eram o perfil sonoro da reles”. O inglês não era regra, mas os meninos tinham mais familiaridade com a sonoridade inglesa. Indie, guitar, shoegazer, são termos que podem ser aplicados aos Tod’s. “Prefiro chamar simplesmente de rock alternativo, se é que isso existe”, diz Igor e emenda. “Mas, acho rock dos anos 90 a melhor definiçao”.
O Tods foi sua escola, assegura. “A gente queria fazer rock pra dançar”. Ele foi parar neste circuito por conta do primo dois anos mais velho, Fernando, o companheiro musical, pra conhecer bandas, festas, bares. Naquele ambiente efervescente ele teve duas importânctes referências. “Relespublica, sem duvida foi uma delas. E o Magog. Nós éramos muito moleques mesmo”, lembra o multiinstrumentista Igor Ribeiro. Na época, ele só sabia que “queria ligar minha guitarra e tocar”. Ensaiavam todo dia. “Não tínhamos responsabilidades. Ensaio durante a semana e showzinho no final. E sempre tinha uma banda de algum amigo tocando e a gente tava lá.”
Gravações -
Hoje, o som do Tod’s está no site da Trama Virtual. Participaram de duas coletâneas e têm demos-tapes, mas a maior frustração foi perder uma gravação com 17 músicas. “O dono do estúdio simplesmente o vendeu e sumiu com o material. Hoje a gente dá muito mais valor ao que se perdeu do que na época. Era o regristro da primeira fase da banda, mas como éramos pés-rapados pedimos um tempo pra juntar a grana e quando ligamos ele já não tinha mais nada”, lembra Igor, sobre a gravação de meados dos anos 90. Entre os shows importantes, ele lembra o do BIG, Festival Leite Quente, no Aeroanta, das performances com a Pin Ups em sampa, e os shows em Martingá.
Sem paradas a banda foi até 99. Daí, começaram as viagens dos rapazes ao exterior, e tudo mudou. Em 2000, foram os “rodrigos” para Inglaterra.
Nesse meio tempo surgiram OAEOZ – a escola em bom português de Igor -; ESS - a mais conhecida nacionalmente de suas bandas -; e a Íris fruto de uma fase ainda mais autoral e madura de Igor, também com o predominio da língua portuguesa e com ele mais uma vez mostrando que é um dos grandes compositores jovens da música brasileira. Mesmo que torça o nariz para sua voz. “Nunca gostei da minha voz e sempre me achei melhor cantando em inglês. Mas, foi todo um processo evolutivo. O Tod’s era muito mais a sonoridade do que um significado especial”, avalia.
E agora? “O Tod’s é o seguinte, queremos gravar tudo que temos, pra deixar, enfim, o registro e, se rolar, partir pra novas. O Paia é um compositor de mão cheia, tem muita coisa nova. Mas vai depender do tempo dele aqui”. É certo que outros show acontecerão. “Porque afinal é sempre divertido tocar com esses caras, relembrar essas velharias musicais”, diz Igor, que esta noite toca também na Plêiade. Completa a noite a Capacabana Club.

Serviço
Tods, Plêiade e Copacabana Club. Dia 21. R$7. Korova (Av. Batel, 906).

2/15/2008

Mudar pra quê


Uma das prediletas da casa, como diria o "reverendo" Massari, está de disco novo na praça. "Hungry Saw" é o primeiro disco de inéditas dos ingleses do Tindersticks em cinco anos, e não decepciona. Poucas bandas hoje tem a capacidade de me fazer considerar o lançamento de um disco como um "acontecimento", algo a ser esperado com ansiedade e a atenção como se fosse a nova epifania de um oráculo, a ser celebrado e comemorado. O Tindersticks é uma delas. Sou fã de carteirinha desde que comprei os primeiros deles na saudosa 801 discos, no Largo da Ordem, naquela época em que ainda existiam lojas de discos especializadas, e a gente ia até elas comprá-los.
Enfim, voltando a "Hungry Saw", é mais uma aula de beleza, lirismo e delicadeza. O Tindersticks é aquele tipo de banda que não promove grandes mudanças de estilo, não tenta ser modernoso nem acompanhar as ondas que vão e vem no mercado. Simplesmente continuam fazendo a música deles, do mesmo jeito de sempre, e cada vez melhor. Melodias intimistas, arranjos sutis e a voz de trovão de Stuart Staples pairando sobre as canções e hipnotizando o ouvinte. Apenas dois dias de audição já foram suficientes para me deixar chapado por esse disco. No momento estou viciado em "The other side of the world", que chega a doer de tão perfeita. Mas ainda tem "Yesterdey tomorrow", "Mother dear", "Booba", "All the love". Pra que mudar diante de tanta beleza? Deixa isso pras bandinhas que precisam correr atrás do hype na falta de talento. Quem sabe sabe, e não perde a majestade. Pra nossa sorte.

2/13/2008

Minha vida não cabe num opala estréia em Berlim

Jornal do Estado

A adaptação de Mário Bortolotto, em cartaz no festival de cinema, tem bandas curitibanas

Adriane Perin


Divulgação
Cenas do filme previsto pra estrear em maio no Brasil

Doze produções brasileiras estão sendo exibidas no Festival de Cinema de Berlim que segue até o próximo domingo. Tem os bam-bam-bam, como Tropa de Elite - que aliás teve problemas técnicos -, na mostra principal, a competitiva. Mas, também tem as produções estreantes. Neste caso está a primeira versão cinematográfica da obra do dramaturgo londrinense, Mario Bortolotto (Cemitério de Automóveis), Minha Vida não Cabe Num Opala, na mostra Cinema do Brasil, a primeira exibição, antes de chegar em território nacional. Aqui, deve estrear em maio. Além do roteiro adaptado por Di Moretti, da obra Nossa Vida Não Vale um Chevrolet, o filme tem uma trilha sonora de bandas independentes com várias paranaenses, entre as quais as curitibanas OAEOZ/ Igor Ribeiro (“Texas Dream” e “Folhas de Outono”) e Irís (“Neblina”). Tem ainda vários Patife Band, Cascadura e La Carne, além da banda de Bortolotto, Bêbados Habilidosos. Nesse circuito de sessões especiais os escolhidos passam por avalição da produção, deste que é um dos principais festivais de cinema do mundo. “Entre as inscrições, eles escolhem o que vai para a mostra oficial, ou paralela, de acordo com o mercado europeu”, explica o diretor, Reinaldo Pinheiro. “E em festival a briga é feia. Imagine, para um Cannes são 600 mil filmes disputando. A história do Mário tem um viéz muito universal e ele tem um tino de cinema”, completa.
Ele, autor do mais premiado curta da história nacional, BMW Vermelho, ganhador inclusive como melhor filme no Festival de Havana e Miami – conta que tudo começou com um pasta trocada. “Dentro dela estava bem em cima o texto do Bortolotto, que eu já conhecia. Comecei a ler e me encantei, vi logo que merecia uma adaptação”, conta ele, que depois foi assistir uma peça de Mário, que vive em São Paulo, e come çou logo a trocar figurinhas. Os últimos três anos foram gastos na concretização do projeto, que teve acompanhamento bem de perto do dramaturgo paranaense. “Hoje ele tá mais famoso, mas acho que fui precursor. Ficamos amigos e ele acabou assinando a trilha sonora”, comenta.
Pinheiro conta que até rolaram algumas discussões de bastidores, mas no final “ele foi muito legal comigo, e mostrei que numa adaptação se perde aqui e se ganha lá”. Também fez questão que Bortolotto participasse. “Conversamos muito e isso deu tranqüilidade. E a trilha sonora ficou realmente muito bacana. Todo mundo que assiste comenta. Estou até pensando em lançar um disco independente”, conta, explicando que Bortolotto mostrou um monte de canções e a seleção final foi feita em conjunto. Depois, o maestro Amalfi, amigo de Mário, ficou encarregado de dar uma cara de trilha sonora para elas.
No elenco estão Milhen Cortaz, Jonas Bloch e Paulo César Peréio. Com direito a participação rápida de Bortolotto. “Minha homenagem hitchcockiana para ele”.

2/10/2008

Bright Lights, bright lights...

Dicas de alguém que ouve música aleatoriamente, sem nenhum método ou preocupação com hypes. só pelo prazer de descobrir coisas novas e se maravilhar com elas. Algumas coisas que eu ouvi por aí nos últimos tempos e gostei.


I like trains – Elegies To Lessons Learnt
Até agora sem dúvida a surpresa agradável do ano pra mim. Nunca tinha ouvido falar. Baixei na sexta de um blog mais pela capa e pela descrição de um cara que falava em algo como estar em uma casa desconhecida quando acaba a luz. Imagine um mercury rev meio gótico com o leonad cohen de vocalista. Ou o mogwai com o nick cave. Muito foda. O título das músicas já entrega o naipe da coisa: “we all fall down”, “the deception”. Um instrumental fudido, que cria um clima épico, e de beleza asfixiante. O que os góticos deveriam ouvir se tivesseem um cérebro dentro da caveira.


I Like Trains - The Deception

Cat Power - Jukebox

e a rainha-menina indie aprontou de novo. Um disco irrepreensível até pra quem como eu não gosta de disco de covers. Até porque ela transforma as músicas em músicas dela, na maioria das vezes irreconhecíveis ou pouco conhecidas. A banda é a mesma que veio pro tim com judah bauer (jon spencer blues explosion) e o batera do Dirty Three. Um disco de blues climático, ou “cool blues”. Com uma voz capaz de derreter as calotas polares. Sem mais comentários.

Black Mountain – In the future

Banda fudida que combina rockão pesado a la black sabbath purple com doses de psicodelia e folk. Atentem para a tríade “Evil ways”, “Wild Wind” e “Bright lights”, respectivamente faixas 7, 8 e 9 do segundo disco dos caras. A primeira poderia perfeitamente estar no Machine Head. Tambores, riffs matadores de guitarra. A segunda lembra Bowie fase Space Oddity. E a tour de force “Bright lights” começa com uma balada psicodélica pra cair em um groove furioso de guitarra e batera que levanta até zumbi e dá vontade de sair pulando e balançando a cabeça. Depois entra em um longo trecho instrumental noise de fazer o pink floyd babar. Tudo isso com uma pegada e uma jovialidade entusiasmante. Paulera bicho!

2/07/2008

de repente

Tá uma chuva linda aqui. Pena que ela ainda não chegou aí. Então você ia ver, com os meus olhos talvez, a beleza que não aparece mas está bem ali, atrás dessa cortina
uma massa de água em movimento que dança empurrada pelo vento para o lado
depois pro outro
Vista de cima, do alto do décimo andar, fica ainda mais bela
enquanto banha uma praça de árvores
sob a luz amarela que anoitece o dia
mas daqui de baixo, noto agora, também me deixa zonza
doida pra entrar na roda
e só dançar
dançar e dançar
enquanto ela, a malandra, leva, lavando
escorrendo suja pela rua de barro (adri)

Um texto que ficou perdido em algum dia por aí...

O dia insiste em começar.... mas, por alguma razão, eu não queria que esse sol amarelo me acertasse hoje. Então me arrasto na cama de um lado pro outro, nem aquele livro hoje vai me pegar aqui. O cobertor pra escurecer a janela deixa um tantão de luz entrar. Barulhos na rua e os cachorros que correm no corredor ao lado do quarto a cada sinal de alguém passando na rua. É outro daqueles dias que parecem não prestar, entregues a uma carência crônica e ridícula que, depois de me acordar, definitivamente, confabula com pensamentos patéticos só pra me derrubar.
Quer o que, aqui, me encarando a essa hora?
Lembro do último show; entro no blog, meio dormindo e ta lá o post mais recente, sobre este último show... lembro aquele dia, belo dia, corrido, mas belo. Tanta gente aqui em casa. antigamente era mais assim, agora é de vez enquando, só. Muito legal as fotos e os textos sobre mais essa, wellington, la carnianos, ivan... show.
Aqui dentro ta quieto, “só” a rua acordou com seus motorizados laranja e amarelos. Tem vários bares por perto de casa. Bares de bairro, mesmo, daqueles onde já de manhã antes de ir pro trabalho a gente vê uns bebuns esquecidos da noite que já acabou e eles se recusam a perceber. Encostados, às vezes no ponto de ônibus, logo cedo, indo pralgum lugar, já amortecidos e desligados dessa existência de 110 votlz.
Da janela da sala olho o dogui e a baby, agora livres daquelas pulgas gulosas, deitados sobre a grama verde do jardim, esperam a menor chance pra dar um role perto da cerca, botando pinta de “donos do pedaço” só pra exercitar seus latidos
O jornal também ta lá, na caixa, mas não to com vontade de tirar o pijama para ir lá na frente.
Pausa.
Fumei muito nessas férias e agora basta pensar em pegar um branquinho, pra que meu estômago e gargantas reclamem em uníssono... to alguns instantes parada em frente a este computador, xeretando em outros blogs e vendo como o ivan continua sozinho ro pra manter esse nosso; é que tudo me escapa às vezes, não sei pronde correr, fico zonza... fiz greve nessas férias, mesmo estando em casa, praticamente não fiz nada. O computador, em especial, ficou longe. Não sou do tipo que acorda e vai ver emails – apesar de hoje ter acordado diante da tela, praticamente.
a cadeira range, o calor aqui dentro com tudo fechado exige minhas mãos em portas e janelas para que o vento entre – se é que ele taí, porque ultimamente ta foda...
Vou abrir a casa e deixa-la acordar. (adri)

2/06/2008

Pra quem ainda gosta de canções

O Tulio deu a dica, fui atrás, baixei e já me deslumbrei com o novo disco do Nada Surf, Lucky. Concordo com ele quando diz que eles são o tipo de banda que ao invés de se propor a reiventar a roda a cada disco, prefere se concentrar naquilo que faz de melhor: belas canções, refrões grudentos, melodias refinadas e tal. No mais discordo dele. Acho sim genial o trabalho dos caras porque o que mais me chama a atenção é justamente essa simplicidade e bom gosto tão em falta na música pop atual.
Aliás me irrita essa coisa de hoje em que muitas vezes você percebe que o “conceito” é mais importante do que a música. Um exemplo claro disso é o último disco do Radiohead. Se falou mais da estratégia de marketing e de venda pela internet dos caras do que do disco em si, das músicas. O que não deixa de ser um enorme contrasenso.
Pois da minha parte sinto falta justamente de artistas/bandas que privilegiem boas canções, melodias. Enfim, música que faça a gente se sentir melhor ou nos dê vontade de pegar o violão e tentar fazer algo tão bom. Afinal, tem horas que tudo o que você quer ouvir é uma boa canção, e não alguma mistura de funk carioca com música folclórica da mongólia ou newposacidoscambau. E boas canções não faltam para o Nada Surf.
Na verdade, com o perdão do trocadilho infame, eu não dava nada pra banda até descobrir, há uns dois anos, o “The Weight Is a Gift”, disco anterior dos caras, que a gente recebeu e quando eu ouvi foi daqueles discos que fui gostando mais a cada audição, até se tornar um dos meus preferidos dos últimos tempos. Tanto que não dei bola quando eles vieram tocar aqui na época porque ainda não tinha sido “capturado” pela beleza desse disco. Se fosse hoje com certeza eu estaria na primeira fila do show.
E acho esse Lucky tão bom ou até melhor que o anterior. A qualidade das canções e melodias continua a mesma. As belíssimas harmonias vocais, os arranjos sutis, enfim está tudo lá. Mas sinto que eles estão arriscando mais nesse disco, tentando ir além e chegando perto do sublime.
Me chama a atenção ainda o fato de que o disco não tem nenhuma música ruim. Pode ter umas melhores e outras menos, mas todas são belas. O que é muito raro hoje em dia, um disco pra se ouvir assim, do começo ao fim, sem pular nenhuma faixa. Desde a primeira, “See the bones”, com seu baixo marcadão e seu início climático, passando pelas melodias à la beatles de “Whose authority”, e “Beatiful beat” – essa última com uma daqueles refrões grudentos que fazem a alegria de qualquer amante da melodia como eu.
Pois depois desse começo incrível os caras ainda engatam uma seqüência inacreditável a partir da faixa 5, “Weightless”, que começa com um riff/levada power pop e cai em uma parte lenta, alternando dinâmicas de uma forma absolutamente orgânica para acabar em um arranjo vocal arrebatador de fazer derreter os corações mais insensíveis. Essa obra-prima é seguida de outra não menos poderosa, “Are you lightining”, que começa como uma balada com uma levada country e guitarras slide que lembram um pouco coisas como Mojave 3 e Galaxie 500, pra terminar em outra maravilhosa performance vocal e backings daqueles que dá vontade de sair e pegar a estrada ouvindo essa música até o fim dos dias. Depois ainda tem outra bela canção pop/folk, “I like what you say”, e por aí vai. E depois, quando você pensa que já ouviu o melhor do disco vem "The fox", com uma bateria quebradaçada e outro show de harmonias vocais, em um arranjo que cria uma tensão e uma atmosfera que bem poderia figurar nos clássicos "Ok Computer" ou "The Lamb Lies Down on Broadway" (último do Genesis com o Peter Gabriel, de 1974).
Enfim, outro belo disco cometido pelo Nada Surf, que fez meus dias de carnaval mais felizes. Pra quem só quer ouvir boa música, sem bula conceitual ou hypes descolados.
Essas e as outras músicas de Lucky podem ser ouvidas no My Space do Nada Surf.

2/01/2008

Carnaval sem desculpas



quem não vai viajar, mas também não é chegado em carnaval, não tem desculpa pra ficar sem fazer nada nesse feriadão em Curitiba. Além do Grito Rock e do Psicocarnival, que a Adri já falou aí abaixo, tem o Tod´s, antiga banda do Igor Ribeiro e do Rodrigo Paia, se reunindo no Korova.

Um outro tipo de Festa de Momo

Jornal do Estado

Psycho Carnival tem bandas alemã, britânica, chilena, norte-americana e, claro, brasileiras

Divulgação

As Diabatz; a alemã Mad Sin, uma das mais esperadas, e Bad Luck Gamblers: atrações do Psycho Carnival que segue até segunda-feira, no Jokers

Começa amanhã, sábado de Carnaval, a mais internacional das edições do Psycho Carnival, festival produzido por Vlad Urban e Wallace Barreto voltado ao psychobilly, que segue até dia 4 no Jokers e faz parte também do circuito Grito Rock América do Sul, que acontece simultaneamente em 44 cidades brasileiras, além de Buenos Aires e Montevideo, até dia 9. Há quase uma década fazendo parte do calendário de momo alternativo, o evento se transformou em uma referência nacional e um dos mais prestigiados internacionalmente do circuito psycho. Ao longo do feriadão, serão seis artistas estrangeiros e nove nacionais, na programação oficial. Nos eventos paralelos tem a noite de aquecimento hoje no Hangar Bar, show nas Ruínas do São Francisco – domingo às 15 horas, com a italiana Number 71 - a festa Exilados e os eventos de encerramento. Haverá também tarde de autógrafos, a Copa Psycho de Futebol, bazar com artigos relacionados à cultura rock, e um workshop com o baixista Valle, do Mad Sin.
A alemã Mad Sin, aliás, é a que recebe as maiores expectativas. Banda clássica do estilo, existe há 20 anos e seu show é considerado por conhecedores do psycho o melhor da atualidade. Na formação está o guitarrista dinamarquês Pete1 (ex-Nekromantix) que mostra também seu projeto solo, na festa paralela Exilados, com sua nova banda Hola Ghost, na segunda-feira, a partir das 16 horas, também no Hangar, com Hot Rods, Psycho Monsters, Rinha (Piracicaba), Billys Bastardos (Londrina). Outro destaque é Chuck Harvey, vocalista da britânica Frantic Flintstones, que esteve no Brasil em setembro. Desta vez, ele mostra seu trabalho solo, Chuck and The Crack-Pipes, acompanhado de uma banda formada por músicos brasileiros, rebatizada como Chuck and The Brazil Crack-Pipes. Completam o time gringo a chilena Voodoo Zombies, com vocal feminino, algo não muito comum neste meio; a argentina Motorama e os norte-americanos The Howlers.
O Psycho Carnival cresceu e desde novembro passado participa também da Abrafin (Associação Brasileira dos Festivais Independentes), o que vai ajudar no seu crescimento, através da troca de experiência e do intercâmbio com outros grandes festivais brasileiros. Outra notícia legal é o apoio do Instituto Goethe de Curitiba
Ingressos - Tem novidades também na compra dos ingressos que podem ser feita pelo Só Ingresso (41- 3322-9090 ou www.soingresso.com) , também com cartão de crédito. além de nas lojas Itiban e Teix Tatoo. Sábado e domingo o preço é R$ 20; R$ 40, para a noite de segunda-feira. Outra opção é o pacote para os 3 dias por R$ 70. Todas as informações sobre o Psycho Carnival, incluindo entrevistas com bandas, links para suas páginas pessoais com músicas para ouvir, fotos, novidades e venda de ingressos, estão em www.psychocarnival.com.br

SERVIÇO
Psycho Carnival. De 2 a 4/02. Jokers Pub (R. São Francisco, 164). Informações: (41) 3324-2351