8/31/2011

quando a porta abre

As folhas secas pelo inverno no chão do quintal tingem o dia de um vermelho que quase não se vê, perdido nas manchas rubras que o tempo carrega sobre elas. O dia de sol abre o céu no prédio de vidro azul e a grama cortada, e molhada, se agarra em minhas pernas

Mas, teu rosto reflete a mesma aflição que vê no meu. E eu fico sem palavras sempre que chego em casa. Quando a porta se abre antes mesmo do rodar da chave, ganho meu melhor momento do dia. Só quero um abraço.
Nunca busquei a proteção, mas encontrar aquele olhar no fim do dia é o máximo que quero querer hoje. E é quase mais do que posso suportar quando a saudade bate na porta anunciando que a madrugada chegou,

Irreprimível e imbatível, entardecer após entardecer

Trazendo nos ombros o peso de outro dia que escorregou da palma das mãos abertas, e sujas da terra remexida que se mistura com a pintura azul escura da unha descascada na ponta.

Não, não pinto minhas unhas de vermelho há muito tempo. Não se espante.

Até que o alvorecer receba os carros e, quem sabe, tinja aquele pedaço de céu com os vários tons que o vermelho traz em si, passeando em alaranjados brincalhões que fazem meu peito quase parar naquela curva

Só pra se iludir que o tempo é meu e que podemos fazer o que quiser com ele. E podemos. Não é? Mas, nem sempre quero. Ou nem sempre sei que podemos. Às vezes, tudo é meio escuro mesmo em dias como os de anteontem. Noutros, o cinza que cobre o céu abre no sorriso a tranqüilidade de quem sabe quem tem ao lado. E encontra a felicidade logo depois daquele portão.

8/23/2011

Beto Só lança novo disco na 2ª Noite De Inverno

Foto: Iano Andrade

Curitiba recebe o primeiro show de lançamento de “Ferro velho de boas intenções”, terceiro CD do cantor e compositor brasiliense, que sai pelo selo Senhor F, com produção de Philippe Seabra

O cantor e compositor brasiliense Beto Só é a atração da 2ª Noite De Inverno, produzida pelo selo De Inverno Records de Curitiba, no próximo dia 27/8, no Pepper´s Bar. Ele faz na Capital paranaense o primeiro show de lançamento de seu terceiro disco, “Ferro velho de boas intenções”, que como os dois trabalhos anteriores, está saindo pelo selo Senhor F, de Brasília, com produção de Philippe Seabra (Plebe Rude). A abertura fica por conta dos locais do Humanish. O evento tem o apoio das Livrarias Curitiba e rádio Mundo Livre FM.
Além da versão física em CD, “Ferro velho de boas intenções” foi disponibilizado para download gratuito na página de Beto Só no site Trama Virtual. No show em Curitiba, Beto Só estará acompanhado da banda que integra o disco, e inclui Ju (guitarra e violão), Fábio Pereira (bateria), Tharsis Campos (baixo) e Ataide Mattos (violoncelo). No domingo (28/08), eles se apresentam em Porto Alegre, dentro das "Noites Senhor F", no bar Opinião.
A 1ª Noite De Inverno aconteceu em 18 de fevereiro último, e teve como principal atração os paulistanos do Lestics. O projeto se propõe a trazer a Curitiba artistas de destaque no cenário independente nacional, sempre acompanhados por uma banda local. O princípio é o mesmo que o selo De Inverno - criado pelos jornalistas Adriane Perin e Ivan Santos - se baseou na concepção do festival Rock de Inverno, que teve sete edições entre 2000 e 2009, com mais de 70 shows de grupos curitibanos e de outros estados brasileiros.

Serviço
2ª Noite De Inverno
Sábado – 27/08
Peppers Bar (Rua Inácio Lustosa, 496 – esquina com a Trajano Reis)
www.thepeppersbar.com.br - Abertura da casa: 21hrs
Ingresso: R$ 10 (com nome na lista até as 17h de 26/8: listapeppers@gmail.com)
No dia: R$ 15.

Contatos: deinverno2@gmail.com

Beto Só – Release e informações
Contatos: humberto.rezende@gmail.com
http://blogdobetoso.wordpress.com

Para baixar “Ferro velho de boas intenções”:
http://tramavirtual.uol.com.br/beto_so


8/15/2011

Beto Só - Ferro velho de boas intenções




BAIXE

‘Ferro-velho de boas intenções’

Olavo Rocha*

Tem que ter muita 1) coragem suicida ou 2) falta de noção ou 3) integridade artística pra lançar, a essa altura do campeonato, um disco que precisa ser ouvido com atenção. Beto Só acaba de fazer isso com seu ‘Ferro-velho de boas intenções’, e, como não se encaixa no tipo kamikaze e definitivamente não é um sujeito sem noção, o que temos aqui é um bem acabado exemplo da mais legítima integridade artística.

A música de Beto Só nunca foi do tipo que se revela inteira na primeira audição – e assim nos dispensa automaticamente da segunda, terceira, quarta etc. Se você ouvir ‘Ferro-velho de boas intenções’ sem o merecido cuidado, pode se apressar em classificá-lo como um disco triste, pessimista ou melancólico. E vai acabar incorrendo num injusto reducionismo. (Numa audição superficial você também pode achar que é um disco lindo, e aí você vai estar certo, mas mesmo assim o buraco é bem mais embaixo – porque a maior beleza destas canções não está na superfície).

Beto Só trata sim de frustração, de solidão e de fracasso. Mas faz isso sem rancor nem autoindulgência. Onde ordinariamente haveria tristeza, o brasiliense de fala tranquila coloca serenidade. No lugar da melancolia, entram em cena o entendimento e a aceitação (favor não confundir com conformismo, ninguém aqui está conformado com nada). E mais: o que brota do fundo dos versos construídos com engenhosa simplicidade é um impulso para a vida, esse intervalo de tempo breve e doído e cheio de imperfeições que Beto atravessa tentando entender sem susto, tentando fruir do melhor jeito possível.

Frustração e solidão e fracasso. E amor e amizade e coragem. E identidade. Beto Só não é igual a ninguém, porque ser igual “é a morte”. Ele está muito bem e vivo, e sua música nos faz nos sentirmos dolorosa e deliciosamente vivos também. Suas belíssimas melodias nos fazem tirar os pés do chão (não pra pular, mas pra sair flutuando por aí). E sua banda esbanja sensibilidade e segurança nos arranjos cuidadosamente arquitetados para abrigar sua voz suave e suas pausas eloquentes.

Recomendo o ‘Ferro-velho de boas intenções’ apenas pra quem tem tempo. Quero dizer, quem tem tempo pra si mesmo. Pra esses que vão ouvir e ouvir e ouvir o disco, Beto Só tem muito a dizer.

* Olavo Rocha, é cantor e compositor, vocalista da banda Lestics


E o primeiro show de lançamento de "Ferro velho de boas intenções" será na semana que vem, dia 27/08, na 2ª Noite De Inverno, no Peppers bar, em Curitiba. Infos abaixo.



8/13/2011

E vem aí o novo disco do Beto Só




"Ferro velho de boas intenções", o terceiro disco do cantor e compositor brasiliense Beto Só, será lançado na próxima segunda-feira, disponibilizado para download gratuito pela Trama Virtual. E o primeiro show de lançamento do disco será em Curitiba, no próximo dia 27/8, com abertura do Humanish, na 2ª Noite De Inverno, que acontecerá no Pepper´s Bar. Acima o teaser de lançamento do disco. E abaixo, o flyer do show.

8/11/2011

Só queria uma canção

Sei que tenho muitas músicas preferidas d'OAEOZ. Está que está aí embaixo também, acho uma das melhores da banda. Lembro de uma historinha sobre ela que não sei se é isso mesmo, mas sei que ouvi isso. Soube que é uma letra que partiu de algo que rabisquei, aqueles meus desabafos clássicos, em busca das palavras que pudessem dizer o que eu sentia. é sempre isso: eu querendo, desesperadamente, saber escrever nem digo como outros tantos que li, mas eu em busca das minhas palavras, sempre rebeldes e difíceis. Pelo jeito deixei um desses cadernos (eu escrevo em vários cadernos e blocos e folhas soltas, depois vou achando, deixei o caderno largado e ivan o achou. Ele já tinha musicado algo que eu escrevera e viu um longo escrito.
Ao que tudo indica, era eu quem queria fazer uma canção, uma canção que conseguisse dizer disso tudo que eu sinto e que, agora, ao acordar pra trabalhar e ver o blog, voltou - e me fez parar tudo só pra ouvir essa canção outra vez e lembrar disso. Lembrar da primeira vez que a ouvi, da primeira vez que a ouvi pronta e do como essa frase "eu só queria fazer uma canção pra você" me acertou e ainda tá aqui dentro de mim. Eu lembro exatamente que escrevi, com meus garranchos, várias folhas uma tentativa de falar dessa convivência linda que tenho e que faz a minha vida ter sentido. Um dia eu acho esses garranchos e saberei que foi deles que nasceu essa bela canção, com uma letra toda outra, usando só uma frase - a que dizia tudo, na verdade.
Quando a ouvi agora, outra vez, foi como se toda a tensão desses últimos meses caíssem, acho que despi a armadura e até a euforia desses últimos sete dias, desde que soube que seria contratada, se transformou em uma outra coisa. Dei uma desmontada e tive que parar tudo.
Comecei a trabalhar na sexta passada na CBN, saí da minha zona de conforto, a urgência voltou e eu entrei num redemoinho de outras emoções, absolutamente tomada pela força de fazer algo novo e tão bacana. Desde então, ouvi pouquíssima música, e meu fones estão sempre sintonizados na radio notícia.
Ao ouvir essa canção depois de tanto tempo algo se dissolveu dentro de mim e um outro algo se abriu.Lembrei da sensação de leveza por conseguir sorrir bem outra vez, a mesma que senti no Ivan ao perceber a minha mudança. Eu vi nos olhos dele a alegria por mim. É disso que eu me alimento, desse amor, dessas músicas, desses amigos e desses dias em que eu posso fazer o que eu gosto e preciso pra viver bem. Neste instante, algo aconteceu e os nós todos de tensão acabaram. Preciso de um café agora. De ouvir essa música outras vezes. Começa agora uma nova fase - e novas canções já estão nascendo também. (adriperin)

8/10/2011

Eu penso nisso todo dia - OAEOZ (2008)


Correr, fugir, me esconder, desistir, abandonar
Jogar pro alto e encontrar algum refúgio longe dessa prisão

Eu penso nisso todo dia
Até que você me olha
Daquele jeito
E eu consigo adivinhar seus pensamentos
E tudo parece quase fazer sentido
E tudo parece quase dizer a verdade
Sobre aquilo que eu nunca quis saber

Refém da armadilha do remorso
Medo, ignorância, conveniências
Mas ao me estender a mão
Você quebrou o encanto
E me fez perceber que a vida se alimenta da perda
Que a ausência é amiga do desejo
Que a fome me sacia mais que o sonho
E quando a gente se abraça mesmo sabendo que tudo pode acabar a qualquer instante
Eu me lembro daquela menina de olhos grandes e sorriso estranho
Que inundou minha vida
E me fez acreditar em algo que nem eu sei o que é

Agora procuro esquecer minha covardia e deixar o egoísmo doentio de lado
Ao menos por um momento
E lembrar que
Eu só queria fazer uma canção pra você
Pra você.

Humanish tour


Depois de dois anos na produção do disco de estreia chegou a hora da banda Humanish ir para a estrada conquistar novas plateias. Começa em Curitiba, no palco do Era Só o Que Falava, no dia 11 de agosto, a turnê que vai levar o quarteto curitibano por mais de 3 mil quilômetros a longo do Sul do País, em um roteiro com 10 shows em diferentes cidades, entre as quais as três capitais.
No repertório, as composições registradas no primeiro disco, homônimo da banda, que teve produção de um dos mais importantes profissionais brasileiros, Carlos Trilha, e cujo lançamento foi em junho passado, no Teatro Paiol, em Curitiba.
É uma turnê bem planejada e com diferenciais. O percurso será acompanhado de perto por Marcelo Cabala, artista integrante do coletivo Macondo, de Santa Maria. Ele vai manter um blog atualizado diariamente, contando todos os detalhes das noitadas capitaneadas pela Humanish. Para acompanhar tudo basta acessar a página http://turnehumanish.tnb.art.br/
Assinadas por Allan e Marano, com arranjos da banda, as composições mantém o pé fincado no rock and roll e, sem usar o contrabaixo, exploram timbres graves em guitarras barítonos, afinações diferenciadas e sintetizadores. A combinação resulta em um rock contemporâneo, vigoroso e cheio de texturas instrumentais, sem dispensar as referências da música brasileira. Allan e Marano também dividem os vocais.
A experiência de mais de uma década dos músicos se traduz em uma maturidade sonora que pesou na hora de Carlos Trilha decidir se trabalharia com o grupo. A banda curitibana o pegou pela qualidade que sentiu logo nos primeiros segundos de audição. “Ouvi meia música e liguei para o Allan na hora”, lembra. “Só no jeito de falar notei que não era mais uma bandinha amadora, mas sim pessoas com uma história”, conta.
Trilha diz ainda que curtiu a linguagem musical do quarteto curitibano e não tentou transformá-lo em produto. “Só otimizei a música. Dei algumas poucas ideias, mas a maioria foi deles”, explica. “Me apaixonei pelo som e deixei o trabalho se tornar um desafio também para mim, porque aproveitei pra testar novos limites do som. Juntos chegamos a um lugar novo – e isso é interessante”, conclui.
Circuito Fora do Eixo
Pautado nos princípios da economia solidária e no trabalho colaborativo, produtores culturais de Cuiabá (MT), Rio Branco (AC), Uberlândia (MG) e Londrina (PR) uniram-se, em 2005, com o intuito de circular bandas independentes. Essa iniciativa foi batizada de Circuito Fora do Eixo.
Noites Fora do Eixo
A Noite Fora do Eixo é um projeto encabeçado pelos pontos presentes em mais de 70 cidades do Brasil e contabilizou mais de 500 edições em 2010. A ideia do projeto, que até hoje convidou cerca de 1.500 atrações desde sua criação (e, em alguns lugares, soma à programação mostra de filmes e exposição de fotografias), é unir bandas nacionais e latino-americanas, além de DJs convidados, em atmosfera impregnada de boas vibrações.

Integrantes:
Allan Yokohama – Guitarras e Vocais
Marano – Guitarras e Vocais
Fabiano Ferronato – Bateria
Igor Ribeiro – Sintetizadores e Sax

Serviço
Humanish e Labrador
Dia 11 às 22h
Era Só que Faltava (Av. República Argentina, 1334) - 41 3342-0826
R$ 15 e R$10 (nome na lista lista@faltava.com.br

Agenda de shows:
1 Curitiba 11/8/2011 - Era só o que Faltava
2 Rio Do Sul 12/8/2011 - Sede do Coletivo Barriga Verde
3 Joinvile 13/08/2011 - Bar Pixel
4 Floripa 14/08/2011 Taliesyn Rock Bar
5 Caxias do Sul 17/08/2011 - Aristos London House
6 Erechim 18/08/2011 - Leprechaun Pub
7 Santa MAria Ou Santa Cruz 19/08/2011
8 Pelotas 20/08/2011 - Galpão
9 Esteio 21/08/2011 - Espaço 711
10 Porto Alegre 22/08/2011 - Casa de Cultura Mário Quintana

Blog e redes:
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