7/26/2007

FU no Crasezine






"Existem discos que você tem que ouvir – não, não se trata de uma obrigatoriedade estabelecida por alguém que escreve e se atribui o direito de dizer o que alguém vai fazer com seus gostos. Tem a ver com uma concepção quase metafísica de que você está “predestinado” a ouvir certas canções. Sabe aquele trecho do “Quase Famosos” em que o Lester Bangs diz aos ouvintes da rádio que a verdadeira música – seja rock, jazz ou erudita – escolhe o ouvinte, e não o contrário? É exatamente disso que se fala aqui e agora.
E numa dessas escolhas que de aleatórias não têm nada, me chegou Cativeiro, EP de estréia do Folhetim Urbano. Assim como Deus não joga dados com o Universo [o que não nos impede de vivermos numa nem sempre saudável baderna], a arte musical transmutada em rock não aterrissa em qualquer ouvido sem uma razão definida."


leia aqui no Crasezine a íntegra da excelente entrevista que o Leo Vinhas fez com o Carlão, do nossos comparsas do Folhetim Urbano

7/25/2007

dois sozinhos

... ele ali ao lado
o som do chinelo batendo contra o taco
a voz baixa
e me dou conta da falta que faz
ouvir um violão assim (adri)

7/15/2007

OAEOZ emplaca a estréia do projeto Compacto.rec







É isso mesmo. Por essa eu juro que não esperava. Impossibilidades, do OAEOZ, foi escolhida para estrear o projeto Compacto.rec, série de compactos virtuais que está sendo lançada pelo Circuito Fora do Eixo, que inclui uma rede de 30 sites lançando simultaneamente o single, entre eles o pessoal do Espaço Cubo (MT), Demosul (LDA), e muitos outros. Um verdadeiro pool de sites, selos, festivais e núcleos de produção alternativa organizados nas cinco regiões do País, como eles explicam no site do projeto.

"No caso de “Impossibilidades”, a escolha foi feita por um painel de produtores. Pablo Kossa é produtor da goiana Fósforo Records e participou. O agitador acreano Daniel Zen também participou. Ele é presidente da Fundação Elias Mansur (espécie de secretaria estadual de cultura do Acre). Além deles, Marcelo Domingues, produtor do festival paranaense Demo Sul, e Pablo Capilé, do mato-grossense Festival Calango."

"A faixa-título, que Ivan compôs, é um rock dançante com letra de tom filosófico e uma enchente de guitarras. Já o lado B, “Cittá Piu Bella” é uma versão para a banda paulista Fellini, que marcou a cena nos anos 80. A versão original está no disco “Amor Louco”, de 1989. Na interpratação da Oaeoz, que deve fazer parte de um CD tributo aos paulistanos, a música ganha um tom mais dramático e sombrio, alternando silêncios e efeitos de guitarra."


Achava que a gente até poderia ter alguma chance nos próximos lançamentos, já que eles vão lançar um compacto diferente a cada quinze dias até o final do ano. Mas jamais imaginei que fôssemos emplacar a estréia do projeto. Imaginei que naturalmente acabaria sendo escolhida alguma banda que já está integrada ao circuito de festivais ligado ao projeto. Enfim foi uma grande surpresa emplacar o nosso humilde disquinho, feito de forma radical na base do do it yourself, mas com muita vontade. A gente fica muito feliz de saber que todo o trabalho e sofrimento não foi totalmente em vão. De alguma forma a nossa música novamente conseguiu tocar algumas pessoas, e pessoas especiais, que já têm uma história de militância e formação de massa crítica invejável. É uma grande satisfação e honra pra gente.
Valeu todo povo do oaeoz, principalmente seu Carlão Zubek, talvez o maior responsável por isso que está acontecendo agora. E também Zóio, Camarão, André e Luigi. Além dos convidados especiais de Citá Piu Bella, Igor e Rafael Martins, que com certeza contaram ponto pra esse resultado. É isso aí. CHUPA ARGENTINA!

BAIXE AQUI o banner de divulgação do lançamento de Impossibilidades, do OAEOZ, pelo compacto.rec

E AQUI! baixe o single, release, banner, letras etc do single Impossibilidades

Rock de Inverno 3 - Jornal da MTV



E aqui, outra raridade dos arquivos da De Inverno. A matéria do Jornal da MTV sobre o Rock de Inverno 3. E segue a nossa programação normal.

Bortolotto conta a história de Billy, uma garota

Jornal do Estado
TV Cultura exibe neste domingo, às 21 horas, a estréia do dramaturgo londrinense na televisão

Adriane Perin


Cenas da vida desregrada de Hassim, personagem criado por Mário Bortolotto, para o teatro
O dramaturgo londrinense Mário Bortolotto assina roteiro e direção do teleteatro Billy, a Garota, que será exibido neste domingo pela TV Cultura dentro do programa Direções – Por Um Novo Caminho na Teledramaturgia, um laboratório para a pesquisa de novas linguagens. A Cultura já exibiu 11 dos 16 teleteatros que irão ao ar, semanalmente, até 19 de agosto, com direção de dramaturgos contemporâneos, estreantes em televisão. No elenco da história de um cara abandonado pela namorada, estão Joyce Roma (Billy), Gustavo Machado (Hassim) e Fernanda D´Umbra (Vanessa). Em participações especiais aparecem alguns amigos do escritor, vários deles que fazem parte da equipe da companhia Cemitério de Automóveis, criada em Londrina, nos anos 80 e atualmente radicada em São Paulo. São 30 minutos da produção e outros 30 de making off. “É pouco, então tinha que achar algo não muito longo. Poderia ter pego conto de algum amigo, mas preferi mostrar algo meu”, comenta. Ele escolheu um texto que considera mais ameno, já que será exibido por um veículo de massa, e educativo. A escolha, então, recaiu sobre um dos trechos da peça Curta Passagem, já apresentada em palcos curitibanos. “Não tive nenhuma preocupação”, responde ele, com seu jeito direto de sempre, quando perguntado sobre quais foram os demais cuidados para fazer a transposição de suporte. “Fiz como sempre faço, e foi muito rápido. Tanto que era para passar só dia 12 de agosto e foi adiantado. É como o meu teatro, sem inventar muito, tudo simples, gravado em um apartamento na Avenida São João”. Billy é a garota que aparece na vida de Hassim. “Ele mora com a namorada e ela vai embora porque não aguenta mais ele. É um cara muito parecido com uns amigos da gente e comigo mesmo”, confessa, referindo-se, possivelmente, a um estilo de ser boêmio e arredio a etiquetas sociais, comportamentais e politicamente corretismos. Só que a garota que aparece tem tendências suicidas e faz de tudo pra firmar um pacto de morte. “È uma brincadeira, algo bem leve”, adianta Bortolotto, que está terminando o novo disco de sua banda, e também deve ver em breve o lançamento da adaptação cinematográfica de Minha vida não vale um Chevrolet.


Serviço: Billy,a Garota. Dia 15 às 21h, na TV Cultura. A TV Cultura é retransmitida Paraná Educativa. Outra opção, na tv paga, é acessar diretamente a emissora.

7/13/2007

Ludov apresenta suas músicas novas

Jornal do Estado

Banda independente de São Paulo assinou com o selo campineiro Mondo 77, para lançar o segundo álbum

Adriane Perin

O Ludov é uma banda legal e tem minha simpatia. Mas, mesmo fazendo um esforço é difícil descobrir qual é a força que (não) emana do terceiro trabalho da banda, Disco Paralelo, pela Mondo 77. A banda faz um som redondinho, a Vanessa Krongold tem uma voz aveludada gostosa de se ouvir, na maior parte do tempo, o instrumental é bem executado e tem detalhes, também nos timbres, que compõem uma sonoridade pop madura, com letras que não pararam na adolescência. Também é uma banda importante, já veterana do circuito independente brasileiro que, comparada ao primeiro disco, mostra-se mais madura. Mas ainda não encontrou o jeito que vai diferenciá-la do batalhão de bandas que circulam por aí.O complicado é que alguma coisa que não fecha, no disco, deixa uma sensação de falta. Falta uma pulsação vital. O disco não alcança nem as entranhas nem o coração, as canções não ficam na gente. Provoca fagulhas de interesse que, infelizmente, não são suficientes para nos enredar por marcas mais profundas da música. Assim, provoca um certo cansaço. As músicas não são ruins, mas também não causam alvorço, não trazem desassossego, tampouco tranquilidade; não tem momentos de tirar o fôlego, nem aqueles que exigem silêncio. Mas, tem sim, bons momentos, alguns a lá Clube da Esquina, como na faixa 9, “Delírio”, que ainda lembra Arnaldo Baptista, com Mauro Motoki, também no piano elétrico, mostrando que pode dividir os vocais com Vanessa. Parece que a banda quis (e quer) vôos musicais mais altos e criou sonoridades menos ensolaradas. Quem sabe não é um desses trabalhos que exige mais tempo e atenção - talvez tempo e atenção demasiados nesses tempos de uma geração desacostumada a dar o tempo que as canções pedem. Um artista não tem que revolucionar tudo ao seu redor a cada lançamento, mas ele tem que provocar algo em quem ouve. Me parece que o Ludov está em fase de definição de rumos. Deve seguir com seu pop amadurecido, mas carece de descobrir algo mais sobre si mesma.

Independentes e premiados

Jornal do Estado

Premiação é o tipo de evento que divide opiniões.Tem quem ache que é bom pra auto-estima e os que acham que é só uma badalação para egos

Adriane Perin

Premiação é o tipo de evento que divide opiniões.Tem quem ache que é bom pra auto-estima e os que acham que é só uma badalação para egos. Particularmente, acho que pode haver utilidade, sim, pra essas cerimônias além de massagear egos. Atrair marcas patrocinadoreas fortes, por exemplo, como fez o Prêmio Toddu de Música Independente, que nasceu Dynamite e ganhou o Toddy este ano. De Curitiba concorreram Índios Eletrônicos , Motorrocker e Cadela Maldita, Pelebrói Não Sei e Evil Idols, Porão Rock Club, Espectral Skunk, Bonde das Impostoras, Djambi, Bonde do Rolê (o melhor colocado em segundo, como revelação). Ninguém trouxe o troféu. O anúncio dos escolhidos pelo voto popular, foi entregue semana passada. O clima, contou quem foi, era de festa, mas o melhor show da noite, Ludovic, teve problemas no som. O que me irrita nos resultados é a obviedade que impera. E foi quase sem novidade no front, com prêmios divididos entre nomes de novos artistas (Matanza, merecido musicalmente, apesar de ser de uma gravadora com aparato de major) e gente das antigas, que agora também figuram no panteão dos independentes (Tom Zé e Sepultura). Observe, além dos já citados: Gram, Arnaldo Antunes, Dead Fish, Racionais Mcs, Dj Patife, Tribo de Jah, Trama, Monstro Discos, Abril Pró Rock. Indiscutivelmente nomes importantes em termos musicais e de articulação. Mas, nenhum de todos esses festivais que pululam pelo Brasil mereceu mais o título do que o veterano Abril Pro Rock? Será que a Monstro é vitalícia na categoria selos independentes? Nenhum outro veículo on line surgiu para ser comentado? O Trama Virtual tinha que estar sendo homenageado. Todos os citados logo acima são hours concurs. Puxa vida, este ano a gente viu tanto show de bandas interessantes, de todos os lugares do Brasil, em Curitiba, e só vejos os mesmos nomes? E, fique claro, isso não é uma defesa dos paranaenses, mas uma tentativa de refletir sobre o circuito nacional. Alguém pode argumentar que em votação de público quem tem mais bala na agulha, leva. É verdade, mas então isso aqui não tem nada a ver com qualidade e sim com fã clube forte. Veja a lista completa no site: http://www.premiotoddy.com.br/

7/12/2007

sobre fazer jornalismo

Eu participei do debate do Festival Tinidos esse ano e uma das perguntas foi como a gente, o jornalista que fala de música independente, se sente quando não tem nenhum retorno do que escreve. Achei legal a pergunta, porque é bom virar o jogo um pouco e parar de se fazer de coitadinho pra ver o outro lado - que é tão´difícil quanto, em alguns dias, mais, tenho certeza, porque a gente não tem o prazer o palco (mas tem o fazer uma puta duma entrevista que vale o dia). É um trabalho muitas vezes frustrante e solitário, pois parece que ninguém lê nada mesmo e quando lê, é a Gazeta ( mas, mesmo lá, eu tinha pouco retorno).

Mas, eu já tive retorno emocionados. E é legal conversar com alguém que se sentiu valorizado - sem pieguismo, tô falando um pouco do ser jornalista também, que pode ser algo bem solitário. E pensar nisso me faz lembrar de uma alguns dos momentos mais legais de minha vida como jornalista. Um dia cheguei no jornal (Na Gazeta) e tinha um cd, aliás, mais de um, largado mesmo, em cima das mesas, ao lado de computadores. Ninguém tinha dado bola, ele tava lá e quando eu entrei me encarou. "Será que esse Cd aqui, é pra mim?”. “Um carinha passou aí distribuindo, pode pegar pra ti”, alguém respondeu com jeito de nada importante.

Pois é, este disco, Grosso Calibre, é um dos meus preferidos de todos os tempos, tem canções que passados uns seis anos continuam me emocionando de tal maneira que ainda alimentam meu espírito e me dão ânimo pra seguir em frente. Quando peguei o cd e vi a foto reconheci logo “aquele maluco que tá sempre nos bares, é do circuito do igor. Ah, ele também faz música, não sabia”. Coloquei pra ouvir. Meu amigo, que estrondo aquela gravação tosca, com a voz meio enterrada (que ele odeia e eu continuo amando), com letras que até o ivan já confessou igualmente emocionado que gostaria de ter escrito. É o disco do Rodrigo Garcia, uma carinha que até onde sei tá nos EUA.

O engraçado é que cheguei em casa toda elétrica e fui logo falando pro meu amor: “olha só aquele maluco que tá sempre nos bares que a gente vai também é músico, ele deixou o Cd no jornal e é muito bom, cê tem qu ouvir”. Rá-rá: ele tinha encontrado o tal “maluco do bar” na rua que havia passado um exemplar pro ivan que também já tinha ouvido e se impressionado. Enfim, desde então, Rodrigo Garcia é o dono de um disco tão inspirado que de tempos em tempos eu preciso ouvir – e o disco tem que rolar lá em casa – pra resgatar energia, sensações... E sempre, é incrível, mas sempre a audição desse disco me deixa estupefeta.

Rodrigo se aproximou e agradeceu muitas vezes, me deixando até sem jeito. Me surpreendi porque, afinal, não vejo nada demais em falar das bandas que eu acho legal. Aí alguém me deu o toque da importância que é prum artista nessa fase ser comentado num jornal e, principalmente, numa Gazeta do Povo. Eu realmente não tinha noção, pra mim não fazia (faço) mais do que obrigação de passar adiante quando encontro algo que me encanta. Eu realmente quero que mais gente saiba dessas existências, se elas não dão bola, o problema é delas que são idiotas ou correm demais e deixam passar coisas importantes....

E hoje recebi um email legal do Gian, esse rapaz de quem a gente tem falado nos último dias:

"ola, acabei de ver este email e de ler seu texto la no blog. fiquei pensando que minha mãe estava certa, fiquei dois meses com ela (abril e maio) e foi la que eu escrevi essas canções novas (entre outras 20 hehehe) e foi pensando em gente simples como meu pai, minha mae que eu gravei tudo, pelo menos desta vez. As canções dos outros discos, do primeiro que gravei, do ep que não lancei, elas foram feitas pra mim, numa epoca que eu estava totalemente grudado a hypes, internet, wanna bees. olhando por esse prisma hj eu acho tudo uma merda e digo que estraguei um monte de boas canções. mas então, quando li seu texto, ontem o do ivan, fiquei com aquela coisa na cabeça, a virtualidade e a indiferença para com tudo hj, quando musica é baixada hoje e deletada amanha e de repente, vcs se importam, gastam linhas e tempo sobre a minha musica, assim como uns meninos que me deixam scraps no orkut, (tem um pessoal de manaus que me assusta, gente que tem até demos que eu deletei, medo), tem d ehaver alguma relevancia, algum coração batendo por ai. e ai aquilo que decidi meses atras, de fazer canções que minha mae consiga ouvir e gostar tem de dar certo.obrigado a vcs."

Então, é isso, Gian, continue fazendo música pra sua mãe... e pra gente. (Adri).

7/11/2007

então tá!

Foi assim: no meio de mais uma leva de coisas baixadas da internet veio esse tal lo fi dream. Nas primeiras duas ou três vezes: o que é isso, mesmo? Muito bom, hein!. E as canções foram ficando familiares, em casa ou no trampo. essas músicas que ficam na gente causando desassossego, provocando, insinuando que vieram pra ficar. Não é coisa fácil nesses dias um disco fazer um estrago desses. “se tiver um próximo Rock de inverno, essa banda tá escalada”, soltei um dia. O ivan só riu: “é um carinha que veio do interior e que pelo jeito gravou tudo sozinho em casa. e ele perguntou se vai ter Rock de Inverno”. E hoje (ontem, de manhã) já sabendo dessa nova empreitada dele parei de adiar o contato que esperava sua vez uns três meses e escrevi pro tal Gian que respondeu prontamente.
Ao mesmo tempo, ivan, em casa, escrevia sobre as novas canções do rapaz, enquanto a gente combinava foto foto pro jornal e tal. Só li o que o ivan escreveu a noite, já em casa. É engraçado como as mesmas inquietações bateram e foram expostas ao mesmo tempo. Os dois textos que escrevi pro JE ontem falam dessas coisas que a gente tanto conversa e que ele tratou no blog (claro que ele o faz com toda sua maestria e liberdade com as palavras e sentimentos). Desses amores e ódios, dessas frustrações e da vontade de largar tudo; das coisas feitas, cujas lembranças jogam algumas resoluções por terra, só pra ter novamente, por alguns instantes, a satisfação de ver o sonho de ver aquela banda que a gente tanto ama tocando no palco armado por nós, em Curitiba.

esse tipo de sensações que trazem nas entrelinhas as coisas que desejo tão profundamente que acabo me acovardando e largando pelos caminhos; as certezas que ficam destroçadas diante de uma palavrinha pequena que chega como o peso de uma avalanche; de um gesto brusco sem (ou com) intenção, que mostra também um tanto de desamor que não quero (necessário, segundo John, do ruído, mas ainda quero conversar mais com ele sobre isso). é incrível como quando ouvimos uma música ou lemos determinados textos os medos, a necessidade de enfrentamento; as entregas e as hesitações, esses solavancos que fazem perder o equilíbrio mas também empurram, dão as caras.

Ando sem quase nenhuma certeza nesses últimos meses. É, confesso que já tive a pretensão de ter algumas. E as alimentava mesmo, pois acreditava, ainda - que em silêncio por receio de parecer ridícula demais, otimista que sou, tão inseguramente ingênua, essa guria... Mas, agora me sinto num buraco. E é um hole diferente daquele que tenho vontade de me enfiar todo mês. É como um desses sustos característicos de determinadas idades de passagem (tem uma que chamam a da "razão"), alguma coisa aconteceu e eu não percebi ( ou não quis perceber).

Não sei é a resposta que mais me vem nos olhos quando me encaro em algum espelho e vejo as olheiras e marcas novas no rosto. São dias diferentes estes de agora. E não sei exatamente porque... ainda.

E quando ouço um Ludov e procuro algo que me faça sentir alto mais fortee mesmo assim saio do trabalho com uma sensação de vazio (mas de missão cumprida, de certa forma.) e chego em casa e ouço as novas canções do gian, de certa maneira, algumas coisas fazem um pouco mais de sentido, por alguns instantes finais do dia. Não preciso esforço pra que essas canções me joguem alto e pra baixo, incoerentemente, ao mesmo tempo, não preciso explicar, é só ouvir. As inquietações conectadas ao trabalho me largam, porque aqui estão as canções que quero pra mim, sem precisar mais nada. As inquietações do dia agora estão nas paredes de casa e daqui a pouco também elas vão dormir e me deixar sonhar um pouco, quem sabe, mas não é certo. As dúvidas (novas e algumas velhas) continuam todas aqui, mas me sinto de novo com vontade de ver alguns amigos, de conversar (mas só um pouco), de escrever em um jornal sobre uma banda que (quase) ninguém conhece, de produzir outro show e, quem sabe (e quem diria!), fazer outra canção, hoje a tarde na minha casa em silêncio. Valeu Gian, valeu ivan. (adri)

7/10/2007

Uma canção




Maldita bendita música. Tem dias que eu a amaldiçôo e ao dia que eu peguei um violão e toquei a primeira, aliás toquei errado, só bem depois fui descobrir. Provavelmente era um presságio do que viria por aí. Foi uma daquelas tiradas de um daqueles livrinhos de cifras com os sucessos do momento. E que me empurrou pra outra, e pra outra e daí pra um turbilhão de tropeços, êxtases, fracassos, sentimentos de impotência e rejeição, altos e baixos, vontade de jogar tudo pro alto e sair correndo, desânimo, e hoje, principalmente, cansaço. Fadiga. Fastio.
Por isso, ouvir música tem sido uma operação cada vez mais rara e por vezes penosa pra mim hoje em dia. Tem horas que tudo o que eu queria era desligar, simplesmente. Não ouvir mais nada, não conhecer mais nada. Baixo um monte de coisa na internet, mas pouco, muito pouco me interessa. Me diz algo. Sei lá. Não sei se é a ranzinzisse natural que vem com a idade, o cansaço por todos esses anos correndo atrás de algo que eu já nem sei quem é, ou mesmo a nenhuma tolerância para com a babaquice que reina no meio. Por isso, como diz o Camarão, tem dias que “odeio música”, e em especial, “odeio rock”.
Tem a ver é claro também com essa banalização da música, tanto no cotidiano em geral (ce vai num buteco pra tomar uma e conversar, mas sempre tem uma porra dum som, geralmente estridente e horrível, tocando alguma porra duma música ruim, o mesmo acontece em farmácias e lojas em geral), quanto por esse lance de mp3, internet. É aquela coisa, antes a gente penava pra ter acesso aos discos e tal. Mas cada um deles era ouvido com uma atenção e uma dedicação que hoje é simplesmente impraticável. Então se o lance não te chama a atenção nos primeiros trinta segundos, tchau. Infelizmente é assim, e isso não é uma reclamação, crítica, é uma constatação. Sem falar que meu som ta uma bosta e eu não gosto de ouvir música no computador. Mas enfim, sem grana pra comprar um som novo ou mesmo arrumar o velho, fui me acostumando.
Mas, contudo, entretanto, deveras, amiúde, however, como sempre, quando você já ta de saco cheio, querendo vender todos os seus instrumentos e mandar aquela porrada de discos que não ouve mais pro sebo, e tentar esquecer que um dia você pisou num palco, eis que vem uma melodia, uma palavra, um refrão, um acorde mágico, e tudo volta. A vontade de transformar sentimentos em sons e eternizá-los em uma pequena e simples seqüência de notas. Essas malditas canções e suas cápsulas aprisionadas das sensações, do tempo em freqüências vibrantes.
E é isso que eu sinto quando volto de um ensaio do oaeoz, mesmo depois de tudo. Como disse o Jair, do Ludovic, em uma entrevista, mesmo quando todo mundo está convencido de que isso nunca vai te levar a lugar nenhum. E eu acrescentaria, quando até você já começa a perceber essa possibilidade, aliás, cada vez mais óbvia.
E é isso também o que eu sinto quando eu ouço algo que me toca de verdade, que dá aquele nó no estômago, aquela sensação de familiaridade e “quentura”, apesar de isso ser cada vez mais raro. O último que eu lembro que eu comentei por aqui foi o disco do Monodia. Maravilhoso. Continua em alta rotação aqui em casa.
Também ando curtindo muito o Pork a light, do grande Carneiro, mas esse já é outra história, e é velho preferido da casa.
Mas um lance que eu conheci há pouco tempo pela internet e que a cada vez que eu tenho ouvido tem me chamado mais a atenção e agradado é o trabalho de um carinha chamado Giancarlo Rufatto, que tem o projeto Lo-fi dreams. Conheci através do My Space, depois baixei os mp3s na Trama, e realmente fazia tempo não ouvia uma coleção de canções tão boas e bem resolvidas em termos de composição, arranjo e mesmo produção – apesar de ser, como o próprio nome indica, algo produzido de forma lo-fi.
Além disso, fiquei sabendo também esses dias que o cara ta tocando nas ruas, por aí, com violão, voz e gaita, em lugares tipo terminal guadalupe e a praça Zacarias. E fazendo um documentário sobre os músicos de rua de Curitiba – uma pauta aliás, que eu sempre quis fazer no jornal mas ninguém nunca deu bola e eu também, na verdade, não me animei em insistir e ir atrás. A velha preguiça e os dias passando, sabecumé. Mas isso não vem ao caso.
Voltando ao lo-fi dreams, me impressionou – além das melodias e ótimas letras – justamente a consistência do trabalho do cara. Não tem música ruim, e várias delas são muito boas, bem acima da média, canções perfeitas, pra tocar no rádio, se as rádios ainda não estivessem tocando money for nothing, do dire straits, enfim. To ouvindo agora por exemplo uma chamada justamente “Uma canção (nome provisório)”, que porra, é ducaralho. Daquele tipo que você ouve uma vez e sai cantando.

“uma canção quando não houver saída
qando a chuva deixar a noite um pouco mais
vazia”


muito bom

algumas coisas, como a balada “ok”, me lembram o Beto Só, de Brasília, que eu adoro. O engraçado é que não é nada “ixperimental” e tal, novidadeiro hypado, que a gente ta acostumado a trombar por aí no indie anglófilo brasileiro. Pelo contrário, como eu digo, é o tipo de canção que deveria rolar nas transamérica lights da vida para casais apaixonados no motel, se é claro, nossas rádios, e nossos casais no motel não fossem uns tapados. Provavelmente eu sou o tapado, o resto é que tá certo, mas sei lá. foda-se, isso é outra história.

outra que eu gostei muito, e que tem um clima bem folk psicodélico setentista foi “Reza”, que tem uma letra muito foda, também.

“Reza

hey deus, agora sei como fazer você ouvir, me diz se é só mais um segundo, se este é o ultimo aqui. E ai então teremos vencido e encontrado abrigo, me diz se ela pensa em mim, se ela pensa em mim.

Acho que isso é um sinal, bem acho que agora já são dois, por favor, eu te peço, talvez um dia, só pra nós, e um tanto de coragem, um tanto de coragem.

eu vejo tudo dando voltas e porque ainda estamos no mesmo lugar?.

Por favor deixe me descer na mesma estação que ela escolher.

No fim é tudo de mentira, faz de conta, de ilusão, mas não quero nem saber, não quero nem saber, deixe me descer, na mesma estação que ela escolher.”

É aquela coisa. Todo mundo anda falando do Vanguart, e tal, que eu até ouvi e achei legal, mas me desculpe. Nada do que eu ouvi deles me chamou tanto a atenção e grudou no ouvido como “Reza” do Lo-fi dreams. Não to aqui querendo fazer comparações, até porque não vem ao caso. Só to falando que a gente ta tão acostumado a só comprar o que já ta todo mundo badalando por aí, seja na internet, seja aonde for, que as vezes não percebe que as coisas mais legais podem estar bem perto, aqui do lado. Me irrita um pouco a tendência que a gente tem nesse meio jornalístico indie musical de eleger uma meia dúzia de coisas e ficar batendo na mesma tecla o tempo todo e ignorando, muitas vezes, muitas outras coisas tão ou mais legais, mas que por circunstâncias diversas, ou por os caras não “freqüentarem”, como acontece por exemplo com um Monodia, ou um Deus e o Diabo, ou mesmo um La Carne, pouca gente acaba dando atenção. É a velha mania de agir como manada. Só muda a escala, mas é a mesma atitude, seja entre o grande público mainstream, seja a meia dúzia de indie sempre. Afinal, quantas vezes você foi no James e ouviu pela enésima vez “Girls & Boys”, do Blur, ou aquela outra (uhhuuu), ou aquela meia dúzia do Pixies que toca em toda balada indie. Isso me enche o saco.

Voltando novamente ao lo-fi dreams (sim eu sei, to me perdendo e me estendendo demais nesse texto, mas e daí, isso aqui é um blog, não gostou, vai ler a Veja). Além de tudo, pelo que eu li, o cara parece ser gente boa, escreve muito bem e é mais um batalhador que também veio do interior do paranã, filho de caminhoneiro, ta por aí ralando e pondo a cara pra bater – o que é sempre admirável em um panorama tão apático e bundamolístico coxinha que a gente vê por aí. Eu como filho de cabeleleira nascido em Paranavaí não poderia deixar de notar esse detalhe, apesar de ele não ter necessariamente nada a ver com a qualidade do trabalho e o talento do cara, é claro. É só algo que também não pode ser totalmente desprezado/ignorado, porque se reflete claramente na abordagem e nas escolhas que a gente percebe que ele revela nesse trabalho.
Achei ótimo o texto que ele colocou sobre uma das apresentações na rua, contando que colocou uns cds do lado escrito “CD grátis” e o povo chegava com cara de assustado perguntando quanto era. É aquela coisa, como diz a Mariele, “nada é por acaso”. Não é a toa que eu nem conheço o cara e quando ouvi a música me identifiquei na lata. E quando mostrei pra Adri rolou a mesma coisa. E quando deixei uma cópia dos mp3s lá com o Carlão, semanas depois ele veio perguntar, o que era aquilo.
É sempre muito bom descobrir coisas novas, que renovam na gente o sentimento de paixão pela música. Mesmo que amanhã, a gente esteja se amaldiçoando por isso. E mudando de opinião no minuto seguinte.

Enfim. Recomendo quem quiser ir lá no my space, trama e baixar os discos e conferir.

7/06/2007

Rock de Inverno 3 - Alto Falante



Rock de Inverno - Alto Falante

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E depois de alguns dias me batendo com o computador, finalmente consegui postar na internet uma das raridades de nosso acervo De Inverno, extraída de uma velha fita VHS. Estou falando da matéria que o programa Alto Falante, da Rede Minas (TVE/MG) fez sobre o Rock de Inverno 3, que aconteceu em julho de 2002, no 92 graus, e foi a edição que teve a maior cobertura de mídia de todas as do festival. A matéria é muito legal, porque ao contrário do que geralmente acontece em TV, os caras fizeram um negócio super bem feito, com muita informação, inclusive trechos de shows e entrevistas de quase todas as quinze bandas que participaram, além de depoimentos de pessoas envolvidas na cena, como o Abonico, entre outras. Vale a pena conferir.
E no final das contas, valeu a pena ter se empenhado para digitalizar e postar o vídeo, pois eu acabei descobrindo alternativas ao You tube, que anda meio cheio de frescura. É que antes o You tube exigia que os vídeos fossem de no máximo 100 megas, independente da duração. Agora, além do tamanho do arquivo, os caras limitaram também os vídeos em no máximo 10 minutos de duração, o que é uma idiotice, pois pra efeito de espaço o que importa é o tamanho do arquivo. Como a matéria do Alto Falante tem 18 minutos não tava conseguindo postar lá. A saída foi apelar para outros sites que também oferecem espaço pra vídeo, como o Google Video e o Myspace, e que inclusive são melhores, pois não tem essa limitação de tempo de duração, carregam mais rápido e tem qualidade melhor. O bom da internet é isso. Neguinho começa a complicar, logo aparece outro oferecendo aquele serviço e melhor. Ou seja, se o You tube tá de frescura, pau no cú deles. Acima, vocês podem conferir o vídeo, tanto na versão Google video, quanto no myspace.
E fiquem ligados, que logo mais raridades dessas vão aparecer por aqui.

Impossibilidades na 91 Rádio Rock

Então. Neste sábado (07/07), o novo single do OAEOZ, "Impossibilidades", volta às ondas do rádio. Desta vez no programa Cena Local, capitaneado pela nossa grande amiga Marielle Loyola (Cores D Flores), que vai colocar a música para rolar na 91 Rádio Rock. O programa começas as 17 horas. Para quem não é de Curitiba ou já está habituado a ouvir rádio pela internet, é só acessar a página da 91.

7/05/2007

O que a classe média brasileira não mais suporta - haja vista as iniciativas de controlar a mendicância em São Paulo - é o contato com gente pobre. Você mora num condomínio bem-cuidado, freqüenta um colégio particular, passeia num shopping center, e tudo vai às mil maravilhas. Só que existe a rua, o trânsito, o sinal vermelho, e quando você olha para o lado lá estão eles. À noite, parada na rua, uma mulher pode ser prostituta, mas pode estar apenas esperando um ônibus. Pouco importa: não é "tudo a mesma coisa"?

Marcelo Coelho, na FSP de ontem (para assinantes)

7/04/2007

Mercadão e mercadinho em maus lençóis

Jornal do Estado

Dono de selo diz que problema de independentes e majors é falta de público e não de dinheiro

Adriane Perin

Foi o descontentamento com os rumos do mercado fonográfico independente que moveu Gustavo Furniel a dar mais um passo na empreitada que começou com um bar em Campinas e hoje é também uma gravadora independente, a Mondo 77. Anova empreitada é uma rádio virtual homônima. “É por causa do retorno pífio que estamos tentando uma nova forma de atrair o público. Somos um selo de rock pop, nosso público é jovem e está acostumado ao mundo virtual”, comenta. Mas, se o público alvo da Mondo é o jovem habituado a internet, principal instrumento das bandas alternativas hoje, porque a apatia com os discos lançados pela gravadora? “Creio que faltava diálogo mais próximo, ficamos muito no lançamento de CDs tradicionais e faltava esse investimento no virtual”, avalia Gustavo. Ele observa que a queda das vendas é evidente também entre os grupos independentes, embora se fale mais da falência do mainstream. “Quem vendia 6 mil discos quatro anos atrás, hoje mal atinge 2 mil cópias e a internet teve participação decisiva nisso” . É com estes dados em mão que a Mondo parte para essa nova etapa de sua recente história – um pouco mais de um ano, como gravadora. Nesse tempo também mudou seu jeito de trabalhar. Começou investindo financeiramente também na gravação e produção dos discos lançados mas teve que recuar nessa postura, porque as vendas não dão retorno e o custo é altíssimo. Serão duas as frentes de atuação da Mondo 77, a partir de agora. A primeira é a tentativa de fazer com que a rádio se sustente, através de comerciais e publicidade no site. Na outra ponta, segue com o selo que voltou a ser mais como os tradicionais, que não custeam a fase de estúdio, que volta a ser por conta dos músicos. A Mondo aboliu também a verba de apoio para produção de shows e manteve apenas a assessoria de imprensa para os lançamentos novos.“O importante agora é fortalecer a marca, tanto da Mondo, como das bandas”, pondera Gustavo. Qualquer artista pode se cadastrar no site e ter uma página. Tem a rádio padrão e outras que podem ser compartilhadas. Lá estão, claro, as bandas do selo, como Ludov, Autoramas, Banzé e Walverdes. Mesmo com a internet não gerando receita direta hoje, ela continua sendo uma aliada importante. “Daqui a cinco anos ela pode gerar receira. Temos que tentar vislumbrar o caminho que viabilize a sobrevivência das bandas e dos selos. A rádio é uma tentativa. As bandas colocam música, que gera audiência, que gera publicidade, que pode gerar receita’’, defende. Ainda assim, Gustavo não decreta o fim da mídia tradicional, o CD, nem das gravadoras. “ Acabamos investindo menos em lançamento de bandas novas, é verdade, pois não se tem retorno. Mas, também não se pode desprezar o disco totalmente”, alerta. Ele considera lançamentos vistuais interesssantes, mas não como único. “A verdade é que todo mundo está perdido, no independente e no mainstream. Nosso problema é igual ao da Universal. Não importa a quantidade de dinheiro que se gasta, pois ninguém sabe o que fazer. Estamos no mesmo barco afundando juntos. Alguém vai vislumbrar o caminho antes. A Trama, que virou uma referência, por exemplo. Não se sabe se o sistema de venda de downloads vai vingar, mas eles estão tentando. Nós também.

Serviço - www.mondo77.fm/