11/26/2008

Não estamos nessa de brincadeira

Jornal do Estado/ Bem Paraná

A banda de rock instrumental Pata de Elefante volta a Curitiba para duas apresentações, hoje na Fnac e amanhã no Jokers Pub

Adriane Perin

A banda gaúcha Pata de Elefante volta a Curitiba hoje para mostrar o repertório de seu novo disco, Um olho no fósforo, outro na fagulha, o segundo da carreira, que chegou ao mercado este ano. Com agenda cheia, o grupo aproveita para fazer duas apresentações. Hoje, às 19h30, com entrada franca, tem pocket na Fnac. Amanhã, o show completo é no Jokers, ao lado da curitibana Ruído/mm. Bandas de rock instrumentais as duas são, mas cada uma alimenta com boas sonoridades suas diferenças.

A Pata nasceu em 2002, com Gabriel Guedes e Daniel Mossmann revezando-se entre guitarra e baixo e Gustavo Telles na bateria. Telles acumula também as funções de produtor. Em seu leque de influências são citadas bandas mais rock como The Who, The Band e Eric Clapton, Jimi Hendrix, Cream, Beatles, Bob Dylan, além de criadores de trilhas sonoras, como Henri Mancini e Ênio Morricone. Neste segundo trabalho, as boas melodias que ajudaram a construir a fama do trio estão igualmente presentes, mas com uma pegada mais pro folk, bluesy e soul. Conforme comenta o baterista, referências ainda não visíveis na estréia, que vieram á tona. “Gosto muito de baladas e este disco tem isso. Enquanto o primeiro é mais explosivo, barulhento, o que gostamos também. É como se estivessemos na mesma estrada inicial, mas entrassemos em uma estradinha de chão... este disco tá mais calmo. Gosto muto dele”, diz Telles.
Praticamente desde o começo o trio encarou a vida de banda independente de frente e com o pé na estrada, o que significa viver de música. Escolha que trouxe frutos bons desde o ínicio, já que o grupo foi bem recebido e se destacou no cenário nacional. “A Pata já nasceu com objetivos claros, nasceu banda de verdade e sabendo de seu potencial. Fomos com tudo”.

O primeiro disco, homônimo da banda, chegou em 2004, pela Monstro Discos. Eles não pararam mais de circular o Brasil. Esse ano, por exemplo, está cheio para eles. Um dos 58 selecionados do Programa Rumos Música, o grupo participou da gravação de DVD e terá músicas em Cd e DVD distribuídos para instituições culturais, educacionais, emissoras de rádio e veículos de comunicação, no Brasil e no exterior, em português, espanhol, inglês e francês. Em fevereiro de 2009, a banda se apresenta em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, através do projeto Instrumental RS, aprovado pelo Ministério da Cultura e pelo programa Petrobrás Cultural.

A música “Hey!” está incluída na coletânea Le Nouveau Rock Brésilien (O Novo Rock do Brasil), encartada na edição de fevereiro da revista franco-brasileira Brazuca, que tem distribuição gratuita de 40 mil exemplares nas ruas de Paris. A seleção musical e a produção são da revista e selo digital Senhor F, que colocou o projeto online, com download gratuito para o público brasileiro (www.magazinebrazuca.blogspot.com).

Nos festivais também foram assíduos, nos novatos e nos velhuscos: Abril Pro Rock, em Recife; Calango, em Cuiabá; Varadouro, em Rio Branco, no Acre, e no Demosul, em Londrina. Sabem, portanto, do que estão falando quando o baterista produtor diz que a organização melhorou cem por cento, em especial com a entrada da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes). “Tem uma organização formal, um atuação política também por parte dessa rapaziada. Tem melhorado muito e acredito que ainda vai melhor, porque temos muito que corrigir ainda”, diz ele, cuja banda só toca com cachê. “O caminho independente vem crescendo no Brasil, mas existem muitas coias que ainda não conseguimos ver com a clareza necessária. Ter uma Abrafin é muito bacana e os músicos tem que estar junto para trazer à tona questões para que esse pessoal que organiza eventos também se auto avaliar”, pondera o músico, que abandonou a carreira de jornalista para se dedicar a música com exclusividade.
A Pata de Elefante toca muito junto com bandas de rock com vocais. Telles credita esse trânsito ao formato usado. “ Circulamos pelo circuito vocal e instrumental sem problemas. Usamos uma estrutura da música pop, com referência dos anos 60 e 70, mas somos uma banda contemporânea. Não somos retrô. Ao mesmo tempo, acabamos por assumir um papel importante na divulgação da música instrumental mostrando que não tem que ser algo elitista nem chato. Fazemos um som pro pessoal dançar, também, e isso quebra uma certa resistência com o instrumental” acredita.
Pés no chão, e muito seguro do que quer, Telles, na conversa, deixa ainda mais forte a impressão de que a Pata é uma banda muito bem resolvida. Com um amadurecimento que pode até soar um pouco prepotente no meio, de tanta gente que se diz despretenciosa em suas criações - mas não é não. Foi só uma conversa de gente grande, afinal, como brinca, muito seriamente, o baterista, a Pata “ não é uma banda de guri, é uma banda de homens”.


Serviço
Pata de Elefante. Hoje às 19h30, com entrada franca. Fnac (Prak Shopping Barigui).
Dia 27, com Ruído/mm.
Ingressos a confirmar.
Jokers (R. São Franciso, 164).

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