11/25/2008

Primeiro SP Noise ficou devendo

Jornal do Estado/Bem Paraná

Adriane Perin

Estava indo tudo bem no Easy, um interessante espaço para shows , na última sexta-feira, primeira noite do SP Noise, festival de música independente, com a marca da produtora goiana Monstro, uma das mais conceituadas do país, organizadora do Bananada e Goiânia Noise, há quase 15 anos. Por volta das 20 horas, o único problema que poderia ser listado era o pouco público. Mas, para uma sexta-feira em São Paulo, normal.

As bandas subindo ao palco sem nem cinco minutos de intervalo entre os shows, causou boa impressão. Cheguei em tempo de ver as três últimas músicas da argentina de surf music, The Tormentos, segunda da noite, que não animou além dos que já eram fãs .

A catarinense Os Ambervisions fez um show absolutamente visual, com o irriquieto Zimmer mascarado, deitando e rolando, literalmente, no palco. Bom. O primeiro sinal de problema viria com a banda seguinte. A belga Motek tocou pelo menos 10 minutos com a paulera rock and roll da The Flaming Sideburn, junto. Praticamente todo mundo se bandeou para o outro palco, para ver o show a parte do argentino Eduardo Martinez, com seu rock às antigas, com direito a todos os clichês, da calça de oncinha às poses.
Pareceu que ali começava o festival. Sem dúvida foi a que conseguiu atrair as atenções e envolver

Às 22 horas - o horário marcado era 21h50 -se ouviu os primeiros acordes dos canadenses da Black Mountain principal atração da noite. Com os vocais de Amber Webber “gritantemente” mais baixos, a banda enfileirou cinco das canções que todo mundo queria ouvir. O problema é que pontualmente ás 22h30, o batera faz sinal simulando um “corte de cabeça” e eles saíram do palco. Sobrou vaias para a produção e a frustração. As pessoas foram quase enxotadas para fora. No meio do show da canadense o caixa já estava fechado.

Tenho tempo razoável de festivais e nunca vi uma banda principal sair do palco com meia hora de show. Só então correu a notícia de que o evento só tinha o espaço até às 22h. O balanço da produção é que tem que melhor ano que vem. “O festival privilegiou a diversidade (por isso dois palcos), não a duração dos shows. Não podemos confundir show de uma banda com um show de festival”, diz Eduardo Ramos, produtor. Calma: quem vai em festival sabe que não verá o show completo de uma banda, não é esta a questão. Ponderado, Ramos concorda que houve falha. “Faltou informar que o bar fecharia em tal horário. Isso foi um erro da produção”.
Razões apresentadas, agora é esperar que a segunda edição não venha com as mesmas apostas equivocadas. Que a Monstro ousa, já sabemos - e isso é bom. Mas, colocar seis bandas para tocar, entre 18 e 22 horas, sem que a produção tenha sequer uma margem mínima de tempo para os naturais imprevistos, no caso de uma equipe experiente como esta, só pode ser considerado aposta errada.

Um comentário:

Anônimo disse...

É, foi frustração total! Viajar de Curitiba a SP, pagar R$55 em um ingresso, pra ver o Black Mountain tocar 30 minutos, não tem lógica nenhuma. Mesmo conhecendo a reputação dos organizadores não há dúvida, o SP Noise foi coisa de amador. Entre todas as frases e palavrões lançados ao palco, as melhores foram "Vai abrir uma casa de chá!" e o clássico "vai tomá no cú"