9/18/2009

Os novos sons da cidade canção

Jornal do Estado/ Bem Paraná
Nascida em Sampa, Nina foi a razão para a família buscar um lugar mais sossegado, estuda musica desde 4 anos, é multiinstrumentista e compõe, bem. A voz vai amadurecer, ela vai ganhar mais experiên (foto: Bulla Jr/Divulgação)


O Jornal do Estado conferiu a quantas anda a cena autoral em Maringá, na primeira edição do Rockingá

Adriane Perin

Depois de dez anos meio de lado da produção de shows em sua cidade, o jornalista Andye Iore decidiu voltar. Bem a tempo de celebrar os 18 anos desde o primeiro show considerado independente por lá, com a curitibana Os Cervejas – e sob os cuidados dele. Ele fez domingo e segunda-feira passados a primeira edição do Festival de Música Independente de Maringá – Rockingá – e o Espaço 2 estava lá. Foi uma viagem pra lá de produtiva. Se a “cena maringaense” carece de estrutura, lhe sobra boa vontade e, o principal nessa conversa, bandas competentes. Das 10 vistas, de nenhuma se pode dizer que falta qualidade musical. Desde a menina Nina Nóbrega, que abriu a mostra, passando pela N.O.V.A, com uma sonoridade mais “recolhida” que se diferenciou na mostra, até chegar a uma das mais conhecidas na região, A Inimitável Fábrica de Jipes, todas mostraram bom potencial para “ganhar o Brasil” – e algumas miram o exterior, cantando em inglês e bem entrosadas.
Com entrada franca, a mostra foi no Fernandes Bar, boteco com espaço para não mais de 80 pessoas, sem palco e com equipamento emprestado das bandas. A ideia de “recuperar” dias de baixo movimento da casa, cujo dono, Leandro Fernandes é o mais novo parceiro dos roqueiros da cidade, funcionou. O arqui-inimigo de todos é o cover, em especial, e o sertanejo. É uma “cena musical” em desenvolvimento, mas Maringá tem recursos para valorizar mais sua produção que já deveria estar mais estruturada. Foi como voltar os primeiros shows que vi ao conhecer o circuito alternativo. Aconchego e camaradagem foram sensações muito presentes, renovando de certa forma, o espírito “independente” já meio cansadão. O contrapeso da crueza da produção foi a dedicação e o prazer dos envolvidos: músicos, platéia, bar, produtor e de um jornalista-agitador cultural, o jovem Thiago Soares, que participou de bate-papo acalorado na abertura.
O festival é um desdobramento do projeto de Iore, o Zombilly – programa de rádio apresentado na Rádio UEM, inspirado nas John Pell Session; shows autorais às terças no Fernandes e um blog. Nasceu um pouco mais focado nas vertentes psycho e rockabilly e se ampliou pela constatação de Iore que era preciso mostrar o que se passa ali. Há 3 meses começou a parceria com o Fernandes. “Me endividei muito e dei uma parada. Mas tava tudo tão complicado, falta de respeito e muito cover... me dei conta que ao invés de gastar para ver shows fora podia investir nas locais”, conta.“ É informal mesmo, faço questão de ter até um lado toscão”, diz.
Arregimentou o velho conhecido, agora dono do bar da família Fernandes. “Não sou tão alternativo, abro para outros estilos, mas prefiro fechar a ter sertanejo”, diz Leandro, que se surpreendeu com os roqueiros. “Pensei que seria aquela coisa punk, que iam quebrar tudo”, conta, rindo. “Nunca tive um problema”, assegura ele, que tem pouca concorrência. Apenas outras duas casas foram citadas como parte do circuito local, o Pub Fiction, que faz uma “salada musical” e o Tribo’s, esse um veterano marigaense tido como aliado. E ainda o Cotonete, que está começando a investir no circuito autoral.
Entre os produtores, Flávio Silva é citado também, mas divide as opiniões, por apostar mais nos hypes de fora, mas é considerado importante. As bandas também se ajudam como é o caso da Tiny Cables Ink, que está sendo produzida pela experiente Betty by Alone, encarregada de fechar a primeira noite. A Tiny vai participar de uma coletânea norte-americana, contato feito via My Space. “É difícil conseguir tocar em outros lugares. Os convites que chegam são pra gente bancar tudo. Sem chances “, diz Rafael, da Betty. Por falar nisso, não faltaram críticas a Associação Brasileira de Festivais Independentes, Abrafin, por “só escalar bandas amigas”. Porém, algumas das bandas maringaenses precisam investir mais em seus materiais de divulgação. Afinal, nada como se comunicar para enfrentar percalços. Rafael conta que achava que precisaria de uma gravadora. Até ouvir uma cassete da londrinense Grenade. “Vi que era possível fazer por conta”, diz, reclamando a falta de know-how para gravação de rock na cidade. Diga pra mim: parece ou não Curitiba – e tantas outras cenas -há alguns anos? Cover demais, respeito e cachê de menos; falta de apoio. É questão de tempo e persistência.

Por um circuito regional de shows
Maringá, Umuarama, Londrina e Paraíso do Norte, há 80 km, são as cidades de um possível roteiro de shows na região. Em Umuarama, fica tudo por conta do Nevilton, banda paranaense em ascensão. Em Londrina, tem a Branço Direito, produtora do Demo Sul. E a grande surpresa vem da agroindustrial Paraíso, com seus 12 mil habitantes. Seu prefeito, Beto Vizzotto, fez duas edições do Paraíso do Rock. Agronômo de formação, Vizzotto sempre curtiu rock. “Notava bandas independentes legais na região, só que era disperso”, conta. “Buscamos parceria junto a Associação Protetora da Maternidade e Infância (APMI) e fizemos um trabalho para acabar com a imagem negativa que ainda tem do rock. Convidei Ministério Público, Conselho Tutelar e todos ficaram maravilhados”, observa. Ele, que aposta na curadoria e em bandas autorais, conta com o festival para desmanchar preconceitos. “Só no debate tivemos mais de 140 pessoas e embaixo de chuva”, lembra ele que quer parceria na iniciativa privada. Aliás, algo que chamou a atenção: ninguém tocou no assunto leis de incentivo ou editais. Parece que não sabem dessa ferramenta. No caso do prefeito, a ideia é incluir a iniciativa privada. No caso dos produtores, ao que tudo indica, a lei municipal de Maringá, tem problemas. “Mas o pessoal do rock não quer mesmo”, diz Thiago Soares, um dos mais afiados e por dentro da cena alternativa. Estudante de jornalismo, tem fôlego para também produzir shows só de bandas que gosta. Mantém o blog Espora de Galo, que põe lenha na fogueira sem dó. Teve o programa de rádio Garagem, que levou vários “VMB local”,o Sonic Flowers, produzido por Flávio Silva. “Queria entrevistar para o Garagem algumas bandas, assim começou”, conta ele. “Tento parar de perder dinheiro, mas não consigo. Só do Charme Chulo dizer que eu fiz eles serem conhecidas na cidade, de onde são Leandro e Igor, e me darem o Cd, tá valendo”. Mas, ele bota o dedo na ferida. “Muita gente aqui reclama, mas só vai ao bar quando sua banda tá tocando. Rola um complexo de perseguição, um discurso muito manjado. Não aguentamos mais banda choramingando”, alfineta. (AP)

Em cena, bandas se garantem
Fique bem impressionada com os shows que vi. Mesmo as bandas que tocaram desfalcadas, mostraram seu valor. Começou com Nina, a garota de 13 anos, comparada por lá de Malu Magalhães. Voz e violão, embora toque vários instrumentos, mostrou que tem potencial, o que se confirmou com a audição posterior do disco. E não só isso. Também tem personalidade, no meio daquele jeito tímido. “Quero montar minha banda, mas quero músicos bons, não vou me apressar. Não quero contratar, quero pessoas que gostem de tocar comigo”, diz a estudante da 7ª série. “Sempre gostei de aparecer e pensei em ser atriz, mas sempre me senti bem cantando”. Depois veio a N.O.V.A, sonoridade mais próxima do meu gosto pessoal. O pessoal no bar falava alto demais para o som do trio, que faz música calcada em bases eletrônicas e guitarra.
Professor Astromar & Os Criadores de Lobisomen me surpreendeu também e os vocais de Renato, ex- Família Palim dá um toque todo pessoal ao trabalho. Bom humor também é uma marca da banda que deve gravar em breve, mas diz fazer um som sem pretensões. Algumas optam pelo inglês em suas canções. A Betty By Alone, uma das mais conhecidas na cidade ao que tudo indica, fechou a primeira noite, com competência e presença de palco. Três vocais, duas guitas, violão elétrico e até uma harmônica esporádica (estes últimos no disco), criam bons riffs e um clima que lembrou Teenage Funclub e Tod’s . Tiny Cables Ink também conseguiu mostrar seu potencial em canções com belas melodias, mas precisa cuidar do vocal que lembra demais a principal influência. Abriu a segunda noite que teve menos público, porém mais atento. Outra que canta em inglês, é Hospital Doors que, tanto quanto a Betty, parece pronta. Assume que mira o mercado internacional.
José Ferreira & Seus Amigos é das mais interessantes, comandada por Gabriel, que tem histórias de bastidores. E até esquecendo a letra, se sai bem. Para fechar, a mais conhecida nacionalmente, A Inimitável Fábrica de Jipes, desfalcada, mas sem baixar o nivel. Fechou em alto estilo o festival, com belo diálogo entre as guitarras.

OUTRAS BANDAS

Amigos de infância formam a N.O.V.A. No início, eram os experimentos. Não que hoje sejam pop, mas digamos que agora deram uma acalmada e depois de um ano em estúdio compondo, veio o resultado: A Bela Liz e as Estrela sem Luz. Muito bom.


Gabriel, vocalista e compositor da José Ferreira & Seus Amigos, é “o figura” - toda cena tem os seus. E escreve bem e tem performance de um verdadeiro frontman. Destaque da mostra.


Uma das mais conhecidas nacionalmente entre as que tocaram, a Inimitável Fábrica de Jipes, que se prepara para lançar o primeiro DVD do circuito de Maringá, mostrou o porque tem reconhecimento, mesmo desfalcada de seu baixista. Fechou o festival em alto estilo.


A Betty By Alone é uma das mais conhecidas e consideradas na cidade ,ao que tudo indica. Cantando em inglês, fechou a primeira noite, com competência e presença de palco.


Hospital Doors também canta em inglês e tanto quanto a Betty, parece pronta. Curioso, foi a única a anunciar e vender Cd no bar. Deu pra sentir que o vocalista, novo no posto, tem presença de palco


Professor Astromar & Os Criadores de Lobisomen emprestou o nome daquele figura esquisto de Roque Santeiro. No palco, põe um som meio punk, meio rockabilly cantado em português, o que lhe confere personalidade.


Com a Bandidos Molhados, novata no circuito e Brian Oblivion & Seus Rádios Catódicos (foto) o surf music entrou em cena, também de maneira competente para dar seu recado. A primeira, planejam para 2010 o primeiro album. Brian, mais experiente, tocou desfalcada, sem o baixista, e passou pelo crivo.

9/11/2009

Sem pressão, só na expressão!

Jornal do Estado/ Bem Paraná


Jards e Maria Alcina prestam sua reverência ao Kid Morangueira (foto: Divulgação)


Maria Alcina e Jards Macalé se encontram pela primeira vez no palco em Curitiba, em projeto que homenageia Moreira da Silva, no Teatro da Caixa


Adriane Perin

Nove e meia de uma sexta-feira não é lá um horário dos mais apropriados para marcar uma entrevista com um músico. A não ser que seja para falar com Jards Anet da Silva, o Jards Macalé. “Sou um trabalhador”, diz com sua voz grave. Ele tampouco vai atrasar o outro encontro que tem marcado em Curitiba, este ao vivo no Teatro da Caixa, hoje. Com ninguém menos que Maria Alcina, revivida e pronta – como sempre esteve. Eles vão prestar reverência a um conhecido de todos, Antônio Moreira da Silva, o Kid Morengueira, ou ainda Moreira da Silva, amigo de Macalé, que com Maria Alcina dividiu palco. O espetáculo itinerante “Homenagem ao Malandro” começa aqui e depois vai para São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Para Macalé, amicíssimo de Moreira da Silva, é uma “junção quase que obvia, porque comecei a tocar com ele no Projeto Seis e Meia no Rio. E a Maria Alcina também fez parceria com ele em algum momento”. “É a primeira vez que estaremos junto no palco e sob as bençãos de Moreira da Silva, que uniu a gente de certa forma. Estou fazendo uma preparação com o Sergio Arara, que vai me acompanhar no violão. Temos conversado e organizado tudo com o Macalé pois teremos alguns números juntos também”, completa ela. “É uma preparação difícil porque o material do Moreira é bem incomum, muito personificado. Para eu cantar, preciso observar detalhes, arranjos, porque ele foi muito único e em sua obra, a toda hora a gente encontra abertura”, pondera a cantora que conheceu o autor de “Ghodan City” na época dos festivais da canção, nos anos 60 e 70, nos quais ambos se lançaram.
Começo — Macalé lembrou o projeto de Albino Pinheiro e Hermínio Bello de Carvalho, que convidava duplas para fazer shows especiais em um horário pouco usado do Teatro São Caetano, no Rio de Janeiro, em meados dos anos 70. “A imagem que ele tinha de mim era do menino de Gothan City, um rapaz cabeludo e barbudo, mas ali eu já estava com outra aparência. A empatia foi muito rápida”, conta Macalé, dono de uma carreira discográfica espaçada, mas que sempre que lança algo é um disco de valor. O mais recente, Macao, “ foi mais Macalé canta Moreira, pois é todo com repertório dele”, diz, sobre o lançamento da Biscoito Fino. Macalé é do tipo que faz várias coisas ao mesmo tempo. Vai compondo, “não tenho aquela pressão, só expressão”, diz. Sempre identificado como contestador por sua personalidade pouco afeita à facilidades musicais, já foi tido como maldito, termo que parece banido do vocabulário da nova geração de jornalistas, mas que já foi muito usado para definir artistas de personalidade “dispensados pelo mercadão”. Ele tem ciência do posto que lhe cabe. “Éramos contestadores até por provocação. Mas agora, digo que faço a diferença justamente por fazer a diferença diante de todas as coisas; por gostar do risco. Minha música já sai, não digo estranha, mas de uma forma em que para que ela apareça tive de me arriscar. Sempre foi assim”, pondera. Também se arriscou no cinema, teatro. “Agora por exemplo estou rodando o Cine Macalé, filme com trechos de filmes que fiz como ator ou músico – ou que assinei trilha sonora. No projeto em dvd eu interajo cantando ao vivo. O dois está saindo com novas informações, inclusive com super - 8 que fiz. Sempre gostei disso”, conta.
Ele também foi tema do documentárioJards Macalé: Um Morcego na Porta Principal, que ganhou o prêmio do juri do Festival do Rio de Janeiro. Também está circulando um curta metragem que conta a história de sua prisão em Vitória do Espirito Santo no projeto Pixinguinha, quando cantava em parceria com Moreira da Silva, aliás.
“Conto essa historia no show, espera para ouvir lá”, pede este homem de muitas linguagens que também está, como homenageado, em mostra no Centro Cultural Helio Oiticica, no Rio. “Todas essas linguagens andam muito próximas para mim. Lá está a “Macaléia”, que ele fez para mim”, conta.

Muito mais do que só o confete e a serpentina
Maria Alcina conta que a música de Moreira da Silva sempre esteve “na cabeça desde menina”. “Era meio cinema, como se fosse uma criança brincando de cantar, de fazer cinema... O Sergio Arara com elementos eletrônicos traz a chance de reproduzir esses sons”, considera. “Eu e Moreira temos um humor, que ficou claro no projeto Pixinguinha nos anos 80. Com 38 anos de carreira tenho que olhar meus arquivos. Fazendo isso, percebi que quem uniu a gente lá, já sabia que dava ritmo. E Macalé... ele é meu ídolo...”. Ela lembra ainda de um trabalho que fez com Moreira na famosa casa de shows carioca O Beco. “Não fiz nada, só cantava e ria. Tudo dava certo, eu tava com 24 anos...”.
Mineira, vem de um pai que sempre gostou de música e estimulou, os homens, da família a cantarem.“Sou filha de operários; na minha casa não tinha rádio, mas eu buscava a música na casa do vizinho”. Mas, uma moça cantando era bonito só até um ponto. Ela fez dupla com um amigo do pai, mas quando a coisa ganhou ares mais sérios... “Não teve jeito, aquilo vai te margeando, o dom vai achando seus iguais. Fiz apresentações em teatro, igreja, festivais até vir para o Rio”. Veio para a gravação de uma trilha sonora, encontrou o Antonio Adolfo, que já a tinha ouvido cantar, e ficou.
A partir daí, a dona do vozeirão grave, que destoava das vozes nem sempre macias, mas sempre agudas das principais cantoras brasileiras a partir dos anos 60 (modo que hoje soa só enfadonho), ficou conhecida. “O artista precisa ter uma marca e o diferencial foi meu timbre, o que me deu oportunidade. É isso e é o contrário também. Porque agora preciso expandir minha voz. Quanta coisa que ainda tenho para fazer”.
Seu sucesso veio de uma música que pegava também pela irreverência, pelo deboche no jeito de cantar, se portar, de brincar fazendo música séria. Assim, ela conquistou pelo menos duas gerações. Mas, sabe como é a memória do brasileiro, ela saiu da midia. E eis que um representante daquela geração se encarregou de trazê-la de volta, pelo vies de sua própria memória afetiva. Foi a banda Bojo, em especial Maurício Bussab, sempre citado por Maria Alcina, quem a trouxe a tona outra vez.
Ela não é do tipo que fica remoendo sentimentos e avalia tudo com tranquilidade. “A midia muda, não é a gente que sai dela. Nessas mudanças a comunicação necessita de outras informações, outros aparatos. A gente é um produto e quando é hora de vender outro... eles te tiram da prateleira. Tive o infortúnio de ficar quase 20 anos sem gravar, mas sou uma sobrevivente muito forte de uma coisa obscura, que nem eu sei o que tenha sido, porque muitas veze cheguei a fazer repertório para discos que paravam”, conta. Diz que nem teve tempo de pensar nisso. Saia de uma situação desagradável e buscava algo melhor. “Olhando hoje, só estou aqui porque não parei lá atrás. Sobrevivi como pude, andei como deu, comi o que tinha e não saí da profissão”. Sem tempo para lamúrias, não lhe faltou trabalho . “Sem gravar você fica fora de muita coisa, mas tive que aprender a sobreviver no palco, porque nem todos que estouram tem essa experiência”, observa ela, que pegou cancha em apresentações no picadeiro.
Novidade — Maria Alcina traz na bagagem – e vai vender depois do show – um belo disco, Maria Alcina Confete e Serpentina. Foi uma sequência de coisas boas, com o empurrão da internet que abriga tudo que gravou. Até chegar a 2003 e o projeto de Alex Antunes – que lembra aquele lá que colocou Macalé e Moreira da Silva cara a cara no anos 70 -, Com:Tradição, que promoveu o encontro de artistas de ontem e de agora. Maria Alcina fez par com o Bojo – ou foi o Bojo que fez par com Maria Alcina? Não importa, o certo é que dali em diante voltamos a ouvir falar dela. “E aí o bicho pegou”. Do show veio um Cd e a parceria com Bussab andou. É dele a produção desse disco novo no qual Maria Alciona faz o que colocou como meta: “expandir-se”. Uma Maria Alcina diferente daquela que a minha geração cravou na lembrança se mostra desde o começo. É um disco para ouvir – e Maria Alcina, na nossa lembrança, ou na minha, de criança, era para ver também. “Nos outros trabalhos têm isso também, mas é que o meu lado da alegria era muito forte. E não tive a chance de mostrar os meus outros lados. O Maurício trouxe a Maria Alcina inteira. É confete e serpentina? É. Mas no carnaval também tem gente chorando no salão”.

Serviço
Homenagem ao Malandro. Dias 11e 12 às 21h e 13 ás 19h. R$20 e R$10 Teatro da CAIXA
(Rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações: (41) 2118-5111

9/04/2009

Em breve...



acima, a capa do provável bootleg da Hotel Avenida no Rock de Inverno 7, que como disse no post abaixo, deve sair em breve. A arte é do Gian, sobre foto de Marcelo C4 Stammer.

9/02/2009

Cancelamento

Infelizmente a Hotel Avenida não se apresentará mais na Bienal do Livro, na sexta-feira, como anunciamos aqui. Fica pra próxima. Mais exatamente no dia 30 de outubro, no Jokers, dentro do projeto Acústico Mundo Livre, e ao lado da Plêiade, no que deve ser nosso último show de 2009.

Enquanto isso continuamos trabalhando na edição e mixagem da gravação do show do Rock de Inverno 7, que deve estar pronta até o final do ano, ou mesmo antes. Aguardem!

9/01/2009

Alegria de tocar para sua gente

Jornal do Estado/ Bem Paraná

O chorão Altamiro Carrilho faz o lançamento de 4 DVDs e diz que ainda tem muito show para fazer (foto: Divulgação)

Altamirro Carrilho renova seu prazer em tocar flauta e festeja os brasileiros

Adriane Perin

Oitenta e quatro anos, 70 de carreira musical. Cem discos gravados e perto de 200 composições assinadas. Estes são alguns dos numeros em torno daquele que é considerado o último dos mestres chorões que pode dividir com a gente sua experiência e prosa. Altamiro Carrilho está em Curitiba para o lançamento do projeto A Fala da Flauta, composto por 4 Dvds e um livro, organizados por Andreas Pavel, que traz os DVDs “Primeira e Segunda Noite em Niterói”, “Uma Vida na Flauta” e “Esse Sou Eu”, filme de Ana Suttor, com o making of das gravações.

Inicialmente estava cá com meus botões ansiosa sobre possíveis perguntas. Ele atrasou um tantinho a entrevista, mas chegou ao telefone acalmando minha intranquilidade e tomando as rédeas da conversa. Logo foi dizendo que gosta de tocar em Curitiba porque é um povo muito musical. “Fiz no Guairão um concerto musical popular e clássico”. Para ele, aliás, não tem essa história de música erudita ou popular. Tem é música boa. A convite do Sesi Paraná ele se apresenta ao lado de Pedro Bastos (violão 7 cordas) Mauricio Verde (cavaquinho), Éber de Freitas (bateria e percussão) e Luis Américo (violão). Carrilho contará também com as participações de Sérgio Albach (Clarinete) e Trio Catuaba Brasil, ambos residentes em Curitiba.
A seguir trechos da conversa, sob o pulso firme desse alegre senhor.

Música erudita e o choro
O indivíduo que gosta de música erudita forçosamente vai gostar de choro, porque ele é todo baseado nas sonatas de Bach, nos concertos de Tchaikovsky , Bethoven. Tudo da mais alta qualidade. Bethoven era chorão, “Pour Elise” é um choro, basta colocar pandeiro, cavaquinho, instrumentos que o choro incorporou. Até já gravei em ritmo de choro e dá a impressão que foi sempre assim. E, agora os jovens estão descobrindo o choro como opção para tocar boa música sem precisar estudar 10, 12 anos. Porque pra tocar concertos tem que ter essa experiência, o domínio de pelo menos 8 anos do instrumento.

Ritmos populares
Pouca gente tem esse dom, chamo de dom, de assimilar bem ritmos populares. Quase que 90% da nossa música se deve à dita África e foi uma mistura fantástica essa. Uns especialistas em percussão e outros especializados em harmonia e melodias bonitas. Outra coisa que interessa a todo instrumentista é saber improvisar. Quem sabe sair de um tema sem perder a linha a harmônica leva muita vantagem e o público também agradece não ser repetitivo.

Jazz e outros gêneros
Gosto de tudo, só existe um tipo de música: a música boa, de quaquer gênero. Não podemos classificar de ruim a música que não gostamos, mas milhares de pessoas gostam. Mas, também tem muito barulho com nome de música no mundo inteiro. E existem adeptos. Então, como diria o outro: o que seria do amarelo se não houvesse o mal gosto (risos).

Bom humor
Eu tento passar isso para o público nos títulos jocosos, por exemplo. No show, ninguém quer sofrer. E tenho uma convivência muito boa com quem toca comigo. Mas, para ser músico bom tem que ter boa cabeça, além de talento. Acima de tudo tem que ser um indivíduo intelectual, mesmo que não tenha cursado faculdade. A música obriga isso.

66 anos de música?
Não, são 70 anos de música, comecei aos 14 anos; e já era profissional. Dentro da minha biografia gravei com Moreira da Silva quando menino ainda e ele teve que conseguir autorização da polícia. E dali fui ficando mais conhecido, com meus discos e acompanhando os grandes mestres; os melhores cantores, Orlando Silva, Francisco Alves, Vicente Celestino, Carlos Galahardo, Isausinha, Jorge Veiga, Trio de Ouro, Dalva de Oliveira. .... é muita gente.... Elizete Cardoso, Elis, ela era um espetáculo. A meu ver a melhor de todas, porque almoçava, jantava e lanchava música.

Bom de conversa
Eu falo bastante e fui aprendendo muito com as viagens pelo exterior. Fiz quase os cinco continentes. Até em Israel eu toquei. Recebi um papel em hebraico e me disseram o som que teria em português. Levei uma semana pra decorar, mas fiz a saudação. Só que , depois de uma certa idade, a idade do condor, tive que aceitar o conselho médico e diminuir minhas travessuras. Naturalmente, hoje já não tenho tanta resistência. Na execução da flauta tenho ligeiras limitações nas músicas mais puxadas na respiração. Porém, nunca parei de estudar e exercitar.

A Fala da Flauta
São seis horas de concertos, documentário, entrevistas antigas, apresentações especais, gravações de estúdio. O público vai saber como é uma gravação lá bem junto da gente, ouvindo até as bobagens que a gente fala. Só mandei tirar um palavrão, porque plateia não tem que ouvir palavrão. Eu não parei. Só quando papai do céu chamar. Fico tão feliz quando entro no palco que parece que tô recebendo um presente. Mas, agora priorizo tocar no Brasil. Sou o contrário, gosto mais de tocar para minha minha gente. Pros gringos toco pelos dolares (risos).

SERVIÇO
Altamiro Carrilho. Dia 01 às 20h30. R$20 e R$10. Cietep ( Av. Comendador Franco, 1.341).

Biografia ou livro de fã?

Jornal do Estado/Bem Paraná

Mesa redonda de hoje, na Bienal do Livro reúne Arnaldo Bloch e Ruy Castro,que deu uma entrevista por email. Fernando Morais teve que cancelar sua participação por questões relacionadas a seu novo trabalho

Adriane Perin

A 1.ª Bienal do Livro de Curitiba segue até dia 4 de setembro com muitas opções; nas manhãs e tardes, voltadas à educação e também conversas descontraídas no Café Literário. Os começos de noite oferecem mesas-redondas e, depois, pocket shows e . Hoje, o assunto é biografia, com participação de Arnaldo Bloch e Ruy Castro. Fernando Morais, infelizmente teve que cancelar sua participação por questões relacionadas a seu novo livro. A mesa foi batizada de “Biografias: Vida Privada, Bisbilhotice, Marketing, Exemplo, História” e começa às 19h30, em um dos anfiteatros do ExpoUnimed, que abriga os encontros e os stands da Bienal (que, infelizmente, ficaram devendo para que esperava encontrar alternativas ao que está nas livrarias).
Ruy Castro respondeu algumas perguntas por email.

Jornal do Estado — O que você considera mais dificil para um biógrafo brasileiro. Me parece que possíveis biografados são arredios e falta compreensão de que suas histórias são também de interesse público.
Ruy Castro — Não posso falar por outros biógrafos e por seus biografados. No meu caso, nunca tive problemas no começo do trabalho - mesmo as filhas do Garrincha [com seus maridos, que eram quem mandava na história] pareciam muito contentes em saber que eu estava biografando o pai delas e, dentro do pouco que sabiam sobre ele, colaboraram bastante nas entrevistas. Depois, quando o livro estava para sair, seus advogados vieram com aquele processo. Ou seja, houve má fé deles na jogada. Mas não vejo personalidades arredias. Ao contrário, vivo recusando “encomendas” de gente famosa e importante que gostaria que eu os biografasse. Não entendem muito bem quando digo que não aceito encomendas, muito menos de vivos.
JE — Por outro lado, também tem muitas biografias servis. Nas estrangeiras o que se vê é o esmiuçar das vidas dessas personalidades de uma forma impressionante, sem a preocupação de se algo vai denegrir a “imagem” do biografado. Por exemplo, na de John Lennon, o autor diz que ele tinha tesão pela mãe. Na dos Rollings Stones, as brigas entre os integrantes são abordadas sem meios termos. Já na biografia do Renato Russo, por exemplo, publicada recentemente, o autor não trata do homossexualismo, assumido, do compositor, nem do filho que ele teve com uma pessoa de quem não se sabe nada direito. Posto isso, quais são os limites de um biógrafo? Como se relacionar com quem “guarda a imagem da pessoa pública”?
Castro — Mas a “biografia” do Renato Russo será uma biografia ou um livro de fã? Favor não confundir. Assim como a maioria das “biografias” que se publicam por aqui - é tudo livro de fã. Para um biógrafo de verdade, o único limite deve ser: Essa informação é verdadeira? E tem relevância na narrativa? Se as duas respostas forem sim, ele deve publicar.
JE — Acho que o Brasil tem muitos possíveis biografados ainda - mas proporcionalmente poucos “biógrafos profissionais”. É um nicho de mercado que ainda tem muito o que render, não achas? O consideras mais importante amadurecer neste segmento? E em relação ao público?
Castro — O biógrafo precisa ter a confiança do seu editor e algum dinheiro para trabalhar [porque é um trabalho que exige tempo integral]. Quanto ao público, precisa ser instruído sobre o que é uma biografia, um perfil ou uma memória. [Por exemplo, o belo livro da Helena Jobim sobre seu irmão Tom, O homem iluminado, não é uma biografia, mas uma memória. A de Nelsinho Motta sobre o Tim Maia, de certa maneira, também]. E os resenhistas dos jornais precisam parar de resenhar o personagem e passar a resenhar a biografia.
JE — O caso do Roberto Carlos foi emblemático, é difícil não falar dele.
Castro — O caso desse livro é um equívoco só, a começar pelo próprio livro. Antecipei para o Paulo César Araújo o que aconteceria - e, infelizmente, aconteceu. Fez um livro todo a favor e mesmo assim foi perseguido, como previsto.
JE — O que você acha que pode acontecer, legalmente falando, depois do episódio da proibição do livro?
Castro — Acho que nada vai acontecer. O livro só voltará às livrarias se o Roberto Carlos “deixar”...
JE — Qual foi a sua biografia mais difícil pra você fazer. Por quê?
Castro — Disparado o Carmen - Uma biografia. Pela dificuldade de encontrar pessoas que tivessem convivido com Carmen Miranda enquanto ela morava no Brasil. Essas pessoas precisariam ter pelo menos 19 anos em 1939, que foi o ano em que ela foi embora para os Estados Unidos. Ou seja, precisavam ter nascido até 1920.
Como tive a idéia do livro em 2000, significa que, naquele ano, seriam pessoas de 80 anos para cima. E onde eu ia encontrar tanta gente com essa idade, que tivesse conhecido a Carmen Miranda e estivesse lúcida para falar?
Pois, no decorrer de quase cinco anos, encontrei dezenas de pessoas.
JE — Como é que você faz a escolha de alguém para ser seu biografado? Já teve muito problema para ter acesso a materiais?
Castro — Escolho um biografado pela admiração que tenho por sua obra e pela curiosidade que tenho por sua vida.
Como disse, o maior problema que tive no “Carmen” foi levantar material sobre sua fabulosa fase brasileira — sua infância na Lapa, sua vida de adolescente e tudo que ela fazia antes de se tornar cantora. Nesse sentido, cada descoberta - uma frase, um fato, um endereço — era uma vitória. A parte de sua carreira internacional foi comparativamente mole de fazer.
JE — Uma coisa legal de biografia é que quase sempre o autor acaba fazendo também - e levando o leitor com ele - por um passeio também pela época do seu “personagem”. A pesquisa para o livro sobre a Carmem Miranda foi a mais dificil que teve que fazer?
Castro — Foi, com o disse. Mas, pelo menos, eram cenários que me apaixonavam e com o qual eu já tinha uma certa intimidade: o Rio dos anos 20 e 30 e Nova York e Hollywood dos anos 40 e 50.
JE — Quer continuar fazendo biografias?
Castro — Sem dúvida. Mas só voltarei a elas se me der um estalo e surgir um novo personagem que me apaixone tanto quanto os que já biografei — Nelson Rodrigues, Garrincha e Carmen Miranda.

8/30/2009

“Eu boto a cara a tapa, mesmo”


Jornal do Estado/Bem Paraná

Em entrevista, sobre o show que O Rappa fará em Curitiba nesta sexta-feira, o guitarrista Xandão não poupou elogios a cena musical da cidade e “intimou” órgãos públicos a darem mais apoios

Adriane Perin

Com um ano do disco 7 Vezes na praça, turnês pelo EUA e Europa, onde não circulava há alguns anos, O Rappa finalmente apresenta o show do mais recente trabalho em Curitiba, hoje. As relações do grupo com Curitiba estão mais próximas, digamos assim, por conta do vínculo estabelecido pelo guitarrista Xandão, que mora na cidade já faz um bom tempo. Mas, é a primeira vez que ele fala tanto da cultura local. Foi sobre Curitiba, o Paraná e a cena musical a maior parte da conversa que ele teve com a reportagem no começo da tarde de terça-feira. Entusiasmado, desandou a falar sobre uma situação que considera absurda: não ver nenhuma banda daqui em destaque nacional, diante da fértil produção que observa. E cobra dos governantes mais apoio para que os bons trabalhos daqui sejam mais conhecidos.

No show que faz no Curitiba Master Hall, o repertório é calcado no disco 7 Vezes, lançado com um intervalo de 5 anos de O Silêncio Q Precede o Esporro. Em sua carreira, a banda carioca acumulou muitas indicações e levou premiações importantes, mas não com este novo trabalho, que recebeu apenas uma indicação no VMB. Esse rarear de premiações não incomoda o grupo, cuja trajetória tem um “lado social” muito forte. Para Xandão, que considera importante esse tipo de reconhecimento, a ausência do Rappa em listas mais recentes pode, inclusive, ser entendida como um sinal bom, já que é salutar que novas gerações ocupem os espaços.

A conversa começou com ele lembrando da gravação na Rocinha, domingo passado. Inicialmente prevista para ser um DVD, acabou sendo o pagamento de uma dívida que a banda tinha com a comunidade, que há tempos pedia um show em seu território. “Acabamos transferindo a gravação do DVD, pois a comunidade pediu um show e tivemos que refazer cálculos. Mas gravamos tudo e se ficar bacana vamos lançar o Dvd. Desde já, digo que foi maravilhoso, fomos muito bem recebidos. Somos uma banda carioca, apesar de eu não ser, e a Rocinha parou pra ver a gente porque se identificam muito com O Rappa. De certa forma, a beleza do Rio está muito ligada à proximidade da favela. Porém, a Rocinha é mais que isso, é uma comunidade onde se encontra todo tipo de gente: o bacana, o trabalhador, enfim bem representativa da mescla carioca. E o nosso contexto fala de se misturar, de ter comuinidades mais plurais e não ficar num nicho”, destaca. Diz que a apresentação foi super importante e muito além do que imaginavam ele, Falcão, Marcelo Lobato e Lauro. “Fazer um evento deste porte e reunindo metade da comunidade que mora no lugar.... não é pouca coisa. Em saindo um DVD estou certo de que será um dos melhores momentos nossos, muito em função dessa participação da comunidade”, assegura.

Um ano de 7 vezes
“O Rappa já é um banda estabelecida. Nesse período de lançamento de turnê conseguimos ir para Estados Unidos da América e Europa, para onde não íamos há 6 anos. Percebo e vejo cada vez mais nosso trabalho como plural. Pode tanto tocar no Rio, em Curitiba, nordeste ou em Lisboa, Londres, Paris, Barcelona. Todos esses shows foram maravilhosos, o que faz pensar que essa barreira da linguagem para a música do Rappa não existe. Podemos ir a qualquer lugar pra falar a verdade e as pessoas entendem do que estamos falando. Tem sido tudo muito bacana, mas só o tempo dirá algo mais definitivo sobre esse disco e, também, em relação a este Dvd que a gente fez agora. Nem tem como medirmos força agora. Depois, a gente senta e analisa, vê o espaço e o que conquistou”.

Premiações ou a falta delas
São importantíssimas. Já fomos indicados milhões de vezes e é o momento em que temos a chance de encontrar os companheiros; são sempre muito bacanas. Seguimos trabalhando. O fato de não termos sido indicados esse ano tem a ver com sermos uma banda que já tem seu processo estabelecido. Não vejo como problema, acho importante que os novos cheguem. O Rappa teve seu momento de ganhar prêmios. Se existir unanimidade, é burra. Também deve ser levado em conta que são premiações muito democráticas, votadas. E nós nunca tivemos um apelo muito pop, nossa marca sempre foi mais de um trabalho comunitário. Nunca fizemos muita questão de estar na mídia de qualquer jeito; só participamos de programas de televisão que possamos tocar ao vivo, por exemplo, nada de playback. Então ficamos fora de muito do que tem apelo publicitário. Mas, não há uma preocupação com isso. Preocupante seria que não aparecessem novos, porque tem muitas novas bandas chegando.

Cena paranaense
Aliás, acho inadmissível não ter uma banda paranaense no cenário nacional. E uma crítica que faço hoje morando em Curitiba é aos governos. Prefeitura e Governo do Estado vamos tentar fazer um grande festival, porque não? Tem tantos grandes músicos morando em Curitiba e podemos tentar mudar essa história. Estou aqui há tanto tempo e não via essa movimentação toda e já era um lugar bacana. Acho, sinceramente, que falta empenho do Governo do Estado e da Prefeitura para, por exemplo, captar o empresário; falta envolvimento de quem pode virar isso. Isso vai trazer mais dividendos para comerciantes, impostos para a cidade como um todo. E se não houver envolvimento dos õrgãos públicos, ficar só esperando empresários, não vai rolar. Empresário para se interessar tem que ter facilidades. Não é isso que o governo federal faz? Então o Governo do Paraná tem que fazer parcerias também. O que me deixa irritado é que vejo muita gente relevante se mudando para cá e essas pessoas não são contatadas para participar de debates, para dividir suas experiênicas e mudar isso.

Cidade Cultural
Se diz que o Curitiba é uma cidade Cultural, mas então o é para quem faz parte da elite, pra uma tipo de coisa. Lembro muito no Rio, tivemos o projeto Aquarius por 10 anos, com orquestra sinfônica tocando todo dia em parques. Não teve um dia que não fosse lotado. O povo vai. Essa conversa de que o povo não quer música boa, é um discurso vazio. Tem que fazer pra todo mundo. E isso não é uma crítica ao prefeito de Curitiba, porque se ele tem uma aceitação tão alta é porque faz um trabalho bom. Mas, tem que olhar mais pra esse lado cultural da cidade que, eu diria, tá um pouco afastada da comunidade. Não adianta só ter show em casa noturna. Tem que fazer show na periferia. Falo isso, porque gostaria muito que acontecessem mais projetos sociais, pela experiência que nós temos nisso. Mas, tem que ter alguém que encabece isso. E aqui tem várias bandas, muitos artistas interessados e não utilizados. Porque não usar André Abujamra, que é um cara extremamente relevante, inteligente e experiente. O Hermeto Paschoal, uma pessoa ímpar. Eles podem contribuir muito. E falta também o reconhecimento dos órgãos públicos aos jovens, para poder fomentar isso tudo. Não tenho muito tempo para estar nesses lugares, infelizmente, mas quando der, se for convidado, participarei. Até pensei num evento nas faculdades do Paraná, com bandas convidadas e palestras. Ou um concurso com bandas locais e convidadas, sei lá, tem tanta gente interessada em fazer, mas Governo do Estado e prefeitura têm que estar juntos.

Novos trabalhos
Pouca gente sabe mas também sou produtor e produzi duas bandas daqui. O Real Coletivo Dub que é maravilhosa e a Diogenes. Isso é outra forma de estar fomentando. Não estou fazendo isso pra fazer média. Vejo uma qualidade muito grande em vários grupos daqui e tenho obrigação de estar fomentando isso. Tenho que ajudar a chegar a um denominador comum. Se fosse um lugar que não tivesse nada de bom, vá lá que não aparecesse nacionalmente. Mas, não é o caso de Curitiba. Também participei do DVD da Relespública, uma monstruosa de uma banda pela qual tenho um admiração profunda. Fiquei muito envaidecido por ter sido convidado. E eu boto a cara a tapa mesmo, participo do que acho bom!

Psychobilly Fest



Da coluna Piracema - Jornal do Estado/Bem Paraná

Adriane Perin

A banda argentina Motorama, que acaba de lançar o CD Crisis é a convidada internacional a mostrar seu “neo Rockabilly” do Psychobilly Fest . É isso aí, tá confirmada mais uma edição do festival curitibano idealizado pelo camarada Wallace Barreto, que já é uma das tradições do circuito. É a décima quinta edição. As Diabatz e os Sick Sick Sinners também estarão afiados pra mostrar como voltaram das turnês internacionais que andaram fazendo esse ano. Este último vai aproveitar para mostrar tambem sua nova formação. A representante londrinense The Brown Vampire Catz é outra que volta a dar as caras por aqui, como também os paulistas do Voodoo Stompers. O festival tem as velhas conhecidas, mas também apresenta novas gerações: a curitibana Flatheads, com rockabilly e Os Degolados, “psychobilly nervoso de São Paulo” fazem suas estreias por aqui. Vai ser no Ópera 1 o 15° Psychobilly Fest, dias 10 e 11 de outubro. A produção promete mais novidades logo mais.

Bienal do Livro
Vários encontros legais acontecerão até 4 de setembro, por conta da primeira Bienal do Livro de Curitiba, no ExpoUnimed e a música também vai dar as caras lá no território da Universidade Positivo. Mais uma vez a Oi convidou bandas legais da cidade para apresentações. Só que agora sou obrigada a concordar com a Charme Chulo: Oi, tá na hora de começar a pagar cachê pras bandas. Uma ajuda de custo que seja. Afinal de contas, música independente também tem seu valor – tanto tem que eles estão convidando as que tiveram boas performances no evento que fizeram em julho, do qual eu, particularmente, gostei muito, mas que não foi uma unanimidade exatamente pelo “trato” com os artistas. É compreensivel que os grupos topem participar de eventos que lhes dão visibilidade, mas também não pode ser assim indefinidamente, afinal artista não é filantropo. E, numa boa, esse negócio de convidar banda independente com o argumento de ser vitrine para não pagar nem ajuda de custo é bem conveniente pras empresas. Só que a Oi está mais do que estabelecida. Acho, inclusive, que não pega bem pra marca, que é a “patrocinadora do Espaço Jovem da I Bienal”. No final de semana, sábado, tem as apresentações de Cacofônicos e Trivolve, às 20h e 21h, respectivamente. Dia 02 às 21h é a vez de Tristessa; dia 3 tem La Vigüela Rock; e na sexta, dia 4, Hotel Avenida. O Espaço terá também teatro e dança, a partir do meio-dia. Estão confirmadas as participações do grupo Velozes e Barulhentos, as companhias Transitória e Cenação, João Andirá, os poetas Daniel Koganas, Caetano Pires e Marcos Beccari, entre outros. A cenografia do Espaço Jovem também conta com artistas alternativos. A cada três dias, grafiteiros vão interferir por ali.

Repito: é muito legal a Oi olhar pros artistas independentes, mas tem que contribuir também para a tão cobrada profissionalização. O valor do ingresso pra Bienal é de R$ 2 e R$ 1 (estudantes) e gratuito para deficientes físicos, educadores, menores de 12 e maiores de 65 anos. Informações: wwwbienaldolivrodecuritiba.com.br

Em tempo: o novo single da Nuvens, Uma vela em um oceano, e o EP acústico chegam à web neste dia 31 de agosto. E um novo vídeo, dessa vez da mixagem da música nova e uns trechinhos dela: http://www.youtube.com/watch?v=ujXSzp5XxrY.

Butthole Surfers - The Hurdy Gurdy Man (1991)



dos tempos em que o M da MTV ainda significava música, e em que o rock não era essa vaquinha de presépio previsível e domesticada. descobri esse video no saudoso Lado B. Lembro que tinha até gravado ele em uma fita VHS que nunca mais achei. Agora com o you tube fica tudo mais fácil. Legal rever isso e sentir as mesmas sensações da época. freakice de primeira de uma grande banda, pouco falada e menos ainda ouvida.

8/28/2009

God - John Lennon



Gosto muito dessa música, e acho incrível como ela parece atual, apesar de ter sido composta em um contexto completamente diferente. Acho que o Lennon teve muita coragem ao assumir o fim do sonho da contracultura no auge da mesma, mesmo sabendo que isso poderia lhe custar caro, como acabou custando (a própria vida). Quarenta anos depois, e guardadas as devidas proporções, sinto como se estivéssemos voltado aos anos 70. Só o que vejo a minha volta é pessoas desanimadas, desistindo de seus sonhos, e se fechando em seus mundinhos na esperança de ter alguma segurança, ou estabilidade emocional, sei lá. Um mundo cada vez mais pragmático e cínico, onde não há lugar para sonhos. Apenas sobrevivência e letargia. Proteção que não protege, só aprofunda a solidão, o isolamento.

É isso mesmo? Foi pra isso que a gente veio até aqui? Se depender de mim, não mesmo. Porque como o próprio John diz no final, é preciso de alguma maneira continuar.

Também não acredito que existam respostas fáceis. Sequer tenho certeza de que existam respostas ou de que elas sejam necessárias. Como dizem por aí, o que move o mundo não são as respostas, mas as perguntas. E quando a gente perde a capacidade de fazê-las, na prática já está morto.

Não estou disposto a deixar que ninguém, seja a ciência, médicos, drogas, crenças, dogmas, ou o que for, tomem conta da minha vida e me digam o que é certo ou errado. Muito menos estou disposto a abdicar dos meus sonhos, mesmo sabendo que eles também não trazem respostas. Porque o que vale no final das contas é o que a gente faz, não o que a gente diz. Estou cansado de discursos vazios, de gente que tem ideias pros outros executarem. Gente que tem milhões de planos, mas nenhuma capacidade de iniciativa. De boas ideias o inferno tá cheio. O que falta é quem tenha a coragem de enfrentar a realidade pra tornar os seus sonhos realidade. Fugir é só mais uma forma de se enganar. De mentir pra si mesmo. E eu já fiz isso tempo suficiente pra saber que não adianta nada. Só traz mais frustração e alimenta a inércia, a autopiedade. "A vida começa agora, apenas começamos..."


God

God is a concept,
By which we measure Our pain.
I'll say it again.
God is a concept,
By which we measure Our pain.

I don't believe in magic
I don't believe in I-Ching
I don't believe in Bible
I don't believe in Tarot
I don't believe in Hitler
I don't believe in Jesus
I don't believe in Kennedy
I don't believe in Buddha
I don't believe in Mantra
I don't believe in Gita
I don't believe in Yoga
I don't believe in Kings
I don't believe in Elvis
I don't believe in Zimmerman

I don't believe in Beatles

I just believe in me
Yoko and me
And that's reality.

The dream is over,
What can I say?
The dream is over
Yesterday

I was the dreamweaver,
But now I'm reborn.
I was the walrus,
But now I'm John.

And so dear friends,
You just have to carry on
The dream is over.

Tradução

Deus é um conceito
Pelo qual medimos Nossa dor
Falarei de novo
Deus é um conceito
Pelo qual medimos
Nossa dor

Eu não acredito em mágica
Eu não acredito em I-ching
Eu não acredito em Bíblia
Eu não acredito em tarô
Eu não acredito em Hitler
Eu não acredito em Jesus
Eu não acredito em Kennedy
Eu não acredito em Buda
Eu não acredito em Mantra
Eu não acredito em Gita
Eu não acredito em Ioga
Eu não acredito em reis
Eu não acredito em Elvis
Eu não acredito em Zimmerman

Eu não acredito em Beatles

Apenas acredito em mim
Yoko e eu
E essa é a realidade

O sonho acabou
O que posso dizer?
O sonho acabou
Ontem
Eu era o tecedor de sonhos
Mas agora renasci
Eu era a Morsa
Mas agora sou John
Então queridos amigos
Vocês precisam continuar
O sonho acabou

Platitute 2

Em um mundo turvo
verdades opacas

8/27/2009

Hotel Avenida na Bienal do Livro



A Hotel Avenida toca no próximo dia 04/09 (sexta-feira), as 21 horas no palco do Expressões Oi, dentro da Bienal do Livro de Curitiba.

Segue abaixo toda a programação do espaço Expressões Oi na Bienal do Livro de Curitiba.


27 de agosto
12:00 – Abertura do evento com Velozes e Barulhentos “esquete especial”
14:00 - Daniel Koganas – Sorte do Nada (5 minutos) “poesia”
17:00 – João Andirá - Antenor e o Boizinho Voador (40 minutos) “Manipulação de Bonecos”
20:00 – Show de talentos com os Velozes e barulhentos com participação do publico
21:00 – Banda Hurakan “musica”

28 de agosto
12:00 - Marcos Beccari (40 minutos) Obras apresentadas: “poesias”
1. Meu Cativeiro Febril
2. Inofensiva Presunção
3. Trifurcação
4. Passar Bem
5. O Monopólio da Verdade
20:00 - Humor de Garagem - show de humor com musica (1 hora) “ musica”

29 de agosto
12:00 - Daphne Garcez (15 minutos) “literatura”
12:30 - Caetano Pires - Poesias Próprias - (15 minutos) “ Poesia”
14:00 – Companhia Transitoria – Oquei (35 minutos)
17:00 - Lulo Machado Obras apresentadas:
1. Just Dance – “dança” (5 minutos)
2. Improvisação Cênica – “teatro” (10 minutos)
20:00 - Banda Cacofonicos
21:00 - Banda Trivolve

30 de agosto
12:00 – Joao Andirá (Manipulação de Bonecos) - Antenor e o Boizinho Voador
14:00 - Lulo Machado Obras apresentadas: Dançando com Romeu e Julieta – “teatro” (5 minutos)
14:00 - Adriane “Dry” Leitura dos poemas proprios (15minutos)
Poesia parte de minha vida, medo, amor da minha vida (15minutos)
17:00 – Jojo - espetáculo O - “teatro infantil” (35 minutos)
20:00 - "Leo Fressato e Bia Pires - Canções pro Inverno Passar Depressa - "musica”

31 de agosto
12:00 – Velozes e Barulhentos – esquetes de humor “ teatro”
14:00 - Gaziela Meyer – Esquetes de Humor (30 minutos) “ teatro”
20:00 – Grupo de dança do ventre Afrodite (1 hora) “Dança”

1 de setembro
12:00 - Velozes e Barulhentos – esquetes de humor “ teatro”
14:00 - Jojo - espetáculo O - “teatro infantil” (35 minutos)
17:00 – Marcos Beccari(40 minutos) Obras apresentadas: “poesias”
1. Meu Cativeiro Febril
2. Inofensiva Presunção
3. Trifurcação
4. Passar Bem
5. O Monopólio da Verdade
20:00 - "Leo Fressato e Bia Pires - Canções pro Inverno Passar Depressa - "musica”
21:00 – Banda Gentileza

2 de setembro
14:00 - Jojo - espetáculo O - “teatro infantil” (35 minutos)
17:00 - Bill Olyver – Leitura do texto menina dos olhos “ literatura”
20:00 Eduardo Braune – O ciclo “ poesia”
21:00 - Banda Tristessa

3 de setembro
12:00 - Velozes e Barulhentos – esquetes de humor “ teatro”
17:00 – Cia Cenação – To te Traindo (50 minutos)
20:00 - Ademar gonçalves e seus alunos de teatro (15 minutos)
O loja de chapéus “ teatro”
O Orquestras” teatro”
21:00 - Banda La Vigüela Rock!

4 de setembro
12:00 – Joao Andirá (Manipulação de Bonecos) - Antenor e o Boizinho Voado
17:00 - Caetano Pires - Poesias Próprias - (15 minutos) “ Poesia”
20:00 - Damballah dança tribal “ dança” 30 minutos
21:00 - Banda Hotel Avenida

LOCAL: Expo Unimed Curitiba (dentro do Campus da Universidade Positivo)
Site: http://www.expounimedcuritiba.com.br/

Como chegar:

8/24/2009

Nas profundezas do coração do fundo do copo



(letra e música - Giancarlo Rufatto)

A cidade serra os dentes enquanto ela dorme, o dinheiro acaba, as pessoas somem e o que resta é você e um monte de palavras para queimar
e espantar o inverno, nenhuma chance de dar certo.

O cara ali já foi legal, já foi esperto, mas isso foi há tanto tempo atrás – hoje é apenas alguém mais velho do deveria tentando gostar de coisas que não foram
feitas para ele e desviar os olhos de quem o estrangula, não vai adiantar.

Eu prendo o fôlego, eu esqueço que deixei a vela acesa pra ver se Deus faz a sua parte – se eu não faço, ele não faz. Mesmo assim, eu caminho por ai, me ajoelho e rezo, “mais um round, mais um round” mas sua fé não é o bastante para mudar alguma coisa
e eu digo ok - mas isso não significa que eu não presto, significa que eu presto pouco pra você.

Ainda tenho seu telefone guardado no bolso de trás e me pergunto pra que?
Hey senhorita, me diz pra que?
- pra lembrar, lembrar enquanto o mundo lá fora se desfaz, se desfaz, não me importo, que acabe logo de uma vez.

E acabou.

Quando ela perguntou: “posso ser sua amiga?” e eu respondi: é claro que não.
E esse não, não mudou nada, não tinha sido a primeira vez em que eu desejava voltar ao dia em que eu cheguei e ela me esperava com um sorriso e um bolo.

Não deu certo nem uma, nem duas, nem da terceira vez,
- não deu, meu bem, esquece.

Então me resta continuar tentando simular o acaso e jurar, jurar de pés juntos nunca mais compartilhar do mesmo chão que você.
Nunca mais compartilhar do mesmo chão que você.

8/21/2009

Por uma arte não confinada

Jornal do Estado/Bem Paraná
A Galeria Cilindro, criação coletiva: na foto maior, a obra nascendo, no Parque Barigui; no detalhe ela transportada para o Centro de Criatividade (foto: Divulgação)

Reportagem visitou intervenções feitas por alguns dos cem artistas que estão participando da Bienal VentoSul, até outubro

Adriane Perin

Basta que a pessoa fique com uma carinha de interrogação para que uma intervenção urbana - algum tipo de “provocação” feita por artistas em espaços abertos das cidades, simploriamente explicando - atinja suas intenções. Se a pessoa entendeu ou sabia do que se tratava não é tão relevante. É o entendimento de Julio Leite, criador da Galeria Cilindro uma das intervenções da Bienal VentoSul, em cartaz em espaços fechados e também em praças, ônibus e janelas da cidade até outubro. Iniciada no Parque Barigui, a Galeria Cilindro agora está no Centro de Criatividade. Ela é uma das intervenções que a reportagem foi conferir de perto. Abaixo, o leitor encontra um breve roteiro do que está à solta pela cidade. São obras de nada menos que cem artistas em diferentes espaços (www.bienalventosul.com.br)
A Galeria nasceu na área externa de um caixa eletrônico cilíndricoo em Campina Grande, na Paraíba, terra de Leite. Ele não trabalha sozinho. Embora não seja um coletivo, sempre convoca outros criadores para ajudar a intervir em algum tipo de equipamento cilíndrico. Em Campina esse “equipamento” é fixo. Em Curitiba e Cuba, onde esteve em abril, são móveis. “Convidei outros artistas que estavam na cidade por conta da Bienal, japoneses, espanhois, alemães e os brasileiros Interlux e Bijari, de Curitiba e São Paulo, respectivamente. Andamos pela cidade de bicicleta vestidos de macacões vermelhos, elementos visuais que se transformaram na instalação”, explica. Eles estão pendurados nas paredes do Centro de Criatividade e no meio, a estrutura cilíndrica usada aqui”. A mobilidade tem a ver com a proposta da Bienal. “Cilindro é uma obra que dispensa autoria, ele as mistura. O projeto é meu, mas não termina. É sempre um começo que vai se desdobrando”, observa o autor, que está com a cabeça nessa criação desde 2004. Para Leite, trata-se de uma obra política, na medida em “que possa cooptar a arte contemporânea, os artistas conceituais. Também quer trazer a arte regional e quebrar alguns conceitos. Colocar na praça pública a chance de diálogo com a produção contemporânea”. E quebra com a previsibilidade de espaços pré-definidos. Neste sentido que ele defende a desimportância da pessoa saber que é uma ação artística. “Promove essa quebra de padrão, com esse ter sempre que entrar em galeria ou museu para ver arte. Encontrar uma ação urbana em logradouros públicos é enriquecedor para artista e público, e surpreende. Só que são obras efêmeras, pensadas para o lugar previsto”, pontua.
Para Leite, essa arte “confinada na realidade” é algo mais da modernidade, não pertence à a contemporaneidade, que “quebra o paradigma e a tira dos museus e galerias, procurando uma forma de diálago, que é positiva para um lugar como Curitiba, uma cidade com tantos parques, por exemplo”, comenta. “Se existe algo entre o trabalho e uma pessoa que passa, mesmo que seja uma tensão, é porque provocou algo. Ninguém olha para o que não lhe chamou a atenção”, finaliza.

“Você vai ir ou vai ficar?”



Na coluna Piracema da semana passada (que eu esqueci de postar, mas tá valendo), o novo disco do Je rêve de Toi. Cãofiram!

8/19/2009

14 Canções, belas melodias lo-fi

* Fernando Rosa (Senhor F)

Um das mais gratas surpresas do festival Rock de Inverno, em Curitiba, foi assistir/ouvir Giancarlo Rufatto a frente do grupo Hotel Avenida. A bela canção "Não sou um bom lugar" foi destaque na Parada Senhor F de junho, mas o show apresentou a outra faceta do músico. A de um intérprete visceral no palco, dono de uma performance estranha e, ao mesmo tempo, arrebatadora.

Giancarlo Rufatto é da estirpe de autores e compositores que transitam entre a sofisticada melodia e a interpretação lo-fi. Seu disco "14 Canções", embalado em um envelope de papel de pão, é um apanhado de belas composições, tanto em música quanto em letras/poesia. Nas letras, ele mergulha fundo na alma de sua geração, como um Lou Reed/Dalton Trevisan moderno.

A música "O Homem da Casa",também presente na Parada Senhor F de julho, é um dos destaques do disco, com sua levada folk. Já "Cante-me Álcool" traz lampejos dos melhores, mais tortos e sinceros momentos do brasiliense Renato Russo. Com este disco e outras obras, ele afirma seu lugar entre os principais nomes da cena independente nacional.

confira e baixe o disco aqui

8/18/2009

pinheiros e pequenas cidades

O céu passa veloz na janela do ônibus. Cheio de buracos azuis que se abrem entre nuvens densas e tensas. Daqui a pouco chove, quem sabe...
Espera. Enquanto vê pequenas estradas de terra marcadas de carros.
Indicam o sentido, rumo à velhas lembranças.
Viu, que preciosidade tinhas nas mãos, ainda garota? Uma a uma elas voltam nas pequenas rodoviárias que exigem paradas.
Nas velhas praças das pequenas cidades.
Pinheiros, pontes, restaurantes em meio a poeira que espessa o trajeto soprando emoções assentadas, remexendo sensações acalmadas. Largadas por segurança na borda das viagens.
Já não caminha sempre por aqui, mas toda vez reconhece as fitas da infância marcando o caminho de volta. Penduradas nas árvores.
Daqui a pouco a serra chega - e as pedras que choram.(adri)

pedaços de papel

Me armei pra tentar te acertar, te apertar e trazer pra perto. Passado o sonho parei em frente ao espelho e no vidro frio senti mãos quentes e a voz que recitava um poema seu. Reconheci e tentei outro passo.
Um abraço e o sussurro quente em meu pescoço.
Reconheci no espelho, pintadas, outras palavras. Minhas.
Letras em sonhos misturados e tempos (con)fundidos.
Nossa história de tentativas, erros e magia. E ainda posso ver magia em novas tardes. Mas perdemos algo.
Deixamos outras histórias. Deixei alguns sorrisos. Você me deu alguns.
Sorrisos bonitos, risadas raras. preciosas.
É bom te ver sorrindo e também te observei enquanto dormia.
E nesse espelho você aparece enquanto sonho. Não sorrindo, mas respirando bem tranquilamente; escondendo, talvez, seu pesadelo.
Ouço, encostada em seu peito quente, uma pulsação rápida. Seu corpo quente que me quer bem perto.
Estendo os braços... mas é só um espelho frio, nesse sonho.

8/17/2009

sem título de novo

a ponta da unha vermelho-alaranjada caprichosamente descascada não a deixa esconder que há dias tem se deleitado com afazeres de terra molhada, coisas corriqueiras, dispensadas antes, e pelos outros, e que lhe trazem o prazer igual ao de lavar a louça e cuidar de uma casa, que é sua, que se tornou nossa, depois de um almoço especialmente servido pruma pessoa que faz seu dia melhor. Ha! quem diria se a encontrasse muitos dias atrás...

afinal

demorou uns quase 30 anos, mas também descobriu que nos mais insuspeitos afazeres estão alguns dos pequenos mistérios que fazem a diferença nesses dias. demorou pra saber que até naquelas coisinhas da casa, naqueles cafés da manhã estavam um outro tipo de prazer, de um tipo que também se encontra nos livros e nas canções, mas que a gente não se deixa perceber que é dali que eles saem para queimar os olhos, atiçar os sentidos...

agora,mexe nas páginas dos livros procurando o que esqueceu em alguma entrelinha, o que dela se escondeu por tanto tempo.

não se engane, não tem a menor ideia do que seja. tateia, como sempre, mais uma hora, pra completar mais mum dia, fechar outra semana e novamente ser acordada por uma segunda-feira; novamente dar com a cara na porta de outro desejo que dependia de alguém que o largou ao lado...

não tem o que fazer; não tem o que dizer.agora, pelo menos. então a gente se tranca com isso tudo que não entende. e espera. um pouco. só espera. outra história de catarina. (Adri)

sem título

"O livro é um organismo vivo que me comanda - só me resta, portanto, obedecer. Não é o autor quem escreve os próprios livros, mas algo que existe em nós, em uma região que desconhecemos", de um escritor português que conhece muito de literatura brasileira, chamado Antonio Lobo antunes.

será dessa mesma regiões quem vêm as canções? me parece que sim, porque as pessoas, as melhores pessoas que conheço (o que não significa que são tão boas assim, pois carregam seus próprios pesos nas costas e têm que se virar com eles) também se comportam assim. Só lhes resta fazer o que lhes é impossível não fazer. (adri)

8/14/2009

Curitiba, 14 de agosto de 2009

Quando o teu mundo desmorona
E nada mais parece fazer sentido
Você volta pra casa e ouve uma velha canção
Que te diz pra deixar as lamentações de lado
Pois de nada adianta alimentar fantasmas
E mesmo que sua vida pareça ter se tornado um poema sujo
Rabiscado em um papel amassado esquecido em um canto da casa
Abra as janelas
Escancare as portas
E saia pra rua
Pois nada que você faça vai apagar a história

Se é verdade que tudo é vaidade
E que o mundo caminha em círculos num salto em direção ao nada
E mesmo que você sinta que seus melhores dias se foram
E seus melhores amigos te viraram as costas
ocupados demais com seus próprios problemas
Pra perceberem que você os ama
E que tudo o que fez é por eles também
não vale a pena deixar que isso o faça desistir

“não se pode frear a vida”
Já dizia o velho bardo ranzinza
E ao contrário do que o seu coração cansado
Possa tentar te fazer acreditar
A gente está só no começo

Coloque de novo a velha canção pra rodar
e você verá que tudo se ilumina
e que mesmo não sendo mais tão jovens
mesmo que já não tenhamos tanto futuro
mesmo que seja só por hoje
é assim que tem que ser
e assim será

no final só o que importa
e o que vai ficar é o que a gente viveu
e que sim foi muito bom
por todos os sorrisos e gestos de cumplicidade
e momentos ternos
que passamos juntos
fizeram os dias melhores
e nos tornaram especiais
muito acima da mediocridade com que o mundo tenta nos soterrar
muito além das mágoas que os derrotados cultivam
pra justificar seu vazio

chega de dar ouvidos a esses anjos tristes
de se torturar com perguntas sem resposta
a vida vai pra frente
e você faz melhor indo com ela

ilumine sua alma e espante os maus espíritos
agarre o presente e confie em seus instintos

porque o amar vai nos salvar de novo amanhã
porque está decretado que hoje é o dia do hoje
e não adianta fugir da vida
não há porque se fechar

eu quero viver
e quem viver, verá

8/13/2009

darma lovers

“juro que quero aprender/ como que faço pra brincar/ tirar o peso do planeta e por a bola pra rolar/ lembrar do mar e mergulhar/ ver o milagre renovado em nós”. do velho e bom Nenung sempre magistral, desde que o conheço.

The Darma Lovers, maravilhosos, simplesmente maravilhoso... quanto mais ouço, Mais preciso ouvir!!!
minha companhia pela cidade, que alivia os medos e dá coragem para enfrentar os monstros que volta e meia se soltam. (Adri)

8/11/2009

Peste bovina

não sou lá exatamente um "fã" do marcelo nova. prefiro ele como cantor, compositor a "polemista". mas aqui o cara matou a pau:

>“Parece que estamos enfrentando a peste negra na Idade Média. Quando você está doente, você se trata, não fica se borrando de medo ou lavando a mão a cada cinco minutos. Não podemos frear a vida, nos escondendo atrás de uma máscara ridícula daquelas. Eu fui tocar em Curitiba, vou para Londrina, não vivo num casulo. Não posso ficar doente por antecipação, achar que é a peste negra e que vamos todos morrer a qualquer momento.”

retirado daqui

perfeito. eu não conseguiria dizer melhor. essa histeria já ficou ridícula. como eu disse esses dias, sugiro as pessoas que se matem. solução definitiva para qualquer risco de contaminação da gripe suína e de todas as doenças.

Profissão de fé

Jornal do Estado/ Bem Paraná
Carlos Moraes faz “ficção autobiográfica” (foto: Divulgação)

Ex-padre e ex-preso político, o escritor Carlos Moraes registra sua memória ficcional em livros

Leonardo Vinhas/Especial para o JE

A apresentação é quase novelesca: padre em dúvida quanto ao sacerdócio é preso, larga a batina e, ao sair do cárcere, troca o bucólico interior gaúcho pela urbanidade terminal da capital paulistana, onde começa a trabalhar como repórter. Entretanto, o roteiro não é fictício, e são as conduções literárias dessa história que a tornam não apenas crível, mas extremamente envolvente.

É a história de Carlos Moraes, que trabalhou, dentre outras, nas revistas Realidade e Ícaro, sempre focado no jornalismo investigativo. Depois de uma tímida estreia literária batizada de Como Ser Feliz Sem Dar Certo, ele começou a apresentar suas memórias: primeiro as da prisão, em Agora Deus Vai te Pegar Lá Fora, e depois as de jornalista iniciante, em Desculpem, Sou Novo Aqui, todos pela Editora Record. Nessas duas últimas obras, um humor nada clerical se mistura a uma sensibilidade que tem mais humanismo que cristandade – ou remeta justamente ao cristianismo iniciante, ainda não contaminado pela caridade burguesa.

Desculpem, Sou Novo Aqui, lançado há alguns meses, ainda não obteve a repercussão que merece. É uma crônica ensaísta, uma história moderna que se vale do passado para questionar certas dificuldades pelas quais passa qualquer um que decide abandonar certezas de longa data. Um aviso para os incautos que não sabem o perigo representado por uma mulher com luzinha ou o poder revigorante de uma sauna fantasma.

Não sabe do que se trata? Calma: leia o livro e entenda a importância desses conselhos. E por ora, fique com uma conversa com o autor, na qual, apesar de algumas recaídas sacerdotais, ele não passa qualquer sermão.

Jornal do Estado — Seus dois últimos livros são um exercício de “ficção autobiográfica” ou se tratam de livros de memórias mesmo?

Carlos Moraes — Por ocasião do lançamento das minhas livres memórias de cadeia, Agora Deus vai te pegar lá fora, eu disse o seguinte: “um pouco disso tudo aconteceu aqui; outro pouco aconteceu também, mas não aqui; outro pouco não aconteceu nunca e outro pouco merecia ter acontecido”. Trocando a cadeia de Bagé pela cidade de São Paulo, a explicação é a mesma para Desculpem, sou novo aqui. Teu modo de dizer, “ficção autobiográfica”, é perfeito. Toda a invenção é memória e em toda a memória já há um pouco de invenção.

JE — Já se escreveu que o narrador de um livro nunca é o autor, é sempre outra pessoa. Mas a familiaridade com a qual o senhor trata os sentimentos do protagonista sugere que a história é ainda mais “factual” que o senhor afirma. Tanto que é quase irresistível se dirigir ao senhor como “padre”.

Moraes — É curioso. Alguns ex-padres logo se tornam leigos razoáveis. Outros parecem levar para sempre, no jeito de ser e pensar, as marcas do seu passado. Vários amigos ex-padres me disseram depois deste último livro: “puxa, mas como você continua padre”. É engraçado, porque sou do tipo meio gozador e corintiano. No livro, procurei manter uma certa candura perplexa do personagem diante do seu novo mundo, vindo como vinha do interior gaúcho e de mais de 20 anos de Igreja. Esse era um pouco eu e um pouco quem recomeça tudo do zero, em qualquer época De muitas pessoas ouvi: eu nunca fui padre e vivi em São Paulo muita coisa do que você conta.

JE – Aproveitando esse gancho: o que fez o senhor – não o personagem João – largar a batina?
Moraes — Foram muitos os fatores e faz quase 40 anos. Mas há uma fase da vida em que a tensão entre o indivíduo e a instituição se torna particularmente sufocante. Mais tarde a gente descobre que isso não acontece só no caso padre-Igreja, mas entre o casado e o casamento, entre o empregado e a empresa, e assim por diante. Na época, eu achava que o modelo de sacerdócio católico – viver economicamente da igreja e sozinho numa casa paroquial fria - não era necessário para a missão de pregar e celebrar o Evangelho. Me sentia um tanto condenado a salvar senhoras por sua vez condenadas à salvação. Na verdade, isso era injusto, mas na época era como me sentia. Continuo achando que o sacerdócio pode ser vivido de muitas maneiras. Esse atual modelo celibatário da Igreja não tem futuro, nem é evangélico. Com poucas exceções, Jesus só escolheu homens casados para seus apóstolos.

JE — Como o senhor vê a Igreja Católica e a atitude dos sacerdotes no Brasil ?

Moraes — Esta resposta merece um livro. Tenho lido muito sobre Igreja primitiva, Cristo histórico. Nas últimas décadas foram escritos muitos livros sobre esses temas. Obras rigorosas, isentas, respeitosas com a pessoa e a mensagem do primeiro Jesus, aquele de Nazaré antes que catedrais de dogmas e teorias sobre ele se abatessem. Lendo-as, a gente percebe o quanto foi tudo um processo histórico, da redação dos evangelhos à formação da Igreja, da hierarquia e da ortodoxia. É à luz desse Jesus primordial que a Igreja tem de rever suas posturas. O problema é que, ao longo dos séculos, ela se tornou um fim em si mesma, seus mandamentos são mais celebrados do que a mensagem evangélica em si, papas atravessam oceanos para falar de camisinha e não lhes passa pela cabeça relembrar uma daquelas lindas parábolas de Jesus. Sem falar de padres que conseguiram reduzir o cristianismo a uma luta sem tréguas contra a masturbação.

JE — O retrato da São Paulo de Desculpem, sou novo aqui não parece ter 30 anos. Parece que o senhor esteve lá há uma semana, é tudo muito atual. Pelo visto, São Paulo não é tão moderna e cosmopolita como muita gente parece acreditar.
Moraes — O cenário do livro é mesmo uma São Paulo dos começos dos anos 70. A região dos Jardins já era um ponto chique da cidade. A Vila Madalena já pintava como um feérico reduto alternativo. Mais tarde os Jardins viveriam uma certa baixa com a explosão dos shopping centers, mas agora ruas como a Oscar Freire retomaram e ampliaram toda uma nobreza quase perdida. A Vila Madalena teve seus ideais domesticados pelo consumo. Sua rebeldia virou point.

JE — O anacronismo parece estar no jornalismo. Era a época das grandes redações, realizando apurações cuidadosas. Hoje as redações “enxutas” parecem se pautar por outros princípios. O senhor concorda que houve uma grande mudança?
Moraes — Houve. Na extinta revista Realidade, onde me iniciei no jornalismo, a gente tinha até um mês para fazer uma matéria, que ficava assim entre a grande reportagem, o ensaio e a monografia. Mas tudo bem. Concisão não faz mal a ninguém, nem ao leitor. De qualquer modo, hoje informação é o que não falta, olha só essa profusão de sites, blogs e, agora, o twitter. O problema, acho, é a falta de cultura instalada, ou o excesso de cultura clicada.

JE — Se tomarmos a história do personagem dos últimos livros como sua, podemos acreditar que o senhor pode até não ter mudado de religião, mas certamente trocou de time – do Inter pelo Corinthians. Ou ser corintiano é um grande ato de fé?
Moraes — Nem me fala, nem me fala. Na noite em que Inter e Corinthians decidiram a Copa Brasil, a primeira metade da minha vida, gaúcha, jogava contra a segunda, paulistana. Grande dor essa de sentir a alma da gente sem saber pra que lado chuta. No dia seguinte, por penitência, tentei torcer pelo Grêmio contra o Cruzeiro, na decisão da Libertadores. Meu Deus, foi como torcer pelo Palmeiras aqui em São Paulo, mesmo sabendo que o palmeirense no fundo não passa de um gremista travestido de lagartixa. Falando sério, gostaria de escrever um livro chamado Como educar um filho na fé corinthiana. Mas, por enquanto, só tenho o título. O título e a epígrafe, o salmo 126, que é toda a história do Corinthians: “O que semeiam entre lágrimas, cantando colherão”. O salmista só não falou de série B e série A porque não eram coisas do tempo dele.

JE — O senhor tem um livro com o título Como ser feliz sem dar certo. A pressão pelo “dar certo” está criando seres humanos encolhidos espiritualmente, frustrados. É mesmo possível escapar dessa pressão?

Moraes — O livro conta histórias de pessoas que, por pequenas bobagens, chegaram a grandes iluminações. Gosto muito dessa idéia da bobagem que salva, da bobagem como epifania. O livro tentou ser uma brincadeira com essa explosão de auto-ajuda que vigora por aí. Afinal, o que é o sucesso? Ganhar dinheiro? Ser feliz no amor? Na profissão, por modesta que seja? Ter bons amigos? Ter fé e ser capaz de ouvir a música que rege o baile da vida? Sucesso, felicidade e celebridade são coisas muito diferentes. Sinto que, em geral, a auto-ajuda se limita a técnicas que não mudam o coração. O que é um perigo. Um mau-caráter bom em técnicas de relaxamento vai ser apenas um mau-caráter mais relaxado. Mais perigoso.

JE — Conselhos não faltam ao João de Desculpem... O senhor recomenda alguns desses conselhos aos leitores?
Moraes — Não, não aconselho. Jefferson é uma machista grosseiro; Pessoinha é um feminista assustado; o Barbato é um anti-feminista amargo; Maura uma boazuda inconseqüente. Draúzia sim, mesmo com esse nome de raio, essa sabe das coisas.

JE — E uma última pergunta: mulher com luzinha ainda é um perigo?
Moraes — Eternamente. Um doce, abençoado e necessário perigo.

Esses são os caras que dizem falar em nome de Deus e que querem ditar normas de moral...

Folha de São Paulo (para assinantes)

Juiz acata denúncia contra líder da Universal

Edir Macedo e mais 9 são réus em processo por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro; defesa diz que igreja é perseguida

Dados do Coaf apontam que as transferências atípicas e os depósitos bancários em espécie da igreja somaram R$ 8 bilhões de 2001 a 2008

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL


A Justiça recebeu ontem denúncia do Ministério Público de São Paulo e abriu ação criminal contra Edir Macedo e outros nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
A denúncia, aceita pelo juiz Glaucio Roberto Brittes, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, resulta da mais ampla apuração sobre a movimentação financeira da igreja já feita em seus 32 anos de existência.
Iniciada em 2007 pelo Ministério Público de São Paulo, a investigação quebrou os sigilos bancário e fiscal da Universal e levantou o patrimônio acumulado por seus membros com dinheiro dos fiéis, entre 1999 e 2009 -embora não paguem tributos, igrejas são obrigadas a declarar doações que recebem.
Segundo dados da Receita Federal, a Universal arrecada cerca de R$ 1,4 bilhão por ano em dízimos. As receitas da igreja superam as de companhias listadas em Bolsa -e que pagam impostos-, como a construtora MRV (R$ 1,1 bilhão), a Inepar (R$ 1,02 bilhão) e a Saraiva (R$ 1,09 bilhão).
Somando-se as transferências atípicas e os depósitos bancários em espécie feitos por pessoas ligadas à Universal, o volume financeiro da igreja no período de março de 2001 a março de 2008 foi de cerca de R$ 8 bilhões, segundo informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda que combate a lavagem de dinheiro.
A movimentação suspeita da Universal somou R$ 4 bilhões de 2003 a 2008.
A denúncia foi assinada pelos promotores Everton Luiz Zanella, Fernanda Narezi, Luiz Henrique Cardoso Dal Poz e Roberto Porto.
Reportagem da Folha publicada em dezembro de 2007 revelava o patrimônio da Igreja Universal do Reino de Deus acumulado em mais de 30 anos -o que incluía um conglomerado empresarial em torno dela. Após a publicação, fiéis da igreja entraram com ações por dano moral contra o jornal, no país todo (leia texto abaixo).
O xis do problema, para os promotores, não reside na quantia de dinheiro arrecadado, mas no destino e no uso que lhe foi dado pelos líderes da igreja no período investigado. Um grande volume de recursos teria saído do país por meio de empresas e contas de fachada, abertas por membros da igreja, e foi depois repatriado também por empresas de fachada, para contas de pessoas físicas ligadas à Universal.
Os recursos teriam servido para comprar emissoras de TV e rádio, financeiras, agência de turismo e jatinhos.

Para a investigação, isso fere dois princípios legais.
Empresas privadas pagam impostos porque o propósito de suas existências é o lucro. Igrejas, pela lei brasileira, não pagam tributos porque suas receitas, em tese, revertem para o exercício da fé religiosa, protegida pela Constituição.
Quando o dinheiro oriundo da fé é desviado para comprar e/ou viabilizar empresas tradicionais, que têm o lucro como finalidade, a imunidade tributária está sendo burlada.
O outro problema, com base na denúncia, diz respeito ao direito dos fiéis da Universal a que os recursos revertam para a igreja. O uso de recursos para outras atividades seria um desvio de finalidade, do qual fiéis e a Universal seriam vítimas.

Depósitos atípicos
Segundo o Ministério Público de São Paulo, os recursos da Universal eram transportados em jatinhos e foram depositados em contas definidas pelos bispos, principalmente no Banco do Brasil e no Banco Rural.
Duas empresas que seriam de fachada recebiam o grosso dos depósitos, segundo a denúncia -a Unimetro Empreendimentos S/A e a Cremo Empreendimentos S/A.
"As empresas Unimetro e Cremo não apresentaram qualquer movimentação que indicasse atividade de comércio. De fato, trata-se de empresas de fachada", relata a denúncia. As duas empresas encontram-se instaladas no mesmo endereço, que também consta como sede da Clínica Santo Espírito. Nenhuma apresenta qualquer indício de atividade comercial, dizem os promotores.
Entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, a Unimetro recebeu em duas contas, no Banco do Brasil e no Banco Rural, um total de R$ 19,2 milhões. Em sua grande maioria, a movimentação foi proveniente de transferências eletrônicas.
A empresa Cremo, no mesmo período, totalizou R$ 52,1 milhões em créditos em três contas, no Banco do Brasil, Banco Rural e Banco Safra.
As duas empresas remetiam os recursos, por sua vez, às companhias Investholding Limited e Cableinvest Limited, localizadas em paraísos fiscais (ilhas Cayman e ilhas do Canal, respectivamente).
O dinheiro retornava ao país em forma de contratos de empréstimos a laranjas, usados para justificar a aquisição de empresas e imóveis ligados à Universal, segundo a denúncia.
Descreve o texto da promotoria: "Podemos citar como exemplo a compra da TV Record do Rio de Janeiro. A empresa foi adquirida em nome de seis membros da Igreja Universal do Reino de Deus, que justificaram a origem da transação (avaliada em US$ 20 milhões) através de empréstimos junto às empresas Investholding e Cableinvest". Outro exemplo usado na denúncia é o da TV Itajaí, também comprada com recursos oriundos da Cremo.
As remessas de dinheiro da Investholding foram feitas de agências do Banco Holandês Unido, em Miami e Nova York.
As remessas da Cableinvest teriam se dado de forma distinta. Os dólares foram levados até a Cambio Val, uma das maiores casas de câmbio do Uruguai, e trocados por moeda brasileira.
Em 1992, a Investholding remeteu ao menos US$ 6 milhões para o Brasil. De 1992 a 1994, a Cableinvest trocou US$ 11,96 milhões por moeda nacional na casa de câmbio Val, no Uruguai. A origem de todo esse dinheiro foram os dízimos dos fiéis, sustenta a denúncia.

8/10/2009

Nevilton, de Umuarama para o mundo

mais uma matéria da Gazeta do Povo, citando o Rock de Inverno.

Cristiano Castilho

O cenário é um bar de Umuarama, oeste do Paraná. Uma banda se divertia tocando covers de Weezer e Placebo. Antes, um garoto de 18 anos interpretava clássicos da MPB em seu violão. Pronto.

De certa forma o primeiro encontro dos atuais membros da banda Nevilton, em 2005, resume o que é o grupo hoje: uma mistura certeira de música brasileira ao rock dos anos 1990, com ênfase em solos de guitarra e em pulos acrobáticos.

Nevilton de Alencar Júnior, de 22 anos, Tiago Inforzato e Fernando Livoni, ambos de 28, são um power trio que fazem jus à definição. A banda de Umuarama – remanescente do extinto quinteto Superlego –, roubou a cena em pelo menos dois festivais recentes. Deixaram o Pato Fu a ver navios no PMW, realizado em junho em Palmas, no Tocantins; e fizeram com que o frio fosse esquecido no Rock de Inverno 7, realizado em Curitiba há três semanas. Também foram destaque na Rolling Stone, revista especializada em cultura pop.

“A gente é muito maluco mesmo. Ouvimos de tudo e graças a Deus não nos prendemos a nada. Gosto muito de Belchior, mas ao mesmo tempo fico maluco com Pavement. Ontem passei o dia inteiro ouvindo um disco do Mussum, Chiclete de Hortelã”, diz Nevilton, com voz tímida que contrasta com a energia que demonstra sobre o palco.

Formado em Letras, o garoto do interior personifica as características de bandas independentes atuais. Além da vontade de criar algo maior, “que faça diferença”, investe todo o tempo que tem na carreira.

“As pessoas estão acordando para isso. Tem que fazer o trabalho de forma planejada, só assim que o independente funciona. As novas bandas estão caprichando no material de divulgação e na gravação das músicas”, diz Nevilton, que, apesar da pouca idade, tem história.

Ele e o baixista – Tiago, o “Lo­­bão” –, passaram um tempo em Los Angeles, aprimorando o inglês, mas também se divertindo. “To­­cávamos em um café mexicano toda quarta-feira e trabalhamos na equipe de apoio de eventos. Vimos shows de graça de Incubus e Guns N’ Roses”, explica.

O que veio na bagagem, em meados de 2007, também ajudou o grupo com as primeiras gravações. “Fiz um investimento maluco. Trouxe microfones e vários aparelhos e montei um mini-estúdio em casa”, diz o músico, também fã de Luiz Gonzaga, Sá & Guarabira e Nirvana.

Depois de vários EPs – alguns deles gravados no porão da papelaria da família de Nevilton, “em meio a caixas vazias de papel” – o primeiro disco será lançado em breve, mas sem pressa.

Gravado no estúdio YB, em São Paulo, por onde já passaram RPM, Trio Mocotó e Black Rio, o disco fez o trio ficar duas semanas enclausurado, em março deste ano. Pouco tempo perto dos três meses de ensaios prévios e nada se comparado aos shows para angariar recursos. “Tocamos loucamente para levantar a grana”, diz Nevilton.

O álbum se chamará De Verdade – brincadeira com o fato de ainda não disporem de um disco físico – e terá 14 músicas. Entre elas “A Máscara”, uma das mais pedidas nos shows. Na mixagem, participou Tomás Magno, discípulo do produtor Tom Capone. O baiano produziu também os discos das curitibanas Anacrônica, Sabone­tes, Terminal Guadalupe e Fuja Lurdes.

Apesar do avanço e da seriedade – ao menos profissional – os pulos nos palcos e na vida não devem parar.

“Se eu não me divertir com minha música, como vou querer que os outros se divirtam?”, pergunta Nevilton, nome e voz de uma banda que aos poucos vai dizendo adeus ao interior do Paraná. O grupo deverá se mudar para São Paulo em breve. “O mercado é melhor, estrategicamente falando. Há mais espaços e possibilidades”.

8/06/2009

Curitiba Sônica dá impulso para talentos

Gazeta do Povo de hoje

Adiado para o próximo dia 15 devido ao surto de gripe A, evento reúne 12 bandas para gravar disco no TUC

Cristiano Castilho

Passadas quase três semanas desde o Rock de Inverno 7, festival que trouxe a Curitiba o grupo paulista Fellini e mais 13 atrações – a maioria local –, bandas independentes da cidade continuam a mostrar sua força, mesmo tendo que driblar a gripe A (H1N1). A partir do próximo dia 15, o Curitiba Sônica leva 12 bandas de várias vertentes musicais e épocas distintas ao TUC – Teatro Universitário de Curitiba, para shows e gravação de um CD ao vivo.

Inicialmente planejado para começar no próximo sábado, dia 8, com o show do Our Gang, o pontapé inicial do evento foi adiado em uma semana. A banda Alameda abrirá a sequência de 12 shows, que seguem até o início de 2010 – confira a agenda e mais informações sobre as bandas ao lado.

“A Fundação (Cultural de Curitiba) adiou ou cancelou vários eventos e deixou em aberto a decisão para os produtores que não fazem parte da entidade. Eu achei melhor adiar também”, explica Fernando Lobo, músico e produtor executivo do Curitiba Sônica.

O projeto foi contemplado em 2009 pelo Edital Bandas de Garagem da Fundação Cultural de Curitiba, por isso se assemelha muito ao GGG – Grande Garagem Que Grava, pioneiro nesses moldes, que pretende alavancar a carreira de bandas já conhecidas do público por meio da gravação de discos.

“Nossa ideia sempre foi revelar as bandas e projetá-las. Não só em Curitiba, como no Brasil e no mundo. O edital prevê a gravação de CDs e a prensagem de 200 cópias por banda”, explica Lobo. Ao total, serão 240 discos que serão distribuídos a veículos de comunicação especializados. Haverá também um box contendo um disco de cada banda, comercializado depois do término das gravações, e lançado na Cinemateca de Curi­tiba. Antes disso, todo o processo será registrado e publicado em tempo real no site do evento.

Em comum, as bandas têm o fator público – sejam elas novatas, como a Liquespace, ou veteranas como a Tods – e a necessidade de um material de divulgação: o disco. A escolha dos grupos, segundo Lobo, foi baseada em critérios dos próprios organizadores.

“Procuramos bandas com qualidade mínima e de que a gente gostasse. Achamos que essas tem potencial para ir para a frente depois do lançamento do disco”, diz o produtor, que dividiu o texto do projeto inicial com mais três pessoas, “todos músicos ou ligados à musica”.

Fernando Lobo, de 32 anos, foi responsável pela realização do Curitiba Pop Festival, em 2003, que levou Nação Zumbi e a banda norte-americana The Breeders à Ópera de Arame, em Curitiba. A vinda de Pixies para a cidade, no show histórico que a banda fez na Pedreira Paulo Leminski, em 2004, também passou pelas mãos do produtor.

* * *

Serviço

Curitiba Sônica. A partir do dia 15 de agosto. TUC – Teatro Universitário de Curitiba (Gal. Júlio Moreira – Lgo. da Ordem), (41) 3321-3312. Entrada franca.

Na internet: www.curitibasonica.com.br

Programação

O evento começa no próximo dia 15, com o show da banda Alameda. Todas as apresentações começam às 20 horas

Our Gang - Data a confirmar - Remanescente do E.S.S., mistura synthpop, hip-hop e disco-pop - www.myspace.com/ourgangfm

Alameda - 15/08 - Rock inglês que valoriza as guitarras - www.myspace.com/alamedarock

Caio Marques - 28/08 - Rap, hip-hop e samba com o mentor da banda Bad Folks - www.myspace.com/caiomarques

Easy Players - 19/09 - Reflete nomes como Cowboy Junkies e Smog - www.myspace.com/eplayers

Liquespace - 26/09 - Destaque do Rock de Inverno 7, traz a nova MPB

Boss in Drama - 10/10 - Capitaneado por Péricles Martins, investe na música de pista - www.myspace.com/bossindrama

Subburbia - 24/10 - Electro-rock com vocalista performático - www.myspace.com/subburbia

Rockajenny - 14/11 - Pop-punk urgente - www.myspace.com/rockajenny

Tods - 21/11 - Grupo de guitar-pop pioneiro em Curitiba, é denso e introspectivo - www.myspace.com/todscwb

Supercross - 05/12 - Melodias complexas e texturas de guitarra elaboradas - www.myspace.com/supercrossrock

Olímpicas Esferas - 16/01/2010 - Pop rock experimental e boas letras - www.myspace.com/olimpicasesferas

Folktrio - 30/01/2010 - Rock com influências de música de raiz irlandesa - www.myspace.com/folktrio

Rock de Inverno 7 no Bastidores do Multishow

8/04/2009

Rock de Inverno 7 no Scream Yell

"O saldo final foi bastante positivo com destaque para o bom som da casa, boas apresentações e uma organização competente, o Rock de Inverno continua servindo como 'vitrine' para as bandas locais e mostrando que um bom festival começa a ganhar forma na seleção do seu elenco. Um grande alento para umas das cenas mais férteis do Brasil, que devido à desorganização (e principalmente a vários egos inflados) ainda está muito longe de se consolidar nacionalmente. Curitiba ainda tem muito a aprender com o Rock de Inverno."

por Murilo Basso, no Scream Yell. Confira lá o texto na íntegra.

Rock de Inverno 7 no "Rock em Geral"

"Mais do que um festival de bandas, o Rock de Inverno mostrou boa renovação para o cenário, local e nacional. Repararam que não tocaram bandas do tipo “cover com música própria”? Que não tinha banda de hard–emo-core? Que na hora de falar de uma ou outra banda, não precisei citar referências, ao menos não diretamente? Tudo isso prova que tem gente buscando fazer coisas novas. E fica a sugestão para os outros festivais independentes que acontecem nesse congestionado segundo semestre: olhem para quem tocou no Rock de Inverno antes de fechar o elenco de vocês com as mesmas bandas de sempre."

de Marcos Bragatto, do site Rock em Geral.

Rock de Inverno 7 no Multishow

E nesta quarta-feira, dia 05, as 21h30, vai ao ar o programa Bastidores, do canal Multishow, com a cobertura do Rock de Inverno 7. Pra quem como eu não tem TV a cabo, dá pra conferir depois o programa no site deles aqui.

8/03/2009

Rock de Inverno 7 no blog do Beto Só

"Eu andava bastante inseguro com shows desde que tocamos em Belo Horizonte, em um lugar cheio de gente, mas com a grande maioria dos presentes nos ignorando. Curitiba lavou minha alma. Aquele pequeno punhado de gente me fez achar que a coisa toda é de verdade e que vale muito à pena. Que venham outros. Mesmo que demorem, não há problema. Aprendi a esperar e a aproveitar esses bons momentos. Ainda bem."

do blog do Beto Só

Rock de Inverno 7 no Mondo Bacana

O Mundo Bacana publicou uma extensa cobertura sobre o Rock de Inverno 7, assinada por Bianca Sobieray, Fernando Souza e Getúlio Guerra. Confere lá.