8/10/2009

Nevilton, de Umuarama para o mundo

mais uma matéria da Gazeta do Povo, citando o Rock de Inverno.

Cristiano Castilho

O cenário é um bar de Umuarama, oeste do Paraná. Uma banda se divertia tocando covers de Weezer e Placebo. Antes, um garoto de 18 anos interpretava clássicos da MPB em seu violão. Pronto.

De certa forma o primeiro encontro dos atuais membros da banda Nevilton, em 2005, resume o que é o grupo hoje: uma mistura certeira de música brasileira ao rock dos anos 1990, com ênfase em solos de guitarra e em pulos acrobáticos.

Nevilton de Alencar Júnior, de 22 anos, Tiago Inforzato e Fernando Livoni, ambos de 28, são um power trio que fazem jus à definição. A banda de Umuarama – remanescente do extinto quinteto Superlego –, roubou a cena em pelo menos dois festivais recentes. Deixaram o Pato Fu a ver navios no PMW, realizado em junho em Palmas, no Tocantins; e fizeram com que o frio fosse esquecido no Rock de Inverno 7, realizado em Curitiba há três semanas. Também foram destaque na Rolling Stone, revista especializada em cultura pop.

“A gente é muito maluco mesmo. Ouvimos de tudo e graças a Deus não nos prendemos a nada. Gosto muito de Belchior, mas ao mesmo tempo fico maluco com Pavement. Ontem passei o dia inteiro ouvindo um disco do Mussum, Chiclete de Hortelã”, diz Nevilton, com voz tímida que contrasta com a energia que demonstra sobre o palco.

Formado em Letras, o garoto do interior personifica as características de bandas independentes atuais. Além da vontade de criar algo maior, “que faça diferença”, investe todo o tempo que tem na carreira.

“As pessoas estão acordando para isso. Tem que fazer o trabalho de forma planejada, só assim que o independente funciona. As novas bandas estão caprichando no material de divulgação e na gravação das músicas”, diz Nevilton, que, apesar da pouca idade, tem história.

Ele e o baixista – Tiago, o “Lo­­bão” –, passaram um tempo em Los Angeles, aprimorando o inglês, mas também se divertindo. “To­­cávamos em um café mexicano toda quarta-feira e trabalhamos na equipe de apoio de eventos. Vimos shows de graça de Incubus e Guns N’ Roses”, explica.

O que veio na bagagem, em meados de 2007, também ajudou o grupo com as primeiras gravações. “Fiz um investimento maluco. Trouxe microfones e vários aparelhos e montei um mini-estúdio em casa”, diz o músico, também fã de Luiz Gonzaga, Sá & Guarabira e Nirvana.

Depois de vários EPs – alguns deles gravados no porão da papelaria da família de Nevilton, “em meio a caixas vazias de papel” – o primeiro disco será lançado em breve, mas sem pressa.

Gravado no estúdio YB, em São Paulo, por onde já passaram RPM, Trio Mocotó e Black Rio, o disco fez o trio ficar duas semanas enclausurado, em março deste ano. Pouco tempo perto dos três meses de ensaios prévios e nada se comparado aos shows para angariar recursos. “Tocamos loucamente para levantar a grana”, diz Nevilton.

O álbum se chamará De Verdade – brincadeira com o fato de ainda não disporem de um disco físico – e terá 14 músicas. Entre elas “A Máscara”, uma das mais pedidas nos shows. Na mixagem, participou Tomás Magno, discípulo do produtor Tom Capone. O baiano produziu também os discos das curitibanas Anacrônica, Sabone­tes, Terminal Guadalupe e Fuja Lurdes.

Apesar do avanço e da seriedade – ao menos profissional – os pulos nos palcos e na vida não devem parar.

“Se eu não me divertir com minha música, como vou querer que os outros se divirtam?”, pergunta Nevilton, nome e voz de uma banda que aos poucos vai dizendo adeus ao interior do Paraná. O grupo deverá se mudar para São Paulo em breve. “O mercado é melhor, estrategicamente falando. Há mais espaços e possibilidades”.

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