11/27/2018

Um Começo Outra Vez


 Um som começa a rolar em casa e me pergunto: que som é esse? Até que entra a guitarra... Ah, é Imof!! Sim, é Imof, mas a música é nova, pode-se dizer

Terceiro single do projeto Santos Marti Amatuzzi & Castel, "O Começo Outra Vez" ganhou um novo olhar do Martinuci, especialmente, que recriou a obra iniciada por Ivan, com participação de Luigi Castel e Igor Amatuzzi, ambos parças das antigas da De Inverno - Igor mais das antigas ainda, de bem antes de sequer pensarmos em algo como a  De Inverno.  Além de um dos primeiros parceiros do Ivan, foi um dos fundadores d’OAEOZ e tem uma penca de outras belas canções na bagagem.



SMA&C é um projeto que envolve gente com estrada na música.  Todos os envolvidos já criaram grandes canções e seguem contribuindo para alimentar essa via  paralela ao mainstream.


A primeira versão era mais simples, direta e visceral. Agora, mudou tudo – tanto que inicialmente nem reconheci. O baixão abrindo o som e só depois liberando a entrada do guita em riff, ficou muito show! Deu um corpo diferente para canção – corpão violão? Hahahaha. O jeito e a intenção ao cantar, os detalhes de uma bateria que agora combina criações de Igor e do Luigi e, claro, as tramas em cordas colocaram a canção em outro patamar de sofisticação. Pra mim, que gosto de um som cru, tanto quanto daqueles que combinam bem algumas firulas que tenham a ver, as duas versões interessantes.

Ele sabe que nada mais é o que parece

Se contenta com migalhas então esquece
Ele sabe que nada mais é o que parece
Se contenta com migalhas e então esquece
E no fim o começo outra vez te leva pro mesmo lugar
E fugir, se esconder não faz mal
Mas, também não vai adiantar
E no fim o começo outra vez
te leva pro mesmo lugar
E fugir, se esconder não faz mal
Mas também não vai te salvar.
Ele sonha com motivo pra ficar acordado
Se cansou de esperar o futuro
E viver do passado
E no fim... o começo outra vez te leva pro mesmo lugar
E fugir, se esconder é normal, mas também
Não vai te salvar

https://soundcloud.com/santosmartiamatuzzicastel/o-comeco-outra-vez


O SMA&C nasceu depois que o Imof terminou, mas não acabou nem com a vontade de fazer música. Martinuci é um perfeccionista. Se depender dele, a impressão que tenho, é que a música não acaba nunca. Isso tem um lado bom, quando a pessoa (como é o caso do Marti) tem um estofo e talento musical teórico também. A combinação do jeito do Ivan com o jeito do Martinuci deu bons frutos e estas três gravações lançadas até agora são o sinal mais bem acabado do potencial.  Os dois são compositores – imagino que isso dá uma cancha dos dois lados para entender certo melindres que poderiam acontecer quando alguém ‘mexe’ na música de outro alguém.  Observando daqui de perto, posso dizer que a química trouxe uma boa descoberta.  De um lado, tem a pegada visceral, espontânea  e de retratos instantâneos que o Ivan gosta de ‘captar’. Já o ouvi falando várias vezes sua teoria (que eu gosto) de que um disco é o registro de um momento: a banda era aquilo ali, com suas qualidades e defeitos. Por outro lado, trabalhar com Martinuci, pra mim é claro, trouxe um outro tipo de experiência musical para o Ivan. Outros tipos de experiências,  seria mais correto dizer. 
Longas, muitas vezes cansativas, tratativas sobre cada instrumento, gravações, mixagens, masterização que podem levar meses para finalizar uma única musica, com chances de provocar um cansaço natural com a vida, cobra um preço e, imagino, que surgem momentos de ‘não aguento mais ouvir isso. quero terminar”.  Por outro lado, tem o prazer, imagino também, de ver uma música sua ganhar outras nuances pelo olhar de alguém que viu outros caminhos possíveis. É muito legal essa troca e sei que o ele curte também. Ambos, curtem.  Outra coisa nessa experiência é dividir, efetivamente, a criação de todo o processo, algo que muitas vezes ficou nas mãos de uma pessoa só e agora se concretiza com mais trocas e compartilhamento de responsabilidades criativas...
É só ouvir as versões novas e notar nos detalhes das camadas instrumentais as diferenças, apreciar essa nova chance de ouvir uma canção que achei que já conhecia e que voltou a me surpreender. 



https://soundcloud.com/santosmartiamatuzzicastel/sem-acreditar

E, vamos falar de uma nova, mesmo, canção.  Essa eu só tinha ouvido com voz e violão.
Do Lado de Cá da Cidade é um texto incrível, e bastante antigo, do Mario Bortolotto. 



https://soundcloud.com/santosmartiamatuzzicastel/do-lado-de-ca-da-cidade

Nem sei quanto tempo faz que o Ivan vai e vem com essa canção.  Eu não via a hora dela, finalmente, ganhar vida diante de outros ouvidos. Faz muito tempo que ouço as tentativas no violão - e lembro muito bem das primeiras. Ele dedilhando e cantando baixinho, se batendo para encaixar o texto sem nenhuma mudança... e como parecia longo, texto e música, no começo.  Engraçado é que agora nem acho a música tão  longa assim... rsrs. Ela ficou simples e elegante. Eu curti esta sua primeira encarnação. Ainda quero ver em um show, mas isso já é outra história, porque o SMA&C nasceu como um projeto, sem intenção de ser uma banda com aquela rotina cansativa de produção.  É bem como diz o release: um grupo de amigos músicos que gosta de se encontrar para tocar e que sente, volta e meia, a necessidade de, também, registrar alguns momentos destes.  Estamos,  também na De Inverno, em outro momento da vida. Já não temos os mesmos objetivos, as mesmas vontades e tampouco a energia necessária para encarar as correrias de produções seguidas e de toda labuta que é pra uma banda estar no circuito. É apenas outra fase, com novas vontades.  O que o futuro reserva, só vivendo pra saber. Mas, de uma coisa estou certa: será um futuro com música e muitas divagações escritas!

10/10/2018

Dizem por aí

Dizem por aí que perdi meu tempo
e que é chegada a hora do acerto.
não me perco,
nem me entendo
continuo contando nos dedos, perambulando,
tentando esquecer que um dia fugi.
Dizem por aí que esgotei meu sonho
dormindo em cama erradas
que larguei, desmazelada, as mãos cortadas sobre coxas morenas
aberta, machucada, soltei um grito doído.
mas só no arrebentar do meu peito é que ele foi ouvido.



Agora eu vou tropeçar na vida
de cara jogada na grama
resvalar, cair na calçada brilhante de chuva



os laços ficam por um fio
fino fio de linha
pendurados
pesando esticados
os sentimentos somem na luz
da escuridão
lodo de sensações
controversias
chafurdam corações gelados
desesperados
despencados
em uma manha fria de inverno.



(você acha mesmo que gosto de ser assim?
sou assim porque não tem outro jeito
não consigo ser um outro, até nisso.
meus olhos chorarm quando querem
não me obedecem
 e alheios às minhas ordens
 transbordam quando bem entendem
se enchem de meus delírios
e escorrem
esparramam gotas salgadas que deixam marcas no canto das bochechas vermelhas.)

8/01/2018

Dez anos de "Falsas baladas e outras canções de estrada" - OAEOZ






Há dez anos o OAEOZ lançava seu “canto do cisne”, um box set com dois discos: “Falsas baladas e outras canções de estrada”, com oito faixas gravadas no estúdio do guitarrista Carlos Zubek; e o “Ao vivo na Grande Garagem que Grava”, com cinco músicas gravadas, como já diz o título, na Grande Garagem que Grava mantida pela Chefatura Records de Luiz Antonio Ferreira e Rodrigo Barros Del Rei, do Beijo AA Força.
“Falsas baladas” tinha Ivan Santos (violão, voz, teclados, guitarras), Carlos Zubek (violão, voz, guitarras), André Ramiro (guitarra), Rodrigo Montanari (baixo, voz) e Hamilton de Lócco (bateria). E assim como em outros discos, também incluía a participação de vários amigos e parceiros, como Igor Amatuzzi tocando trompete em “Negativa”, e Desiré Amarantes tocando violino em “Pra longe”. O design da capa foi feito por Giancarlo Rufatto a partir de ilustrações de Hamilton de Lócco.
As parcerias também estavam nas composições. “Distância” é uma música de Ivan Santos feita a partir da adaptação de textos de Adriane Perin e Rubens K. “Negativa” é um poema de José Fernando da Silva, musicado por Ivan.
“Falsas baladas...” foi lançado originalmente pelo selo Senhor F Virtual, do jornalista Fernando Rosa, que na época completava dez anos, atingindo 140 mil downloads. E na época, segundo o próprio selo, foi o segundo disco mais baixado. A versão física em CD teve apoio das Livrarias Curitiba e Tecnicópias.

Para comemorar, estamos disponibilizando o disco para ser ouvido/baixado no soundcloud. 

Abaixo, algumas impressões sobre o disco publicadas:


"Com 'Falsas Baladas...' o OAEOZ lança um disco que em nenhum momento parece fácil e gratuito, que para ser apreciado precisa ser tocado por vezes e mais vezes, mas que a partir do momento que você acredita nas canções, fica difícil não gostar."


"Com dez anos de estrada, o quinteto curitibano alcança a maturidade musical em um álbum que impressiona pela maneira que despe sentimentos, desejos e sonhos. "

Marcelo Costa, Scream Yell.


Folha de Londrina

Banda curitibana OAEOZ chega à maturidade sonora com novo álbum ‘Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada’

Mesmo que em seus onze anos de existência a banda curitibana OAEOZ tenha zelado pela imagem de uma banda bastante adulta, é com o novo álbum ''Falsas Baladas e Outras Canções de Estrada'' que eles chegam, de fato, à maturidade sonora. Ao mesmo tempo em que as novas músicas estão mais ricas em arranjos, o grupo limou alguns excessos do passado, principalmente em relação aos vocais, que estão mais contidos (antes, quando o vocalista era mais expansivo, a melodia se perdia).
Nas oito canções do novo trabalho, o que se ouve é rock adulto, sofisticado, de músicas geralmente lentas, mas que também tem seus momentos agitados, com inspiração nos alternativos paulistas dos anos 80, como Ira! e Fellini. É música feita por gente normal, que você encontra pela rua diariamente, sem uma produção visual, seja no palco ou fora dele.
O confronto de músicas mostram uma banda versátil. Enquanto ''Ninguém Vai Dormir'' esbanja adrenalina rock'n'roll, ''Distância'' destaca-se como a mais introspectiva do disco. Em ''Negativa'' os arranjos são minimalistas, enquanto ''Impossibilidades'' é generosa em recursos e elementos. Esta última foi lançada como single no ano passado, assim como o folk rock auto-referente ''Uma canção Para OAEOZ''.
Este lançamento pode ser considerado de luxo, pois vem acompanhado de um outro CD, ''Ao Vivo Na Grande Garagem Que Grava'', acomodados em um elegante box de papel cartão. No disco ao vivo, a banda apresenta cinco faixas inéditas. E apesar da gravação ao vivo ser crua, em relação à de estúdio, as músicas mantêm uma alta dose de sofisticação.

Rodrigo Juste Duarte

“Guardadas as devidas proporções e diferenças musicais, as letras lembram uma outra banda de Curitiba, que também tem trabalho novo à mostra, falo da OAEOZ (www.myspace.com/oaeoz), mais veterana, com dez anos de estrada e cinco discos. As duas mostram esse “deslocamento”, essa falta de lugar em um mundo que atropela quem pára para pensar ou sentir. Esse ser é torto, tímido, “gauche”, como definiu Drummond. Vou dar um só exemplo, mas não quero que pensem que as bandas são parecidas, apenas coincidentes em certas palavras: “O fim que chega toda manhã/ quando você fica na cama dormindo sozinho”, diz a letra de “Distância”, de OAEOZ. “Todas as noites quase morro/ Para renascer cada manhã” é o início da música “Heróis”, da banda Nuvens”

Gazeta do Povo – Acordes Locais – Luiz Cláudio Oliveira


O ÁLBUM BRANCO D'OAEOZ

Dúvida! Não sei se a vida inspira os phatos ou é arte?
Teu disco me recorda a resenha do último disco da Legião que li na
Bizz, o disco era "Tempestade" e o crítico foi muito feliz no
prognóstico - acho que o papel da resenha é levar a ouvir o disco
Sonoramente teu ao vivo pega gancho no Banquete dos Mendigos no
próprio AEOZ e Pink Floyd. Melâncolico ou mórbido? Mas o título é
dúbio falsas baladas e outras canções de estrada - se vc trocar os
discos de capinha tanto faz...
Rock Adulto? Entonação oitentista (Zero) Ballet Bauhaus Novo Cinema
Alemão Rock Teatral e a maior homenagem a Nei Lisboa, o disco que ele fez com outro nome - Disco da noite/dia luz/ - o tema do sol é lindo como uma banda que me esqueço o nome agora - ramo do Bauhaus mas tem aquele outro cantor australiano que morou em São Paulo vivendo o filme das tuas palavras. "Meg & John" de Rubens K. é a minha história com outros nomes - incrível nunca tive tanta saudade dos anos 80. alguns
acordes do ao vivo também me fizeram imaginar como os "headbangers" podem ignorar teu disco, ou por quê nós somos privados da oportunidade de assistir a este show? Mas esta é a máxima da arte guardar p/
descobrir a esquizofrênia em "deserto" e é certo que o AEOZ trabalha
arduamente em suas músicas e linguagens e discos.
Dois lados um ao vivo e outro de estúdio, sabiamente via dowload - boa - bootleg ao inverso - fiquei meio desapontado quando vi que o
primeiro cd era queimado e o segundo ao vivo oficalmente presnado sem contato c/ o ar - e ouvindo entendi que era um disco de downloads coisa de fã - peguei o espírito!

(...)

tô curtindo muito o disco elétrico - conhecendo os ensaios e os
outtakes do álbum branco a gente enxerga uma similaridade até nas
coisas mais cruas - Mariana é uma música muito bonita e este
desprendimento dos arranjos da duração das faixas e ecos com Joy
division - Renato Russo - ainda não analisei o lado lírico - mas eu
gosto como vc dá as notas no vocal e o arranjo vai atrás - o
convencimento da forma - a guitarra é muito bem tocada, muito bem
dosado - minimal - os arranjos são mais sofisticados tem um piano
bonito - uma introdução diferente - parece produção da gravadora
Stilleto - por isso eu ACHO oitentista - pega o Varsóvia - pega as
nossas releituras de Rimbaud

INTRAUTERINO CAFONA SENTIMENTAL OTIMISTA ESPERANÇOSO APAIXONADO -
SOLITÁRIO - NOSTÁLGICO mas NUNCA OMISSO QUANTO ÀS RELAÇÕES É O TIPO DE
DISCO QUE A GENTE PROCURA OUVIR
Vc sabe, que eu não conheço muito de Você e o disco leva a essa
procura em saber quem é vc- então o disco é perfeito
a expresão do it yourself - explica tudinho era isso que eu queria
ouvir - apesar de eu usar bootleg com o mesmo significado.
Receber este disco já velu a pena recolocar o site no ar e é o que
estamos fazendo divulgando a música doprópriobolso.

Mário Pacheco

O texto de apresentação do jornalista Leonardo Vinhas:

Eu tinha 15 anos e sonhava em ser jornalista musical – depois que algumas aulas de contrabaixo me mostraram que eu teria “dificuldades técnicas” em seguir carreira até mesmo num “Ramones cover”. Era o começo dos anos 90, e cada descrição de um show na gringa ou mesmo na “longínqua” São Paulo (para quem morava no interior e só ia ao litoral com os pais...) valia para mim como a descrição de um épico, para dentro do qual eu era transposto graças à palavras que davam a dimensão do que eu havia perdido.
Acreditava, naquele momento, que o ofício de jornalista musical tinha a ver com saber dar aos leitores a medida exata do que eles haviam perdido, ou perdiam, não estando em determinado show, ou não escutando certo disco. E acreditava no poder transformador/catalisador/entorpecedor da música.
Hoje eu tenho o dobro dessa idade e, sendo justo comigo mesmo, continuo acreditando nesse poder da música. Mas não no jornalismo (e nem apenas no caso do musical). Cumpri meu objetivo, estive em shows, ouvi discos que ganhava de graça para resenhá-los, viajei e achei tudo isso muito frustrante e aborrecido. Conhecer os músicos era um comportamento típico da minha idealização adolescente, mas depois de certo tempo, achei melhor nem conhecer quem compunha uma canção que mexia comigo, da mesma maneira que é interessante que um fiel não conheça a vida íntima do pregador de sua fé. Os pequenos detalhes ganham demasiada importância e arruínam qualquer sonho.
A esse processo de transformação pessoal – que até aqui está restrito à música – soma-se o cinismo que parece ganhar força e tomar espaço, insidiosamente, conforme você vai abandonando a faixa dos vinte. Talvez seja uma característica de nossos tempos e nossa sociedade: começamos a trabalhar muito cedo, a dar a cara à tapa muito jovens, e a crise de meia-idade vem quando nos aproximamos do nosso suposto auge, que é a faixa dos 30 (pergunte ao seu médico, caso você já esteja freqüentando um). O fato é que quanto mais velhos, mais cínicos, e tudo parece tornar-se mais chato e menos empolgante, inclusive (e principalmente) os relacionamentos e a música. Minha geração está se sentindo velha e desesperançosa aos meros 30 anos, isso numa época em que a expectativa de vida supera os 70. Ou seja, não chegamos nem à metade de nossa existência, e já estamos rabugentos e entediados.
Aí calha que por uma série absurda de coincidências, por um ato de molecagem que parece inapropriado à sua “idade”, você faz uma viagem inesperada, cai numa cidade onde ninguém lhe conhece e você sai de lá com várias histórias para contar e até com alguns amigos. Levando ainda alguns discos debaixo do braço, passados pelos mesmos amigos.
Aí, de volta à sua casa, você escuta uma voz saindo de algum desses discos que confessa: “dizem que tenho talento para melancolia, qualquer tipo de fobia, que tenho pena de mim...” Como é que é? Eu acho que reconheço esse sentimento! Não passa muito, uma outra canção confessa que “a vida é fácil, eu é que sou complicado, sempre acabo me enroscando nesses dias tortos. A gente sempre quis ter uma vida simples, mas tudo é tão difícil quando se tenta fazer o que se quer”. Parece que todas as suas contradições adolescentes que ficaram disfarçadas sob camadas de cinismo adulto estão reveladas ali, na sua cara, prontas para ficarem reverberando até você não querer pensar mais nisso, simplesmente porque não consegue se encarar. Porém, esse mesmo disco traz uma canção sobre a estrada que, além de lhe lembrar que você nunca terá viajado o suficiente, lhe propõe que “o peso que carrego nos ombros é só bagagem”.
Foda.
Os anos passam, você passa a viajar para acompanhar aquela banda e vai vendo que, mesmo com a passagem do tempo e muitos meses de estrada, você continua cínico. Puxa, será que a música não te transformou? Será que aquilo que parecida redivivo em você foi só uma última fagulha de um brilho jovem que vai ficar permanentemente soterrado sobre essa carcaça de velho que você criou para si próprio? Live fast, die young, diziam anos atrás. Você não morreu jovem. E agora?
E agora chegam não um, mas dois discos novos dessa banda. Você nem estava esperando, mas eles chegam numa tarde rotineira, vento quente arrastando o tempo. Você tem que ir trabalhar, então coloca os discos no som do carro e nem percebe que, pela primeira vez em muito tempo, as idéias de “cinismo” e “idade” nem passam pela sua cabeça. Algumas palavras vêm lembrar que você não é mais um garoto mesmo, e daí? A esperança nunca foi privativa da juventude e, ademais, todos aqueles escritores de quem você gosta tanto, que ocupam a maior parte da sua surrada biblioteca, começaram a escrever suas melhores obras só depois dos 40. Quem é que estava preocupado com a data de nascimento mesmo?
Mas a queda do cinismo é que é mais interessante. Porque essa banda pode escrever canções a partir de uma conversa entre amigos na laje – uma canção sobre a conversa, aliás. Essa banda escreve uma canção sobre ela mesma, e a relação (não necessariamente idílica) entre seus integrantes. Caramba, essa banda escreve uma canção sobre a vontade que dá de parar com tudo e não se fazer mais o que se quer, talvez começar a fazer o que se “deve”, para evitar tantos aborrecimentos. Mas quem é que consegue viver assim? Com certeza, ninguém para quem a música importa algo conseguiria fazê-lo.
Você começa a andar com os discos na mochila (trinta e poucos anos, e ainda sai de mochila por aí?) e começa a ouvi-los quando dá tempo. Ninguém – seus “colegas” de trabalho, conhecidos, parentes – entende porque você escuta essas canções sem refrão, sem distorções óbvias ou ganchinhos saltitantes. Mas tudo bem. Eles passam suas noites de seu modo ordinário, enquanto o disco lhe recorda que “ninguém vai dormir” enquanto tivermos vontade de fazer algo mais substancial. Mesmo que estejamos de olhos fechados.
É quando você abre os olhos e vê que você mesmo está sorrindo. Sem cinismo.

Leonardo Vinhas

7/17/2018

Quarteto de Curitiba lança segundo single com texto de Mário Bortolotto








“Do lado de cá da cidade” foi adaptada a partir de poema de
escritor e dramaturgo londrinense publicado originalmente em 1997

“Do lado de cá da cidade” é o segundo single de “Santos Marti Amatuzzi & Castel", grupo de amigos e músicos de Curitiba formado por Ivan Santos (voz), Martinuci (violão, piano, guitarra), Igor Amatuzzi (baixo e sintetizador) e Luigi Castel (edição bateria, mixagem, masterização). A nova canção é uma adaptação de um poema do escritor e dramaturgo londrinense radicado em São Paulo, Mário Bortolotto, fundador do grupo de teatro Cemitério dos Elefantes. O texto foi publicado originalmente no livro “Para os inocentes que ficaram em casa”, de 1997.
Lançado em formato virtual pela De Inverno Records, o single é a segunda de quatro faixas gravadas por Igor com a direção musical e arranjos de Martinuci. A gravação teve ainda a participação especial de Rodrigo Marques tocando baixo acústico. O primeiro single, “Sem acreditar”, foi lançado em maio último.
Parceiros antigos, os quatro tem longa história na música alternativa paranaense. Ivan foi vocalista e compositor da banda OAEOZ, que fundou em 1997 ao lado de Igor, e é criador, junto com a jornalista Adriane Perin, do selo De Inverno e do festival Rock De Inverno. Martinuci encabeça o projeto Stilnovisti. Luigi é produtor com larga experiência em direção de áudio em eventos como o festival Psicodália.
Ivan e Martinuci integraram a extinta banda IMOF, que lançou dois EPs e um single entre 2012 e 2016. Com o fim da IMOF em 2017, os dois chamaram Igor para registrar composições inéditas e versões novas de músicas já editadas pela antiga banda. Para completar, Luigi se integrou ao grupo, participando da produção, edição de bateria, e sendo responsável pela mixagem e masterização.

FICHA TÉCNICA:
Santos Marti Amatuzzi & Castel
Martinuci - guitarras e piano
Ivan Santos – voz


Bateria:
Produção – Igor Amatuzzi e Luigi Castel
Concepção – Martinuci

Participação especial
Rodrigo Marques – baixo acústico

Do lado de cá da cidade
Composição - Ivan Santos/Martinuci
Letra – Mário Bortolotto
Produção – Martinuci, Igor Amatuzzi e Luigi Castel
Produção executiva – Ivan Santos
Arranjo e direção musical - Martinuci
Gravação – Igor Amatuzzi
Edição- Igor Amatuzzi, Luigi Castel  e Martinuci
Mixagem e masterização – Luigi Castel
Fotos – Pri Oliveira (Ivan); Guilherme Grudina (Igor); Eve Ramos (Luigi).

Serviço:
Lançamento digital do single “Sem Acreditar”, de  Santos Marti Amatuzzi & Castel
De Inverno Records
deinverno2@gmail.com

5/02/2018

De Inverno lança "Sem acreditar", primeiro single de Santos Marti Amatuzzi & Castel







“Sem acreditar” é o primeiro single de “Santos Marti Amatuzzi & Castel", grupo de amigos e músicos de Curitiba formado por Ivan Santos (voz), Martinuci (violão, piano, guitarra), Igor Amatuzzi (baixo e sintetizador) e Luigi Castel (edição bateria, mixagem, masterização). Lançado em formato virtual pela De Inverno Records, o single é a primeira de quatro faixas gravadas por Igor com a direção musical e arranjos de Martinuci.
Parceiros antigos, os quatro tem longa história na música alternativa paranaense. Ivan foi vocalista e compositor da banda OAEOZ, que fundou em 1997 ao lado de Igor, e é criador, junto com a jornalista Adriane Perin, do selo De Inverno e do festival Rock De Inverno. Martinuci encabeça o projeto Stilnovisti. Luigi é produtor com larga experiência em direção de áudio em eventos como o festival Psicodália.
Ivan e Martinuci integraram a extinta banda IMOF, que lançou dois EPs e um single entre 2012 e 2016. Com o fim da IMOF em 2017, os dois chamaram Igor para registrar composições inéditas e versões novas de músicas já editadas pela antiga banda. Para completar, Luigi se integrou ao grupo, participando da produção, edição de bateria, e sendo responsável pela mixagem e masterização.
“Sem acreditar” é uma composição original de Ivan em parceria com Martinuci. A letra fala de abrir mão da crença como estratégia de libertação e sobrevivência. “É o fim do desejo/do medo/da solidão/de pensar/que existe algo além”.

FICHA TÉCNICA:
Santos Marti Amatuzzi & Castel
Martinuci - violão, guitarras e piano
Igor Amatuzzi - baixo e sintetizador
Ivan Santos - voz
Bateria:
Produção – Igor Amatuzzi e Luigi Castel
Concepção – Martinuci
Sem acreditar
Composição - Ivan Santos/Martinuci
Produção – Martinuci, Igor Amatuzzi e Luigi Castel
Produção executiva – Ivan Santos
Arranjo e direção musical - Martinuci
Gravação – Igor Amatuzzi
Edição- Igor Amatuzzi, Luigi Castel  e Martinuci
Mixagem e masterização – Luigi Castel
Fotos – Pri Oliveira (Ivan); Guilherme Grudina (Igor); Eve Ramos (Luigi).

Serviço:
Lançamento digital do single “Sem Acreditar”, de  Santos Marti Amatuzzi & Castel
De Inverno Records
deinverno.blogspot.com.br
deinverno2@gmail.com

4/18/2018

sobre não parar



Tento pensado sobre essa incapacidade de parar! A mente, o corpo e o ser. Hoje fui para Yoga, outra etapa nessa busca. Nela, que é bem recente na minha vida, tenho tentado esquecer o tempo, sair de fora de mim e encontrar o centro do corpo, o ponto em que consigo manter o equilíbrio, físico. É quando, claramente, me sinto mais perto de algo que vislumbro ser o que identifico como serenidade. Noto sinais aqui e acolá, são pistas mesmo. Nas biografias que leio – como a mais recente, do impressionante monge Leonard Cohen, que me fez chorar tão profundamente que até me assustei -; no quintal e até no incenso de determinado orixá que escolhi pela primeira vez sem saber porquê. Ou nas palavras que pedem que atentemos para o coração - e não na respiração, como sempre fiz. 
Alta e fina!
Talvez não tão alta assim.
Olho ela mesmo sem estar a sua frente.
Olho ela, intrigada.
Corpo esguio
Pequena.
Parece mais alta do que é.
É a postura! Ereta no centro do corpo
Linha central sempre impecável!
Não tem modos ou vestígios de bailarina. Seus movimentos são outros, deixa escapar ...
aqui e ali
nisgas de uma certa impaciência mal disfarçada.
Rio, ao pensar nisso.
Tem algo nela que me faz querer saber mais.
É seu corpo.
É seu corpo?
“Ouça o coração”. Procure o coração.
Sinta o coração flutuar boiando no primeiro pedaço de uma possível existência
E no último pulsar do que se realizou, enfim!
Ela se movimenta, pouco, pela sala.
Fala baixo, mesmo quando escapa de si.
Te fiz meu objeto de observação (apreciação)
por pura inquietude,
não mais que isso.
Pela pura curiosidade de desvendar-me em outras filosofias vagas, talvez.

Me sinto tateanto.  Às vezes, como ontem, em alguns momentos acho que está tudo perdido mesmo, que é meu jeito não conseguir parar e que tenho que continuar convivendo com essa mente barulhenta. Noutras, uma pequena surpresa, tão inesperada quanto desejada, se dá e posso, por exemplo, de pernas pro ar, sentir uma plenitude, o vislumbre da tranquilidade que sabe (e o traduz por segundos) onde está o tal ponto de equilíbrio/centro do corpo, compreensão tão mais importante pra nós agora, me parece. Foi efêmero.  É efêmero. E se basta em sua efemeridade.  Pois é o suficiente para passar por mais um dia, alguns instantes sem pensar em alguma lista de coisas para fazer (elas sempre estarão lá, afinal, não importa o quanto eu faça!!)
Até os passarinhos estão quietos
É como se o dia continuasse a dormir
Enquanto me explico,
replico
explico
revolta em um mar de eus
que se debatem
nessa escuridão gelatinosa de placenta
pedaços de ‘mins’
massacrados por quereres
por quereres...
e eu explico
me replico
quanto menos me reconheço a braçadas largas
cuspo e me vomito
em uma desintoxicação de mim mesma.
Escorrego pra baixo da coberta e me encolho.
Nada existe, neste momento.
O nada existe,
(e) o ser em nada resiste.

Me sinto tateando em meio a ilusões de certezas. E lembro até da fábula da  Sapatinhos   Vermelhos e da garotinha tão deslumbrada, tão  ávida por não perder nada que acaba... se perdendo. Na primeira vez que li, senhora Clarissa, achei cruel, malvado mesmo. Estava tentando reconstruir-me dos ossos, cantando. Rsrs. Eu não sabia disso. Uma parte de mim desconfiava disso, sem saber. Tantas foram as vezes em que minhas antenas me desvirtuaram para fora de mim... quantas vezes ainda o farão...
Sim, me sinto tateando, portanto. Rouca e quase sem voz.
Abro um caderno velho e encontro a sua letra
Em palavras garrafais ela me diz que tudo acabou
Depois, mais calma, me conta alguns segredos esmagados
e que foram esquecidos
Mexo e remexo o pé nervoso e fecho os olhos para lembrar
Mas tudo que consigo é não notar que o tempo nos levou para voos de Ícaro
Sempre é possível voltar.
Querer é que é a razão.



3/10/2018

bem depois de tudo

o tempo passou e nasceu em mim essa saudade do que não vivi a seu lado
essa falta de respostas para perguntas que não fiz
às voltas com dúvidas sobre você que só surgiram bem depois de tudo
eu não quis assim
só que essa sensação tampouco pediu para entrar
e me vi à mercê (de você)
"você" no plural
acontece que nem sempre tive coragem
e então fecho a porta.


menininha

Ah, eu te amava...
mas, eu não podia te amar
você era uma criança, diziam,
e eu um rapaz
que gostava de pintar
curtia John Lennon
Charles Chaplin
e de jogar bilhar
tantos tempos já se foram
que de você nem lembro mais
mas, tem dias serenos assim
e neles volto a te encontrar
em algum canto escondido de mim
claramente sinto
que lá você está.
um dia ela acordou assim, doida pra jogar poesia por aí.

ao lado dela

será que me vejo, mesmo, em tuas páginas?
ou será apenas outra ilusão?
um passeio de carro
e pelo vidro da janela voltas à felicidade infantil de outrora
tua é a guia que me leva
e deixas ir
vais e vou
não vamos, mais... nem tanto assim!
escolha ficar
decida partir
deslize os dedos
e refazes o caminho
na pele eriçada de pelos pretos
e abundantes
que ondulam enrolados
Será que me vejo?
as afinidades me espantam
uma em milhares
eu, diante de você
você construída/eu desconstruindo
(n)as pequenas combinações
e (n)os grandes pensamentos
luzes distantes "alumiando' possibilidades
vagas ilusões de uma doce distração
doces distrações de uma vaga ilusão
flanar, flanamos
e não só!
quando encontro com ontem, eu gosto.
hoje, nem sempre?
de amanhã, não sei.
mas, acordo contigo
e ao lado dela.

cansado

Você está cansada.
Possivelmente.
Mas não desse cansaço primeiro que aparece
As coisas feitas trazem um cansaço bom
o que não fiz, e quis muito fazer,
o que não fiz, e precisava muito fazer,
por mim,
é que provoca esse cansaço nostálgico, esse gosto na boca,
que fica
indo e vindo na mente que não quer dormir
dizendo
gritando, às vezes,
chacoalhando pra ver se te acorda
esse cansaço que vem das vontades mais importantes não saciadas
... é ele que te acorda um belo dia
e te empurra com força.
pra onde, isso é  com você.

7/12/2017

Rock de Inverno 3: parte 1



Rock de Inverno 3:
Há 15 anos, nos dias 19, 20 e 21 de julho, o 92 Graus ferveu com a terceira edição do festival
Existe uma fase da vida que a gente tem a impressão que o tempo não passa nunca! Um ano durava um século e o tempo da ‘miss Brasil 2000’ era algo quase impensável de tão longe que parecia. Ao menos era assim pra mim. Agora, começo a contar os aniversários das realizações importantes da vida profissional somando números em uma conta que, sempre que faço, me causa espanto – e alguns sorrisos solitários embalados pelo barulho das teclas do computador e pelo desejado silêncio que permite organizar as ideias e informações.
Na próxima semana, nos dias 19, 20 e 21 de julho, mais especificamente, a terceira edição do Rock de Inverno, já com o epíteto “Mostra da Música Independente”, completa 15 anos! Uau: 15 anos, desde aqueles três dias de intenso frio que não foram nem percebidos dentro do porão mais acolhedor que Curitiba já teve! Não era a primeira vez que a De Inverno ocuparia aquele espaço ao mesmo tempo tão sagrado e profano, mas era algo muito especial fazer ali o festival criado dois anos antes e que carregava em seu DNA a inspiração impregnada em nós ali mesmo naquele ambiente enfumaçado e quente, onde nos esquecíamos de tudo mais para nos concentrar em alguns dos melhores momentos das nossas vidas.  Sim, foi no Espaço Cultural 92 Graus, no original, ali no nada insuspeito número 294 da Visconde do Rio Branco.  Era um ponto alto pra nós fazer o Rock de Inverno no  92! Uma forma de reconhecer ao JR, seu Geraldo, d. Claudete a importância deles pra gente, uma forma de dizer obrigada e de também demonstrar nossa disposição em ajudar e mover esses pesados, porém tão inspiradores moinhos. 
E que edição foi aquela. Aliás, vamos falar a verdade: que ano foi aquele – e o seguinte - para a música autoral curitibana, com várias cenas atuantes e uma programação de festivais de fazer inveja aos dias de hoje. Rsrsrs.
Bom, esta foi a edição em que conseguimos concretizar um passo que estava nos planos desde o começo: estabelecer uma conversa com as novas gerações nacionais da produção alternativa. Desta forma, com o imprescindível apoio da Fundação Cultural de Curitiba, patrocinadora do evento, conseguimos trazer não apenas as bandas Casino (RJ), Hurtmold (SP) e Pipodélica (SC), como também jornalistas dos principais veículos de comunicação da época, incluindo MTV, na pessoa do Rodrigo Lariú, que aproveitou a temporada para conversar com vários artistas daqui; Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, TV Educativa de Minas (programa Alto Faltante), para ficar entre os principais entre os 22 convidados da imprensa.
Também estão ali registrados no material gráfico nossos demais parceiros, a livrarias Curitiba, a 96 Rádio Rock/Helinho Pimentel e Rádio Educativa (confesso que não lembro como foi este apoio). Não tem como não falar da FCC, que deu, efetivamente, as condições pra gente (toda a cena) ‘efervescer’.  Foi um momento em que os gestores – cito aqui Cassio Chamecki, Leandro Knopfholz  e Janete Andrade, em especial estes dois últimos, com quem tratei diretamente todo o processo  -  deram um olhar contemporâneo para  a produção cultural de Curitiba.  Nesta gestão nasceram projetos muito interessantes, entre os quais o Circuito de Festivais, do qual o Rock de Inverno fez parte – e depois os inesquecíveis Curitiba Pop Festival e Curitiba Rock Festival. 
O 92 (quase) ficou pequeno, e a energia quente que rolava derrubou a luz três vezes no show da Aaaaaamalencada, sem que ninguém arredasse o pé.  Foi também um momento em que dissemos nosso muito obrigada para a cena do 92 Graus, a que escolhemos para chamar de ‘nossa’ (rs), ao convidar Magog, para um retorno histórico, e Relespública, de volta ao trio original. Tudo registrado pelas lentes de outra pessoa importantíssima para isso tudo, o fotógrafo e videomaker Marcelo Borges.  
Nossa programação ainda teve as novatas Criaturas e Poléxia ((ah, se orgulho matasse...rs); Svetlana (já que não tínhamos um piano pra colocar o Wandula no 92. Rsrs). Completaram a escalação: OAEOZ, Sofia, Volume, Excelsior, Pelebroi Não Sei (o que foi este show!! Os jornalistas de fora ficaram aos pés do Oneide!! Hehehe) e Lorena Foi Embora...  Além do já tradicional kit de imprensa, com releases e a coletânea com uma música de cada banda participante, enviado para imprensa nacional, os shows foram gravados e se transformaram em um cd ao vivo e um documentário em VHS, com direito a entrevista com as bandas.
E neste ponto chegamos ao grande momento: o documentário em VHS foi digitalizado pelo Marcelo Borges, que também está mexendo em seu precioso acervo.  E foi isso que me fez cair a ficha dos 15 anos, quando olhei a data.  Então, vamos celebrar junto esse pedaço da história da música brasileira escrito 15 anos atrás?! Um brinde a todos que participaram e ajudaram a fazer este belo capítulo da história da música paranaense e brasileira!

Nesta e na próxima semana eu vou lembrar na página da De Inverno Comunicação no Facebook um pouco desta história e postar os links para o documentário, em três partes.   Não espere nada. Comece ouvindo a coletânea que, aliás, tem as inéditas: FAncy Dress, da Svetlana, e Bonde 77, da Relespública, gravadas especialmente, por Lucio Machado e Luciano Vassão, para a coletânea! 

6/15/2017

sem você

Pois sem você
o tudo que eu era
agora não sobra
e, só pra depois me arrepender,
vou dizer olhando pra você, amor,
e fechar a porta sem um olá
pra deixar só esquecer
cansado dos dias
olhares amargos
palavra arrastada
arrasada
'pra ser parecido
tem que ser muito diferente'.

9/20/2016

"eu parei em mim
escutando seu silêncio sorrir!"

Quando eu te vi chorando naquele dia
tuas lágrimas transbordaram mais do que sabias
mostraram pra mim tanto de tudo que procuras
trouxeram (tiraram) de ti o mais profundo e revolto dos mares
capaz de reconstruir as carnes  e esqueleto
e corroer as mais básicas das certezas

baixei os olhos, então,
e meu silêncio foi tudo que pude retribuir
com as mãos grossas de calos na palma
calamos, juntos, nosso próximo movimento
e esperamos a noite chegar
quieta e estrelada outra vez em nossos dias
entre colinas e vales aprender,
de uma vez,
que o canto tem que ser cantado todo dia
e que recolher os pedaços faz parte da vida-morte-vida.

9/17/2016

As Aventuras de Juju: no office & home De Inverno

Ela tenta, mas não consegue por muito tempo. A Juju  tenta me obedecer e ficar longe de encrenca comigo, mas não tem jeito. Às vezes acho mesmo que ela não me leva a sério. Fico p da cara, dô uns gritos com ela (e depois me odeio porque não quero que ela acostume desse jeito!). Depois de levar uma bronca de verdade ela até me dá um tempo, mas dali a pouco está de volta.
Como agora: está embaixo da mesa de trabalho, comendo o canto do encosto do pé que é de madeira. E quando ela tá ali eu até deixo, pra ganhar tempo e terminar aquela resposta do email, fazer outra ligação urgente ou ver porque o whastApp apitou... afinal, não é todo dia que posso parar pro chá das 5.  Notem na foto ela comendo, literalmente, um grampo de roupa que estava na minha blusa. Eu no computador trabalhando concentradíssima e quando me toquei ela estava mastigando - e continuou a ponto de eu conseguir fazer várias fotos.








Se não estivesse mordendo o pedaço de madeira poderia estar tentando pegar algum dos meus óculos de novo, destroçando algum chinelo (ou pedaço do que sobrou), roendo o canto dos livros grandes. O controle remoto da televisão ela deixou em paz. Mas, semana passada o meu último chinelo foi pro saco... Desisti por agora de chinelos de borracha. Ao que tudo indica, como está atacada na 'mordeção', deve estar com os dentes incomodando de novo. Aliás, ela passou pela fase “janelinha banguela", como chamei. Aparentemente está com todos os dentes na boca, mas alguns ainda crescendo. Um dos caninos, é bem evidente, está maior que o outro. E quando “coça” a gengiva ela fica maluca e sai roendo o que encontra pela frente. Ama papel. Enquanto escrevo aqui ela  já largou o encosto de madeira, tentou dois livros  - e foi devidamente expulsa dali -, foi para uma caixa de papelão (que ela deu um jeito de rasgar o tecido que tinha por cima e posso ouvir os barulhos dela destroçando o canto da caixa de papelão.) 

Agora pense numa mulher em semana de muito trabalho, com dois telefones na mão ao mesmo tempo, uma lista gigante com os apontamentos do dia e uma cachorra agarrada no sapato tentando desatar o cadarço.... pensam que é só filho que dá trabalho??!!! Aliás, eu acho que um filho me obedeceria mais!! Coisa que Juju, lamentavelmente, só faz quando engato a voz de brava! Ela sabe e-xa-ta-men-te  quando fez alguma estripulia. Dependendo, já vai indo pro lado antes mesmo da gente falar.  Não lembro do Dogui e Baby ficarem assim comigo. Mas, tem um detalhe importante: quando  eles eram filhotes era o oposto, eu praticamente não parava em casa. Trabalhando em casa fica beem mais complicado.

Hoje o vento estava cantando muito alto e forte aqui. Demorei pra me tocar que ela tava com medo e coloquei ela pra fora várias vezes, até perceber que era isso:ela estava com medo, porque estava meio assustador mesmo! E ela ficou lá fora, me olhando e choramingando até eu me tocar e ir lá ganhar um abraço e umas lambidas. Sim, a Juju me abraça!  Vamos ver se um dia eu consigo uma foto dessas para mostrar pra vocês.  Ishi, ela percebeu que eu não saí do computador... tá de novo do meu lado choramingando... tem que ser muito firme pra não ir correndo pro abraço! Ah, mas agora a gente pode Juju! Vem cá: acabou o trabalho!




8/19/2016

As aventuras de Juju: uma cachorra felina?

A  maior preocupação com a chegada da Juju era, na verdade, com as gatas. Moli e Chanel são as gatinhas mais arredias que já tivemos e estavam donas do pedaço desde que Baby e Tigra se foram – foi assim por  5 meses. Então, a gente já sabia que precisaria de muito cuidado com essa fase inicial. O Ivan foi pesquisar sobre esse verdadeiro ritual. Todo cuidado é pouco com os gatos, ainda mais gatos mais velhos diante de filhotes de cachorros, espoletas, por natureza!

Juju morava com uma gatinha na casa provisória e, claramente, quis estabelecer contato desde o início. Ela não é o problema, a questão são as gatas, mais velhas, arredias, com suas manias e medos. Mesmo consciente que era uma armadilha perigosa, as gatas acabaram ficando no quarto e com uma parte da casa livre para circulação. Aos poucos  foram redominando o espaço. A Juju claramente quer brincar com elas, desde o começo. As gatas é que são arredias. Agora, neste instante, a Moli está em cima do sofá, a Chanel em cima da cadeira em cima da mesa e a Juju no chão, fazendo manha em forma de latidos. Ela meio late meio choraminga, inventando sua língua toda própria. quando ela faz assim, ou está diante de mim clamando por atenção ou, pode apostar, que está na frente de alguma das gatas. 




Olhos nos olhos foi cada vez mais comum. Já ficaram também focinho com focinho! Uma fofura - um pouco tenso, é verdade! Agora, passados dois meses e pouco, ela já está bem menos comportada, digamos assim. Todo aquele charme da bebezinha canina que chegou aqui se traduz nos dias de hoje na forma de uma mocinha danada de rápida pra fazer o que ela quer, mesmo sabendo que vai levar uma chamada. Porque ela já sabe. E as chamadas mais constantes dos últimos dias têm sido por conta da Moli.

Outra coisa que irrita - e exige cuidado - é a mania da Juju de comer a comida das gatas. Tá difícil, pois a senhorita Juju Caramelo já aprendeu todas as formas de entrar em casa quando a colocamos no quintal.  Até a portinha de entrada das gatas ela descobriu. Então, tá meio complicado isola-las quando necessário. Eu coloco ela pra fora, a guria dá a volta e acha um jeito de entrar!Mas, por outro lado, a verdade é que uma engrossada na voz, uma carranca na cara - e se precisar, uma chinelada no bumbum, sim senhora! - resolvem. Só se tiver frio, nem pra ir comer ela sai. 

A casa é comprida e é muito engraçado observar a movimentação delas. Porque eu tô deixando. Elas precisam encontrar um jeito de conviver com a personalidade brincalhona de uma (cachorra, claro) e o jeito na dela das outras (gatas). Às vezes elas me estressam. Agora a pouco mesmo dei uma dura nas duas, Juju e Moli porque a Moli saiu correndo atrás da Juju, rodeou a mesa com a pata na formação pra mandar na cara da Juju. Às vezes tenho que me segurar pra não rir, porque a hora é de bronca.  Mas é muito engraçado. Neste caso, as duas levaram uma dura porque a Moli também não tem que correr atrás da Juju pra dar patada, né?! Ela é mais velha e tem que entender que a outra é filhote ainda! rsrs. A questão é que d. Juju já está bem maior do que quando chegou - e também se achando mais! Então, a nossa intermediação se faz muito necessária para esta relação dar certo.  Noto que a Moli está muito na minha confiança. Está indo mais lá fora, mas de preferência comigo por perto. E daí, Juju também quer minha atenção.  Hoje está beeem frio aqui. Sinal que irão todas escolher ficar pianinho aqui dentro no quentinho.  É tenso muitas vezes, mas na maior parte do tempo é alegria, diversão e amor (com alguns arranhões e mordidas, é verdade!).