10/10/2018

Dizem por aí

Dizem por aí que perdi meu tempo
e que é chegada a hora do acerto.
não me perco,
nem me entendo
continuo contando nos dedos, perambulando,
tentando esquecer que um dia fugi.
Dizem por aí que esgotei meu sonho
dormindo em cama erradas
que larguei, desmazelada, as mãos cortadas sobre coxas morenas
aberta, machucada, soltei um grito doído.
mas só no arrebentar do meu peito é que ele foi ouvido.



Agora eu vou tropeçar na vida
de cara jogada na grama
resvalar, cair na calçada brilhante de chuva



os laços ficam por um fio
fino fio de linha
pendurados
pesando esticados
os sentimentos somem na luz
da escuridão
lodo de sensações
controversias
chafurdam corações gelados
desesperados
despencados
em uma manha fria de inverno.



(você acha mesmo que gosto de ser assim?
sou assim porque não tem outro jeito
não consigo ser um outro, até nisso.
meus olhos chorarm quando querem
não me obedecem
 e alheios às minhas ordens
 transbordam quando bem entendem
se enchem de meus delírios
e escorrem
esparramam gotas salgadas que deixam marcas no canto das bochechas vermelhas.)

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