1/25/2012

Alabama Shakes no Morning Becomes Eclectic



Minha mais recente descoberta musical, e que rapidamente e avassaladoramente se transformou em uma pequena obsessão, esteve esta semana se apresentando no clássico programa Morning Becomes Eclectic, da rádio norte-americana KCRW. E o programa, inclusive em vídeo, já está disponível. Uma ótima oportunidade para conhecer melhor essa banda que já está dando muito o que falar.

1/20/2012

Marine Kulture, Gruvox e Our Gang no 92


Amanhã é dia de Marcelo Borges, agora como baixista da Marine Kulture, conhecer o novo endereço do 92. Vai ser muito legal a noitada que terá ainda Gruvox e o pessoal dol Tods no projeto Our Gang. A sonzera tá garantidíssima com essa moçada.

1/15/2012

uma canção com os amigos


procurava outras coisas, antigos escritos, neste domingo silencioso. Procurando marcas de outros momentos achei esta, deste momento lindo, mais um vivido aqui na Casa do Abranches. Não lembro exatamente quando, mas foi depois de 2006 e antes do Rubens ir pra sampa.
Lembro da noite: o pessoal, como sempre, fazendo um sonzinho maneiro, baixinho e - conversa vai conversa vem - 'e o baixo dona Adri??' - me estimulando a tocar o baixo. É, eu já fui mais corajosa, já encarei esses 'feras' quando me sentia mais forte com um contrabaixo nas mãos. O Rubens me ensinou, então as notas de sua linda canção e taí o registro de um momento raro em que no meio de amigos mais do que especiais fui além. Bonito, Rubens! Obrigada.

Janela embaçada do ônibus



Aqui sozinha tento cantar pra você
e essa voz fraca parece que só sabe dizer
que você faz falta
tem essa saudade que aperta o peito
E toda vez que abro a porta
vejo tudo tão vazio

Fico lembrando
Quero esquecer
Dar outro passo
Deixar assim
e olhar pro lado
Sair
dar uma volta
Catar palavras na valeta
Me agarrar na guitarra
Ou enroscar num chamego
E ouvir ele cantando no meu ouvido

Não posso nem quero disfarçar
Que trago essa tristeza no peito

E outra tarde passa rápida
Como a paisagem na janela embaçada do ônibus.

1/12/2012

Humanish recebe Marine Kulture na James Session de hoje

O quarteto paranaense faz o show de abertura para a banda londrina e anuncia o lançamento de uma edição especial do disco de estréia A banda independente londrina Marine Kulture é a convidada da curitibana Humanish em seu primeiro show de 2012. No palco do James Bar o quarteto curitibano anuncia o lançamento, em março, pelo selo carioca Bolacha Discos, da edição "Deluxe" do seu álbum de estréia, homônimo da banda, que além das 12 músicas originais terá três inéditas. Em seguida, o grupo parte rumo ao Rio Grande do Sul para outros dois shows. Na sexta edição do Festmalta, que acontece na Fazenda Goelzer, em Sobradinho, a Humanish toca no próximo dia 21. E no dia 26 o show será no palco do Fórum Social Temático, ao lado de Mundo Livre S/A, BNegão e Autoramas. Convites que refletem a boa repercussão do disco e dos shows ao longo de 2011. Humanish foi apontada como banda revelação de 2011 pelo site Rock In Press e destaque do jornal O Globo. Também figurou como aposta sonora em revista espanhola Zona de Obras, que incluiu a música “Um Brinde”em sua coletânea (http://www.zonadeobras.com/revistazdeo/revista65.asp). Além disso, foi convidada a dar entrevista para duas rádios norte-americanas . A Marine Kulture, por sua vez, volta aos palcos brasileiros após 4 anos de intenso trabalho e shows na capital inglesa, passando por casas históricas do underground londrino tais como Hope & Anchor, Water Rats e Dublin Castle – palcos onde também pisaram Bob Dylan, Joy Division, Blur, Amy Winehouse, Pete Doherty, entre outros. O grupo tem três singles lançados pelo selo próprio My Veto Records, em edição super limitada e somente em vinil, com distribuição na Inglaterra pela Rough Trade Records. Em breve a banda lançará em CD seu primeiro EP, como parte das comemorações de aniversário, com os três primeiros singles lançados em vinil, com material inédito e covers. Inicialmente um projeto solo do talentoso DJ e produtor inglês Mark Costello, a banda hoje conta com a italiana Marina Bulgarelli na bateria eletrônica e backing vocals, o brasileiro Marcelo Borges no baixo, além do próprio Mark nos vocais, teclados e synths. Costello é responsável pelas letras e sonoridade gótica, post-punk e synth-pop do Marine Kulture, cujo trabalho vem sendo altamente elogiado na mídia alternativa inglesa. É importante destacar a participação do paranaense Marcelo Borges no Marine Kulture. Ele atua no underground artístico brasileiro desde o início dos anos 90, e foi um dos pioneiros na produção de vídeos de música em Curitiba. Um dos únicos vídeomakers com o trabalho voltado exclusivamente à cena alternativa, Borges produziu e dirigiu vídeos para as bandas July et Joe, Aaaa Mal Encarada, OAEOZ, Electric Heaven, Polexia entre outras, incluindo os videos das bandas Resist Control e Zeitgeist, que foram veiculados pela MTV. Participou também do elogiadísssimo projeto de música, poesia e vídeo-arte Única Coisa, e tambem foi responsável pela direção e filmagem de 5 documentários sobre o festival Rock De Inverno que acontece em Curitiba. Marcelo vive em Londres há 7 anos, e além de ser baixista, segue produzindo e dirigindo vídeos de música e video-arte, esculpindo e fotografando. É responsável pela direção e produção dos vídeos do Marine Kulture e recentemente teve seu trabalho exibido na galeria Phillips de Pury de Londres, que mereceu uma excelente review pelo jornal Financial Times. Serviço Marine Kulture e Humanish. DJs convidados Claudio Pimentel (Korova) e Mah Posh. Dia 12.01.2012 a partir das 22h. R$10 ( quem for de bike paga meia) James Bar (R. Vicente Machado, 894) http://www.rockinpress.com.br/2012/01/03/as-10-revelacoes-nacionais-de-2011/ http://www.zonadeobras.com/revistazdeo/revista65.asp http://www.humanish.com.br/ Marine Kulture http://www.youtube.com/watch?v=tXKfuzbMOTU http://www.youtube.com/watch?v=qdvvfreOyos&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=CYBZB5I5X6A&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=Hw0-PMC1H18 FINANCIAL TIMES http://www.ft.com/cms/s/2/1eb7950e-b84b-11e0-8d23-00144feabdc0.html#ixzz1TgRYQMCM

1/11/2012

Alabama Shakes - I Found You

Minha primeira descoberta musical de 2012 (ou seria da última noite de 2011? sei lá. veio via postagem do Felipe Hirsch no Facebook. E fiquei de cara. Trata-se de uma banda nova, que lançou seu primeiro ep com quatro músicas e faz um som que mistura soul roots com rock de garagem, e tem à sua frente uma garota que canta muito, mas muito mesmo, e ainda toca guitarra. Daquelas coisas que são capazes de renovar a paixão de qualquer um, mesmo dos mais céticos, na música. como já disseram por aí, uma ótima forma de começar o ano. quem quiser ouvir as outras quatro músicas do EP, que são tão boas quanto essa, é só clicar aqui.

12/22/2011

Feliz Natal! e que venha 2012

perfeito o vídeo do Pão de Hamburguer pras minhas felicitações de Natal. Aproveito pra agradecer do fundo do meu coração ao Pão de Hamburguer pela parceria e pelo show destruidor que fez no Palco De Inverno na Corrente Cultural e pra dizer que vocês podem contar com a De Inverno, não só pela boa música que fazem, mas também por serem essas pessoas que são. Agradecendo ao Pão, vai também meu valeu pra todo esse pessoal que tocou aqui sob os nossos cuidados, nas Noites De Inverno e no Palco. Foi um ano muito incrível: ver Darma Lovers, depois de tanta espera, no Palco De Inverno, foi um dos momentos mais sublimes desses 10 anos da De Inverno. Ver Jair Naves solo também no Palco De Inverno foi o que eu esperava, arrasador, no melhor sentido. Voltar a ver Mopho e as pessoas pirando com eles foi o encerramento mais do que perfeito para a celebração de dez anos da De Inverno. Ter Beto Só e Lestics nas duas Noites De Inverno trouxe novos momentos especiais para essa história que a gente já tem com essas duas grandes bandas que me dão orgulho de ser brasileira. Às bandas de Curitiba que confiaram na De Inverno em 2011 - Humanish,Te Extraño, Colorphonic, LiqueSpace, Easy Players, Banda Gentileza, Os Corsários e Sopro Difuso - muito obrigada. Valeu pelos shows de prima! Reticênciaz obrigada por colocar a música ao vivo dentro da minha casa de novo! Temos muito a fazer em 2012! Getúlio Guerra,PrasBandas e Eduardo Cirino: vcs foram decisivos! Obrigada também à atenciosa equipe do setor de lei de incentivo da Fundação Cultural de Curitiba.Livrarias Curitiba, Jornal do Estado/Bem Paraná,Rádio Mundo Livre, nossos apoiadores culturais nas Noites e no Palco De Inverno, é muito importante contar com essa parceria. Obrigada.

12/20/2011

Maculelê do Grupo Força

coreografia apresentada no 18. Batizado do Grupo Força da Capoeira, no dia 10 de dezembro de 2011, dia em que a capoeira foi celebrada no palco do Teatro Londrina por nós e desrespeitada por quem não conhece nada e acha bacana exibir sua ignorância, mesmo "estando" responsável por um espaço público como o Memorial de Curitiba. Ironicamente, a mesma pessoa teve que, menos de uma semana depois,  ver a capoeira e um integrante do grupo serem homenageados pela trabalho feito em prol da capoeira. Dá nada não, a capoeira sabe que enfrentar preconceitos é a sua missão. Nada como um dia depois do outro!

12/19/2011

Não sei se termino

Decidi começar a falar dos meus melhores do ano. Não sei se vou até o fim, mas vou começar assim mesmo. Ah, é que eu sempre sofro com essas listas, seja porque minha memória é péssima ou porque sou absolutamente passional e só quero comentar daquelas cancões que realmente fizeram a diferença nos meus dias. E tenho muita resistência äs bolas da vez - cometendo até algumas injustiças. Nessas horas até me passa pela cabeça que nessas votações outros quesitos devem ser levados em conta, como a repercussão, em alguns casos, e a importância em um contexto mais aberto que o do meu fone de ouvido.
Fiz uma lista local neste final de semana e é nessa hora que a ficha cai de novo. Os mais difíceis foram clipe - puxa, como tivemos bons clipes de bandas curitibanas este ano. Bela evolução-; e música - porque neste quesito realmente tem que entrar letra que me marcou mesmo. Em uma categoria sobrou, em outra tive que procurar com mais calma pra não ficar tudo num disco só. Muitas canções que curti esse ano não foram lançadas em 2011.  O caso mais gritante foi Stilnovisti, minha descoberta do ano. Sou meio atrasadinha, mesmo, e nesses tempos de ligeireza - e levando em consideração que já faço muita coisa na correria - na hora da música não tô nem aí se demorei mais pra descobrir a canção que vai me alegrar.
Sei que "perdi", por razões diversas, alguns bons discos, mas essa categoria pra mim já tá bem encaminhada.
Já tenho meus dois grandes discos do ano: Mordida 1, da Mordida; e  Ferro Velho de Boas Intenções, do Beto Só. Estes estão no topo e foram, sem dúvida, dois dos discos que mais ouvi este ano. Foram dias e dias. Cada um com sua luz, os dois fizeram meus dias pela cidade de Curitiba mais belos e nosso lar ficou igualmente mais cheio de texturas quando chegávamos em casa e colocávamos outra vez aquele disco pra rodar. nestes dois discos não encontro nenhuma música para passar adiante.
Seja pela alegria da banda Mordida neste seu momento de felicidade plena ou pela realidade sentida que aparece nos sulcos gravados pelo Beto Só,  cheguei mais perto dos meus próprios sentimentos, dos meus questionamentos e inseguranças e das minhas alegrias e certezas também. Me perdi e me achei de novo e sigo assim, me achando e me perdendo.

Beto Só:
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12/14/2011

Meu dia acabou de um jeito inesperadamente lúdico e cheio de saudade. Pego taxi no mercado e reconheço os primeiros acordes da música caipira que tá tocando. O senhor ia desligar o som e peço que não, deixa Tonico e Tinoco cantar, moço!. Ele se surpreendeu:
- juventude não gosta desse tipo de música, disse.
- É, seu moço, não sou tããão moça quanto aparento e ouvi muito, provavelmente este mesmo disco.
 Ouvi emocionada "Chico Mineiro", canção que é das minhas primeiras lembranças. Lembro de ouvir meus avós cantando pela casa, o disco rolando solto também no bar. Lembro de eu, criança, chorando porque essa e outras músicas eram tão tristes ( Menino da Porteira, Longa Estrada da Vida, enfim... essas músicas caipiras que foram as primeiras que escutei. E, algumas, é impressionante como sou capaz de, mais de 30 anos depois, lembrar de minha vozinha cantando pela casa... eu lembro do som se espalhando pela casa....isso é... deixa pra lá.
O taxista me pergunta:
- E cabocla Teresa, vc conhece também?
- Lembro do nome, mas acho que não sei cantar, não!
Não???!!! Foi só começar a letra, depois daquela clássica parte falada do começo, e não é que saí cantando tudo junto (Há tempo eu fiz um ranchinho Pra minha cabocla morá/Pois era ali nosso ninho/Bem longe deste lugar). E, de novo, aquela sensação de estar na casa da minha vozinha tomou conta e cantei tudo junto, mais ou menos porque, numa boa, são muitas emoções que vêm à tona. Tonico e Tinoco é foda! Coração de quem ouviu isso primeiro, não consegue mesmo se contentar com qualquer coisa depois!
Conversamos então sobre como a música brasileira é linda e poderosa! como a música caipira é o nosso blues e como é uma sonoridade sofrida, conta histórias doloridas.
Entrou um acorde gauchesco que também reconheci imediatamente: "tropeiro velho porque tanta tristeza...."
O motorista pediu se eu tinha um tempo pra ouvir uma música que é bem a vida dele. Claro que sim!
E coloca uma música dos Farrapos que não conhecia, mas de letra igualmente linda sobre uma linda história de amor que não acabou quando os cabelos ficaram brancos... Ah, esse ritmo gauchesco que foi o primeiro que dancei, ao som da gaita ao vivo no meio da casa...

Ah cara, é por isso que eu sou assim, uma romântica incurável, nostálgica.
Da música caipira pra gauchesca terminei meu dia como não esperava depois da pilha que ele foi. Cheia das boas lembranças que acesso sempre que preciso ficar forte.
Não achei vídeo e como queria Tonico e Tinoco vai esse link:
http://www.youtube.com/watch?v=xb4tvRqnEgA&feature=related


as melhores canções

começando a relembrar meus melhores do ano, mesmo sem ter certeza, ainda, se foi lançado esse ano: forte candidato a meu hit do ano, conhecido quase no final deste 2011.
Com a palavra Martinucci, via Stilnovisti

"tem dias de sim/ tem dias de não/
tem dias que nem sequer uma canção/
tem dias de sonho e de doce ilusão/
dias de por os dois pés no chão/
dias reticências, dias dois pontos/
de despedida e de encontros/
tem dias em que a gente perde a noção que dias melhores um dia virão

tem dias, dias de ser, dias de estar
tem dias pra se amar

tem dias que a gente move moinhos
tem dias em que eles se movem sozinhos
são dias em que o vento sopra a favor
dias de frio/ dias de calor
tem dias de flores
dias de espinho em que há uma pedra no meio do caminho
dias de Paulo Leminski Carlos Drummond
Bono Vox e Itamar Assumpçao

tem dias, dias de ser
e dias de estar
tem dias pra se amar"


É o tipo de canção que me acerta em cheio. Gostei desde a primeira audição, mas agora que voltei a ouvir e to ouvindo direto fui percebendo outros detalhes. E não apenas nesta faixa, mas o ep todo é um primor. o que são os detalhes (arranjos) das canções? Realmente um grande disco, jazzeira de prima, que me deu uma vontade hoje quando vinha pro trabalho de voltar pra casa e colocar o disco baixinho pra ouvir enquanto leio um bom livro. Percebi que tô com vontade de uma daquelas tardes calmas, ao lado do meu amor, cada um com seu livro, sem agitação, sem nada demais... só nós dois, algumas canções e um bom livro no aconchego da nossa linda casinha.



12/08/2011

Força da Capoeira - 18º Batizado


Orgulho de ser Força da Capoeira

Maculelê do Grupo Força da Capoeira. Algo que me mantém há dez anos no Força da Capoeira é a filosofia que o Mestre Kinkas/contra mestra Áurea exercitam. Já faz tempo que, quando me refiro ao Mestre Kinkas, falo também da contra mestra Áurea, minha mestra também sem dúvida! Capoeira não é só dar pernada, é também pensar e agir. Meu Mestre age, efetivamente, quando participa de projetos sociais da prefeitura, do estado e do país; quando dá aulas para crianças e adolescentes em situação de risco social; quando participa dos eventos do ministério da cultura representando a capoeira do paraná. E também quando mistura os tipos de gentes que somos nas diferentes academias e escolas onde ensina a arte da rasteira, junto com lições de vida. Kinkas sempre conversa muito e estou certa de que suas conversas espalharam por seus alunos uma visão de vida que agrega, que estimula a amizade, o valor à vida e às pessoas. Eu não tenho a menor dúvida de que a capoeira é um instrumento valioso de valorização da vida, da tolerância e do amor. A capoeira aproxima as pessoas através da música, da dança, do canto, dos movimentos do corpo e também unindo nossas histórias de povos de todas as cores e com todas as crenças. foi sempre muito lindo pra mim observar isso, desde as primeiras vezes em que fui lá pro uberaba, conhecendo aos poucos pessoas com estilos de vida e pensamentos diferentes dos meus. Saí do circuito central mais vezes e botei o pé em outros bairros, além dos que eu morava. conheci mais curitiba e seus curitibanos de tantos lugares do Brasil circulando por várias linhas de ônibus. Em todo dia em que conviví com esse povo da capoeira, ao mesmo tempo em que notei nossas diferenças o que mais me marcou e me manteve por perto foi notar que aqueles princípios essenciais de valorização da vida que aprendi a acreditar desde criancinha estavam entre nós - cada um o exercitando a seu modo. Para isso tudo é importante também conversar. E eu gosto de conversar, ouvir e observar. E as pessoas do Grupo Força da Capoeira também gostam. Algumas mais que outras. Uma dessas é o Boneco de Milho, ou Miguel Novicki, que organizou um encontro de capoeira na UFPR e ta cuidando este ano de outro encontro do Grupo Força com Mestres convidados. É tudo na raça, viu. Não temos apoio público, é o Força da Capoeira “apenas”, lutando pra que essa arte esteja no lugar que é seu por direito. Várias vezes conversei com Boneco, ele defendendo a importância de se manter o ritual, de manter a essência da capoeira com toda sua riqueza cultural. O saber dos mestres faz parte disso. Nossos Mestres de capoeira, e da cultura popular, como um todo são valiosos para que as pessoas não fiquem cada vez mais separadas, sendo identificadas pela roupa que vestem ou pela região da cidade em que moram. Por isso é importante conversar, falar da importância disso tudo e ouvir quem sabe mais ainda. É o que o Força vai fazer outra vez. Amanhã, sexta-feira, véspera do nosso Batizado e dia de troca de cordas dos alunos do Marcos Cigano, vai ter no Sítio Cercado, uma rodada de conversas com os mestres convidados e o pessoal daqui. Vem gente muito boa e competente não só nas rodas de capoeira, mas também naqueles movimentos necessários quando a roda não tá rolando. Porque articulação é isso. É ter estratégia e disseminar as informações que farão a diferença. Vem gente pra dividir seus conhecimentos instintivos e gente para dividir informações estratégicas para que a capoeira fique cada vez mais forte e Curitiba e o Paraná ocupem seu lugar nesse universo. Sem mais, segue o cartaz com o texto que o Boneco de Milho escreveu para convidar a todos. De minha parte, só quero dizer mais um valeu por tudo isso. E lembrar que: “se você faz um jogo ligeiro Dá um pulo pra lá e pra cá Não se julgue tão bom capoeira Que a capoeira não é tão vulgar. Para ser um bom capoeirista, pra ter muita gente que te de valor Vc tem que ter muita humildade, tocar instrumento, ser bom professor. Capoeira faz ginga bonita, canta um lamento com muita emoção Quando vê o seu Mestre jogando sente alegria no seu coração Ele joga angola miudinho, se a coisa esquenta não corre do pau Tem amigo por todos os lados, um grande sorriso também não faz mal. Isso é coisa da gente ginga pra lá e pra cá Mexe o corpo ligeiro, a mandinga não pode acabar” O encontro vai ser: DIA: 09/11/2011 das 14 as 18 horas Local: Associação Parigot de Souza – Sitio Cercado Rua Delminda S. Fernandes esquina com a Rua Dr. Levy Buquera Contato: Mestre Kinkas 96417478 ou Boneco de Milho 96577739 Texto do Boneco de Milho: O jogo/luta/arte da capoeira foi registrado como patrimônio imaterial nacional, pelo IPHAN, em agosto de 2000, a partir de duas perspectivas distintas: as rodas de capoeira e o ofício dos mestres de capoeira. Neste processo, não somente se consolidou uma realidade que já apontava para a importância nacional da capoeira no cenário brasileiro (e mesmo internacional), mas também, pela forma com que o registro se efetivou, explicitou-se que esta não pode ser pensada apenas a partir de sua apresentação pública, é necessário considerar uma maneira de transmissão do conhecimento que tem nas figuras dos mestres – e de suas particularidades – uma referência fundamental. Certamente o processo de registro da roda de capoeira, bem como o do saber do mestre, caracterizados como patrimônio cultural de natureza imaterial é um marco importante de reconhecimento da pratica pelo estado. No entanto sabe-se que a cultura popular caracteriza-se por sua dinamicidade, sendo assim para melhor entende-la as discussões devem ser constantemente atualizadas. Questões como: O que caracteriza e como é formado o saber do mestre? Como manter a essência da capoeira tendo que atender as novas demandas pedagógicas e sociais? Profissionalização. O perfil do professor e mestre de capoeira na atualidade? Quais os requisitos necessários para se tornar um mestre de capoeira? Para responder a estas questões convidamos alguns dos mestres de renome da capoeira nacional. Mestre Kinkas Grupo Força da Capoeira (Paraná) Mestre Xangô Grupo jogar (Rio de Janeiro) Mestre Falcão Grupo Beribazu (Goiás) Mestre Renato Grupo Axé Liberdade (Pernambuco) Mestre Igor Grupo Beribazu (Brasília) Mestre Déa Grupo Kauande (Paraná)

12/06/2011

Aniversário do 92

Muito já falei do Ninety two Degress, nosso querido 92 Graus! Ele celebra seus 20 anos em novo endereço. Eu curti o astral. Flavio garante que os shows começam cedo.

12/05/2011

O Grupo Força Chegou

Começou no domingo, com roda no largo, a Semana Grupo Força da Capoeira. No próximo sábado, dia 10, acontece o 18. Batizado do Grupo Força da Capoeira. Não pego corda, porque quando a gente chega nas cores mais altas, a partir da verde, demora mais pra trocar de corda. é o meu caso: sou verde e amarela, uma década de capoeira que pesa na cor da corda. Uma coisa que gosto muito na capoeira são as cantigas. Tem cantorias lindas, fortes que falam muito do Brasil e dos brasileiros. Tenho ouvido muitos discos de capoeira e entre estes o gravado pelo Força. A música do Valdir Van Damme, "O Grupo Força Chegou", é uma gravada. Só agora percebi que um trechinho dela foi cantado quando eu pegava minha corda verde. E é muito linda essa canção. Então taí, o meu batizado de corda verde, em 2007, se não me engano, e a letra da música. "Hoje aqui nessa roda eu quero ver muita energia/ um jogo bonito e ligeiro, capoeira com sabedoria/ é no canto,é no coro, é na palma/ no samba de roda, no maculelê/ Um grupo que nos convida/ Me convidou e convida você/ lelele-o Grupo Força Chegou lelele-a a Roda vai começar Hoje aqui nessa roda o que eu quero é agradecer/ Ao grupo força e a capoeira/ que faz os meus olhos brilhar só de ver/ é no canto,é no coro, é na palma no samba de roda, no maculelê Um grupo que nos convida Me convidou e convida você lelele-o Grupo Força Chegou lelele-a a Roda vai começar"

11/30/2011

Roda do Grupo Força da Capoeira

Um pedaço da roda que rolou no dia 13.11 2011. não é comum o pessoal do grupo estar sem o abadá (calça branca do grupo). Só que neste dia Gabriel prestaria seu vestibular e foi dar um relax na roda antes de ir pras provas. este é o jogo dele, Gabriel, com o contra mestre Cigano.

Garageira do Coelho

Ei, vai ter Fabyote y Coeyote no TUC, com entrada franca, neste sábado. É o último Garageira Curitibana, projeto do amigo Marcus "Coelho" Gusso. a programação tá bem boa. Amanhã, quinta, tem Koti; e sexta tem Krapulas. legal!

11/29/2011

Roda do contra mestre cigano do Grupo Força da Capoeira

Mais um vídeo do Força da Capoeira, que promove seu batizado anual no próximo dia 10 de dezembro, às 15h no Memorial de Curitiba. O Cigano é um cara muito dedicado à capoeira e joga com uma alegria que dá gosto de ver. Ele também dá aula no Sítio Cercado e é um grande professor. fica fácil a gente notar que ele é bom quando vemos os alunos dele jogando. Então, mais um pouco de Grupo Força da Capoeira. Lembrando que domingo se não chover estaremos novamente, a turma toda, nas Ruínas de São Francisco. É sempre assim: na semana do Batizado são muitas atividades e vc pode encontrar a gente quando menos esperar. Essa roda que filmei foi do ano passado nesta mesma época - se não me engano na Escola Rio Negro. Programação: dia.04.12 abertura do evento, roda no largo.11h dia 05.12 roda do contra mestre Marcos Cigano. 17.30 sítio cercado dia 06.12 roda bio fitnes . Salgado filho- 19.00hs dia 07.12 roda instrutor ema. agua verde. 20.00hs dia 08.12 roda paroquia nossa senhora aparecida. 19.00h( curso com mestre xangô e roda) dia 09.12 palestras com mestres convidados durante o dia; 18h30 batizado c/m Marcos (sítio cercado) dia 10.12 batizado do grupo força da capoeira. 15h teatro londrina.
Esta é uma parte da turma na primeira roda das Ruínas deste ano, sem o mestre Kinkas, que estava viajando. Mas, a gente se virou assim mesmo. foi no dia 13.11.

11/23/2011

A Força que vem da Capoeira

Meu último evento do ano está perto: o Batizado do Grupo Força da Capoeira, do qual, orgulhosa e alegremente, faço parte há 10 anos. O nosso Batizado vai ser no dia 10 de Dezembro, äs 15h, com entrada franca, no Memorial de Curitiba. Neste dia, o Grupo fará apresentações de Caboclinho, maculelê, Frevo, samba de roda e Coco. Não estarei nas coreografias, infelizmente, por falta de tempo pra ensaiar, mas vou jogar capoeira. Até lá, todo domingo que não chover faremos rodas a partir das 11h lá nas Ruínas de São Francisco, na parte de trás do palco, na pracinha mesmo. Para começar a falar disso, vou reproduzir um texto que escrevei para o site Overmundo. meus companheiros de roda já me falaram que ficaram emocionados quando o leram, mas parece que eu preciso mesmo de um tempo para poder curtir o que fiz. Esse tempo chegou. Realmente esse texto diz muito do que senti naquele 2001. O texto é de 2006 e lendo ele agora lembro de tantos outros momentos bons que a capoeira me deu. Quase todas as pessoas que cito no texto continuam com a gente. e outras novas chegaram. A Sereia larissa casou com o Tiago (que chegou depois) e a Lara, filha dos dois, já tá praticamente jogando capoeira, antes mesmo de falar direito. O Ema virou professor de capoeira, casou com a Kaká e os dois tiveram o Pedro. O Marcos Cigano também já teve mais um capoeirinha e toca sozinho seu próprio Batizado. Os alunos dele evoluem muito rápido porque ele é um bom professor. E o Boneco de Milho, além de professor, começa a ser também uma referência quando o assunto é capoeira e lançou um livro com um levantamento dos nomes importantes da capoeira do paraná. E outro capoeirinha está chegando do amor de Mestre Kinkas e Áurea, agora que o Gabriel está um homem jogando muuuiita capoeira. é assim que a vida segue e o Força da Capoeira continua fazendo parte da minha (nossas) vida (s). A força que vem da Capoeira Eu lembro bem aquela tarde quando, enjoada da monotomia da academia de ginástica, ouvi uma batida diferente e vi umas pernas pra cima na janela de uma das salas. Eu, entrando na minha década balzaquiana, procurava um desafio: - O que eu sempre gostei mas nunca me atrevi a fazer por me achar incapaz?, me perguntava. Quando descobri que ali tinha aquela arte tão linda da ginga que eu via embevecida e hipnotizada acontecer nas ruas, achando que era algo que meu corpo não conseguiria fazer, pirei. Quando botei a cabeça – e olhos curiosos - pra dentro da sala, veio o convite de um cara de voz forte e bonita que, depois eu soube, era o Mestre Kinkas – Joaquim Guedes da Silva Alcoforado Neto. - Venha aí, fazer uma aula com a gente”, disse. De onde veio a coragem, sinceramente ainda não sei, mas eu fui. E há cinco anos, toda terça e quinta eu tô lá, faça chuva ou sol, atravesso a cidade para aprender a jogar capoeira, cantar, tocar e, de quebra, tenho aula de Brasil, de um Brasil que parecia distante pra essa “catarina” branquela, mais acostumada, nos seus mais de 20 anos de Curitiba, à toada do rock que aos ritmos da cultura popular. Ainda hoje me emociono com a força da cantoria e do batuque que contam sobre a saga dos negros, provocando calafrio no ritmo marcado pelo pandeiro, atabaque e berimbau. Que coisa linda é essa cantoria! E o som do berimbau hoje em dia é capaz de me tirar (e colocar de volta no) do prumo. O Grupo Força da Capoeira nasceu em Curitiba há 14 anos, quando Kinkas e Áurea vieram de Recife para Curitiba para (re) começar tudo. O menino Gabriel eles tiveram aqui, e foi por conta das “intromissões” dele – que já é um capoeirista com estilo aos 13 anos - , querendo fazer bananeira e entrar no jogo, que eles desenvolveram uma técnica de ensino da capoeira para crianças a partir de 2 anos e 9 meses, que auxilia também na alfabetização. Áurea e Kinkas também ajudaram a disseminar nessa “terra de polaco” os ritmos da nossa cultura popular. Junto com a capoeira, aprendemos frevo, maculelê, samba de roda, coco, maracatú, xaxado, puxada de rede, eles tentam pôr mais dendê na vida dessa gente meio durinha aqui do Sul. No ritmo dos quadris e dos pés da professora Àurea ví alguns preconceitos – que nem sabia que eu tinha – irem por terra com ela buzinando no meu ouvido: “Vamo lá Rubi, solta essa franga, faz a piriquita falar”. E o maculelê – “essa dança guerreira de preto velho do tempo da escravidão” - ? Confesso que entre a candura do coco, a sensualidade do samba de roda, foi a energia catártica do Maculelê que mais me acertou. O batuque, as músicas guerreiras o bater dos paus e o faiscar dos facões.... Não foi só por sua beleza que a capoeira entrou na minha vida. Tenho convicção que se continuo nessa lida é porque encontrei o Grupo Força da Capoeira. Porque gosto da filosofia de vida que norteia seus trabalhos, das pessoas especiais que o fazem existir. Sábado passado mesmo, em uma aulão, Mestre Kinkas teve outra daquelas conversas que nos dizem que a capoeira não é só dar pernada, mortais e essas coisas de exibicionismo gratuito. Sempre ao final das aulas ele conversa, alerta para não entrar no jogo de quem gosta de tretá, relembra histórias da capoeira, comenta sobre algo que está acontecendo...eu gosto disso. Também tem os dias em que o tempo fecha, faz parte, é só saber levar e não é por acaso que Kinkas é chamado de Mestre. Ele é uma referência, principalmente, noto, para algumas pessoas que estão há mais de dez anos juntas no grupo, começaram adolescentes, crianças, cresceram e hoje são homens e mulheres que ajudam a quebrar os preconceitos que ainda rondam essa linda arte marcial brasileira. E a Áurea ali, segurando a onda junto, fazendo as roupas, os instrumentos que eles vendem na Feirinha do Largo da Ordem, todo domingo, dando aulas e, especialmente, ensinando as gurias a cantar e soltar o corpo de “um jeito diferente dos homens”. Ela tem uma voz poderosa e isso é importante, porque ainda não é muito comum as mulheres cantarem na capoeira. O Força tem mulheres que cantam e tocam. Terá mais, em breve. Até porque o número delas aumentou muito desde 2001. Já tinha a Maria José, a Mirian, a Alessandra e a Grila, vieram as superpoderosas Lindina, Docinho e Florzinha. A Sereia, “que cresceu na capoeira”, voltou com uma gana visível para recuperar os três anos que ficou sem treinar; chegou a Cacá, carioca seu jeito de guerreira, e, há pouco tempo a Tati, com sua experiência de dez anos na arte da ginga. Gurias porretas que não perdem o charme na hora de brincar a capoeira. É um hábito na capoeira dar apelidos aos seus integrantes. Eu simplesmente amo o que ganhei, Rubi, por conta de meus cachos coloridos artificialmente - que lhes causava um tanto de espanto no começo, principalmente quando um suor vermelho escorria depois de uma camada recente de tinta. Gosto de estar em mundos diferentes, e vê-los se encontrando. A jornalista tagarela acostumada a ter tudo sob relativo controle que, aqui, se desarma, desacelera, entra com uma expressão tensa no rosto e sai leve, sorriso aberto e com uma vontade louca no peito de nunca mais sair de uma roda de capoeira. Fico puta da cara quando o jogo não rende, mas tem horas mágicas em que já não importa se eu jogo muito ou pouco, se acerto o movimento ou não. Quando dou o aú para entrar na roda, é um transe incrível que, ao invés de cansar, descansa, descarrega todo o peso do mundo e repõe as forças – tanto quanto uma bela canção. A vontade de fazer capoeira melhor aumenta quando vejo o “jogo zen” do Boneco de Milho (Miguel); a obstinação do Ema (Rodrigo); a alegria contagiante do Cigano (Marcos), o charme da Sereia (Larissa), da Jaboticaba (Mirian) e da Grila, os cuidados do Olavo, a força do Marquinhos. Mestre Kinkas e Áurea inspiram, também na vida. Assim como a amizade de todos os outros, nesse grupo que cresce a olhos vistos e sempre dá um jeito de engrenar uma baladinha regada, claro, a roda de capoeira, que vai até o churrasco e uma cervejinha, que ninguém é de ferro. E por falar em balada, esse texto é pra contar que no próximo dia 9 de dezembro, como sempre acontece no segundo sábado de dezembro, é dia do Batizado do Grupo Força. Batizado é a cerimônia de troca de cordas dos alunos, não tem absolutamente nenhum cunho religioso. Vai ter também xaxado, maculelê, coco, samba de roda, com convidados daqui, de Santa Catarina e Rio de Janeiro. Eu vou pegar a corda marrom e verde – e me dá um frio na barriga só de pensar. Eu não planejei ficar na capoeira, só queria ver como era. E hoje não consigo me imaginar sem ela e sem essas pessoas que conheci. E pra quem acha que capoeira é só pro pessoal mais novo, tem uma fala que o Mestre Kinkas emprestou de alguém, se não me engano, que é perfeita: a Capoeira é o jeito que o corpo dá. Que o diga eu, essa branquelinha de 36 anos, que dava pinta de que não vingaria: pois é, e eu achei mais um lugar que é meu nesse mundão: a capoeira, junto com o Força da Capoeira. Aqui o link: http://www.overmundo.com.br/overblog/a-forca-que-vem-da-capoeira

11/17/2011

cadernos em bloco

Ao acordar, logo cedo, já sentiu que buscava uma história. Acordou assim, simplesmente isso. Pra não perder o ônibus deixou pra tomar o café na padaria perto do trampo e não na do lado de casa. E enquanto seguia, em pé, mochila nas costas, bolsa no ombro, sem os fones de ouvido pra sentir melhor o sol que parecia ter energia para encarar o dia nesse começo, pensava mais e mais nessa procura que não acaba nunca. O pior de tudo, pensou, é saber que ta tudo bem aqui.... Leu o jornal para gastar o tempo pouco antes da hora de bater o ponto e decidiu que, desta vez, mudaria algo, antes mesmo do fim do ano que se aproxima. Lembrou daqueles textos perdidos em pastas e cadernos e das caixas que prometeu vasculhar pra contar sobre os primeiros dias, antes da coisa toda começar. Achou que, assim, poderia só continuar algo e a inspiração viria de qualquer modo. Quando o meio do dia chegou, diante da tela percebeu seu próprio blefe. É só mais uma vontade perdida que nunca se concretiza e sempre fica esquecida nesses tais cadernos e blocos. É sempre outra história largada no meio, outro desprezo pela dedicação e a dispersão tomando corpo. Até que outro surto de luz jogue novas sombras pelas frestas e as flores cheirosas deixem as pétalas cobrir o pedaço de terra deixado pela morte da grama. Amoras, uvinhas de amanhà, salsa replantada e coentro se espalhando a seu bel prazer pelo quintal; e a açucena, linda, combinando seu verde com o tom marrom da casa. É assim que a vida vai se espraiando e passando pela vida dela, fazendo as curvas que quer e acordando quando dá na telha.