12/08/2011

Orgulho de ser Força da Capoeira

Maculelê do Grupo Força da Capoeira. Algo que me mantém há dez anos no Força da Capoeira é a filosofia que o Mestre Kinkas/contra mestra Áurea exercitam. Já faz tempo que, quando me refiro ao Mestre Kinkas, falo também da contra mestra Áurea, minha mestra também sem dúvida! Capoeira não é só dar pernada, é também pensar e agir. Meu Mestre age, efetivamente, quando participa de projetos sociais da prefeitura, do estado e do país; quando dá aulas para crianças e adolescentes em situação de risco social; quando participa dos eventos do ministério da cultura representando a capoeira do paraná. E também quando mistura os tipos de gentes que somos nas diferentes academias e escolas onde ensina a arte da rasteira, junto com lições de vida. Kinkas sempre conversa muito e estou certa de que suas conversas espalharam por seus alunos uma visão de vida que agrega, que estimula a amizade, o valor à vida e às pessoas. Eu não tenho a menor dúvida de que a capoeira é um instrumento valioso de valorização da vida, da tolerância e do amor. A capoeira aproxima as pessoas através da música, da dança, do canto, dos movimentos do corpo e também unindo nossas histórias de povos de todas as cores e com todas as crenças. foi sempre muito lindo pra mim observar isso, desde as primeiras vezes em que fui lá pro uberaba, conhecendo aos poucos pessoas com estilos de vida e pensamentos diferentes dos meus. Saí do circuito central mais vezes e botei o pé em outros bairros, além dos que eu morava. conheci mais curitiba e seus curitibanos de tantos lugares do Brasil circulando por várias linhas de ônibus. Em todo dia em que conviví com esse povo da capoeira, ao mesmo tempo em que notei nossas diferenças o que mais me marcou e me manteve por perto foi notar que aqueles princípios essenciais de valorização da vida que aprendi a acreditar desde criancinha estavam entre nós - cada um o exercitando a seu modo. Para isso tudo é importante também conversar. E eu gosto de conversar, ouvir e observar. E as pessoas do Grupo Força da Capoeira também gostam. Algumas mais que outras. Uma dessas é o Boneco de Milho, ou Miguel Novicki, que organizou um encontro de capoeira na UFPR e ta cuidando este ano de outro encontro do Grupo Força com Mestres convidados. É tudo na raça, viu. Não temos apoio público, é o Força da Capoeira “apenas”, lutando pra que essa arte esteja no lugar que é seu por direito. Várias vezes conversei com Boneco, ele defendendo a importância de se manter o ritual, de manter a essência da capoeira com toda sua riqueza cultural. O saber dos mestres faz parte disso. Nossos Mestres de capoeira, e da cultura popular, como um todo são valiosos para que as pessoas não fiquem cada vez mais separadas, sendo identificadas pela roupa que vestem ou pela região da cidade em que moram. Por isso é importante conversar, falar da importância disso tudo e ouvir quem sabe mais ainda. É o que o Força vai fazer outra vez. Amanhã, sexta-feira, véspera do nosso Batizado e dia de troca de cordas dos alunos do Marcos Cigano, vai ter no Sítio Cercado, uma rodada de conversas com os mestres convidados e o pessoal daqui. Vem gente muito boa e competente não só nas rodas de capoeira, mas também naqueles movimentos necessários quando a roda não tá rolando. Porque articulação é isso. É ter estratégia e disseminar as informações que farão a diferença. Vem gente pra dividir seus conhecimentos instintivos e gente para dividir informações estratégicas para que a capoeira fique cada vez mais forte e Curitiba e o Paraná ocupem seu lugar nesse universo. Sem mais, segue o cartaz com o texto que o Boneco de Milho escreveu para convidar a todos. De minha parte, só quero dizer mais um valeu por tudo isso. E lembrar que: “se você faz um jogo ligeiro Dá um pulo pra lá e pra cá Não se julgue tão bom capoeira Que a capoeira não é tão vulgar. Para ser um bom capoeirista, pra ter muita gente que te de valor Vc tem que ter muita humildade, tocar instrumento, ser bom professor. Capoeira faz ginga bonita, canta um lamento com muita emoção Quando vê o seu Mestre jogando sente alegria no seu coração Ele joga angola miudinho, se a coisa esquenta não corre do pau Tem amigo por todos os lados, um grande sorriso também não faz mal. Isso é coisa da gente ginga pra lá e pra cá Mexe o corpo ligeiro, a mandinga não pode acabar” O encontro vai ser: DIA: 09/11/2011 das 14 as 18 horas Local: Associação Parigot de Souza – Sitio Cercado Rua Delminda S. Fernandes esquina com a Rua Dr. Levy Buquera Contato: Mestre Kinkas 96417478 ou Boneco de Milho 96577739 Texto do Boneco de Milho: O jogo/luta/arte da capoeira foi registrado como patrimônio imaterial nacional, pelo IPHAN, em agosto de 2000, a partir de duas perspectivas distintas: as rodas de capoeira e o ofício dos mestres de capoeira. Neste processo, não somente se consolidou uma realidade que já apontava para a importância nacional da capoeira no cenário brasileiro (e mesmo internacional), mas também, pela forma com que o registro se efetivou, explicitou-se que esta não pode ser pensada apenas a partir de sua apresentação pública, é necessário considerar uma maneira de transmissão do conhecimento que tem nas figuras dos mestres – e de suas particularidades – uma referência fundamental. Certamente o processo de registro da roda de capoeira, bem como o do saber do mestre, caracterizados como patrimônio cultural de natureza imaterial é um marco importante de reconhecimento da pratica pelo estado. No entanto sabe-se que a cultura popular caracteriza-se por sua dinamicidade, sendo assim para melhor entende-la as discussões devem ser constantemente atualizadas. Questões como: O que caracteriza e como é formado o saber do mestre? Como manter a essência da capoeira tendo que atender as novas demandas pedagógicas e sociais? Profissionalização. O perfil do professor e mestre de capoeira na atualidade? Quais os requisitos necessários para se tornar um mestre de capoeira? Para responder a estas questões convidamos alguns dos mestres de renome da capoeira nacional. Mestre Kinkas Grupo Força da Capoeira (Paraná) Mestre Xangô Grupo jogar (Rio de Janeiro) Mestre Falcão Grupo Beribazu (Goiás) Mestre Renato Grupo Axé Liberdade (Pernambuco) Mestre Igor Grupo Beribazu (Brasília) Mestre Déa Grupo Kauande (Paraná)

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