
Nunca é tarde pra descobrir coisas boas. Foi isso que eu pensei esses dias depois de passar a semana ouvindo uns discos do Mark Lanegan. Já tinha ouvido falar bem do trabalho solo do cara. A bichinha do André Ramiro até tinha me passado um disco deles uma vez, se não me engano, mas não tinha tido oportunidade de ouvir de verdade. E do Screaming Trees, só conhecia aquela que todo mundo conhece, mas como nunca dei muita bola pro grunge, não tinha saído disso.
Mas, como ia dizendo, essa semana fui ouvir e fiquei muito bem impressionado com o trabalho do cara. E que voz, putaqueospariu! De congelar a alma do mais incrédulo dos viventes.

Gostei em especial do Whiskey For The Holy Ghost (1994), disco solo que tem uma instrumentação bem minimalista, o que destaca ainda mais o vozeirão grave e de registro baixo dele, o tipo de vocal que me atrai. E a música que mais me pegou nesse disco foi “Kingdom of rain”. Um folk blues soturno, arrastado, arrepiante.
Outro belo disco no mesmo clima é o Scraps At Midnight (1998), que também tem várias pérolas, como “Stay”, típica balada country folk pra acampamentos, como diria o Manfredini Jr, com seu belo e singelo refrão “down like rain, come down”. “Bell black ocean” lembra um Tom Waits ligeiramente mais agridoce. A seguinte, “Last one in the world” é outro destaque, em que uma melodia simples e circular envolve uma conversa entre amigos (aparentemente, pois sou anarfa em inglês) e uma interpretação melancolicamente singela.
Os dois discos transpiram o velho dístico simplicidade e bom gosto, que me é tão caro. Nada de grandes novidades (que de velhas novidades o museu tá cheio, como diria o veio zuza), modernices estéreis, apelos fashion. Só boas canções, temperada com talento, arranjos minimalistas, interpretações precisas e pungentes, e é claro “A” voz. E que voz, putaqueospariu.

Puxando o fio da meada acabei deparando com um projeto chamado Soulsavers, que lançou em parece que o ano passado o disco “It’s Not How Far You Fall, It’s The Way You Land”, que o Marcelo Costa sabiamente definiu como “um disco para salvar almas”. Pelo Scream Yell descobri que esse disco “é o segundo álbum do projeto (...) capitaneado pela dupla britânica Ian Glover e Richard Machin”, um duo eletrônico que chamou o Mark Lanegan pra cantar. E o resultado é muito foda já na faixa de abertura “Revival”, ele solta A VOZ circundado por um coro gospel maravilhosamente monstruoso. “Spiritual” devia ter royalties para o Jason Pierce, de tanto que lembra o Spiritualized. Na letra ele canta em tom de súplica: "Jesus, don´t wanna die alone". O Gian me conta que esse na verdade é um disco de versões, várias delas do Johnny Cash, o que não é nenhuma surpresa. Tem tudo a ver as canções do grande bardo do country folk norte-americano com a voz do Lanegan. É sopa no mel. E que voz, putaqueospariu!
aproveitem as dicas da semana, E COMENTEM ESSA PORRA, CARALHO!
tchau!