10/29/2007

Os silêncios e a tagarelice de Antony

Depois de Cat Power foi a vez do som mais acústico do inglês Antony and the Johnsons

Adriane Perin

Antony and the Johnsons fechou a primeira nhoite do Tim Festival
Depois de Cat Power foi a vez do som mais acústico do inglês Antony and the Johnsons, que também ganhou sessões extra por conta da crise de labirintite que impediu a vinda da canadense Feist. Mais conhecido e badalado, ele entrou no palco com a platéia, agora sim lotada, ganha. Fez um show legal, cheio de nuances, acompanhado de uma banda de prima. Sem largar jamais seu piano, falou muito, engajado em um feminismo tão manhoso quando perigoso e até um tanto oportunista. Mas, tudo bem, foi só pra fazer média com as mulheres, mesmo que até sua violoncelista tenha ficado tímida diante dos adjetivos direcionados às mulheres. Um show impecável, mesmo com os erros que provocaram pedidos de desculpas e o reinício das canções, sob aplausos. Foi um show muito bonito para encerar uma noite especial, com um repertório cheio de silêncios e detalhes e algumas de suas mais famosas canções, como “For Today I Am a Boy”, com direito a um cover inusitado de “I Will Survive”, de Gloria Gaynor. Foi um show na medida, mais um pouco e poria a ponta dos pés na chatice.

O Auditório
Um dos endereços do Tim em São Paulo foi o Auditório Ibirapuera um ambiente contemporâneo criado por Oscar Niemeyer, dado de presente a São Paulo em seu aniversário de 450 anos pela empresa de telefonia promotora do Festival. Todas atenções dos paulistanos que estavam lá, no entanto, pareciam se direcionar ao Festival de Cinema, mais comentado que o Tim, inclusive entre jornalistas que não sabiam nem qual seria o segundo show do Tim Festival. O cinema estava impregnado também naquele ambiente amplo e branco de Niemeyer. Se por um lado foi legal a idéia de apresentar estes shows num teatro, por outro, ficou um clima meio frio demais, contrastando com o astral intimista das performances. Se bares e casas noturnas têm seus ruídos e conversas paralelas que atrapalham o desfrute da música, por outro lado, também trazem uma proximidade que as cadeiras marcadas tiram. Lá dentro se perde a noção até de que estamos dentro de um belo parque. No show de Cat Power, especialmente, a vontade era chegar mais perto ainda, sentar no chão à beira do palco e fechar os olhos, tomando um drinque e fumando um cigarro, enquanto ela cantava.

Nenhum comentário: