8/02/2007

“O que eu faço é Folk Brasileiro”, diz Renato Teixeira

Jornal do Estado

Divulgação
Renato Texeira acertou ao valorizar a singeleza das canções

O músico santista lançou seu primeiro DVD para celebrar os 40 anos de carreira e está em sexto lugar no ranking de vendas

Adriane Perin

O músico Renato Teixeira festejou os 40 anos de carreira com o lançamento de seu primeiro DVD, Ao vivo no Auditório Ibirapuera. Trata-se de registro no qual a música é o que mais importa. Pode prescindir, portanto, de aparatos complementares para mostrar toda sua força. Com simplicidade, o músico argumenta que em sua produção a poesia tem a mesma importância que a música. “Por isso tem que deixar isso à frente e foi este o norte de todo trabalho”, conta, sobre o lançamento da Som Livre, que faz uma retrospectiva de suas primeiras quatro décadas.
Com viola em punho, ele é conhecido como um fazedor de música caipira de agora. Mas, ele contesta. A idéia é mostrar a música folk brasileira. Nem a caipira, nem a sertaneja, nem aquela chamada ‘de raíz”. Esses termos, diz, são usados como forma de facilitar a compreensão. “Folk brasileiro é o que me agrada mais, é uma música que considera muito os valores culturais memoriais; quer projetar algo pro futuro; leva o lado familiar a sério. O caipira, hoje, é restauração, é Tonico e Tinoco. Sertanejo, é Chitãozinho e Xororó”, diz.
O Folk Brasileiro tem sua origem no caipira, que começa com Cornélio Pires e vai até que acontece uma dissidência, que gera o sertanejo, de um lado, e algo que ficou sem nome, do outro. “Eu e Almir Sater fomos pra esse lado que as pessoas ficam achando que é raíz”, comenta. Os dois já foram definidos como fazendo música caipira contemporânea, mais sofisticada, em geral, praticada por pessoas com formação musical mais clássica. “Não me incomoda isso, incomoda é achar que é sertanejo ou raiz, porque acaba sendo uma barreira. Raíz, pra mim, é folclore. A música caipira, cumpro o doloso dever de dizer, faleceu”, encerra o assunto.
Com participação dois dois filhos dele, João no piano, e Chico, na viola de 12 cordas, o DVD tem também entrevistas nos extras. “Estar tocando com eles é muito interessante. Eles têm banda e logo estarão andando sozinhos, mas, por enquanto, é comigo: não empresto, não dou”. Outro destaque, é a entrada de Pena Branca no palco.
Simples, eficiente e encantador, na medida para quem gosta de música, simplesmente... e de canções, em especial. Teixeira conta que depois do lançamento a procura por shows aumentou e diz, com espanto, que está “até sendo pirateado”. “Nunca tinha vivido essa experiência. Quem sabe não é pela pirataria que vou chegar nesse povo mais simples? É que o preço é muito alto”, pontua. E mesmo com os “intermediários”, o Ao vivo está em sexto no ranking de vendagens.
Agora, organiza ele, uma coisa de cada vez. Primeiro, precisa se acertar com a agenda de shows mais gorda. “Tenho muitos projetos, é só abrir alguma gaveta”, conta, bem humorado. “Mas, tenho que considerar que depois de mostrar um repertório de 40 anos, tem que segurar as vendas, o volume de shows, a repercussão”, pondera, adiantado que disco novo só no o segundo semetre de 2008.
O balanço da carreira é positivo – e pés no chão. “Fiz 62 anos, faço 15 shows por mês, meu disco está entre os mais vendidos, tenho músicas muito conhecidas e toco pra muita gente. Se existe um desconhecimento, é porque não atuo nesse meio de pessoas mais simples. Não cheguei ao público que é manipulado pelas quadrilhas que existem por aí, do presidente da República ao carinha que faz música ruim”.



n.r: então. reforçando o que a Adri diz na matéria, realmente esse dvd do Renato Teixeira tá muito bom. O cara tem grandes canções, e teve o bom gosto de fazer uma produção simples, sem exageros, explorando mesmo essa veia folk do trabalho. Tem uns deslizes aqui e ali, como a participação dispensável dos chitaozinhoxororó, mas nada que comprometa. Como eu to testando um novo breguete, resolvi colocar uma mostra do disco aí acima pra quem quiser ouvir. O que mais me impressionou é que à parte esse lance da influência da música caipira, o som do cara tem um componente ultra contemporâneo e moderno. Em alguns momentos, os timbres, arranjos e melodias me remetem até a coisas como Mojave 3 e Tindersticks. E o jeitão simplão do cara também traz uma empatia imediata. Em um país de artistas quase sempre com aquela pose de geniais e intocáveis, isso faz diferença. Na real, fica claro que o cara tem sim muita coisa de música de raiz brasileira, mas combina isso com a coisa da contracultura, uma espécie de Bob Dylan caipira, com aquele jeito brejeiro do sertanejo, mas de uma forma natural. sem forçação de barra.

Vale a pena ir atrás. Tanto que foi difícil pra mim escolher uma música. Além dessa que eu coloquei aí "Olhos profundos", tem várias outras ótimas como "Amizade sincera", a belíssima e autobiográfica "A primeira vez que eu fui ao Rio", e "Tocando em frente". Fiquei com vontade de ouvir os discos originais antigos do cara. Ah, que se foda. vou por "Tocando em frente" também. aproveitem. É muito linda. Parabéns Renato.

3 comentários:

Anônimo disse...

chegando em casa vou ouvir, ouvi um trecho aqui no trampo e é engraçado, fiquei com vontade de tomar café com pão hehee.... legal esse novo "breguete" aí, o jigg it, nao conhecia. abraço

Anônimo disse...

é bem legal. você coloca o mp3 lá e pode postar a música no blog. e realmente, tem a ver com café com leite e pão com manteiga. abs

Leo Vinhas disse...

E o cara é de Taubaté! Uma vez, tava em Londrina e li num jornal que ele era de Santos... calúnia! "Romaria", "Tocando em frente" e outras têm a cara da minha terra, mas são universais e belas em sua simplicidade.

Ah, pode ter os dois breganejos, que como tem León Gieco (pusta folkeiro argentino), tá perdoado!

Preciso descolar esse DVD logo!