Jornal do Estado
Grupo curitibano de hip hop, Mocambo, apresenta seu primeiro vinil, com show amanhã, no Vitrola Alternativa
Adriane Perin
É amanhã o lançamento do primeiro vinil de hip hop paranaense, Musicografia Abstrata. Os responsáveis pela simpática e bem produzida bolacha, que ganhou a cor sverde é o Mocambo, grupo de hip hop curitibano, em flerte explícito com o ragga. O show de sábado terá participação de Agamenom (CWB) e Jay (SP).
Jean Coringa e K-Nab, este o responsável pela produção do disco, que está finalizando o vídeoclipe e o CD, contaram foi preciso fazer empréstimo. Mas não dá nada, não. Esses guris são acostumados a tocar a vida por conta própria, tendo como a versatilidade sonora. K-nab, Coringa, Dz, Vint e L-Jay não fazem um hip hop tradicional, eles gostam de passear por ritmos e influências retrabalhando referências de um jeito apurado e original. “Tem uma pegada dancehall, que é um estilo do rap, e reggae, também. Estamos com muitas influências das coisas que temos ouvido, e isso aparece também nas participações. Tem gente da Itália, Angola, Espanha, Goiânia, Rio, São Paulo”, comenta K-Nab. Essa característica os levou a não se sentirem parte de circuitos tradicionais e a livres para circular por ambientes musicais variados. Eles concordam que se fechar num gueto de estilo não é o melhor caminho para quem quer fazer a diferença. Bem por isso o Mocambo tem fãs entre os apreciadores dos mais diferentes estilos. “Não estamos limitados. Temos fãs que gostam de metal e de pagode. Sem estereotipar nenhuma cadeia social de pensar, viver ou escutar”, argumenta Coringa. É assim que o Mocambo tem escrito sua história. E o reconhecimento veio. Os parceiros espalhados por todo canto, foram encontrados na internet. E os fãs, também. Em dois dias, uma música nova foi baixada por 400 pessoas – e foram mais de 16 mil acessos em 3 meses.
O problema maior ao realizar o sonho de ter um vinil foi a escolha das músicas, já que neste formato o espaço diminui muito e foi preciso escolher apenas nove das 30 prontas. Por isso, sai também um Cd em breve, com mais participações ainda. Foi 1 ano e meio trabalhando neste lançamento. Tanto tempo é porque K-Nab é um perfeccionista. Na mesa do bar, a conversa entre eles ficou engraçada, enquanto observo. Coringa quer saber porque clipe e Cd não podem ser anunciados para os próximos dias. K-Nab, com seu jeitão simples, responde na lata: “porque eu posso fazer melhor”. Ok, então, a gente espera.
Se em alguns casos, esse papo de fazer um “som sincero e honesto”, é só conversa pra boi dormir, pois o que tem que ser bom é a música e não a intenção, no caso dos mocambos essa promessa não soa vazia, pois se traduz em um material de altíssimo nível. “Sonho em sobreviver de música feita do que jeito que a gente gosta. Com compromisso, mas de forma irreverente”, diz K-Nab. “Trabalhamos, estudamos e queremos dominar o mundo”, completa Coringa, em tom brincalhão.
O Mocambo tem propostas para tocar no exterior, em lugares onde são ouvidos, como na Argentina, Espanha, França. Mas falta verba. A música “Passa a Bola” está rolando na coletânea Sucesso da Famastar, de um programa de uma rádio londrina. “ O DJ ouviu, gostou, botou pra rolar e convidou para uma apresentação por lá”.
Com os integrantes na média de 26 anos, e 13 de “resistência”, Mocambo é uma das mais antigas formações curitibanas, em atividade ininterrupta. “Encarando todas as adversidade que a vida impõe. Esses dias tocamos em Ponta Grossa e não tinhamos dinheiro nem para ir, mas fomos e voltamos bêbados”, conta Jean.
Serviço
Mocambo.
Dia 12. R$8 e R$5 (+consumação).
Radiola Alternativa (Pça do Gaúcho, 23).
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