5/30/2007

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Jornal do Estado de ontem

Site do selo carioca Midssumer Madness disponibiliza fitas-demo de bandas

Adriane Perin

Outro dia, quando um som tosco invadiu a sala, tive um sobressalto. É 4Track Valsa, a banda carioca de Cecília Gianetti. Parece até aquela fitinha cassete dos anos 90, pensei....e não é que era mesmo a tal, da época em que as bandas usavam fitas-demo, um tempo nem tão distante assim, mas que parece já ter ficado na lembrança nesses dias de internet. É exatamente a rede mundial de computadores que, mais uma vez, contribui para que momentos importantes de nossa história musical contemporânea não fiquem só na lembrança. É no site do pioneiro selo independente Midssumer Madness, ou MMRecords, do jornalista Rodrigo Lariú, que esta e outras preciosidades estão. A idéia, explica ele, é reavivar o selo lançando novos artistas e disponibilizando o acervo em MP3.

O selo começou em 89 e a primeira fita foi em 92 - ou seja é um acervo de preciosos 15 anos, exatamente o percurso no qual se fortaleceu o independente brasileiro. “Não tem nem um quinto do que temos. Aos poucos vamos disponibilizando e a idéia é que as mais baixadas sejam depois lançadas em Cd, como eram essa fitas que faziam o papel de singles”, explica. O projeto “Demo é o cassete!” começou em maio. Mas, a coletânea Fim do Século Vol I, com hits de 30 bandas brasileiras antes lançadas em cassete nasceu este ano. Surgiu quando o músico Gabriel Thomaz contou que tinha feita uma coletânea de suas demos preferidas.

Quem entrou no site no Dia do Trabalho pode baixar a tal fitinha da 4Track Valsa, Altas Horas. A 4Track, depois transformada em Casino, deixou suas marcas em shows deliciosamente embriagados em Curitiba e a voz ronronante de Cecília Gianetti (que oficialmente não tem mais banda, está em Berlim por conta de um livro que foi convidada para escrever em projeto da Cias. das Letras e é colunista do jornal Folha de São Paulo), estou certa, ainda consegue derreter blocos de gelo.

A demo desta semana, Fim do Século Vol I, no entanto, tem uma história diferente. A coletânea reunindo os hits de 30 bandas brasileiras, não nasceu no passado. É um lançamento de 2007 que surgiu quando Gabriel Thomaz, um colecionador, comentou com Lariú que tinha feito uma seleção com as preferidas das demos que tinha em casa, pois está digitalizando seu acervo. Foi intimado na hora. “Vamos colocar já no Midssumer”. Alguns dos grupos presentes já viveram seus momentos de glória, como Raimundos; outras o vivem ainda, como Pato Fú e vários músicos seguiram com outros grupos como o próprio organizador Thomaz, que esteve semana passada tocando na cidade com seu Autoramas. Um texto de Lariú situa o momento fonográfico brasileiro, com o predomínio do axé e sertanejo, internet incipiente, entressafra dos grandes nomes da música brasileira e muitas, muitas bandas ensaiando nas garagens. Thomaz também comenta faixa a faixa e, juntos, eles dão aula de história da música independente brasileira que, não poderia ser diferente, tem três grupos curitibanos importantes pra ajudar a contar: Missionários, Cervejas e Pinheads.

Serviço
Vale conferir: www.mmrecords.com.br


Bandas locais aparecem também em vídeo — O site do MMRecords virou um referencial da música independente brasileira – ou, pelo menos, de um determinado recorte desta produção. Além de comercializar os discos de seu catálogo, que tem, por exemplo, a cultuada Fellini, tem um e-zine, as fitas cassetes e os links – e, de quebra, ensina a transformar as demo tape em mp3.
Fim do Século Vol I tem momentos históricos como a versão de Eddie para “Quando a Maré Encher”, transformada em sucesso pela Nação Zumbi. Missionários, Cervejas e Pinheads, que estão na coletanea de Thomaz, aparecem também, em performances intensas, tentando se movimentar no palco cheio de gente do Juntatribo2, histórico festival campineiro no qual as bandas curitibanas foram destaque. Foi a maior delegação do festival, superior até ao número de grupos paulistas.
O tempo todo tem uma moçada pulando do palco para a galera, em shows nervosos, no melhor sentido. Não foi por acaso que a Resist Control, outra curitibana que fez um show matador na mostra, quebrou o palco. E a Magog, por alguma razão, acabou tocando duas vezes. A Relespública também estava lá, tentando seguir adiante depois da morte do vocalista Daniel.

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