Jornal do Estado/ Bem Paraná
Ivam Cabral, fundador da Cia. Os Satyros, lança publicação com biografías rápidas de César Almeida, Edson Bueno, Lala Schneider, Mário Bortolotto e Silvanah Santos
Adriane Perin
Depois de fazer uma varredura na memória pelo viés dos cartazes do teatro paranaense, agora o ator Ivam Cabral, um dos criadores da companhia Os Satyros, se debruça sobre Cinco Biografias do Teatro Paranaénse, livro feito com apoio da Lei de Incentivo a Cultura, que tem lançamento hoje, no Ateliê de Criação Teatral.
Foi durante a pesquisa dos cartazes que ele se deu conta da carência bibliográfica por aqui. “Poucas pessoas trabalham nisso e pessoas importantes desse meio estão morrendo. Senti a necessidade de contar essa história”, comenta ele que divide a autoria com a jornalista Marianne Cabral Baggio. Antes deste livro, Os Satyros fez um importante registro informal videográfico de conversas com algumas figuras importantes deste cenário. “Fiquei com medo que morressem, peguei uns amigos e com a câmera que tínhamos em mãos gravamos, material que está no acervo da companhia”, explica.
Entre os cinco biografados do livro está a atriz Lala Schneider que morreu ano meio do projeto. “No final ela já estava bem fraquinha,a gente tinha que parar porque ela não podia ficar muito tempo falando”, lembra Cabral. “A vontade é que consigamos fazer os volumes 2, 3 4 5....me incomodava profundamente essa falta de registro”. Sobre a escolha dos cinco, diz que foi mais do que difícil. “Foi terrível, tenebroso porque ele pode ser o único; não temos tanta certeza assim de que conseguiremos dar continuidade a este projeto. Pensamos em gerações e tentamos pegar desde os anos 50 até agora, priorizando quem está na ativa o tempo todo”.
Ivam Cabral tem esse olhar de “historiador”. Enquanto muitos de seus contemporâneos traçavam planos de ir para a Globo, ele propunha montar uma companhia que fosse determinante. “Quero ficar para a História e meu sonho sempre foi construir coisas antes de aparecer nas coisas. Sempre tive esse respeito pelo que aconteceu, tenho esse lado de organizar a memória”, observa. Essa falta de registro, avalia, tem a ver, também, com as perspectivas alimentadas para carreiras artísticas. “Se formos ver, nos anos 90 todo artista que se formava na cidade, e me incluo nisso, queria ir trabalhar fora porque em Curitiba não se sustentava. Hoje isso mudou, Curitiba tem força. Nós, dos Satyros mesmo, andamos o mundo mas sempre voltamos para Curitiba, onde mantemos um braço, mesmo estando em São Paulo”, comenta ele que quer dar continuidade ao trabalho iniciado no Festival de Curitiba, em março, na Vila Verde.
Satyros — O Satyros segue a todo vapor, com sua sede em São Paulo e já com uma grande novidade para 2009, ano em que a companhia vai celebrar seus 20 anos de atividades: a Satyros Literatura, parceria com a Imprensa Oficial de São Paulo. “Não sei ainda exatamente o que vamos lançar, mas daremos continuidade a esse processo de memória”, diz. Uma possibilidade é transcrever as entrevistas em vídeo. “Tem várias pessoas que morreram como a Odelair Rodrigues, Delcy e Edson D’avila, pessoas que deixaram um legado. Este é o único material da Odelair. Quando ela morreu a Paraná Educativa veio pedir esse material porque não tinha nada”, conta ele, lamentando. “Esse atraso vai demorar para ser recuperado, por mais que estejamos mais atentos, agora. É um preço muito alto que vamos pagar, porque vai precisar muitos anos para equilibrar”
Serviço
Cinco Biografias do Teatro Paranaense. Dia 16 às 19h. Entrada franca. ACT ( Rua Paulo Graeser Sobrinho, 305). Informações: (41) 3338-0450
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