... mas hoje é o Dia Nacional do Livro. não sô nada chegada a este tipo de data e algumas eu renego mesmo (dia dos namoradas, da mulher, essas besteiras....), mas os livros merecem um post meu. Acho que eles foram meus primeiros melhores amigos, capazes de me levar a viagens inimagináveis, enquanto passava os dias atrás de um balcão de bar. minha amada vozinha não gostava muito que eu ficasse debruçada sobre as palavras, pois, é óbvio, que desta maneira minha atenção se desviava do atendimento para aquelas deslumbrantes, fascinantes, histórias. A pequena biblioteca pública da minha cidade recebia minha visita toda semana, mais de uma vez e eu seguia lendo o que caísse nas mãos: primeiro, foram os gibis e as fotonovelas da minha tia adolescentes - nossa como li essas coisas, escondida, porque não era leitura pruma criança ( a não ser que ela fosse uma pirralha metidinha como eu!hahahah). lembro também de no primário uma professora que emprestava livros e meu primeiro trauma por conta disso, uma bronca que eu levei dela em público porque, como eu andava com o que lia (e meu caderno pra escrever) pra cima e pra baixa, acabei provocando "pequenos acidentes", como uma orelha de burro aqui,uma mancha acolá... (po, eu era uma criança que gostava muito de ler, ela deveria ter sido no mínimo mais delicada... nunca esqueci, mas continuei lendo...).
não li Julio VErne, minhas fantasias eram personificadas nas histórias de um sitio, dois irmãos e alguns briquedos diferentes, como uma boneca tagarelíssima, um sabugo de milho visconde, uma vó com mão boa pra guloseimas. Ainda lembro de quando ia praquelas estantes pegar o outro dos 17 volumes das histórias crias por Monteiro Lobato. E ainda lembro os pezinhos acelerados à saída do colégio para chegar em casa em tempo de não perder alguma aventura dessa trupe do interior. Lembro do anjo que caiu do céu, da chave do tamanho, que obrigou a louca da emília a morar na cartola do sabugosa, enfim...doces lembranças de infância....
depois vieram as julia, sabrina e biancas da vida, cujas histórias logo me encheram o saco, porque eu já sabia todo o enredo, depois da primeira página...ficou muito sem graça e minha coleção foi pro sebo. Aí, eu já estava em Curita e fiquei simplesmente abestalhada com o tamanho da Biblioteca Público do Paraná - e eu vou na Biblio, era uma das frases mais faladas pela adolescente solitária e problemática, rebelde sem causa que eu virei...
naquelas prateleiras eu ficava horas só pra escolher o que leria. Já no segundo grau, pensando em vestibular, o livros do Sidney Sheldon que me eram sugeridos, já não eram suficientes para minha curiosidade. eu queria aquelas "biblías" que via, sem ter idéia de quem eram seus escritores... cheguei a decidir ler em ordem alfabética alguns livros da BPP... lia com uma dicionário ao lado para as emergências...
Aí então, quase ao final da década de 80, veio a faculdade, ponta grossa, e achei a minha turma, obviamente muito ligada a livros. E um apessoa em especial, Li, Eliete MMarochi, cuja família é dona de uma bela livraria em PG, o Beco do Livro. Ela ficou mais amiga antes do ivan, e por tabela, eu lia tudo o que ela passava pra ele.
SArtre e Simone de Beauvoir, em especial, chutaram a minha porta, derrubaram tudo. Todos os Homens são Mortais, a trilogia de Sartre (Idade da Razão, eu li novamente perto dos 30 e foi ainda mais, como eu diria... mais esclarecedor da existência ainda)...Rumo a Estação Finlândia, Tudo que é Sólido Desmancha no Ar, puxa eu tinha 17 aninhos...li muita coisa boa que ficou em mim, via essas duas pessoas tão importantes na minha vida...
também nesta época comecei a saber a verdadeira história do Brasil. Ler Tortura Nunca Mais foi de um impacto tão grande na minha existência, que mudou pra sempre minha relação com o Brasil. Lembro de chorar convulsivamente em algumas páginas, me perguntando: "como é possível que eu não soubesse disso. como ninguém me contou nada". E as peças foram se juntando: polícia com metralhadora no bar do meu avô, proibições, hora pra fechar as portas... os pontos foram ligando e formando figuras terríveis...
Junto vieram, 1968 - O Ano que Não acabou, O que é isso Companheiro, As veias abertas da américa latina, Guatarri e Deleuze e suas microrrevoluções, possíveis sim e nossa única alternativa -, Humberto Eco, kafka, Orwell, Nietzsche , Thomas Mann, Cervantes, Goethe, Celine, enfim... a lista é tão longa....
Tive fase de ler pouco e o mal que isso acumulava em mim, logo ficava evidente. Agora, voltei a ler muito. É trabalho também, mas procuro, com os livros, manter o prazer. Eles são importantes na minha vida, desde antes da música, porque ela entrou nos meus dias sem eu me dar conta, e pelos eu precisava lutar, ir atrás, eles não caiam nas minhas mãos..
Hoje em dia, além de ler, tenho meus três sobrinhos. Dois deles, filhos dos meus irmãos, o Gabriel e a Gica, ganharam livros (e um CD) ainda nos primeiros dias de vida. Para o Gabri, que é maiorzinho, sei que já consegui mostrar o prazer que essas preciosidades nos dão ( ele sempre lembra da tia aqui, pra ir ao cinema nas férias, o que me encanta); a Gika, que tem pouco mais de um ano, minha irmã me contou ainda esta semana, anda pra cima e pra baixo com o livro "da vaquinha" que eu dei no niver. papai e mamãe, disse, não aguentam mais ler a mesma história. É isso, que quero deixar pra eles, o melhor de mim: minha paixão, que nunca acaba, esse meu fascínio pelos livros, por suas viajantes histórias, que tantas vezes me carregaram para outras realidades. (Adri)
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Um comentário:
Também não sou nada fã dessas datas, mas pelo menos elas servem para as pessoas falarem mais sobre certos temas. Como é o caso do livro!
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