1/22/2008

No deserto de Tom Waits junto com Carlos Careqa


Carlos Careqa na pele de Tom Waits: um belo disco

Jornal do Estado

Adriane Perin

Há sete anos o curitibano Carlos Careqa “estuda” o compositor, ator e poeta norte-americano Tom Waits. Há três, toca versões de suas músicas. No show de lançamento nacional de seu novo disco, hoje, no Wonka, o mergulho é ainda mais profundo. À espera de Tom traz versões, em português, de 14 criações de Waits, um compositor cultuado, que tem no grave e na rouquidão da voz as marcas mais conhecidas de uma trajetória que se espalhou também para o cinema e, antes ainda, pela literatura. Sempre com bons resultados.
A noite é no circuito Off da Oficina de Música, da qual Careqa não participa, mas metade de sua banda sim, o que deve ter facilitado a vinda. Guello dá aula de percussão e Gabriel Levy, de acordeon. O coordenador da Oficina, Glauco Solter, faz os baixos e Mário Manga veio com Careqa. “ Muito legal conseguir fazer com a banda”, disse na entrevista, de São Paulo, onde está radicado. Careqa afirma que se tocasse o projeto do seu jeito, “mais careta”, não traduziria o espírito de Waits e trairia o original. “Comecei imitando, preferi não arriscar para não distanciar quem o conhece”. Em algumas faixas, ele força uma rouquidão e usa a combinação de instrumentos como acordeon, timbres e ambientação de forma a se aproximar da sonoridade peculiar de Waits, que é mergulhada em referências do folk e no cabaré. “É dificil reproduzir o universo dele. E é uma faca de dois gumes. Não sei se irão odiar ou gostar. Assusta no começo. Depois, você entra no deserto dele”, comenta.
Na tradução de Careqa, algumas músicas ganham uma levada que lembra o vanerão bem marcado; noutras trazem em seu bojo um clima de música brega. “Recomendo sempre que ouçam o original. O meu, é uma homenagem”, ressalta. Ele começou cantando em inglês, mas achou que isso distanciaria de quem não conhece o autor. Aos poucos fui traduzindo e apresentando ao público”, diz e emenda, ciente dos riscos. “É uma ousadia, mas foi uma decisão pensada. Tanto que trabalho com os músicos que são da minha banda. Então, foi tudo muito natural já que eles participaram desde o primeiro show, que foi cover”, conta.
O ponto de partida para as traduções foi a poesia de Waits, primeiro traduzida literalmente – e depois adaptada para a língua portuguesa. “Procurei ser fiel ao espírito original. Ele é muio respeitado como poeta e achei que assim não o traria tanto. Mas, tem que ouvir o original”, insiste. “Assim se aproximarão do universo dele que é muito mais rico do que o que consegui colocar neste disco. É também uma forma de provocação, um chamamento para que ele venha ao Brasil”, conta, comentando que não teve contato direto com o músico, mas que agora, vai atrás, “tentar entregar o disco”.

Serviço
Carlos Careqa e banda. Dia 22. Wonka (R. Trajano Reis, 326).

Um comentário:

Anônimo disse...

bacana! isso ae é bem bom.