11/26/2007

Dez anos de OAEOZ no Bacana

Foto: Gabriela F


E o Bacana nº 43 está no ar
E tem texto do Gian sobre o show dos dez anos do OAEOZ

O som estava poderoso. A banda soava como uma mistura de Mercury Rev com Mars Volta. E, como fã da “ultima fase” da banda, digo que OAEOZ é outra coisa no palco, outra historia. É ali que eles se matam, onde dá para sentir cada nota com as expressões dos músculos do rosto dos integrantes. Ivan Santos (violão, teclados e vocais), Carlão Zuber (guitarra, violão e vocais), Rodrigo Montanari (baixo e vocais) e Hamilton de Lócco (bateria). E no último dia 11 de outubro, os titulares da atualidade – recebendo de volta, temporariamente, os ex-integrantes Igor Ribeiro (ESS, Íris, Tods) de volta e Rubens K (que participou do embrião do grupo; hoje no Terminal Guadalupe) – se juntaram para um show especial. No palco, eles relembraram os últimos dez anos de suas vidas musicais.
Às vezes três guitarras apitavam distorções e cada canto daquele porão ganhava uma sensação diferente, do noise ensurdecedor ao doce lirismo pop dependendo de qual guitarra estivesse mais perto de você. Então vinha o trompete de Igor e te levava para o sofá em algum pub escuro, aqueles com chão de tabuas da década de 30. E quando você já estava confortável a trinca guitarra-baixo-bateria (respectivamente Carlão, Rodrigo e Hamilton) e te arrancava do “macio”, te fazia o favor de lembrar que aquele show era uma celebração “anos 90”, vinham melodias pop cheias de guitarras apitando. E ainda tinha a poesia/dor/lirismo/esforço de Ivan que nos últimos anos tornou-se o coração da música feita pelo OAEOZ.
A ironia também estava presente, a mesma que persegue todas as bandas do Paraná – ao menos aquelas que ainda esperam “estourar” algum dia. Ela estava ali no single que a banda lançava, em cada canto vazio e escuro do Porão e em cada pessoa que cantava as frases das letras por vezes enormes da banda. Talvez quando a banda começou, lá na segunda metade dos anos 90, ainda passasse pelas mentes destes a possibilidade da “descoberta”. Naquela noite, entretanto, havia uma aura de libertação/comemoração em cada um dos presentes envolvidos com a banda nos últimos dez anos. Afinal, o que todo mundo neste estado sabe de cor, bandas paranaenses não estouram; elas implodem. Então, ter dez anos de historia é, de fato, algo para se comemorar.
Engraçado como lembrei uma conversa que tivera dias antes com Ivan; ele me contava como era irônico o fato de que a maioria dos shows memoráveis a que assistiu na vida foram em lugares vazios, para duas ou três dúzias de pessoas. E o show de uma década de OAEOZ foi um destes e poderia escrever aqui que foi bom que você não foi. Nada mais blasé do que ter uma banda praticamente tocando só para mim. Mas não. Eu, dez anos mais novo que ele, ainda não estou acostumado com essas coisas. Não entendo porque alguém não iria a um show de uma banda que, por osmose ou influência, estava ligada a várias outras bandas da cidade. Ivan, por exemplo, já tocou até na Relespublica, fato que descobri há duas semanas atrás, alem de integrantes de outras formações locais já terem passado OAEOZ.
A canção que abriu o show, “De Inverno” era, de certa forma, responsável pelo aparecimento de algumas das mais promissoras bandas de Curitiba – o Rock De Inverno, festival de musica independente organizado por Ivan e sua mulher Adriane Perin, foi por muito tempo pelos anos zero-zero a única janelinha para bandas daqui serem vistas lá fora (leia aqui as metrópoles São Paulo e Rio de Janeiro) e, salvo algumas exceções, nenhuma destas “grandes bandas” estava presente na comemoração d’OAEOZ.
Eu sou bairrista o suficiente pra me sentir incomodado com essas injustiças, tanto que este texto está criticando abertamente o publico de Curitiba. Não adianta nem usar uma frase de mãe para estes casos, aquela “um dia você aprende...”. Não, o roque (assim mesmo com que) de Curitiba não aprende.


Giancarlo Rufatto

6 comentários:

giancarlo rufatto disse...

gostei deste texto.

Anônimo disse...

ficou bem legal Gian. valeu. abs

Thiane disse...

Ninguém nunca aprende mesmo...
Por aqui desisitimos de muita coisa. Não tenho nenhuma vontade de tocar para ninguém amis além de nós mesmos, e gravar, gravar...
Saudades de vcs, quando material da ex tiver pronto, peço a honra de remeter aos nossos queridos aí de Ctba. Bjsbjs.

Anônimo disse...

pois é Thiane. a gente vai se desgastando mesmo. mas o que fica ainda é o prazer de fazer música e contar nossas histórias, mesmo que poucos dêem atenção pra isso. e mesmo que a gente diminua o ritmo, ainda continua na luta, afinal, enquanto a gente conseguir se levantar antes da contagem chegar a dez, ainda estamos no páreo. e por favor, quando tiver qualquer novidade, mande pra gente. e não suma por tanto tempo. beijos pra você e abração pra todos os amigos do Deod. muitas saudades. aliás, o carlão volta e meia toca umas músicas de vocês lá nas nossas jams.

Anônimo disse...

Porra, Mercury Rev com Mars Volta é incrível! Classe A a matéria malucos. Grande abraço da cidade perdida de Ós.

Thiane disse...

Bjs bjs, fala pro Carlão que é uma honra.