4/11/2007

"Se a gente não se abraçar, morre"

Felizmente, o mundo gira, e enquanto muitos vivem de reclamar, alguns insistem em fazer. Taí mais um exemplo na matéria de hoje da Adri, no Jornal do Estado, sobre projeto Prasbandas.


Projeto Prasbandas, criado por Getúlio Guerra em 2005, leva os grupos musicais curitibanos para tocar nos bairros da cidade

Adriane Perin - Jornal do Estado

Foto: Douglas Fróis

A equipe do Prasbandas e seu idealizador, Getúlio Guerra (seg.a partir dir.): sempre em frente

Getúlio Guerra sempre gostou de rock. Lá nos anos 80 era fã, especialmente, das bandas nacionais que tinha o (bom) português como língua mãe. Não raras vezes ficava sozinho nesta escolha que ia contra as ondas da moda, muitas vezes. Tanto que no primeiro show do Pato Fu na cidade, quando ainda não era banda do primeiro escalaão, não conseguiu convencer os amigos e foi sozinho. “Sempre gostei de rock, desde que era piá, mas do rock nacional com bons textos e não das novidades gringas”.
Das bandas curitibanas, apenas três lhe interessavam: BAAF, Abaixo de Deus e Opinião Púbica. A cena local do começo dos anos 90, não lhe interessou, calcada que era quase toda na língua inglesa - e ele casou, teve filhos e se afastou da onda que tornou Curitiba conhecida como a “Seatle brasileira”, nas palavras daquela mesma revista que era sua única fonte de informação, a Bizz.
“Daí, de repente você cresce e as responsabilidades se avolumam. E os anos 90 passaram batido pra mim. Um show aqui outro lá, mas as músicas em inglês não me interessavam”, comenta.
Porém, o rapaz que sempre sempre foi um tanto presunçoso, reconhece, não conseguiu se afastar da mania de mobilizar as pessoas. “Sempre fui meio arrogante, o dono da bola e do jogo de camisa, no futebol; o que organizava os jogos, as excursões para show, enfim, esses detalhes chatos”. Pois foi esse perfil empreendedor, na real, que o fez criar o belo projeto Prasbandas, em novembro de 2005. Trata-se de uma idéia muito simples que começou auto-centrada na vontade de ajudar as bandas dos amigos, dos sobrinhos e dos filhos.
Para tal, ele começou a promover o festival Prasbandas em bairros, se afastando do circuio central, mais tradicional na oferta de shows independentes. Até agora foram 4 edições que passaram pelos bairros do Sítio Cercado, Xaxin, Hauer e Boqueirão. “Todos pertos de onde moro, porque não tenho carro e tem que fazer pelo menso dois meses de divulgação”, diz ele que deixa filipetas e cartazes em tudo que é estabelecimento do bairro, do açougue a escolas. Como parte da ingresso, as pessoas fazem a doação de um livro, que é doado para as escolas e assim, conseguir apoio dos diretores.
Antes da idéia se concretizar, no entanto, em 2002, Guerra virou o produtor do Engenheiro do Hawai, Carlos Maltz – que também é astrólogo. Depois de algum tempo junto, o músico propos fazer o mapa astral de Guerra e viu que a existência do rapaz já havia sido marcada pelo tal egoísmo - mas em um grau mais maléfico. “Ele viu que eu tinha essa coisa de organizar, de fazer, perguntou porque eu não voltava a fazer isso direito, então, olhando também para o outro”, lembra Guerra.
Pronto, desse puxão de orelha para o nascimento do inspirado Prasbandas, foi tudo muito rapido. “Sei que é um papo messiânico do c*, mas eu sou ligado nesses assuntos e isso me leva a agir na vida, sei disso”. Bom “pras bandas” curitibanas, que ganharam mais um produtor arrretado, disposto a chutar por lado as pedras que vão aparecer.
Das bandas do filho e sobrinhos para o “resto” da cena contemporânea curitibana foi um salto que teve como impulso uma demo do Vadeco e os Astranautas, cujas músicas o fizeram voltar a se conectar com a produção local contemporânea. Desde então, arregimentou novos parceiros, como a Drum Shop, que apoiou desde o primeiro Prasbandas. Também devem vir este ano parcerias com o pessoal do Tinidos e do coletivo Situação. Contada assim, a idéia até parece a de um caminho óbvio. Só que que essa simplicidade exige uma tremenda disposição e muitas outras pessoas dispostas a serem voluntárias, trabalhar de graça, pelo amor à idéia. E nisso, Guerra hoje em dia se sente bem acompanhado. Cita várias pessoas importantes na entrevista e fez questão de ser fotografado com a turma de apoio. Agora, ele está preparando a quinta edição do Pras bandas, que deve ser na Praça Renato Russo, no Uberaba. Mas, ir para espaços públicos, exige articulação melhor ainda. Ele já começou a se inscrever em editais de apoio cultural. “Começou com uma tentativa de fazer algo pela minha turma, por isso no bairro. E virou algo maior quando conheci tanta gente legal que taí batalhando, hoje. É isso, se a gente não se abraçar, a gente morre”.

Serviço
geto@prasbandas.mus.br
www.prasbandas.mus.br

Um comentário:

Anônimo disse...

massa. é isso ae. reclamem bastante, enquanto isso a gente tá trabalhando pra caralho e fazendo acontecer. grande matéria, dona Adri. e sigo cantando: "parabéns para as meninas da torcida adversária..."