6/15/2010
Dez anos de Rock de Inverno - I
Capa da coletânea e filipeta: detalhe do "impreterivelmente" às 23h, estes somos nós.
- ... a gente... fazer um festival?
- Porque não?
Nem parece, mas na semana passada o Rock de Inverno – Mostra da Nova Música Independente de Curitiba fez dez anos. Nos dias 8, 9 e 10 de junho de 2000 estávamos todos no Circus, com a casa cheia pra primeira edição da mostra, que teria outras seis edições ao longo da década, geraria uma produtora/selo independente, a De Inverno. Ainda lembro bem, lá na casa das jabuticabas, quando o Ivan puxou o assunto e respondi com uma cara de interrogação – mas, total empolgada, já topando em seguida. A vontade era reunir as bandas, daqui e de outras cidades, que a gente mais gostava, já que não eram figurinhas fáceis no circuito da época. E, claro, um espaço para tocar a razão maior disso tudo, OAEOZ.
O nome é algo que eu amo e veio no pacote inspirado do ‘terrível’ Ivan e até hoje acho perfeito, simplesmente perfeito. O tempo passou e fui me dando conta do quanto a essência desse nome/projeto é algo que não tem só a ver com o tipo de música que gosto, mas tem a ver comigo. Quando penso nesse nome só as coisas que amo surgem à mente - e as estações do ano que mais curto e suas nuances nos meus dias é só a mais óbvia delas. Na época, no site, o Ivan publicou um belo “manifesto”, falando da estética do frio, essa coisa preciosa do Sul do Brasil em paralelo com o Brasil praieiro e tal.
Faus, Plêiade, Zigurate, Loaded, OAEOZ, Cores d Flores, Madeixas, Quisto e Zeitegeist.Co.
OAEOZ era uma banda que se quisesse tocar, tinha que produzir seus próprios shows. Então tá! Lá fui, dar de cara com a produção cultural. Disposta a mostrar pra todo mundo que Curitiba continuava, sim, a ter bandas muito boas – mostrar inclusive pro Brasil, já que desde o começo queríamos ter a imprensa nacional como convidada.
(Nessa época, trabalhando na Gazeta do Povo, viajei para alguns festivais, shows e coletivas legais, sempre levando cds de bandas pra entregar, e notava claramente que a esmagadora maioria dos jornalistas quando conhecia era até a cena que nos deu Relespública e Resist Control, duas citadas nas conversas. Quando eu falava das bandas da segunda metade dos anos 90, praticamente ninguém conhecia. Mas, muitos estavam interessados em saber, afinal tinham as boas referências da geração ‘Ninety two degrees’, aquela que fez de Curitiba a “seattle brasileira” e que deixou marcas muito fortes. O Ivan, que sempre foi um cara que gosta de dividir suas descobertas culturais com os amigos, fez uma caixa com um texto e CDs das bandas que a gente mais curtia para enviar para algumas pessoas-chave, como o Fernando Rosa, do Senhor F e o Alexandre Mathias, do Trabalho Sujo, que foram dos primeiros a falar dessa nova cena curitibana.)
Fui confiante, afinal de contas, quem não ia querer apoiar uma ideia tão legal.
Logo percebi a real. Bancamos na primeira edição até as passagens e hotel pra jornalistas – e quem os acompanhou enquanto estávamos trabalhando foram meus pais, Seu Rui e Lu.
Tivemos três dias na companhia de uma figura lendária da música e do jornalismo brasileiros, Minho K, o jornalista Celso Pucci, que veio pela Bizz, mas acabou escrevendo sobre o que viu pro Estadão. E nos deu o primeiro dos (tantos) momentos lindos de bastidores. Na madrugada da terceira noite, depois dele já ser figura conhecida no bar com seu chapéu, vimos o dia amanhecer, depois de eu e Ivan termos cantando pra ele, pirando, as músicas do De volta ao Oeste, do 3Hombres. (Exatamente, não foi a toa que ano passado tivemos 3 Hombres no Rock de Inverno 7). A noitada foi dividida com a jornalista Carlota Cafiero, enviada de Alexandre Mathias, com quem ainda troco alguns emails.
Tivemos apoios preciosos: Circus Bar, Ggráfica, A. S We Designer, 96 Rock/Helinho Pimentel, Planeta Gulla, La La Spageteria Ristorante Mediterrâneo e Spaghetteria Pontevecchio: os apoiadores
E o Marcelinho Borges... eita. Ele tava lá, como a Mariele e o Mackoy, nossos novos amigos. Marcelo foi parceiro desde o começo e não mediu esforços pra comprar sua própria passagem de Londres pra cá, pra estar em duas edições, numa delas, trouxe o Transcargo junto, nossa única atração internacional, no Cine, em 2005.
Ver o Circus cheio nos três dias, presenciar “a volta” da Plêiade e ver aquelas bandas mandando ver por conta do meu trabalho foi... incrível, na falta de uma palavra que consiga traduzir um dos momentos mais especiais da minha vida.
E eles se repetiram por outras seis vezes – sem falar nos shows fora do festival. Produzir o Rock de Inverno foi um verdadeiro exercício de paciência pra essa ansiosa crônica que sou. (adri)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Um brinde, meuzamigos!
esse ano vai rolar o rock de inverno?
como faz pra tocar no fetival?
Olá Lucas. Infelismente não há planos de realizar novas edições do Rock de Inverno.
abs
Postar um comentário