6/15/2010
Dez anos de Rock de Inverno: 2
Na segunda edição, 4 e 5 de agosto de 2001, no auditório Antonio Carlos Kraide entrou em cena a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), através de Janete Andrade. Oboeísta, responsável para área de música da FCC, foi com ela a reunião que pedi em busca do local pros shows. A gente achava que teatro poderia ser legal, mas pra festival é complicado. Quando ela viu o material já produzido quis saber mais e pediu que a ajudasse a estabelecer contato com o pessoal do circuito pop rock. Logo se armou uma grande mesa de conversa lá na antiga sede da FCC, no Largo. Estavam lá, eu, JR ferreira, Vadeco e mais um punhado de gente que não lembro, mas a mesa tava cheia.
Daquela reunião saiu apoio para vários festivais do ano seguinte, e o JR coordenou um circuito de shows/festivais, que trouxe a imprensa nacional como convidada pela FCC – o Abonico tava lá também. Só pro Rock de Inverno 3 – que aconteceu no 92 (o original) – vieram 22 convidados e muita gente mais queria vir.
Além de Janete, tenho que citar diretamente o Leandro Knophflz e a Paola Wescher, por tabela. Ele consolidou o apoio da FCC, que desde então é parceira da De Inverno. Ela tava do lado tentando ajudar em um momento bem complicado.
(Essa cena é a conexão direta com o Curitiba Pop Festival que eles dois fizeram depois, primeiro sob a chancela da FCC, depois sem. Pra mim, o CPF foi um passo importante adiante do que estávamos fazendo; é lamentável, pra Curitiba, que mais uma vez um projeto pop que colocaria a cidade com mais força no roteiro cultural alternativo não tenha vingado.)
Em 2002 outra parceria preciosa foi fechada, esta pela intervenção de Cassiano Fagundes, então na Livrarias Curitiba. Desde então, a rede de livrarias paranaense tem sido nossa apoiadora em TODOS os projetos da De Inverno, através do João Alécio, que foi quem continuou fazendo o meio de campo pra gente lá dentro.
Esta edição teve os primeiros convidados de fora, concretizando nossa teoria de “inserir a cena curitibana no circuito nacional”: Casino, Pipodélica e Hurtmold junto com as curitibanas OAEOZ, Criaturas, Sofia, Poléxia, Volume, Aaaaaamalencarada, Svetlana, Excelsior, Pelebroi Não Sei, Lorena foi embora... e Magog
Eu estava em êxtase!!! Não precisava de mais nada além de ver a expressão boquiaberta de todos os convidados; não tinha um ali dentro que não tivesse pagando o mó'pau pra cena curitibana.
E,de quebra: casino e hurtmold (hospedados lá em casa) e meus conterrâneos pipodélicos. Aí começava um histórico de amizades, mesmo que distantes, com alguns dos músicos brasileiros que a gente admira. Recebê-los em nossa casa, é um capítulo a parte. E a edição terminou apoteótica com Reles e Magog, para a nossa singela homenagem à cena – aquela da tal Seattle brasileira – que foi tão importante nas nossas vidas.
É emblemático pra mim que este Rock de Inverno estrondoso tenha sido ali, no 92, daquele jeito e com a Reles voltando a trio, tocando ao lado da “banda irmã”, Magog...
2003
Depois da euforia do Rock de Inverno 3, a frustração da edição que não aconteceu, acontecendo. Foi um dia do cão, o 29 de agosto de 2003, no Diretoria Café. Nada do que foi combinado foi cumprido. Quando chegamos pra passar som, o equipamento era menos do que tínhamos em casa pros ensaios d”OAEOZ. Lá foram Ivan e Mackoy atrás de tudo. Conseguimos. Telão arrumado, Sonic Junior mandando ver já na passagem. Ivan foi em casa e eu fiquei direto.
De repente, dô de cara com policiais, metralhadoras em punho, uma invasão armada. Ainda hoje... fico pensando que lei permite que se faça isso com cidadãos. Respirei fundo e procurei o comandante da “ação”. Me apresentei como produtora. Ele explicou que o local seria fechado, pois não tinha alvará. Mantive o sangue frio! Perguntei se era preciso entrar daquele jeito agressivo no bar. E só então, expliquei que era jornalista e que ali dentro só tinha músicos e imprensa, inclusive a nacional.
Paola já estava no local e dá-lhe linha direta com as autoridades. O policial disse que receberam denúncia e que eu poderia até reabrir a casa depois, mas que se eles tivessem de voltar, a coisa ficava mais complicada. Acho que no final, até ele queria que a gente fizesse o festival. Mas, a gente jamais correria aquele risco. Então ele disse que se nós não fôssemos ao microfone pedir a todos que saíssem, eles o fariam.
Não lembro de nada tão difícil. Naquele ano o Rock de Inverno aconteceu na Casa Azul, para onde fomos assistir ao lançamento do vídeo da edição anterior, feita pelo Marcelo. Nesta noite, pela nossa casa passou até jornalista da Folha da São Paulo. Mas eu lembro só de cenas picadas. De quando falei com o comandante, da gente no palco falando com a moçada; flávio chorando muito, bem quando eu tinha conseguido parar, de eu sentada quase embaixo da mesa da nossa casa, cheia de gente. E da gente recebendo no outro dia de manhã o pessoal das bandas de fora e contando tudo.
Foram os amigos que conseguiram uma brecha no Motorrad, se não me engano, em shows dos Dissonantes, que cederam o espaço pra que as bandas que vieram de fora tocassem (La Carne, Blanched; o Sonic Junior foi embora sem tocar, mas Paola os chamou para o CPF, depois). No outro dia, já mais recuperada pelo carinho dos amigos, me acabei de dançar (e chorar,claro) nos shows emprestados deles.
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