5/20/2011

Dez anos de "Dias" - OAEOZ


BAIXE

Há dez anos, mais exatamente em 4 e 5 de maio de 2001, o OAEOZ lançava "Dias", nosso primeiro "disco cheio", com dois shows no hoje fechado auditório Antonio Carlos Kraide, no Centro Cultural do Portão. Foram duas noites em que tivemos também a participação do Paulinho Branco no saxofone e da Marília Giller no piano. um luxo. e um prazer imenso. um momento de afirmação pra gente. de tensão, mas também de muita alegria e satisfação. gostava muito daquele teatro. lembro de ter visto shows antológicos lá, de gente como beijo aa força, wandula, plêiade. e tocar lá era a realização de um sonho, de uma paixão. pela música e por estar no palco, com seus amigos, sua turma, fazendo a sua música. éramos ingenuamente e genuinamente sonhadores. e por mais que tudo fosse difícil, no momento em que estávamos no palco tudo fazia sentido. nada mais importava.

foto de divulgação de "Dias" feita na janela do sótão da casa verde do campina do siqueira

Dias era na verdade uma espécie de coletânea, com cinco músicas - recado, dias, talvez, waking up, e disco riscado - gravadas "em estúdio", leia-se, o sótão da nossa casa verde no campina do siqueira. quem gravou foi o lucio lowen machado, hoje do klezmorin. e foi muito legal, porque era o sótão aonde a gente ensaiava, e tinha um clima "campestre", todo de madeira, com uma acústica incrível.
oaeoz no "enterro" da bizz, em julho de 2001, na última edição da fase inicial da revista. na foto, imitando foto do sexo explícito de john e rubinho troll
lembro que a certa altura da gravação tivemos a energia cortada por falta de pagamento e eu fui lá e fiz um "gato" pra gente poder continuar. eram tempos difíceis, eu tinha saído da gazeta e vivia de frilas então esse tipo de coisa era normal. lembro também que emprestei uma guitarra telecaster original americana circa 68 do diego sigh e um violão de doze cordas do claudião pimentel (pleiade). afora o episódio da "visita" da copel (rs) as gravações foram num astral muito legal. superelax, até porque estávamos literalmente em casa. lembro quando o paulinho foi gravar sua participação em waking up, um épico mercuryreveano bem típico da primeira fase do oaeoz. obviamente que ele não tinha ensaiado e nem conhecia a música. pois foi só colocar pro cara ouvir uma duas vezes que ele já saiu tocando e fez o take.
o disco tinha ainda três músicas - monumentos sem cabeça, me apaixonei por uma burguesa e tudo o que eu queria - gravadas ao vivo no estúdio gramophone para o programa ciclojam do ciro ridal, na época ainda só no rádio.
tinha também a instrumental neblina, gravada só pelo igor.
a última faixa - texas dream - era uma música incidental instrumental gravada durante uma jam da gente lá em casa. lembro que gravei isso em um tape deck gradiente com um par de microfones ambientes emprestados pelo fábio riesemberg. eram dois microfones pequenos que mais pareciam duas mini caixas de som que o pai dele usava pra gravar passarinhos cantando. olha o naipe. rs
enfim é muito louco lembrar de tudo isso e pensar que se passaram dez anos. ao mesmo tempo que parece que foi ontem, parece que faz um século. tanta coisa aconteceu de lá pra cá. tanta coisa se perdeu, e tanta coisa se ganhou também, sei lá. viver é isso, e eu tenho muito orgulho e satisfação de ter vivido isso, de ter feito esse disco. porque no final das contas o que importa da vida é o que se vive, se faz, se deixa. e o disco taí. pode não ser conhecido, nem badalado, mas é um pedaço inescapavel das nossas vidas, dos nossos dias.

nunca esqueço quando o marcos zibordi, repórter da gazeta, me ligou pra gente conversar sobre o disco e ele de cara me disse uma coisa que era exatamente aquilo que eu já pensava. que a música do oaeoz era uma espécie de antídoto pro cinismo que virou moda nos nossos dias. "tem dias em que a vontade de gritar e não poder machuca e o silêncio já não é mais um conforto". e foi bem isso que ele escreveu na matéria.
"As sonorizações cotidianas, os painéis da cidade, pensamentos contraditórios entre criar e viver, os limites entre arte e mercado, entre espontaneidade criativa e produto sem charme nenhum: tudo isso está em Dias, que deve permanecer por meses e anos. Contra o cinismo, só a permanência".
Marcos Zibordi - Gazeta do Povo - 4 de maio de 2001

um brinde igor, rodrigo, camarão.

aos nossos dias que foram e aos que virão!

5 comentários:

Anônimo disse...

ducaralho! um brinde a todos nós !

igor disse...

ops nao assinei

De Inverno disse...

tim tim!

adri disse...

tim-tim. jamais ficarei de fora desse brinde!

Anônimo disse...

um brinde aos dias que virão...cheers