11/08/2010

É preciso saber viver

Erasmo, foto da Karla:ele é rei e tinha gente por todo lado para ouvi-lo
Anacrônica encerrou o panelaço pro Ivo em altíssimo nível, com coro o tempo todo. Bonito!Em foto feita por Ivan Santos.
Foto, feita pelo Ivan, tentando escapar de aparecer junto: eu, karla,Luis Claudio "Lobão", omar e manoel, não nesta ordem.
...não teve jeito, aqui ele aparece no registro feito por um amigo do manoel, que não sei o nome.

Ainda me sinto sob os efeitos do novo encanto que Curitiba jogou sobre mim, neste final de semana. Me senti, em alguns momentos, tomada por aquela mesma euforia de menina fascinada, que esperava sem disfarçar a ansiedade a melhor época do ano, as férias, quando vinha passar alguns dias com meus pais, que moravam em Curitiba. Isso começou por volta dos 4 a foi até os 14 anos, o decisivo dezembro de 1984, quando finalmente a promessa que cresci ouvindo se cumpriu. Aqueles dias eram fascinantes por estar com meus pais, claro, mas também porque eu simplesmente adorava andar por Curitiba e fazer as coisas que eu podia fazer só aqui, como andar de “expresso”, em pé (hahahah, vejam bem isso!!!), eu me sentia adulta, sei lá. E pegar o minhocão era o “must”.
Também nunca vou esquecer as manhãs de pintura no chão do calcação das rua das flores, passeio que terminava com uma passada nos brinquedos de uma pracinha dentro da praça Osório. Fazia aquele tapete de papelões colorindo o calçadão com desenhos infantis. As pessoas nas ruas me pareciam felizes e eu sentia que jamais seria mais feliz, pensava, do que naqueles instantes de mãos dadas com minha mãe, meu irmão, andando toda faceira pela cidade, tirando fotos toda mocinha na frente do chafariz.

E foi essa deliciosa sensação que se apossou de mim, a ponto de me fazer chorar de alegria, neste final de semana quando Curitiba voltou a ter aquela aura de alegria tomando conta dos lugares, das praças, das pessoas.... as pessoas dançando, conversando. Muita gente. Muita gente feliz. Tive a sensação de que nunca, a cidade que é minha sina desde sempre, esteve tão linda, tão musical (e olha que eu não achava isso possível, ser mais musical do que já é????!!!!). E esse sentimento era de todos que passavam por perto, conhecidos ou estranhos, ávidos por compartilhar, comentar, perguntar onde você ia depois, dançar, cantar, abraçar, aquele clima de festival, de show dos bons tomando conta de todos e de tudo. A alegria, o prazer de todo mundo tornou pequenos os problemas da cidade não estar, ainda, acostumada com isso ( no primeiro dia não encontrei uma viva alma vendendo água ou cerva no meio da multidão, que entupia os bares ao redor pra garantir um “refresco” do sol que ardia, decidido a compartilhar com a gente e com Curitiba esses dois dias inesquecíveis. No segundo dia, a coisa melhorou, e apareceu um cara com uma sacola de plástico cheia de latinhas.Ah, eu passei a virada à base de água e capoeira.)

O astral que me encantou quando eu era criança, que se renovou quando conheci o 92 Graus, que ganhou novo brilho quando a cidade curtiu com a gente o Rock de Inverno/De Inverno, ganhou novo fôlego com essa Corrente Cultural que promoveu um final de semana tão vivo;Curitiba fez meu coração bater muito forte por ela outra vez, trazendo de volta toda a vontade de fazer, fazer coisas legais por e para ela também.

Um show de reis e rainhas: foi assim, e começou com o charme de Paulinho da Viola – pena que para quem estava mais atrás o som, talvez pelas próprias características do artista, não tenha chegado como a gente gostaria, deixando muito espaço para conversas que acabam prejudicando o deleite de canções que exigem mais.

Dali, fui pro TUC, no Panelaço. Quem apostou que as bandas alternativas perderiam espaço diante dos “grandões”, perdeu. Aliás, todos os palcos, sabia-se ao conversar com as pessoas, tiveram público garantido curtindo. As performances no TUC, em homenagem a Ivo “Blindagem” Rodrigues foram mais que emocionantes, foram comoventes. A TUC estava como deveria sempre estar. No TUC muita gente conhecida, claro, sempre bom conversar com velhos amigos que não via. As ideias fervem e o resultado de tanta vontade de participar aparece 24 horas depois, quando o corpo se recusa a soltar sua própria voz. Bom papear com omar, marcio, manoel, lobão, karla, getúlio, dona Dilma, a simpatícissima senhora que ajuda a cuidar do Tuc e o bacana cara do som, o Neto. E não vi um show, sequer, meia boca, na boa! Todos mandaram muito bem, a moçada curtindo e, em várias bandas, fazendo mais do que backing vocals. Muito, muito bacana.

Entre um show e outro, entrou em cena a capoeira. Roda com vários grupos em frente a Tiradentes, no sábado a tarde foi um dos momentos bonitos, com direito a simpatia do pessoal das bikes que pedalou ao redor da roda, cumprimentando os capoeiristas. Lindo, lindo, lindo!!! O Força da Capoeira tava lá!

Dali, voltei pra frente do Paço pra ver a ma-ra-vi-lho-sa Sandra de Sá fazer os curitibanos se entregar de corpo e alma. Ali, as pessoas estava esfuziantes, havia espaço pra dançar e, claro, parei por perto dos mais “agitadores”, uma moçada embalada que queria cumprimentar quem passava, como se fosse possível “passar” pras pessoas o que elas estavam sentindo. E, cantei junto, bem mais músicas que lembrava conhecer... rádio, infãncia, adolescência, combinação que deixa marcas profundas... a gente esquece, mas lembra sempre.
A mancada homérica – e por favor, me poupem, amigos, pois já quase me dei uma surra por isso – foi perder Arrigo Barnabé. Não quero falar disso.
Andar pelo Largo da Ordem na madrugada de domingo foi uma experiência ímpar. Nunca eu tinha visto o Largo daquele jeito. Com tanta gente, fora da feirinha de domingo, com tantos sons. O FTC ficou bem pequenininho. Só não entendi carros circulando por ali naquela hora????

Domingo com capoeira e Tremendão

No outro dia, domingo, 07 de novembro de 2010, antes das 11 já estava lá e a Feirinha com todas as suas barracas também. Domingo é dia de Roda do Força da Capoeira na praça das Ruínas e assim foi, dividindo as atenções com o Capacabana Club que arrancou muitos elogios também. Não consegui ver quase nada do show. A roda foi dez e agora todo domingo às 11 se não chover a gente vai pra lá.
Depois, almoçar com Lu, minha mãe, Karla e meu sobrinho Gabriel, comprar água e lá fomos pro primeiro show do Gabriel: do roqueiro mais romântico do Brasil, o Tremendão, Erasmo que até pagou uma em cima do “Rei”, com um “sósia” de Roberto entregando flores.
O que foi esse show. Não teve sol pra incomodar, sem problemas que a gente quase não conseguia vê-lo, não teve nada nem pra ninguém, só deu Erasmo Carlos. Fotos, cortesia da altura de Karla. Muito legal ver meu sobrinho, 11 anos olhando tudo com muita atenção, sem arredar o pé e no final já levantando as mãos também, batendo o pé e as mãos na perna no ritmo da música... aproveitei para fazer uma introdução rápida à música paranaense, explicando quem é o Rodrigão, que falava no palco; sobre o músico que estava ao lado, de uma das bandas mais legais da cidade, a Mordida, nome que ele achou engraçado; apresentei o Raphael da Núvens que, claro, já garantiu o convite dele quando ele for a um show.

Mas eu desabei mesmo foi quando Erasmo Carlos cantou “Sentado à Beira do Caminho”.... cara, eu debulhei a chorar...é, eu não vi Roberto – até queria, mas esse não encarei – mas vi um Rei cantando canções que são suas também. E ele o fez com tal majestade, com tal entrega que me fez amar ainda mais a minha vida e aquele momento. Só não foi perfeito porque meu amor não tava do meu lado, e tantas foram as vezes que a gente ouviu essas canções, 'lembrando boas lembranças', vivendo e contando coisas das nossas vidas.. que ele fez falta ali pra curtir também.

Agora, quando escrevo sobre a Corrente Cultura,QUE CONTINUA, e sua virada, ainda me emociono, me inflamo, fico com vontade de que tudo isso aconteça sempre, porque Curitiba é uma cidade linda e merece isso – e nós também. E a multidão que foi ás ruas neste final de semana, em harmonia, feliz, vibrante, com o peito aberto e o coração batendo forte, deixou bem claro o seu recado e o que quer. Agora não tem mais volta Curitiba, você já é outra, outra vez. (adri)

27 comentários:

Karla disse...

Emocionante seu texto, Adri! Estava lindo!!

Ivan disse...

aé. quer dizer que a foto da karla a sra dá crédito. a minha do Anacrônica não...

bom saber.

giancarlo rufatto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
giancarlo rufatto disse...

conheci erasmo carlos, ganhei tapinha nas costas do homem, pra mim, 2010 acabou ontem.

adri disse...

aiaiai, é verdade, ivan, não dei credito pra sua foto. fique frio, vou corrigir isso, até porque vai entrar outra foto que vc fez, dos porongas - e a ninha do violins. do matador show do Mordida, não tirei, tava mais preocupada em me acabar de dançar e cantar, pois tava morrendo de saudade.

adri disse...

e nem vou comentar o comentário do gian... inveja boa, como dizia uma amiga especial.

Ivan disse...

não terminou não. ainda tem o show da Hotel Avenida em dezembro.

giancarlo rufatto disse...

é, eu lembrei disso depois de comentar, enfim.

Karla disse...

Pô Adri, coloca o crédito do Ivan aí! hahaha

adri disse...

eita, puxa saco!!! eu vou dar o crédito pra ele, to atualizando, já. calma. hahah

Getulio Guerra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Getulio Guerra disse...

Pô, pingou uma lágrima já na metade da leitura, quase no teclado e em cima da régua aqui =)

Curitiba não será mais a mesma, mesmo!

adri disse...

Ah, e o hotel avenida no Wonka será a única produção da De Inverno esse ano.valeu ieda! aguardem, logo nos primeiros dias de dezembro, com uma nova super formação no palco

Ivan disse...

new super hiper plus formation eu diria. ahaha.

valeu Karla!

e Getúlio, cuidado pra não dar curto circuito. rs

Erika Takano disse...

Foi tudo lindo mesmo. Emocionante!

Draupadi disse...

Sensacional. Como tanta coisa boa acontecendo ao mesmo tempo !!!! Enquanto vc tava no TUC eu tava curtindo Hermeto Pascoal e no domingo Bicicletário Livre. Além da Mart'nalia claro !!!! Que fim de semana de Astral para todos nós !!!!
http://koisasdekali.blogspot.com/

Ayrton Baptista Junior disse...

"Agora não tem mais volta Curitiba, você já é outra, outra vez” (Adriane Perin, 11/8/2010). RockAdri!!!!! Eu também tive esta sensação de ter vivido um dia histórico (O Dia que Curitiba Saiu de Casa), do qual irei falar para as futuras gerações, com o relato de um Woodstock ou do 1º Rock In Rio. Sem exagero!!!!

Ayrton Baptista Junior disse...

Ayrton Baptista Junior disse...
"Agora não tem mais volta Curitiba, você já é outra, outra vez” (Adriane Perin, 8/11/2010). RockAdri!!!!! Eu também tive esta sensação de ter vivido um dia histórico (O Dia que Curitiba Saiu de Casa), do qual irei falar para as futuras gerações, com o relato de um Woodstock ou do 1º Rock In Rio. Sem exagero!!!!

Anônimo disse...

belo texto adri, parabens
samuel

Luiz Almeida disse...

Saí(mos) em direção à feirinha comprar um "painel de desejos", quando chegamos com a Copacabana Club tocando aquele embalo meloso e gostoso, nem sabíamos o que acontecia ("tal como curitibano que sai de casa"), sol sem cerveja no isopor e nem água, realmente , onde estavam aqueles isopores de bera gelada que se encontram em qualquer lugar ? E o sol rachando o cabeção, solução ? Tomar umas geladas no The Farm onde dava para escutar o som da banda e das motocas "assanhadas". Curitiba ...realmente, não tem volta, ou melhor..volta sim..já deu saudades dessa Virada...

Luiz Almeida disse...
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Luiz Almeida disse...
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Luiz Almeida disse...
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giancarlo rufatto disse...

um detalhe bizarro da birada é q não havia ambulantes em lugar algum, só no show do rei, eles se amontoavam no show do roberto, depois andamos em torno do largo e só havia uma barraquinha de cachorro quente, a de sempre. não consegui comer lá no show do pato fu e no domingo naõ havia lanchonete aberta.

Ivan disse...

é. o pessoal do comércio ainda não se tocou. na próxima tem que avisar eles. rs

a gente tbém teve que subir lá na manoel ribas pra achar um cachorro quente.

adri disse...

o pessoal não botou fé e não tá acostumado. mas, aposto que na próxima virada vai ter gente mais esperta ligada que a história vingou. no show do erasmo já tinha um cara improvisando, mas só com cerva, nem uma água gelada....

Ivan disse...

ô adriane. ce esqueceu do grande marcião reinecken na legenda da foto. rs