8/29/2010

sobre a tal da cultura...


Foto emprestada do blog da Gleisi Hoffmann, feitas por Elias Dias.

Acabei de chegar em casa, e terminar um texto, sobre um evento de cultura, organizado pelo Vanhoni, com a presença do ministro da cultura, Juca Ferreira, que pela primeira vez ouvi falando tão de perto.Teve também a presença, e por isso eu estava lá, do candidato ao governo Osmar Dias, de cuja equipe faço parte atualmente. Não, eu não vou falar de política partidária. Eu quero falar do que vi lá. E foi política – gostem ou não. Ando, outra vez, sem conseguir escrever muito pro blog, por conta desse trampo que me ocupa bem.
Mas, não adianta, eu tento manter a frieza, mas quando vejo momentos como o de hoje, me inflamo. Adorei o dia. Eu filmei o grupo de fandango Pé de Ouro, lá da Ilha de Valadares, mas as imagens não ficaram muito boas pra por aqui, infelizmente. Mas, serviram muito bem para Me emocionar. Como também o fizeram, as falas do Paulo Munhoz, um cineasta que admiro, e também a fala do ministro. Eles não me emocionaram, e me fizeram continuar pensando no que falaram, porque fizeram política partidária, mas porque falaram em nome de coisas que acreditam. E em algumas delas eu também acredito.

Tenho participado de reuniões e delas saio, às vezes, pulando de alegria; noutras completamente frustradas pelo que me parece falta de articulação do pessoal da cultura. Muitas vezes fico com uma sensação de que estamos chafurdando nas migalhas que o poder público, às vezes, deixa cair. Então, tenho vontade sair correndo. Noutras, vejo gente que pensa maior, que pensa num todo e entende que somos parte de uma coisa só, mesmo que queiramos negar isso tantas vezes. Acho sim que temos que fazer política, deixando cada posto para quem em talento para exercê-lo.

Hoje o dia foi legal. Já estou em casa e continuo pensando no que a gente ta fazendo aqui pela cultura do Paraná, estado pra onde vim, antes mesmo de vir de verdade. Nunca imaginei que ia trabalhar com cultura e nesse tempo vi a cultura ser tratada como algo desimportante. No meio político, no meio jornalístico e no meio cultural. A vi perder sua força, aparentemente, e aprendi com os “(in)dependentes” algo que já sabia sem saber que sabia. A fazer. Simplesmente. Fazer. Não ficar só esperando. A fazer jornalismo cultural, a fazer um festival, a produzir um show, a produzir um disco e até (vejam só) a tocar um baixo e a arriscar uma cantoria. E a fazer política, sim, porque esse papo de “não gosto de política” é que ferra tudo. Tem jeitos, estratégicos, e jeitos, de se fazer política. E, não acho que sou ingênua ao dizer, que o bom trabalho feito, sempre aparece. Depende de as pessoas conseguirem diferenciar o que é balela e o que é de verdade. E só se aprende isso exercitando.

Hoje fizemos política. Do jeito que melhor sabemos fazer. Mostrando um pouquinho, foi só um pouquinho, da cultura paranaense. Não to nem dizendo que estou no grupo que vai fazer o certo. Estou dizendo que nós temos que tomar as rédeas do que acreditamos. E dar a cara a tapa, quando preciso.

E ver aqueles velhinhos dançando, cantando e tocando, depois de terem tocado o baile de fandango até 4 da matina... renovou minhas forças. Foi, quase, como ver uma banda que gosto. É isso. Tem o novo, que tanto gosto, e tem o velho – que está dentro de mim, também. Um precisa do outro. E isso é bom. Isso me faz bem. Tenho ouvido tanto discurso... mas, vejam só, não acho que são só palavras em vão. Não devem ser palavras em vão e isso, na boa, também depende da gente. Depende da gente estar por perto e atento. Depende da gente não largar mão.

No dia em que vi Gilberto Gil, como ministro, pirei. Sinceramente. A força desse cara é um negócio arrebatador. Tinha que ser um artista. E com Juca Ferreira foi parecido, sem o apelo de ser o Gilberto Gil “doces bárbaros” na minha frente. Hoje, em alguns momentos, pareceu que eu vi Juca Ferreira tremendo, enquanto falava sobre cultura. Que 80% da verba da lei rouanet fica pra SP e RJ (nada contra eles, por favor... mas peraí, né.)Isso, diz o ministro, é desfrutado por 3% dos cariocas e paulistanos... pô, precisa falar mais, cara? Aquele tremor na mão que segurava o microfone me pareceu provocado pelo que ele estava vendo e que, como me deixava mais forte, parecia deixar a ele mais forte também. É a força de algo que é mais forte do que a gente, o que faz a gente tremer...

é o que sinto numa boa entrevista. é o que sinto diante de um palco em um show produzido por mim. é o que sinto diante de um quadro, de um livro que acerta em cheio, de uma banda que quebra tudo...

Porque eu continuo acreditando que a força de uma boa banda tocando, de um bom poeta/escritor escrevendo ou declamando, de um pintor fudido desenhando seus sentimentos... é isso que me dá gás e não acho que sou a única a ser movida assim. Eu vou dormir bem hoje. Continuo tentando fazer a minha parte. E sei que não sou a única. (adriperin)

Um comentário:

Ivan disse...

é isso aí. política nada mais é do que se relacionar com a realidade de forma direta pra fazer as coisas acontecerem. todo nós fazemos política, queiramos ou não, mesmo quando nos omitimos. e aí sim, ajudamos por omissão, os aproveitadores e oportunistas prevalecerem.