11/13/2009

Tempo

OAEOZ em 1999, na frente do antigo estúdio Áudio Beltrão, na época da gravação da segunda demo, "De Inverno": tínhamos todo o tempo do mundo.

Tempo tanto tempo qualquer tempo
possibilidades
tempo pra tudo
tudo e o nada
talvez
a mesma coisa
tudo e o nada

tudo talvez no espaço
o que existe depois do espaço
seria a galáxia do nada
seria a galáxia do nada

venha comigo e pegue
pegue sua espada
vamos para uma caminhada
vamos atrás do nada


Dia desses tava conversando com o Ramiro pelo msn (sim, parece que agora a gente só consegue conversar através dessas malditas máquinas) e a gente tava comentando como todo mundo parece não ter mais tempo pra nada, muito menos pra encontrar os amigos e jogar conversa fora, ou simplesmente fazer um som sem maiores preocupações, só por diversão. E ele citou rapidamente essa música do Igor que foi lançada na primeira demo do OAEOZ, no longínquo ano de 1998. E depois disso fiquei pensando em como essa letra, apesar de até certo ponto pueril, é tão eloquente em sua simplicidade e ainda mais atual quanto quando ela foi lançada.
É curioso porque eu lembro que os futurólogos de antigamente (ops) diziam que com a revolução tecnológica os homens teriam máquinas pra assumir as coisas chatas da vida, e a gente ia ter muito mais tempo pra lazer e outras coisas prazerosas. E o que aconteceu foi justamente o contrário. Nunca estivemos tão cercados por máquinas, e nunca tivemos tão pouco tempo pra viver de verdade, no mundo real. Estamos tão ocupados com o mundo virtual e seus blogs, orkuts, facebooks, emails e o caralho a quatro, que não temos tempo mais pra um simples abraço, uma cerveja com os amigos ou simplesmente sentar na calçada e ver o tempo passar.
Não se trata de nenhuma reclamação, mas de uma constatação. Como já comentei aqui, estamos cada vez mais “conectados” com a realidade virtual, e cada vez mais alienados da realidade “real” (rs). O que outrora era facilidade, virou escravidão. O mais triste é pensar que quando acordarmos desse “sonho cibernético”, a vida real terá passado, e aí será tarde demais pra recuperar o tempo perdido desperdiçado na frente dessa telinha. “vamos atrás do nada...”

pra ouvir e baixar "tempo" aqui

2 comentários:

André Ramiro disse...

É vero mermão, tens toda a razão.....
Grande abraço Ivanzera!

Túlio disse...

Celulares e a internet permitem que os que estão distantes se conectem, mas também permitem que continuem distantes. Todos se conectam, ninguém se relaciona.

Não sou eu quem concluiu isso, mas sim o Zygmunt Bauman