Jornal do Estado
Dono de selo diz que problema de independentes e majors é falta de público e não de dinheiro
Adriane Perin
Foi o descontentamento com os rumos do mercado fonográfico independente que moveu Gustavo Furniel a dar mais um passo na empreitada que começou com um bar em Campinas e hoje é também uma gravadora independente, a Mondo 77. Anova empreitada é uma rádio virtual homônima. “É por causa do retorno pífio que estamos tentando uma nova forma de atrair o público. Somos um selo de rock pop, nosso público é jovem e está acostumado ao mundo virtual”, comenta. Mas, se o público alvo da Mondo é o jovem habituado a internet, principal instrumento das bandas alternativas hoje, porque a apatia com os discos lançados pela gravadora? “Creio que faltava diálogo mais próximo, ficamos muito no lançamento de CDs tradicionais e faltava esse investimento no virtual”, avalia Gustavo. Ele observa que a queda das vendas é evidente também entre os grupos independentes, embora se fale mais da falência do mainstream. “Quem vendia 6 mil discos quatro anos atrás, hoje mal atinge 2 mil cópias e a internet teve participação decisiva nisso” . É com estes dados em mão que a Mondo parte para essa nova etapa de sua recente história – um pouco mais de um ano, como gravadora. Nesse tempo também mudou seu jeito de trabalhar. Começou investindo financeiramente também na gravação e produção dos discos lançados mas teve que recuar nessa postura, porque as vendas não dão retorno e o custo é altíssimo. Serão duas as frentes de atuação da Mondo 77, a partir de agora. A primeira é a tentativa de fazer com que a rádio se sustente, através de comerciais e publicidade no site. Na outra ponta, segue com o selo que voltou a ser mais como os tradicionais, que não custeam a fase de estúdio, que volta a ser por conta dos músicos. A Mondo aboliu também a verba de apoio para produção de shows e manteve apenas a assessoria de imprensa para os lançamentos novos.“O importante agora é fortalecer a marca, tanto da Mondo, como das bandas”, pondera Gustavo. Qualquer artista pode se cadastrar no site e ter uma página. Tem a rádio padrão e outras que podem ser compartilhadas. Lá estão, claro, as bandas do selo, como Ludov, Autoramas, Banzé e Walverdes. Mesmo com a internet não gerando receita direta hoje, ela continua sendo uma aliada importante. “Daqui a cinco anos ela pode gerar receira. Temos que tentar vislumbrar o caminho que viabilize a sobrevivência das bandas e dos selos. A rádio é uma tentativa. As bandas colocam música, que gera audiência, que gera publicidade, que pode gerar receita’’, defende. Ainda assim, Gustavo não decreta o fim da mídia tradicional, o CD, nem das gravadoras. “ Acabamos investindo menos em lançamento de bandas novas, é verdade, pois não se tem retorno. Mas, também não se pode desprezar o disco totalmente”, alerta. Ele considera lançamentos vistuais interesssantes, mas não como único. “A verdade é que todo mundo está perdido, no independente e no mainstream. Nosso problema é igual ao da Universal. Não importa a quantidade de dinheiro que se gasta, pois ninguém sabe o que fazer. Estamos no mesmo barco afundando juntos. Alguém vai vislumbrar o caminho antes. A Trama, que virou uma referência, por exemplo. Não se sabe se o sistema de venda de downloads vai vingar, mas eles estão tentando. Nós também.
Serviço - www.mondo77.fm/
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
que beleza! finalmente os músicos vão viver de shows ( o que sempre foi fato). com a internet não precisa mais de atravessadores - e sanguessugas FDP! que beleza!! ilê ilá iô... é de show e de divulgação na net que eu vô!
Classe A a matéria Adri! Parabéns!
a gravadora trama acabou !
camarao
Postar um comentário