7/03/2013

Uma cena de gentileza perdida no dia

Em tempos de manifestações e tanta gente cheia de razão me peguei pensando em algumas atitudes que a gente acaba (não) tendo no dia a dia e nem se dá conta de que tem tudo a ver com aquilo mesmo que tanto criticamos. Umas coisinhas bobas no meio de tantas outras. Por exemplo, como nos portamos no trânsito em relação aos ônibus que fazem o transporte coletivo das cidades. Já repeti muitas vezes, como tantos outros, que os motoristas de ônibus são foda, que por dirigirem veículos grandes passam por cima se vc, do carro pequeno, moto, não sair da frente. E já vi essa atitude em muitos motoristas de ônibus dessa cidade. Tem que cuidar. Mas, tenho cá comigo que o comportamento dos motoristas e dos pedestres com os coletivos não ajuda em nada. Hoje vivi uma cena que me trouxe aqui. Um motorista atrasado – até porque em determinados horários motorista que tem que encarar toda a Mateus Leme só não atrasa se o veículo tiver asas – tentou várias vezes voltar para a lado próximo da calçada, já que tinha um ponto de parada logo adiante e provavelmente com alguém pra subir. Pois ele tentou por vários metros, ali perto do Parque São Lourenço, dando sinal para a direita. Eu estava bem atrás do motorista e vi que os motoristas de dois carros pequenos arrancavam e não davam o espaço. Faziam de propósito, sim! Porque o sinal estava fechado e eles estavam parados mesmo. Ficaram o mesmo tempo que o ônibus esperando. E no ponto havia uma mulher querendo subir e uma fila de carros entre o ônibus e ela. O motorista do ônibus não teve dúvidas: em frente ao ponto parou o veículo, abriu a porta da frente foi para o degrau e estendeu a mão, em um gesto de proteção como um autêntico cavalheiro, para que a senhora passasse com segurança entre os dois carros, enquanto explicava: “me desculpe, eu tentei parar ali, mas os carros não deixaram. Eu só estava no outro lado porque estamos atrasados e quero deixa-los em casa rápido, não gosto de atrasar meu horário...” Não sei se os ocupantes dos carros pequenos perceberam o tapa de luva de pelica que levaram na cara. Espero que sim, mas sinceramente acho que não. Já vi motorista parar do outro lado e nem se preocupar com o passageiro passando entre os carros – algo perigosíssimo. Talvez por isso, achei a cena tão bonita, aquele motorista estendendo a mão pra pessoa entrar em segurança. Uma cena de gentileza perdida no dia que, provavelmente, mais ninguém viu. Espero, quando voltar a dirigir, lembrar dela quando um motorista de ônibus apressado pedir a vez. Espero lembrar que ele deve ter, sim, alguma prioridade no trânsito, porque atende coletivos de pessoas e não unicamente a minha necessidade de chegar em casa ( ou onde quer que seja) 5 minutos antes.

Um comentário:

fabíola disse...

E aqueles que estacionam no ponto de ônibus, então?