11/07/2011

Palco De Inverno: o que se sente depois de tudo

Manhã de domingo, 06 de novembro de 2011. Ao acordar, a primeira coisa que ouço é: “Adri: ‘apesar das minhas roupas rasgadas, acredito que vá conseguir uma carona que me leve pelo menos à cidade mais próxima, onde ninguém vai me olhar estranho quando eu tocar na minha velha guitarra as canções que eu conheço’”... o final já com meu coro. A canção ficou em nós e a cantarolamos várias vezes até a despedida dos nossos convidados de Palco De Inverno Jair Naves, Os The Darma Lóvers e Mopho, naquela mesma manhã. Embarcados eles, fomos para pegar um trecho ainda do Sá & Guarabyra. E não é que foi a gente botar o pé na praça do Relógio, na rua do Palco das Ruínas, que eles começaram a cantar exatamente essa canção... foi muito mais do que lindo, pra encerrar com chave de ouro nossa Virada na Corrente Cultural de Curitiba. Quando achei que tinha acabado, descendo a Trajano, damos de cara com JR Ferreira, seu Geraldo e Glauco Solter em frente ao 92. Claro que paramos para uma bera, o almoço podia esperar mais um pouco – a palavra fome voltava a fazer parte, de leve, do meu vocabulário, depois de dias de ansiedade. E, de quebra, ainda zoamos o Rubens K por telefone. Segunda-feira pós Palco De Inverno e meus frilas me gritam de volta à rotina. Mas, não tem como conseguir fazer isso sem falar um pouco de como foi a minha segunda Virada da Corrente Cultural. Se ano passado voei por vários palcos, este ano não teve outro além do Palco De Inverno, nossa celebração de dez anos da produtora. Eu fiquei mais de 14 horas lá no Peppers. Luigi, Ivan e o pessoal do bar ficou mais ainda. Produzir eventos é sempre sinônimo de ansiedade e estresse, mas quando o palco tá armado e os shows começam... E assim foi, um show após outro. A estreia do Reticênciaz teve um gosto especial. Eles estavam absolutamente tranqüilos e foi um belo show. Com direito à Laura, filha do Jansen, na platéia de seu primeiro show! O som tava massa, o pessoal deu o seu melhor e as bandas mandaram muito bem. Foram todos shows como a gente espera quando convida alguém. Te Extrano, Colorphonic que eu não conhecia muito bem, fazendo jus à história dos músicos que as compõem. Liquespace e Easy Players, mais veteranos, mostraram que o tempo é bom quando se traduz em maturidade e personalidade também. Fizeram showzaços. Como imaginamos, com um dia lindo, as pessoas ficaram mais nos palcos das praças durante o dia. Embora todas as bandas tenham tocado com plateia bacana, a partir da noitinha foi que o Peppers encheu e não ficou mais com espaços livres. A partir do show da Pão de Hamburguer o Peppers foi tomado. Esses rapazes do Pão são foda e pelo jeito todo mundo já sabe. Eles têm uma segurança em cena que é impressionante; uma sintonia que transborda deles todos. É bonito de ver, bom de curtir e alimenta a alma ver gente jovem fazendo música assim. Logo, logo, os veremos em um palco ao ar livre, estou certa disso, porque esse show merece! E da mesma forma Banda Gentileza. O que foi o show? Este foi o show mais lotado do Palco De Inverno, sem dúvida. Eu nem conseguia filmar direito. O pessoal cantando junto e um hit atrás do outro. E a alegria que vem dos músicos é muito contagiante. Orgulho, muito orgulho das bandas curitibanas que mais uma vez avalizam as escolhas da De Inverno, contribuindo para que nossos eventos sejam tão alto astral! Sem mais palavras pra vcs, bandas curitibanas, só posso deixar aqui o meu sincero obrigada. Obrigada por apostar na gente, por estar com a gente e por esse carinho também, que eu sinto muito forte. Se não fosse assim, essa história não teria ido tão longe. Valeu mesmo. “Estrangeiras” – Desde o começo, a ideia da De Inverno é “apresentar” novas bandas locais, junto com gente que tem história nas costas e colocá-las lado a lado com músicos de outras cidades também, porque este diálogo é bacana. Por isso, sempre que podemos gostamos de colocar em cena convidadas “estrangeiras”. Desta feita, foram Jair Naves (SP), Os The Darma Lóvers (RS) e Mopho (AL). Nosso objetivo maior quando produzimos algo deste tamanho é dar as melhores condições para quem está no palco e quem está na plateia. A produção pode até ficar mais apertada, mas vamos escolher o melhor, podem estar certos, mesmo que alguma coisa saia do bolso. E assim foi novamente. E não falo por nenhum coitadismo. Fazemos nossas escolhas e assinamos embaixo e damos conta sem reclamar. É só pra constar. Trouxemos o Mopho de Maceió, porque a gente sabe que é muito difícil, pelos custos, que uma banda do patamar do Mopho consiga vir de tão longe em esquema independente, sem apoio de incentivos. Apostamos alto e ganhamos! De novo! As três bandas de fora fizeram shows inesquecíveis. Jair Naves, dos três, acho que era o mais conhecido e atraiu maior público. E fez o show que todos esperavam, com Jair rompendo os limites do palco e indo pro meio da pequena multidão que lotava o Peppers. Catarse com a entrega característica do Jair e uma baita banda segurando a onda junto. Depois da nossa “Gentileza” ele tinha que se virar para manter o nível (rs). Isso que é o bom de um festival (ou mostra). Vários estilos lado a lado, mandando ver. Adoro isso. Depois, veio o momento em que desabei. De todos os shows, o The Darma Lóvers foi o “meu/nosso” momento de catarse, de libertar de todas as amarras e nem sequer pensar mais que tinha um trabalho a ser feito. Ele já tinha sido feito. Chorei muito, muito, na verdade, depois de “Canção para Minha Morte” eu não conseguia mais segurar... nem sei o que acontece, porque é tanta coisa que passa na cabeça. Não só da produção, mas desde aquela primeira imagem que vi(mos) de Nenung e Irina num aeroporto a caminho de Goiânia, há uns dez anos, indo pro Bananada – ainda sem saber quem eram eles. Só soubemos quando chegamos no festival, que o destino era o mesmo. Aí, vem a imagem dos dois, sozinhos, no palco do Festival da Monstro tomando conta do teatro com mais força que muitas bandas. Aí lembro da gente ouvindo músicas como “peixes” em nossas viagens de férias e planejando quando os traríamos pra tocar aqui.. Daí, vem a lembrança da espera de vê-los tocando – o envio do primeiro email para convidar, a torcida toda para que o projeto fosse aprovado, as incertezas de se a verba daria conta.. o se dar conta de que Jimi Joe estaria no Palco De Inverno... e no meio disso tudo, a audição dos discos, que a cada vez fazia pensar: “ai meu deus, vou ver e ouvir isso aqui...será que eles vão tocar essa?”. (isso acontecia com todas as bandas, diga-se). Não deu outra. Eu desabei, mas o que fazer ao ouvir: Peixes, (dedicada a nós), Senhorita Saudade da Silva, Gigante, A Lua na TV, O Homem que Calculava... enfim. Darma lóvers é uma entidade, não é “só” música. É vida tão viva – parece que é quase mais, embora eu não consiga explicar o que acontece quando eu os ouço. Mesmo agora... é melhor parar (tenho que trabalhar, ainda!). Mopho faz parte da história da De Inverno. Além de músicos fudidos são amigos. Produzimos o primeiro show deles aqui, em 2002, no 92 original. Agora eles voltaram à formação original e voltaram a tocar aqui. E trouxeram gente de longe interessada em vê-los fechando o Palco De Inverno. E que fechamento! Com direito aos chamegos de Diogo Medina, na primeira fila, pedindo músicas e tudo mais. Grande fechamento de uma festa muito bonita que só começou. fazer e acontecer também no próximo sábado, dia 12! O saldo do Palco De Inverno? Absolutamente positivo. Mas, não terminou. No próximo sábado, unimos forças ao grande Getúlio Guerra e seu PrasBandas, um projeto que não por acaso está junto com a festa da De Inverno, celebrando seus 6 anos. Logo que soube, senti a força da ideia. E Getúlio é um batalhador. E vai fazer um elo com bandas que ainda não tocaram nos nossos eventos, Sopro Difuso e Os Corsários, que levarão suas forças para as Ruínas de São Francisco, no dia 12, quando a De Inverno e o PrasBandas celebram juntos a alegria de fazer acontecer coisas bacanas como essa Virada da Corrente Cultural. Pão de Hamburguer, Te Extraño e Reticênciaz estão confirmadas também. A ideia é fazer algo mais próximo, num clima “amigos na Praça”. Será a partir das 11h, com direito roda de capoeira, com o Grupo Força da Capoeira. E, ainda, tem o workshop com o Luigi na quarta, dia 9. Interessados escrevam pra nós. Pra terminar esse balanço, Curitiba e curitibanos vocês ficam mais lindos ainda felizes e a música e as artes todas são muito importantes para deixar a gente feliz. Então, que venham outras Viradas, com menos sufoco para que os produtores possam trabalhar com um mínimo de tranqüilidade. Afinal de contas, são eles, os produtores todos, de dentro e de fora da FCC, de dentro e de fora dos Sescs e das instituições que tem grana, que fazem isso acontecer. E todos, inclusive nós, que não estamos dentro dessas instituições, precisam ter o mínimo pra fazer um trabalho legal. Tenho certeza de que isso pode ser feito com um pouco menos de estresse. Valeu curitibanos por mais este apoio e conto com vocês pra que continuemos fazendo a alegria andar por essas ruas, praças e pedreiras – afinal elas são nossas! E que ninguém esqueça disso, nunca! (AdriPerin)

Um comentário:

Anônimo disse...

http://www.senhorf.com.br/agencia/main.jsp?codTexto=4865 massa, adri! bacana mesmo o astral. deu pra sacar. bjo.