5/08/2008

Dopropriobolso


Há coisa de uns dez anos atrás tomei contato com o livro "Balada do Louco - do desengano em direção à vida", do jornalista Mário Pacheco, que se atreveu a escrever uma biografia do Arnaldo Baptista muito antes do revival em torno dos Mutantes. Editado de forma independente, como sóis acontece com quase tudo que se refere a cultura "não contabilizada" como relevante pelos mass media do nosso País, o livro chegou até mim através de uma cópia emprestada do amigo e batera Rolando Castelo Junior, não por acaso ex-parceiro do próprio Arnaldo na Patrulha do Estado. Fiquei desde logo impressionado com a forma passional com que o autor lidava com aquela história por si só já passional e emotiva. Ao invés da pretensa e falsa "objetividade" jornalística, o que se via nesse precioso livro era uma entrega total e absoluta de quem realmente viveu, sobreviveu, ouviu e queimou muita coisa por aí, mergulhando de cabeça na história de um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros, e mais do que isso, na história da própria contracultura do País.
Anos depois, já quando do lançamento do "Ás vezes céu", consegui o contato do Mário e mandei pra ele o disco, sem qualquer pretensão ou esperança de retorno, afinal, não conhecia o cara, não tinha a mínima idéia de se ele ia ou não gostar ou sequer ter tempo e interesse pra ouvir. Para minha grata surpresa, dias depois recebo um telefonema em casa do próprio Mário Pacheco, querendo conversar sobre o disco. Foi com certeza a entrevista mais legal que já fizeram comigo, porque ao contrário do que normalmente acontece, as perguntas dele fugiam e muito daquele roteiro batido que a gente vê em geral nessas ocasiões. E é claro, o texto escrito por ele na época também foi um dos mais incríveis e criativos já publicados sobre o OAEOZ.
Diante desses antecedentes, com o lançmento dos novos discos, eu não poderia é claro deixar de refazer esse contato, e mandei semana passada os nossos lançamentos pro Mário, que tem um site, o apropriadamente nominado "Dopropriobolso", que andou fora do ar por uns tempos, mas está voltando. E ontem (quarta), recebi um e-mail emocionado e emocionante do Mário agradecendo os discos (como se fosse preciso).
E hoje (quinta-feira), ele me mandou alguns e-mails comentando suas primeiras impressões, que com a autorização do autor, eu reproduzo abaixo. São daquelas coisas que enchem a gente de energia renovada pra continuar nesse caminho, "mesmo que não saiba pra onde"...

O ÁLBUM BRANCO D'OAEOZ

Dúvida! Não sei se a vida inspira os phatos ou é arte?
Teu disco me recorda a resenha do último disco da Legião que li na
Bizz, o disco era "Tempestade" e o crítico foi muito feliz no
prognóstico - acho que o papel da resenha é levar a ouvir o disco
Sonoramente teu ao vivo pega gancho no Banquete dos Mendigos no
próprio AEOZ e Pink Floyd. Melâncolico ou mórbido? Mas o título é
dúbio falsas baladas e outras canções de estrada - se vc trocar os
discos de capinha tanto faz...
Rock Adulto? Entonação oitentista (Zero) Ballet Bauhaus Novo Cinema
Alemão Rock Teatral e a maior homenagem a Nei Lisboa, o disco que ele fez com outro nome - Disco da noite/dia luz/ - o tema do sol é lindo como uma banda que me esqueço o nome agora - ramo do Bauhaus mas tem aquele outro cantor australiano que morou em São Paulo vivendo o filme das tuas palavras. "Meg & John" de Rubens K. é a minha história com outros nomes - incrível nunca tive tanta saudade dos anos 80. alguns
acordes do ao vivo também me fizeram imaginar como os "headbangers" podem ignorar teu disco, ou por quê nós somos privados da oportunidade de assistir a este show? Mas esta é a máxima da arte guardar p/
descobrir a esquizofrênia em "deserto" e é certo que o AEOZ trabalha
arduamente em suas músicas e linguagens e discos.
Dois lados um ao vivo e outro de estúdio, sabiamente via dowload - boa - bootleg ao inverso - fiquei meio desapontado quando vi que o
primeiro cd era queimado e o segundo ao vivo oficalmente presnado sem contato c/ o ar - e ouvindo entendi que era um disco de downloads coisa de fã - peguei o espírito!

(...)

tô curtindo muito o disco elétrico - conhecendo os ensaios e os
outtakes do álbum branco a gente enxerga uma similaridade até nas
coisas mais cruas - Mariana é uma música muito bonita e este
desprendimento dos arranjos da duração das faixas e ecos com Joy
division - Renato Russo - ainda não analisei o lado lírico - mas eu
gosto como vc dá as notas no vocal e o arranjo vai atrás - o
convencimento da forma - a guitarra é muito bem tocada, muito bem
dosado - minimal - os arranjos são mais sofisticados tem um piano
bonito - uma introdução diferente - parece produção da gravadora
Stilleto - por isso eu ACHO oitentista - pega o Varsóvia - pega as
nossas releituras de Rimbaud

INTRAUTERINO CAFONA SENTIMENTAL OTIMISTA ESPERANÇOSO APAIXONADO -
SOLITÁRIO - NOSTÁLGICO mas NUNCA OMISSO QUANTO ÀS RELAÇÕES É O TIPO DE
DISCO QUE A GENTE PROCURA OUVIR
Vc sabe, que eu não conheço muito de Você e o disco leva a essa
procura em saber quem é vc- então o disco é perfeito
a expresão do it yourself - explica tudinho era isso que eu queria
ouvir - apesar de eu usar bootleg com o mesmo significado.
Receber este disco já velu a pena recolocar o site no ar e é o que
estamos fazendo divulgando a música doprópriobolso.

Mário Pacheco

8 comentários:

André Ramiro disse...

Aí cabeças, voltei com blog pra ficar, e fiz até uma marchinha...hahahahaha
absssss meus amigossssss

Anônimo disse...

álbum branco...caraio...que bom que não é "álbum em branco"... inda bem que tem oaeoz. canalhas! arrependei-vos!!!!!!

Anônimo disse...

Porra, do caralho: "Álbum Branco" d'OAEOZ - Classe A! Ow, Ivan, será que não existe na net o "Balada do Louco - do desengano em direção à vida" pra baixar, não? Depois do que vc disse aí, preciso ler o dito cujo. Abraços aí compañeros!

Anônimo disse...

album branco! hehee boa .. ei, pra nao passar em branco, quero propor um brinde ao daniel que há 14 anos foi fazer um som com os malucos lá em cima. abraço

Anônimo disse...

sem dúvida, Igor. lembrança importante. grande Daniel Fagundes, aliás, o cara responsável por a gente ter se conhecido. abraço.

André Ramiro disse...

bacana esse comentário do Pacheco...bacana esse disco duplo....quando sai o próximo? Ivan Pollard! hhahaha
abs

Anônimo disse...

o próximo ? só depois do próximo do ruído.

Anônimo disse...

então Carlinhos. acho que na internet vai ser difícil. mas é só escrever pro cara e pedir o livro. nesse caso vale a pena ter o original.

escreve lá

pazcheco@gmail.com


abs