9/14/2006

Histórias de um Folhetim Urbano no teatro

Jornal do Estado

Independente - disco

Adriane Perin

Foto: Jonas Oliveira
Renato, Carlos e Marcelo: primeiro disco na praça

O disco Cativeiro abre com um rock “funkeado”, margeado pelo saxofone falante do jazzista Paulo Branco e vocais devastadores de Marcos Linari, da paulista La Carne, tudo muito bem coberto pela base baixo-guitarra-bateria, na letra de pegada meio política de “Guerrilha”. “F de Todos nós”, a segunda faixa, mantém o clima nervoso para ceder espaço à bela “Avon”, homenagem póstuma ao avô de dois dos integrantes, que começa num clima bem U2, até a entrada da voz que da o tom ao lado de uma guitarra mais evidente para a letra: “Não feche os olhos pra sonhar, não pare para descansar, a vida segue e procura o fim sozinha”. Uma música bonita, comovente... e tão simples. É assim: intenso, simples e belo, o álbum Cativeiro, estréia da banda Folhetim Urbano, que faz hoje no Teatro do Sesi seu lançamento. Trata-se de um trio de “irmãos-amigos” que leva a risca a essência motriz do rock n roll: “fazer um som”. A atitude resume bem as intenções de Carlos e Renato Zubek e Marcelo Chytchy, que surgiram como Sabadá em 2001 e ano passado decidiram se dar uma cara mais de cidade. Sinceridade, cotidiano, autenticidade são termos muito usados, mas não, necessariamente, sinônimo de boa música. Mas aqui eles são eficientes numa tentativa de descrever o Folhetim. Entre os três existe, mesmo, uma autenticidade comportamental traduzida em canções, que destoa das “tendências indies” e não dá a menor bola para caras e bocas e poses. Eles parecem não precisar de nada mais do que fazer um som com os amigos, sem pretensões. Ops, outra dessas palavrinhas gastas em textos de apresentação de bandas. Então, empresto os dizeres do mestre Mario Bortolotto para uma correção. Quem aqui quer ser desprentensioso? Eles são pretensiosos, sim, afinal montar uma banda, fazer um disco e ter coragem de encarar um palco não é para quem gosta de ver a vida passar na janela. E a dedicação dessa trupe a este trabalho, é um caso desses. Folhetim não é banda que toca toda noite, mas quando promove uma balada, pode saber que além de música boa e poesia, vai ter muitos sorrisos abertos e pessoas se divertindo pra valer. Porque como bem diz o texto de apresentação do trio: “Se o teu negócio é caras e bocas, penteados da moda e promessas de salvação do rock, esqueça. Se é ouvir boas canções, de gente de carne e osso, pode vir nessa que tamo junto”.

Serviço: Lançamento do disco Cativeiro, da banda Folhetim Urbano. Dia 14 às 20h. R$10 e R$5. Teatro do Sesi (R. Pe. Leonardo Nunes, 180). Informações: (41) 9958-4000.

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