3/15/2006
EU JÁ SABIA
E a festa do Overmundo, com os Índios Eletrônicos e amigos analógicos foi muito legal. E confirmando aquilo que eu já imaginava - que o trabalho dos caras ia chamar mais atenção logo lá fora do que aqui - eles estão desde ontem na capa do site Trama Virtual, com uma entrevista impagável, que com certeza vai aumentar ainda mais o interesse de muita gente inquieta por esse trabalho mais do que provocador. Pra mim não é surpresa. O som do Índios vai além da música, é uma experiência física. Porque expressa exatamente o caos e a loucura que passa pela cabeça desses dois caras, processada em oito amplificadores de guitarra e baixo e inúmeros pedais de efeitos. É claro que não é algo de fácil digestão, nem é pra ser. Mas quando a gente pára de procurar uma referência óbvia daquilo que se conhece como "música" ou "canção", e se deixa levar pela onda de vibrações e frequências, começa a realmente "fruir" (aproveitar, curtir), o negócio. É como pintura abstrata. Não adianta ficar querendo encontrar uma figura conhecida no meio daquelas pinceladas. o que importa é se o resultado final de causa algum tipo de sensação real, emoção, sentimento, seja do belo ou do inusitado. É isso aí André e John. Colocaram na roda, agora aguentem. Parabéns. Confiram a reprodução da entrevista abaixo e confiram a íntegra no link
Pajelança hi-tec
por Dagoberto Donato
Os Índios Eletrônicos, de Curitiba, fundem xamanismo e experimentos intergaláticos em sua música pouco convencional
14/03/2006
“Um laboratório de guitarras, basicamente umbanda de space rock”. Desta maneira se definem, enigmaticamente, os Índios Eletrônicos. O som, assim como a definição, pode parecer de difícil digestão. Ouvidos acostumados a sons menos convencionais, no entanto, devem encontrar, entre os diversos lançamentos do projeto, farto material para se deliciar. Os Índios falaram por e-mail à TramaVirtual – devidamente auxiliada por Guilherme Barrella, da Peligro e Open Field Records, admirador da banda e de música não-óbvia em geral. As repostas, assim como o som, podem desorientar os incautos. Ou instigar os mais atentos. Com vocês, os “pregadores do desapego elegante” André Ramiro e João XXIII.
Explica o que e quem são os índios eletrônicos.
Índios eletrônicos é um laboratório de guitarras, basicamente umbanda de space rock. Se fôssemos mais precisos, diríamos que somos pitadas adocicadas de experimentos intergalácticos mediados por um cerimonial indígena hi-tec. Fazemos parte de uma nave-mãe, esperando e convertendo sentinelas. Somos discípulos do abstrativo com realidade. Somos caçadores do transe aurífero azulado. Somos pregadores do desapego elegante. Somos João XXIII e André Ramiro.
De que outras bandas e projetos vocês fazem parte? Como eles se relacionam com o índios?
OAEOZ e ruído/milímetro, bandas curitibanas. Na verdade, a diferença é que ainda não foram convertidas em água. Certo ou errado, com elas o resultado é sólido e o desgaste é menor. Basta apenas centrar o canal destes alicerces. Como funciona a participação dos colaboradores? Quem participa? Somos como coração de mãe, carregamos conosco os não necessitados de prazer. Sempre há espaço para mais um sentinela. Por mais que demore, é incontestável o poder da força. É verdade que vocês já têm dez discos prontos? Têm a pretensão de lançar tudo? em que formato? Se estivermos corretos, os 100 próximos discos já estão prontos antes mesmo de serem concebidos. É o próprio poder da água. No momento temos dois discos virtuais (índios também amam o supremo e live at chinasky), dois de modo impresso (lâmina d´água e brados retumbantes) e mais um virtual que será lançado pela net label portuguesa MERZBAU.
Explique o nome da banda e o conceito de xamanismo dentro do projeto.
O nome da banda é uma homenagem aos exterminados. Quanto ao xamanismo, pode-se dizer que é um ritual indígena hi-tec, um cerimonial temperado a base de amplificadores, delays, echos, samplers e guitarras que, fundidos densamente, estão em busca do nó. Os rituais são de cunho hindu de R$1,99, trivédico de R$1,99, cigano de R$1,99 e químico adocicado 25.
Fale sobre o processo criativo. Como vocês se utilizam dos equipamentos de que dispõem para criar?
O processo criativo é inicialmente aleatório e, na medida em que a força impera, o procedimento torna-se auto-suficiente. Nem tudo é ouro azul, nem tudo é água, nem tudo é pirita. A divindade se revela na medida em que os pedais são ativados e os circuitos se fecham. Por graça dos que repousam e na nossa ingenuidade, a abertura só vem depois. Vem e vai. Vem e vai. São como espadas de fogo, empunhadas juntamente com bandeiras flamejantes. Como já dissemos, nem tudo que reluz é ouro. Às vezes, tão intenso é o rumor dos amplificadores que até nos amedronta; e para nossa surpresa, a sonoridade captada quase sempre admite uma singela clareza e lucidez. Como se as pedras lamentassem nossos pecados.
Quem é o público de vocês? Existe público no Brasil pra música experimental?
Temos um público alvo bem definido; os que necessitam da luz. Estes existem desde que o mundo é mundo.
Fale sobre os discos que estão lançando.
A lâmina d’água é um tributo aos lambaris merovíngeos. A sonoridade do disco é voltada para o mundo muçulmano, visto que existe uma participação explícita dos nossos familiares libaneses. O brados retumbantes é o clamor enclausurado do rock curitibano. Anel no bolso. O disco índios também amam o supremo é uma homenagem ao baiacu merovíngeo Igor Ribeiro. live at chinasky é uma obra downtempo. Uma representação retrógrada do cenário underground paranaense.
Mais alguma coisa?
Multiplicai-vos com auto-conhecimento!
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5 comentários:
muito louco!!! estou procurando o presente que prometi ao andré, mas sou muto desorganizada. ainda acho. abraço
que presente?
curioso...
sou mesmo
e ai...gostaria do contato ai dessa galera.....
sou de curitiba e tbm tenho alguns projetos com xamanismo....
e coisas novas experimentais...
se puder ajudar... agrasdeço
ah
msn:
ell_bravo@hotmail.com
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