8/10/2012

imof

Um dia de junho, acho, cheguei em casa e os rapazes estavam ensaiando o repertório novo, que começava a nascer. Pararam, trocaram olhares que eu não entendi – só ouvi: então, a gente para? Não, vamos tocar a música nova de uma vez.
Logo reconheci o trecho de uma declaração de amor e saudade eterna feita para um dos mais preciosos amigos e parceiros que tive, o Dogui.  Mais uma surpresa do Ivan, que pela segunda vez catou rabiscos meus no blog para transformar em uma bela canção.  Nas primeiras vezes foi muito difícil ouvir e eu disfarçava os olhos cheios, lavando a louça, com o rosto virado para o outro lado, enquanto as imagens, tantas, voltavam aos borbotões, trazendo de volta todo aquele amor e também essa saudade imensa que não acaba nunca.  Especialmente difícil era ouvir  “essa imagem que volta toda vez que eu abro a janela/ e vejo que vc não está mais ali/ que vc não vai mais estar/ esperando eu chegar.”.  Eu olhava pra fora, olhava pro lado, e pro lado que eu olhasse...ele não estava mais lá esperando eu passar para ir atrás...



Foram vários ensaios assim, até que aquela dorzinha reavivada diminuísse (um pouco) e eu pudesse só rir, sem chorar, ao ouvir a canção. No meio dessas sensações haviam outras.
Há tempos acompanho esse processo de nascimento das canções.  Mais do que isso, acompanho os momentos de solidão, também, de um fazedor de canções. Os momentos de frustração, de querer fazer e não rolar – e isso sem falar das vezes que chegava, e sem ser percebida podia ouvir uma batida de violão procurando o caminho certo para a música nova que lhe batia à porta.  Mas, todo fim é também um recomeço e nada melhor que bons parceiros para que o sopro traga de volta aquela sensação de liberdade batendo no rosto.
E mais rápido ainda do que vieram novos parceiros para o recomeço, vieram os outros novos parceiros para o novo recomeço.  Aguinaldo Martinuci e Fernando Lobo passaram pro lado de Ivan e Osmário Junior e reticênciaz se transformou em imof .  O Osmario  Junior é um caso à parte. Há tempos o Ivan não tinha ao lado, em banda,  alguém tão ponta firme quanto ele.  Eu tenho certeza de que a presença dele, intimando o povo para os ensaios, dividindo com o Ivan a responsa de tocar uma banda adiante, foi imprescindível para que tudo caminhasse como caminhou.  E o que podia ser um fim virou um começo tão forte, me parece, quanto foi OAEOZ.  Nos meses que se seguiram, vi nascer as parcerias que tanto bem fazem.  
E mais, sábado a sábado, enquanto ouvia o Martinuci regendo a criação, apontando caminhos, indicando possibilidades, provocando, instigando todos, eu percebia nascendo um repertório muito forte de canções.
( No meio disso, ainda havia as aulas de piano do Martinuci pro Ivan, cujo efeito aparecia nos meus dias também ao longo da semana, cada vez que o meu amor explicava um exercício ou compartilhava comigo uma nova descoberta. Tal qual um menino em cujos olhos brilha a alegria de sentir-se bem). 

E daí chegou o Fernando Lobo, primo do Igor (parceiro dos primeiros), o cara que além de tocar muito baixo e esbanjando classe, ainda tem as manhas para captação e tal. Não podia ser mais perfeito e a coisa toda foi a passos largos.

Aquele clima bom da música pela casa voltou a iluminar nossos dias.

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O nome imof só surgiu bem no final disso tudo – e eu nem queria a mudança de nome, pra ser sincera.  Preguiça, confesso.  Mas, quando me dei conta, até o nome, a forma como ele nasceu, o que ele significa, é perfeito pra esta nova fase .  Parceria de verdade, criar junto, acertar junto, marcar, desmarcar, fazer e refazer , dividindo as responsabilidades e, mais do que tudo, sentir-se bem e querer estar um com o outro. Afinal, todo mundo tem muito o que fazer e é preciso muita disposição e persistência para no final de semana de folga, largar mulher, filhos, amigos para ir ensaiar. E é muito claro que o clima entre eles é muito bom! E o astral deles se espalha pela redondeza. os imof gostam de estar juntos tocando todo sábado!

Eu sabia, portanto, que seria um grande show, a estreia, na sexta passada, 03.08.2012, na 3ª Noite De Inverno. Mas, foi muito mais do que pensei. O  Ivan tava tão quieto antes,  eu via no semblante dele não nervosismo, mas uma tensão.  Quando cheguei no bar, Martinuci também tava tão sério... Começaram e fiquei impressionada.  Desta vez, algo foi diferente.  Calmos, não é a palavra para defini-los. Acho que “ à vontade”, é melhor.  E foi mais uma noitada, de estreia, muito bacana.
O Folhetim Urbano mandando cada vez melhor e o Leonardo Vinhas finalmente voltando para Curitiba.  Ficou legal a leitura, com a participação pra lá de especial de um amigo das antigas, Gelson Bini, que pra nossa alegria, volta a fazer parte do nosso circuito de convivência. Quiçá, um novo parceiro para projetos culturais futuros...
  
Valeu, valeu e valeu. 
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