Não consigo acreditar, nem elaborar o que dizer sobre essa história do Glauco. Prefiro reproduzir um texto de um blog (Querido Leitor, de Rosana Hermann) que eu nem conhecia, mas que expressa perfeitamente o turbilhão de sentimentos que me atinge diante disso:
"Não consigo acreditar, assassinaram o Glauco. O Glauco, o cartunista, o criador do Geraldão, um cara do bem, da paz. Assassinaram ele e o filho dele. Na casa deles. A família em casa.
Vontade de chorar, de xingar, de berrar: mundo de merda, país de bosta, violência filha da puta.
Filha da puta.
Não dá pra fazer por menos, expressar por menos.
Assassinos, covardes, desgraçados.
O Glauco tentou negociar. Conversar. Como é que se conversa com monstros?
Glauco tocava sanfona em sua igreja do Santo Daime. Fui lá algumas vezes. O daime é recomendado para algumas pessoas viciadas em drogas, que tentam largar o vício e procuram paz, um ritual. Fui acompanhar um conhecido.
Fui lá. Tomei o Daime.
Glauco tocava sanfona, todos entoavam hinos. Homens de um lado, mulheres de outro. Tudo tão simples, tão intenso.
O Daime é feito de raizes, uma mistura. Essa mistura teve um efeito forte em mim. De tudo, uma palavra se fixou: firmeza.
Firmeza de fé, firmeza de caráter, de alma. Firmeza. Em todos os cantos, ela volta. Firmeza.
E agora minha firmeza se abala, verga como vara ao vento. Glauco foi assassinado. O o filho. De vinte e cinco anos.
Eu sei, vão dizer que muita gente morre no Brasil e que só comento porque ele era famoso. Cara, não é por isso. É porque ele produzia coisas pro mundo, porque era pai, marido, amigo, porque era simples e centrado, bom e justo. Porque era da paz. Porque tinha firmeza.
Dá raiva, dá revolta, dá vontade de chorar, de ficar puta da vida. Mas é hora de ter firmeza, de dizer o que se pensa, de ter coragem.
E é isso que quero dizer agora. Temos que buscar essa firmeza.
Temos que ser firmes na hora de punir esses assassinos. Firmes para lutar contra as injustiças, a corrupção. Firmes para enfrentar a chaga da violência e combatê-la em todo lugar. Todo lugar.
Firmes.
Assassinaram um pai. E um filho. E com eles, morremos todos um pouco.
Firmeza.
Ou a gente dá um jeito, ou vamos todos pro saco."
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2 comentários:
eu to em estado de tristeza profunda por isso. foi a primeira coisa que soube hoje, 9 da manhã, quando cheguei ao trabalho. já entrei no site da igreja que ele fundou, tava aqui vendo dona marta, geraldão... eu não consigo, a morte, como a miséria ao redor, me afeta profundamente. triste, triste. como alguém consegue matar uma pessoa tão do bem? eu ainda não to acreditando...
a história é mais absurda do que se pensava. o assassino era um cara conhecido, que matou o glauco quando ele tentava convence-lo a não se matar.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/03/12/policia-identifica-jovem-que-matou-glauco-e-o-filho-rapaz-era-problematico-e-conhecido-da-familia-diz-delegado.jhtm
simplesmente inacreditável
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