12/28/2006

Ai, ai: é piada, sim: com a nossa cara

Ah, eu não resisti. O Jornal do Estado (www.bemparaná.com.br) tá bem bom de ler hoje, dá uma vontade incontrolável de rir, rir muito, da nossa própria cara e do que vem por aí em 2007 (e, infelizmente, não vai parar no 07). A parte política está “espicizi”, como diria um amigo. Vejam só: que o cara acusado de grampear gente em todo canto no Paraná, que trabalhava na sala próxima do excelentíssimo sr governador foi solto, “por engano”, numa sexta-feira que batia na porta do Natal, às 19h30 (como essa gente trabalha, não?!”). Se não fosse da nossa cara, o riso seria melhor, mas, a estas alturas do campeonato, tô optando pelo riso largo do que o choro, até porque isso não merece minhas lágrimas, então vou gargalhar da palhaçada. Em uma entrevista sobre os possíveis secretários da cultura, alguém intimou: “pô, a “classe artística” tem que se mexer, deixar de ser oportunista e se preocupar só em como garantir um pedaço do bolo”. E, olha, não fui eu que falei, não, foi um artista, uma pessoa, engajada que sabe do que tá falando muito, mas muito mais do que eu, porque tá nas mesas de bar, nas reuniões a porta fechada, nas conversas entre amigos.... o problema é que não é só os artistas, é pra todo lado essa esculhambação. O paranaense adora falar mal do Lula, mas não olha o próprio rabo, não vê o que acontece bem alí no Centro Cívico, na capital, faz vista grossa pro descalabro, pra arrogância, pro pedantismo e pro gangsterismo, porque isso que se falou no começo é crime, não é brincadeirinha, não...
Mas, vamos rir mais um pouco. A coluna Toda Política, do JE, alerta: não é piada: policiais em guarapuava colocaram cerca elétrica pra defender as sedes da polícia e a PF contratou empresa de segurança... Ah, vai dizer que não é engraçado isso? É sim, eu dei muita risada, foi bom, comecei o dia em alto astral, pensando que eu posso ficar bem sossegada: hoje tá um dia bom, 2006 tá acabando. Pode saber, tudo vai ficar piorar... por isso a Regina Casé, no Central da Periferia de sábado passado (eu gosto dela sim, e desse programa, gosto do jeito que ela mostra outras realidades, gosto mesmo!)fez bem em desejar a todos CORAGEM, MUITA CORAGEM. Faço minhas as palavras dela, porque é do que vamos precisar para ENCARAR esse nosso futuro de frente!!!!.

Ps. André, li em Parati, um belo livro do Henry Miller, ano passado.
Big Sur e as Laranjas de Hieronymus Bosch é meio briográfico, sobre um lugar lindo,próximo de penhascos, onde ele viveu. Foi o gancho dele pra falar espetacularmente bem de pessoas incríveis. gostei. agora faltam os clássicos dele...

12/26/2006

o natal já foi... agora é 2007

Terça-feira. O céu de curitiba tava tão bonito hoje de manhã, antes das 9. parecia aquele céu de um azul tranquilo de quando a gente tá chegando, cedinho, naquela praia sossegada, fora de temporada, sem tumultos. Tinha umas nuvens, mas elas compunham perfeitamente. Ônibus nem tão cheio, consegui até sentar. E a relativa tranquilidade, me fez pensar nesses dias em casa, o primeiro natal na nosso canto, brigadeiro, heineken, cigarrinhos, tigra, lu, dogui e baby... meu vô querido já foi conhecer e deu sua (imprescindìvel, pra mim) benção. Vim pensando nisso tudo, no embalo do ônibus sem correria, um solzinho já meio quente pondo lenha na fogueira......
há exatos 11 anos entrei pra ficar numa redação de jornal. Meu primeiro emprego com tudo certinho legalmente. Tava apavorada, mas decidida a agarrar minha última chance – já tinha desistido, na verdade, mas nem a mim eu obedeço.... deu nisso.
O meu natal também teve mário bortolotto. Terminei de ler as suas crônicas, Atire no Dramaturgo. A maioria eu não tinha lido no blog. O mário é engraçado, mas não o engraçado de fazer rir. Um outro tipo de engraçado, um engraçado que às vezes fica entalado na garganta, porque não dá pra rir do que ele escreve,não. Mas, de vez enquando dá pra ficar irritada... só que daí, logo adiante, ele dá outra rasteira certeira em algum tipo de lembrança coletiva (nem somos da mesma geração, hein) e bota à tona certas sensações incômodas, quase sempre, porém, comoventes. e como não abrir um sorriso, meio torto, não querendo ser, para concluir que o filho da mãe tem razão...
Esse jeito de ser ele mesmo, é de doer. Fico confusa, em algumas passagens. Com um tanto de raiva, em outras, pra logo perceber que não é raiva, não, é só ser obrigada a concordar com ele que certos tipinhos humanos tão mesmo devendo à vida. Eu não trouxe o livro comigo e,portanto, não vou citar trechos, embora vários merecessem citações. Resumidamente, acho que é a vida, toda irregular e confusa que salta das páginas de Atire no Dramaturgo, carregadas de verdades que não valem pra todos, mas que são preciosas; arranhões, cortes profundos, mentiras sinceras, verdades distorcidas, olhares cansados, vontades renovadas... é muita vida, nem sempre do jeito como a gente gostaria.
Gosto principalmente do jeito que ele não julga exatamente aquelas pessoas que seriam as "genis fáceis". Como ele entende o pai, se solidariza com a mãe. Como ele ama os amigos (errados?), como ele se declara, discreto, e meio sem jeito, à Fernanda; como ele se condena e se redime sob sua própria ótica, dolorida e dolorosa, mas sempre muito viva, muito vida. Não gosto de tudo, tudo o que o Mário escreve no blog, não. Gostei muuuuuuuiiiiiiiiito de vê-lo no palco e também gosto muito de Bagana na Chuva. Se troquei uma dúzia de palavras com ele, até hoje, foi muito. Mas,já tomamos cervejas na mesma roda de amigos – e tive(mos) o prazer de tê-lo lá em casa no primeiro churras. Até achei que não terminaria seu Atire no Dramaturgo. Pois, terminei. E gostei, gostei muito das suas palavras tão reais, tão sorrateiramente paupáveis. Agora sinto esse gosto de vida no céu da boca, nem sempre doce, nem sempre amargo. Também procuro meu silêncio, quero não falar, quero olhar. Não importa, os dias seguem. E outro ano está batendo a porta e espero sinceramente que tenhamos CORAGEM pra encará-lo de frente, olhos nos olhos, cheios de amor (e de ódio, também, sim, se preciso for).
Adri perin

12/19/2006

É natal?

Como ando totalmente sem inspiração e ânimo para escrever, e já que poucos parecem dar atenção ao que aparece por aqui, vai mais uma citação, aproveitando o clima "natalino". E de um cara que eu aprendi a admirar depois de ganhar de um colega de trabalho o livro "Breviário da Decomposição".

A fuga da Cruz

Aquele que pensou ser o filho de Deus apenas duvidou no último momento. Cristo duvidou realmente não na montanha, mas na cruz. Estou convencido de que na cruz Jesus invejou o destino dos anônimos e, pudesse tê-lo feito, haveria se retirado para o canto mais obscuro do mundo, onde ninguém lhe implorasse por esperança ou salvação. Posso imaginá-lo a sós com os soldados romanos, pedindo a eles que o apeassem da cruz, que arrancassem os cravos e o deixassem escapar para onde os ecos do sofrimento humano não o alcançassem mais. Não porque subitamente cessasse de crer em sua missão - era iluminado demais para ser um cético -, mas porque a morte pelos outros é mais difícil de suportar do que a própria morte. Jesus sofreu a crucificação, porque sabia que suas idéias só poderiam triunfar mediante seu próprio sacrifício.
(...)
Jesus poderia ter escapado facilmente à crucificação ou poderia ter se rendido ao demônio! Aquele que não fez um pacto com o demônio não deveria viver, porquanto o demônio simboliza a vida mais do que Deus. Se tenho do que me lamentar, é que o demônio raramente me tentou... mas também Deus não me amou. Os cristãos ainda não entenderam que Deus está mais distante deles do que eles de Deus. Posso perfeitamente imaginar a Deus se aborrecendo com os homens, que sabem apenas implorar, exasperado com a trivialidade de sua criação, igualmente desgostoso tanto do céu quanto da terra. E o vejo em fuga para o nada, tal como Jesus escapando da cruz... O que teria acontecido se os soldados romanos houvessem atendido à súplica de Jesus, se o tivessem descido da cruz e o tivessem deixado escapar? Certamente ele não iria para outra parte do mundo a fim de rezar, mas apenas para morrer, sozinho, fora da simpatia ou das lágrimas do povo. E, mesmo supondo que, pelo seu orgulho, ele não implorou por liberdade, acho difícil crer que esse pensamento não o tenha obsedado. Ele deve ter acreditado verdadeiramente que era o filho de Deus. Não obstante sua crença, ele não teria como não duvidar ou não ser tomado pelo medo da morte na hora de seu sacrifício supremo. Na cruz, Jesus teve momentos em que, se não duvidou de que era o filho de Deus, se arrependeu disso. Aceitou a morte unicamente para que suas idéias triunfassem.
Pode muito bem ser que Jesus fosse mais simples do que o imagino, que tivesse menos dúvidas e menos pesares, pois duvidou de sua origem divina apenas na hora da morte. Nós, por outro lado, temos tantas dúvidas e arrependimentos que nenhum de nós, sequer, ousaria sonhar ser o filho de um deus. Odeio Jesus pelas suas pregações, pela sua moralidade, pelas suas idéias e sua fé. Amo-o pelos seus momentos de dúvida e pesar, os únicos realmente trágicos de sua vida, embora não os mais interessantes nem os mais dolorosos, pois, se tivéssemos de julgar pelos sofrimentos, quantos outros antes dele não teriam sido mais dignos de serem chamados de filhos de Deus!

Emil Cioran - On the heights of despair - tradução de Renato Suttana

12/08/2006

"Daí veio um poste, algo bem mais convincente que um anjo ou um alien, me avisar pra viver cada dia, cada hora. De parar de antecipar os erros ou lamentar os acertos. Simplesmente, ir"

Alexandre Matias
Trabalho Sujo

12/07/2006

Força da capoeira





Neste sábado recebo outra corda na capoeira, desta vez a marrom e verde, o que me deixa orgulhosa e feliz. Claro, que ficaria mais feliz ainda se visse meus amigos lá... portanto esse post faz as vezes deum convite. Também vou dar uma de Maria Bonita, numa coreografia de xaxado. Vai ser no Memorial de Curitiba, dia 9 , às 14h30. O ingresso é R$2 (+1 kg de alimento)

aproveitando a deixa, tem texto novo meu, sobre este assunto, no Overmundo (www.overmundo.com.br)
Aí tá o link.
http://www.overmundo.com.br/revista/a-forca-que-vem-da-capoeira

A foto aí de cima é de uma tarde linda de sol, em um dos encontros pra treino extra do grupo. Quem tá jogando é o Boneco Milho e o Léo. No berimbau, ao lado do atabaque, está meu Mestre, o Kinkas e, logo depois do atabaque (tocado por mim, escondida atrás do Léo) estão Gabriel e a Áurea, outros dois "membros fundadores" do Grupo digamos assim, a esposa, amiga e parceira - e uma ótima professora de capoeira, xaxado, maculelê, samba, coco, frevo, etc...- e o filho dos dois, que também já é um capoeirista de prima.
Já me cobraram fotos minhas em ação, andaram até dizendo que essa história de eu fazer capoeira é engodo (risos)..... muito simples: é só aparecer em uma roda e verão...
mas, tudo bem, prometo em breve postar mais fotos e achar alguma comigo. Só deixa passar essa correria... mas, sábado é a grande chance de ver ao vivo e a cores (se minha pernoca deixar, porque ela anda me incomodando bem na semana do batizado...).
A festa vai ser linda!!!! té mais.
Iê: capoeira!

12/01/2006

E hoje...

...tem Folhetim Urbano no Porão, com Charme Chulo e outras bandas. vamo lá. e no Plano B tem uma entrevista legal com os caras.