11/27/2012

Estante nova

Tudo encaminhado - ou melhor mais ou menos encaminhado, porque ainda são muitos os Cds, livros e afins para organizar. Mas, o primeiro passo foi dado, a compra da estante, e com ele as intermináveis arrumações da minha vida. Nunca fui das mais organizadas, reconheço, talvez por isso fico sempre tentando arrumar a casa e ela nunca parece pronta. Pra ajudar, são dois jornalistas em casa, e jornalistas do século passado, o que significa muitos papeis por perto e um apego desgraçado, de minha parte, a algumas revistas, rabiscos, cadernos e blocos - e essas coisas do passado. Mas, o bom dessas arrumações cíclicas é remexer também nas passagens importantes que estavam lá juntando poeira. e foi assim, outra vez, semana passada. Aproveitei para digitalizar algumas preciosidades como estas aqui: Ella Guru, banda de Londrina que namoramos pra trazer para um Rock de Inverno, mas não deu tempo; Beto Só e os Solitários Incríveis, disco que ganhamos do Ju, do Phonopop, na primeira vinda deles para tocar em Curitiba (Ivan me ajude com as datas, foi antes da De Inverno nascer, oficialmente??!!!). Por alguma razão, ele achou que a gente ia curtir "a outra" banda dele.(Nada é por acaso, já dizia há tempos  Cores d Flores); Johnz e suas canções românticas pra cantar; Astromato, a banda campineira que marcou época no independente brasileiro como uma das primeiras a apostar na língua portuguesa - também tentamos trazer, mas também não deu tempo.  Hoje em dia, ela é Radiare e seguiu na mesma linha: belas e confessionais canções que falam do (nosso) tempo que não para, segue o seu rumo; La Carne de um tempo em que, confesso, não dei muita atenção aos caras (tsc, tsc, Adriane!)Mas, acho que me redimi, né, queridos e doces bárbaros? E  o convite pra festa de um ano da Polexia, com momentos marcantes pois havia canções que o teatro todo cantava junto. Foi de chorar de tão lindo ver aquilo acontecer!








E, por último, o mais especial dos achados do acervo De Inverno: o show no qual foi gravação Take Um, disco ao vivo d'OAEOZ, no auditório Antonio Carlos Kraide em maio de 2001. O disco foi lançado em 2002. Eita aninho foda, esse 2001! Estava muuuito frio no Kraide, lembro bem: Foram duas lindas Noites De Inverno. Esta é uma cópia em VHS nos concedida por Marcelo Borges, que tem os originais captados em um formato para o qual não temos mais câmera para ver. Ela está indo daqui a pouco para as mãos de um especialista que vai limpar esse mofo que tá começando a deixa-la branquinha, e digitaliza-la. De pedacinho em pedacinho a gente mantém a nossa história viva.



11/14/2012

imof ao vivo no Último Volume

E neste domingo tem imof ao vivo no programa Último Ultimo Volume Lumenfm, apresentando três músicas inéditas mais uma faixa de nosso primeiro single.

A gravação foi feita no estúdio Sulco de Ideias, do nosso amigo Bhorel Henrique, e a mixagem/masterização  foi feita pelo nosso baixista Fernando Lobo. A entrevista feita pelo Neri Rosa foi bem legal, e incluiu histórias sobre os trabalhos anteriores de cada um dos integrantes da banda, e sobre o selo De Inverno, com a Adriane Perin.

Vale a pena conferir, domingo, 18/11, as 23 horas

Pra quem é de Curitiba e região, é só sintonizar o 99,5 FM

Pra quem for de fora, dá pra ouvir pela internet. É só acessar o site da Lumen.


11/03/2012

Grosso Calibre – Discos Raros

Algumas cenas marcam a gente. Eu lembro exatamente do instante em que vi o disco do Rodrigo Garcia em cima da mesa de redação na Gazeta do Povo. Voltara de alguma entrevista e aquele disco largado na mesa me chamou no instante em que larguei a bolsa e me preparava para empunhar o computador. Com uma capa horrível, escrita apenas: Grosso Calibre. Milênio.
Nome da banda, do artista, do disco???? Virei e reconheci a foto do carinha figura que circulava pelo James, amigo de alguns amigos. Não tinha ideia do nome dele. Peguei o cd sem dono e coloquei pra ouvir, curiosa. Não sabia que o carinha tocava, tinha banda, nada disso.
E como é bom se surpreender assim! Curti o disco logo de cara, ficou claro que era boa coisa mesmo na correria da redação, na primeira ouvida. Gostei do jeitão meio cru, a voz pra dentro e meio abafada. Essência, pra mim, as letras conseguiram minha atenção e o jeito de cantar também. No interno do encarte, uma confissão de inadequação.O encarte usa um desses modelos prontos de computador e foi uma unanimidade nas conversas, a sua ruindade. Já as canções, os poucos entendidos que ouviram concordaram comigo: pequenas preciosidades se escondem neste, que eu considero um dos melhores discos já feitos em Curitiba. E um dos melhores produzidos na chamada música alternativa brasileira. E na trilha sonora da minha vida ele tem lugar cativo. É um daqueles discos “para onde” preciso voltar de tempos em tempos.
Começa com “Maria Madalena”, foi aí que esse jeitão largado, esse “jeitão miserável” de cantar, todo largado, me pegou. Coisas assim:

(...) “ como eu ia dizendo ontem minha filha era virgem e queria um rapaz pra se casar” (...) “... sabe como é, é que esse mundo é tão grande... e o seu valor é imenso... se para, eu desço aqui, na hora..” Uma certa sabedoria latente: “não é possível vencer a maré, pois ela está agitada. (...) eu aprendi a nadar com a maré, me carregava na costas .. Irei viver esta hora, pequena fração despercebida, não vou esquecer de me entregar.. e o resto eu deixo pra depois... e o resto eu deixo com você... os que deixei... ” (A Maré)

Sequencia matadora: “Costumo ser pedra que cai, o ar se foi, sol que se vai... sou filho da vida... e você? Com quem andas, o que pensa, onde vai? Não me diga que sabe como escapar do dia de cada dia... vai moldando e toma conta de tudo... os seus lábios tocam minha testa... e quando isso acontece eu me sinto bem num lugar sem saída.. me diga com quem vc aprendeu a melhor parte da vida... eu não sou mais um mortal proletário - sem saída... estamos aí pro que der e vier, cada um cada um, esteja onde estiver de braços cruzados ou com a mão no peito sem preconceito não vou me curvar pr’essa vida...”(Devoto de São Judas).

Outra sequencia matadora “Se já não querem nada, não querem nem destino, me dizem que são jovens, que vão envelhecer, pois concordo com eles, que meio entorpecidos vão buscando o amanhã (...)acreditar que a vida não está comprimida num planetinha pequeno azul, em um só, não. alguns talvez, ou até mais. (...) Eles estão aí como um milhão de ordens e a ordem está escrita na mente de cada um... a seita não profana apenas acalma um pouco a dor... é ,meu, há monstros aí. Afogue eles! (...)Onde estão aqueles lugares que embalaram seus sonhos que fizeram amadurecer, então vamos querida, deixe pra trás a vida, que é pra poder viver assim” (Calango Armado)

Uma vida real pulsando: “eu só quero entender o que a vida me mostra, onde vou aprender/ eu só quero saber o motivo de tudo (...)mas me faça viver em horas transparentes (...) E o mundo está assim porque ninguém mais quer acreditar na força de uma vida, eu quero entender, eu quero saber/eu quero lutar/ não quero morrer/ não quero sair/ não quero sentir... eu quero viver, eu quero amar, que quero aprender (...) é o sopro da vida. Quem não sabe como escapar... venha me buscar... pra onde todos possam suar a camisa para ganhar o pão.. aqui não há mais vida, eu quero sonhar, eu quero lutar, quero aprender, quero me virar, quero ter um futuro na vida... Não é fácil entender porque uns nascem pra viver, não é fácil entender porque uns nascem pra sofrer. Eu quero sonhar, que quero um lugar, quero aprender...” (Um voto A favor)
Disco moderno, com clima Television aqui, bossa nova ali. Muito do que uma moçadinha antenada sonhava fazer e fez depois, tá aqui. Não achei a data do disco, mas ou é final de 99 ou dos primeiros anos 00.

Grosso Calibre ou Milênio este disco é uma preciosidade que ficou perdida, pouco ouvida e um dos mais belos momentos da produção local. Rodrigo Garcia não fez nenhum outro disco, se apresentou uma vez no James, abrindo pro OAEOZ. À convite da De Inverno ele espalhou suas folhas de caderno com as letras. Quase ninguém entendeu nada! Mas, foi um momento especial. Talvez um dia eu ache algum registro disso. NO disco, Rodrigo tocou guita, baixo, bateria e percussão, além de cantar e assinar as letras. Ou seja, fez tudo. É um disco de compositor. A despeito de que ele reclame de questões técnicas, do que poderia ter mudado e tal, do seu jeito de cantar, esse álbum é de uma entrega que me emociona sempre que ouço. Teve participação especial de Rodrigo Ribeiro (o Tio Zé), Alex Lourenço, Bhorel. Pelo que sei, Rodrigo Garcia viveu anos no EUA. Chegou a circular uma notícia de que ele estaria de volta, com a mulher e a filha. Nunca mais encontrei o figura, mas a música que ele fez e registrou nesse disco volta sempre a tocar aqui em casa. É um daqueles discos que me faz pensar sobre o que sou e de onde venho!