1/03/2020

Um sonho com Patrícia

Tenho me sentido dentro de um sonho. No sonho de Patti, por estes dias!
Envolta por essa neblina que não é daqui (não é minha).
Aconchegada nos (a) braços de suas divagações, pensamentos de sentimentos que dançam para ela respirar. E eu vou junto!
Nos portais em que entra, ela me conduz pela mão
Por labirintos irreais, sacerdotisa das histórias vividas
Mulher velha que paira sobre o tempo
como se fosse possível amenizá-lo
Mulher sabia que mergulha nos tempos.
Quero ter cabelos brancos também! Mas eles me escapam dos dedos
Como os poemas que costuram essa camisa de força.
Arrebente! - ela diz!
Não, ela não disse nada para mim. Ela apenas vai de uma costa a outra
Levantando lembranças para olhar embaixo
Sente o tempo queimando em instantâneos de aqui e agora com cores desbotadas de ontens.
Preto e branco. Só?
Vou me achando nas memórias que ela solta, na menina rata da biblioteca que tinha
Na guria que não consegue vencer a tempestade iminente – eu venci, naquele dia, ao menos! Mãozinhas juntas e sob a proteção de Santa Barbara Iansã e São Jerônimo, abaixo daquele céu escuro e imenso. Pedido de um tempo em que acreditavas...
Ainda acredito, exaspera-se ela!
Ainda acredito, repete mais calma. Só que agora é diferente...
quando sinto a velha, sorridente e ainda com quase todos os dentes, bater na minha porta. Como na dela.

Mas ela caminhou mais entre os tempos. Começou confusa e no ponto em que estamos agora, as lágrimas, sem motivo algum evidente, descem lentas, calmas, pelas bochechas, enquanto nos entrelaçamos, ela e eu, em um terno abraço acolhedor – que nunca nos daremos. (?)
Eu e ela, mulheres em páginas amareladas por imensos corredores com cheiro de mofo. Assim nos encontramos... cinquenta anos depois.