3/10/2010

Just tell me about your life in art...

Muitas vezes cheguei em casa depois do trabalho satisfeita, com a sensação de missão cumprida, por conta de um bom papo que rendeu uma boa reportagem, ou simplesmente por conhecer uma pessoa com história de vida incrível – ou por falar com um artista importante para a cultura brasileira e pra minha própria vida. Mas, essa rotina boa sempre teve por perto o outro lado. A frustração, a confusão, a insegurança, o peso de sentir-se aquém do que gostaria. O cansaço ruim de sentir que poderia ter feito melhor ou o desgaste por ter que lutar tanto, gastar muita energia, pra argumentar sobre o que não deveria nem precisar de argumentação. Ou pior, o cansaço diante da expressão de ignorância de pessoas que não tinham o direito de exibir aquela ignorância, aquela arrogância... jornalismo cultural – uma das minhas paixões. Agora, estou em suspenso nesta área. To fora de jornal e por alguma razão não tenho sentido mesmo muita vontade de escrever sobre nada (bem, não é bem assim...). To fazendo um trabalho bem técnico.

Acordo cedo, vou pra uma sala com pessoas simpáticas, mas o assunto não provoca o menor envolvimento. Ouço, recebo instruções e faço o que pedem. Raras, muito raras, foram as vezes em que trabalhei assim....

E sabe, que pelo menos hoje, estou gostando?!!!!! Quem sabe não estava precisando mesmo dar essa descansada. Desde 1995 não ficava em casa mais de um mês, sem trabalhar, sem estar correndo pra chegar no horário para alguma coisa. E nem sei quanto tempo não chegava em casa sem esse peso – que às vezes é bom, sim – que a entrega incondicional provoca. Sempre fui do tipo que veste a camisa, que não conseguia parar de pensar no trabalho, simplesmente porque o trabalho que eu fazia era também a minha vida.

Nesse momento não é assim. Esse trabalho é um trabalho. Só isso. Acho que, finalmente, estou conseguindo refletir mais claramente sobre a minha profissão de repórter com mais distanciamento, sem ser tão passional. Depois de 3 meses sem “fazer nada” a não ser curtir meus bichos, meu amor, minha casa e a cidade.

Me sinto estranhamente calma, como se minha vida profissional estivesse mesmo em suspenso por um tempo. Não sei se vou voltar pra Cultura. O que sei é que neste momento minha ida pra algum jornal nesta editoria soa impossível. E isso não está me incomodando, tanto, embora me entristeça. Sigo aqui, ouvindo nossas canções perfeitas, enquanto reescrevo um texto frio, do jeito que querem que eu escreva. Básico do básico, sem maiores preocupações. Isso é tão raro na minha vida profissional que nem lembro quando aconteceu - se é que aconteceu.

Puxa vida, então é mesmo possível fazer jornalismo, reportar sem por a alma e o coração em cada linha? To aprendendo que sim. Se isso é bom ou ruim? Eu desconfio que não é bom, mas me parece que neste momento isso está me fazendo bem. Então vou terminar aqui, ao som da “nossa canção doce” a perfeita, My life in Art. (Adri)

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