5/04/2010

Armadilhas da vida virtual - ou quem disse que eu tenho que estar conectado o tempo todo

Como já comentei por aqui, não sou exatamente um fã do André Forastieri. Não gostei quando ele assumiu o comando da Bizz e sempre tive reservas a atitudes dele que mais pareciam aquele tipico jornalismo que se preocupava mais em "causar" do que em informar ou mesmo dar opinião consistente. Bobagens como "preto não sabe fazer rock" ou "o disco do fulano é ruim porque é chato" acabaram colaborando para gerar um tipo de "escola" de crítica musical no Brasil boba, superficial e vazia que não me atrai nem um pouco. Sem falar nos imitadores que sem o talento de polemista, a inteligência, o texto e a cultura do cara pegaram a casca da coisa e só produziram nulidades.
Mas também nunca deixei de reconhecer o talento do cara para escrever e levantar questões pertinentes sobre assuntos polêmicos. Prefiro um jornalista com o qual eu não concorde, mas que me instigue, do que o comodismo, o bom mocismo e a mesmice que muitas vezes impera por aí.

E recentemente ele escreveu mais um texto em seu blog com o qual me identifiquei bastante. "Por que você não me encontra no Facebook nem no Orkut" fala sobre esse excesso de vida virtual que parece nos engolir nos dias atuais. Como igualmente já comentei por aqui, acho curioso que a tecnologia e a era da informática tenha sido vendida como uma forma de livrar a gente de trabalhos e ocupações maçantes, para que tivessemos mais tempo para nós mesmos, família, amigos, ler, lazer, etc. E que o que aconteceu tenha sido justamente o contrário - nunca tivemos cercados de tantas máquinas pra fazer as coisas, e nunca tivemos tão pouco tempo pra nada. Destaco alguns trechos do que ele disse:

"Você às vezes tem impressão de que está sendo soterrado por tanta novidade? Você está começando a achar que talvez toda essa gente com quem você se comunica digitalmente o dia inteiro talvez não mereça, assim, tanto tempo da sua vida? Não está sozinho.

Muita gente está ficando com gastura da pressão insistente para estarmos em todos os lugares, disponíveis 24 horas por dia para todo mundo. Tem até neguinho que está além de cansado: está certo de que todo esse pula-pula das redes sociais é espuma. Até, ironia, gente que é especialista em comunicação e vive de se comunicar."


concordo plenamente. não sou nenhum saudosista, nem refratário a tecnologia ou as facilidades da internet. pelo contrario. tenho blog, myspace, tres emails, conta na trama virtual, etc. mas não tenho celular, nem twitter. detesto essa coisa de que porque surgiu algo novo e todo mundo tá usando você tem que obrigatoriamente aderir mesmo que não precise realmente daquilo. vira uma armadilha. a indústria tá o tempo todo criando "necessidades" que na verdade muitos de nós poderia passar melhor sem. mas é a lógica do negócio. a gente é que não tem que agir como manada e simplesmente aceitar isso como se fosse lei.

a medida pra eu aderir usar ou não alguma ferramenta tecnológica é a minha necessidade daquilo. não aquilo que a manada midiática me impõe.

qdo digo que não tenho celular certas pessoas me olham com espanto. não tenho porque simplesmente estou cercado de telefone a maior parte do tempo, seja em casa ou no trabalho. se eu não tiver é só deixar recado que eu retorno assim que for possível. Quem disse que a gente tem que estar disponível 24 horas por dia? porque é que eu vou querer um telefone me seguindo no banheiro ou enquanto eu to almoçando?

"Com todo o respeito e admiração pelo potencial embasbacante das novas tecnologias de comunicação – e reconhecendo que as velhas ou estão mortas, ou estão fedendo – peço licença para defender uma posição impopular: você precisa escolher onde vai investir seu tempo, sua energia, sua inteligência.

O esforço de estar sempre atualizado com as mínimas e máximas inovações não compensa. A não ser, claro, que você seja um profissional de internet / mídias sociais."


(...)

"Pessoalmente, decidi faz algum tempo ser seletivo, e recentemente ser muito seletivo. Não se trata de nostalgia dos velhos tempos e das antigas plataformas de comunicação."

(...)

"Simplesmente concluí que preciso concentrar meus esforços onde eles são mais produtivos e prazerosos. Por isso, você pode encontrar perfis meus no Facebook e no Orkut, mas confiro bimestralmente o que acontece por lá."

perfeito. recentemente entrei no tal facebook, mais pela dica do Rubens que tavam transmitindo o coachella por lá. acabei nem vendo o festival, mas fiquei atordoado com a quantidade de "informação" que brota daquele negócio. acho legal como ferramenta e tal, mas francamente, me parece mais uma coisa que acaba te tomando um tempo tremendo, com um monte de informação que seria dispensável e até inútil. pra que eu quero saber que fulano de tal "curtiu" o comentário de sicrano? ou travou "amizade" com beltrano? como dizem por aí: informação demais desinforma.

"há que saber usar o tempo com sabedoria. Agitação não é movimento."

enfim. confere lá o texto do cara na íntegra. falou muito do que eu ando pensando/sentindo.

e afinal, é pra isso que os jornalistas servem, não é mesmo (rs).

6 comentários:

Anônimo disse...

cara, olha só que louco. ontem um amigo da meli, o norton, tava aqui, mais renato larini, e a gente tava conversando sobre isso tb, de como se fabricam necessidades totalmente desnecessária, de como tudo parece estar acontecendo o tempo todo... porra... cansa mesmo.vamos tentar piratear o show do medeski. o renato tem uma traquitana que grava bem pra caralho e é pequena. vou faler pra ele levar. abs

adri disse...

tive fases de me sentir em falta, exatamente por esta pressão, e pela óbvia razão que escolhi/me escolheu. fui a última aqui em casa a entrar no orkut, fui a última aqui em casa a entrar no msn, fui a última aqui em casa a entrar no facebook. só não fui a última a entrar no Twitter, mas nunca mais entrei depois da primeira vez, tanto que nem tenho ideia de senha ou sei lá o que que usei. agora, começo a ouvir cada vez mais essa mesma conversa que eu e ivan já temos ha tempos, desde que eu ganhei, DELE, um celular e passei a ser encontrada a qualquer hora e qualquer lugar... do orkut enjooei rapidinho, do facebook sinceramente, tenho até medo.. é tanta coisa, inútil sim, a maior parte. gosto mesmo é do msn. twitter, começa com essa coisa de seguir ou ser seguida. cara, isso me dá um mal estar e em vários sentidos. hahaha, quer apostar? a gente ainda vai voltar pra carta - e a nossa geração vai ver isso. E vai ser lindo, se as pessoas conseguirem escrever mais do que uma frase. As que eu conheçõ conseguem.

giancarlo rufatto disse...

não gosto do facebook, acho poluido, incoveniente. Já o twitter é uma ferramenta otima pra quem sabe usar. seu blog mesmo ja teve respostas disso, quando postei o link de um texto seu no twitter e a galera leu, retuitou, etc. não dá pra ser 8 nem 80, mas se voce quer lidar com cultura e cultura pop, rede social de web funciona muito bem - desde que voce seja sagaz. Gente que vai de onda e de feliz não dura, não se cria.

adri disse...

é isso aí, bom senso no uso desses instrumentos que, bem usados, são indiscutivelmente excelentes ferramentas. e, obviamente, mesmo com o que falei no post anterior, indiscutivelmente são instrumentos que eu preciso, sim, conhecer, saber com funcionam, porque pelo menos por um tempo, as redes sociais, estão na crista da onda também na minha profissão.

Ivan disse...

a questão é que as ferramentas não são boas ou ruins per si, mas dependem do uso que se faz delas. e o importante é que vc tenha a liberdade e o poder de escolha sobre as mesmas, e não simplesmente a obrigação de uma adesão automática por uma "pressão social".

Anônimo disse...

nossa... que ressaca... o q eu ia falar mesmo?