Nunca gostei de listas. Pra falar a verdade, tenho uma relação de amor-ódio com elas (mais ódio que amor). Sempre achei que arte em geral, música em particular, não é competição esportiva. Não cabe nesse tipo de classificação porque uma coisa não exclui a outra. O fato de eu gostar de Beatles não me impede de ouvir Stones. E não faz sentido nenhum querer comparar coisas diferentes, dando a elas um valor intrínseco melhor-pior. Tudo depende como aquilo bate em você, dentro de um contexto muito pessoal, que é praticamente é impossível mensurar de forma objetiva.
Mas nos últimos anos, tenho sido convidado pelo Scream Yell pra participar das votações de melhores do ano. E por gostar muito do SY e ter um carinho especial pelo Mac, que considero um dos poucos jornalistas especializados em música da atual geração no País que realmente gosta de música, e não quer só fazer pose de antenado, fiz questão de participar, mesmo não me achando gabaritado para julgar o que quer que seja. Até porque, não sou crítico musical, não ouço todos os discos que estão sendo lançados de uma forma sistemática. Aliás nem quero. Portanto, nem teria condições de julgar se isso é melhor que aquilo outro, etc, querendo dar a isso algum caráter de verdade.
Pois bem, esse fim de semana fechei a lista de melhores da década que o Mac pediu, sobre os anos 2000-2009. E como das outras vezes, mais do que uma lista com critérios objetivos, a minha é muito mais uma relação baseada em afinidades pessoais, de memória afetiva. Não tenho a pretensão – de jeito nenhum – de que dizer que esses foram os melhores discos lançados no período, obviamente. Mas posso dizer com absoluta convicção de que esses foram alguns dos discos que mais me tocaram pessoalmente, que mais frequentaram o aparelho de som da minha casa, que mais me emocionaram e me fizeram cantar junto, ficaram rodando na minha cabeça, de ter vontade de ter feito essas músicas. De querer conhecer mais e ver essas bandas tocando. No caso específico das bandas nacionais, não por acaso, boa parte delas a gente teve a oportunidade e o privilégio de trazer pra tocar em Curitiba. E conhecê-las pessoalmente só aumentou a nossa admiração pelo trabalho delas.
Dito isso, publico abaixo a minha lista de melhores da década. Como digo, totalmente pessoal e intransferível. É claro que tem muitos outros discos/artistas e bandas que eu poderia ter relacionado, e isso é uma das coisas que me deixa incomodado com listas, porque sempre fica coisa legal de fora. Mas enfim, foi a síntese a que eu consegui chegar, meio no susto, porque como sempre deixei pra última hora e tive que tentar puxar pela memória, sem ficar de grandes elocubrações. O mais legal é perceber que ouvir esses discos continua sendo uma experiência única e emocionante pra mim. E confirmar que essas músicas fazem parte – de forma inequívoca – da trilha sonora da minha vida.
Melhores discos nacionais
Astromato - Melodias de uma estrela falsa (2000)
Íris – Bizri (2004)
Deus e o Diabo – Também morrem os verões (2004)
Blanched - Blanched toca Angelopoulos (2004)
La Carne – Desconhece o rumo mais se vai (2003)
Cascadura – Vivendo em grande estilo (2004)
Gianoukas Papoulas – Gianoukas Papoulas (2003)
Pipodélica – Simetria radial (2003)
Beto Só – Dias mais tranquilos
Charme Chulo – Charme Chulo (2007)
Melhores discos internacionais
Spiritualized – Let It Come Down (2001)
Mojave 3 – Excuses for travelers (2000)
Nick Cave – No more shall we part (2001)
Cowboy Junkies – One soul now (2004)
Mercury Rev – All is a dream
Beth Gibbons & Rustin Man – Out of season (2002)
Tindersticks - Waiting for the moon (2003)
Cat Power – The Greatest
Morphine – The night (2000)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
12 comentários:
iris, foi, sem dúvida alguma, o melhor disco que já toquei em toda a merda da minha vida. depois disso nada que fiz prestou - sem ofensas. abraço, brother.
claro que não. o single do hotel, eu não sou um bom lugar, ficou duca!
"Mojave 3 – Excuses for travelers (2000)"
Disco de alt. country/folk/whatever mais lindo da década. Ele tá na minha lista também. Que, aliás, também estou na hora de fazer.
Haha, meu comentário ficou meio dúbio. Não estou na lista do ScreamYell, caso tenha dado a entender. Mas fim-de-década é hora de colocar a casa em ordem. =)
po, confesso q tô curioso pelo resultado geral. gosto bastante do método das listas no S&Y. na soma de todos os votantes é q tá a graça da coisa.
e belíssimos argumentos!
abs!
certeza. ô ivan! tô ae dia 16/12. vcs vão estar de férias ou coisa parecida? ligo quando chegar pra gente tentar suicídio coletivo, hehehehe. grande abraço.
ahahah. a adri sim, eu vo tá trampando como sempre. mas sempre sobra umas horas do dia (ou da noite) pra bagunçar. liga aí que a gente combina algo.
abs
daí Marcelão. com certeza a votação do SY é uma das mais legais.
e é sempre uma oportunidade da gente lembrar das coisas boas que passaram nesse tempo.
abração
Também fui convidado (pois é) e fiz a lista baseado exclusivamente em critérios pessoais. "Memórias afetivas", por assim dizer. Afinal, não é isso, os sentimentos que desperta em cada um, o que torna um disco especial?
Em comum às nossas listas: Solitude/Bizri, o disco da década para mim. Fácil. E entrou "Às Vezes, Céu".
orra , mó orgulho estar no meio desses discos todos ae. massa!
acho legal que as listas tenham "especialistas" e gente que só consegue fazer listas afetivas. Eu tive a cara de pau de votar no PB (tem um banner pro disco deles no meu blog), no Blemish e no superphones. foram muito importantes em determinada fase da minha vida.
Postar um comentário