5/21/2008

Argumentos Ao Vivo da Crise

Dopropriobolso

OAEOZ Ao vivo na Grande Garagem que Grava - 1 de setembro de 2007

Faixas: Deserto / Desculpas (Não quero saber) / Conversa na laje / Meg & John / Flores Mortas

Tamanha é a mediocridade que você despreza a sensibilidade, a postura e plástico de promoção é o que viramos. Não conheço banda com pinta de mártir, talvez o Lila seja o oráculo que minha filha adolescente consulte via fones de ouvido, no caso d’O AEOZ, essa apresentação impagável é atravessada pelo fantasma de Ziggy Stardust.

Nesta canção apropriadamente chamada de Deserto, o tempo passa bem devagar em meio às palavras vazias – náufragos da criatividade? A letra é acentuada pela música até o fim das palavras vazias num hipnótico jogo lúdico de palavra e som até o fim...

Desculpas (Não quero saber) : são leves desarranjos salpicados de súplicas: “mas um dia é só uma desculpa pra continuar

/ mas um dia é só uma desculpa pra continuar”.

Conversa na laje foi escrita a partir de uma conversa de amigos: 'é tão fácil julgar / o difícil é esperar / tirei a sorte grande / te levei pra bem longe / meu coração não se cansa de...' o monódico canto de ‘eu vou sobreviver / não vou mais querer sofrer' é acasalado por uma extraordinária linha de baixo e uma fantasmagórica guitarra com precisos bends nem é preciso registrar a avassalante caminhada da bateria em ápice e constante harmonia com o crooner. A melhor coisa nesta apresentação do OAEOZ é o impecável controle da situação tanto ao vivo quanto em estúdio.

Eles se valem de canções autobiográficas mesmo escritas por amigos como Meg & John de Rubens K., que registra o vital convívio-experiência com os grandes poetas...

Apropriadamente a última faixa, Flores mortas não lembra nada; nada antes “que sentimento é esse?”. Do abandono da solidão do tempo em quando éramos menos cínicos menos cúmplices e mais audazes? Nós somos as flores mortas na janela? Uma nova lição, nem sempre o passado é doloroso no caso desse ao vivo renascem as perspectivas... são renovados os argumentos da crise.

Eu também queria chamar à atenção para a carta aberta em forma de press-release assinada pelo Leonardo Vinhas que também narra as nossa experiências, frustrações e por quê não sabedoria?

Mário Pacheco

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